DIFERENÇA NA ATUAÇÃO ENTRE ULTRA SOM TERAPÊUTICO E ULTRA SOM DE ALTA POTÊNCIA NA GORDURA LOCALIZADA
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- Bernadete Cordeiro Pereira
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1 DIFERENÇA NA ATUAÇÃO ENTRE ULTRA SOM TERAPÊUTICO E ULTRA SOM DE ALTA POTÊNCIA NA GORDURA LOCALIZADA Shirley Schmidt Mandari¹ - Acadêmica do Curso de Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI, Balneário Camboriú, Santa Catarina. Thuanny Toledo Deitos² - Acadêmica do Curso de Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI, Balneário Camboriú, Santa Catarina. Priscila Motta³ - Orientadora, especialista em mofofisiologia do exercício e em fisioterapia dermato-funcional, Professora MsC do Curso de Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI, Balneário Camboriú, Santa Catarina. Contatos ¹shiih@hotmail.com ²thuannytoledodeitos@yahoo.com.br ³mottapri@yahoo.com.br Resumo Nos diversos tratamentos estéticos em busca do melhor e mais fácil acesso para a redução das células de gordura ou mais conhecida como gordura localizada, encontra-se o aparelho de Ultra som. Com ele obtêm-se um tratamento não-invasivo que atua na redução das células adiposas, uma vez que este tratamento é muito conhecido como a lipoaspiração indolor, fazendo com que o ultra-som de alta potência venha sendo um grande atrativo de busca entre homens e mulheres cada vez mais freqüente. Neste artigo encontram-se dois tipos de ultra som, os quais trabalham com a mesma função, porém em intensidades diferentes. O ultra som terapêutico no qual leva uma diminuição na célula de gordura, e o ultra som de alta
2 potência onde ocorre a quebra desta célula de gordura. O objetivo do trabalho está em avaliar a atuação de cada um desses aparelhos na redução da gordura localizada, analisando a fisiologia do tecido adiposo para a verificação de uma real eficácia da atuação dos aparelhos de ultra som. Palavras chaves: Ultra som, alta potência, tecido adiposo 1 INTRODUÇÃO A quantidade de gordura corporal é um fator importante na manutenção da saúde e da estética. Atualmente a valorização de baixos níveis de gordura corporal leva as pessoas à insatisfação com a aparência do seu corpo e a baixa auto-estima. Na busca pelo belo, o público feminino tem recorrido a métodos e técnicas para o tratamento dos distúrbios estéticos, isto motivou uma verdadeira revolução na indústria de cosméticos e aparelhos de estética, assim como na realização de pesquisa na área (ROSSI, 2001). O sobrepeso, a obesidade e a gordura localizada afetam o indivíduo tanto esteticamente quanto em saúde. Segundo Guirro e Guirro (2002, p. 303), "a obesidade é definida como o aumento generalizado da gordura corporal, onde a ingestão supera o gasto." Segundo o The Medical clinics of north America, (1989) citados por Costenaro (2002, p. 5), enfatiza que atualmente o tratamento ainda mais utilizado em gordura localizada é a cirurgia (lipoaspiração, dermolipectomia), porém de acordo com pesquisa em ratos de laboratório, constatou-se que quando há retirada de gordura, há uma substituição de células adiposas e produção de novas células após a ingestão prolongada de dieta rica em carboidratos, ou seja, o tratamento cirúrgico não é uma garantia de eliminação da gordura localizada. As aplicações clínicas dos ultra sons estão baseadas na sua capacidade de elevar a temperatura dos meios internos, bem como de promover um micro massagem nos tecidos (GARCIA et al, 2002, p.176).
3 À medida que o ultra som atravessa o tecido, parte da energia é refletida pelas estruturas que se encontra em sua trajetória, o que caracteriza espalhamento, e parte da energia é absorvida pelo próprio meio, levando a um aquecimento local ou absorção. A atenuação ou perda da energia pelo feixe sonoro deve-se a esses dois mecanismos, em que a absorção representa 60-80% da perda da energia (TER HAAR, 1999). Nos tecidos biológicos, a atenuação deve-se principalmente aos mecanismos de absorção pelos quais a energia mecânica das ondas ultra-sônicas é convertida em calor e reflexão da energia ultra sonográfica nas interfaces teciduais (TER HAAR, 1978; BAKER et al., 2001). O aquecimento local produzido pelo ultra som depende do tipo de tecido, do fluxo sanguíneo que irriga o local (uma vez que o calor produzido pode ser dissipado por corrente sanguínea) e da freqüência ultra-sônica aplicada. Tecidos com elevado conteúdo protéico absorvem mais rapidamente que os com maior conteúdo de gordura, e quanto maior a freqüência, maior a absorção (YOUNG, 1998). O calor pode ser considerado uma forma de energia intercambiável com outras formas de energia, como a elétrica e a mecânica. Quando um corpo é aquecido, a elevação na temperatura leva ao aumento da movimentação das moléculas presentes no corpo considerado. Quando uma forma de energia é convertida em outra, o processo não é completamente eficiente e somente parte da energia é convertida em calor dentro do tecido. A quantidade de absorção depende da natureza tissular, do grau de vascularização e da freqüência gerada. Tecidos com elevados conteúdos protéicos absorvem mais rapidamente do que aqueles com conteúdo elevado de gordura, e, quanto maior a freqüência, maior a absorção (PARTRIDGE, 1987; KITCHEN & BAZIN, 1996). 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Tecido adiposo O tecido adiposo é o principal reservatório energético do organismo. Os adipócitos são as únicas células especializadas no armazenamento de lipídios na forma de
4 triglicerídios (TAG) em seu citoplasma, sem que isto seja nocivo para sua integridade funcional. Essas células possuem todas as enzimas e proteínas reguladoras necessárias para sintetizar ácidos graxos (lipogênese) e estocar TAG em períodos em que a oferta de energia é abundante, e para mobilizá-los pela lipólise quando há déficit calórico. A regulação desses processos ocorre por meio de nutrientes e sinais aferentes dos tradicionais sistemas neurais e hormonais, e depende das necessidades energéticas do indivíduo. (METAB, 2006). Nos mamíferos, existem dois tipos de tecido adiposo: o branco (TAB) e o marrom (TAM). O adipócito branco maduro armazena os TAG em uma única e grande gota lipídica que ocupa de 85-90% do citoplasma e empurra o núcleo e uma fina camada de citosol para a periferia da célula. É interessante ressaltar que, durante seu desenvolvimento, a célula jovem contém múltiplas gotículas de lipídios, que coalescem para formar uma inclusão lipídica unitária com o amadurecimento celular. Os adipócitos brancos maduros são células grandes, muitas vezes maiores que hemáceas, fibroblastos e células do sistema imune, e podem alterar acentuadamente seu tamanho (volume e diâmetro) conforme a quantidade de TAG acumulada. A proporção de lipídios no TAB pode ocupar até 85% da massa total do tecido, sendo o restante da massa representado por água e proteínas. (METAB, 2006). Este tecido, ao contrário do TAM, apresenta funções mais abrangentes. Por constituir depósitos localizados em diversas regiões do organismo envolvendo, ou mesmo se infiltrando em órgãos e estruturas internas, o TAB oferece proteção mecânica contra choques e traumatismos externos, permite um adequado deslizamento entre vísceras e feixes musculares, sem comprometer a integridade e funcionalidade dos mesmos. Além disso, pela distribuição mais abrangente, incluindo derme e tecido subcutâneo, e por ser um excelente isolante térmico, tem papel importante na manutenção da temperatura corporal. Outra função, mencionada anteriormente, refere-se a sua capacidade de armazenar energia com necessidade de pouca água, fornecendo mais calorias por grama em comparação ao carboidrato (9 kcal.g -1 vs. 4 kcal.g -1 ), o que dá ao TAB o status de importante sistema tamponante para o balanço energético. (METAB, 2006).
5 O TAB se distribui em diversos depósitos no organismo, anatomicamente classificados como tecido adiposo subcutâneo (TAS) e tecido adiposo visceral (TAV). O TAS é principalmente representado pelos depósitos abaixo da pele nas regiões abdominal, gluteal e femoral. O TAV refere-se ao tecido depositado próximo ou mesmo no interior das vísceras da cavidade abdominal, sendo bem exemplificado pelas gorduras mesentéricas, omental e retroperitoneal. (METAB, 2006). 2.2 Gordura localizada Costenaro (2002, p. 4) define gordura localizada: "é o acúmulo de tecido adiposo, em quantidade maior que o normal, em determinada região do corpo". A autora ainda define este aumento de gordura em determinado local dividindo-o em dois tipos: hipertrófica (aumento do tamanho da célula adiposa) e hiperplásica (aumento do número de células adiposas). A autora ainda diz que essa distribuição de gordura pode ser variável, podendo ser armazenada primariamente na área abdominal (padrão andróide) ou na região glútea ou femural (padrão ginecóide). A autora apresenta como fatores adipogênicos: uso de glicocorticóides (retém sódio e água e alteram o metabolismo de carboidratos); disfunção de hormônios tireoidianos; hormônios sexuais (pois influenciam no crescimento da célula adiposa estimulando a diferenciação dos pré-adipócitos em células adiposas maduras; má alimentação e dieta hipercalórica; e idiopática. (METAB, 2006). No organismo humano, além da gordura essencial à vida, toda a gordura excedente é estocada. Os principais locais de depósito dessa gordura podem ser entre as vísceras (gordura visceral) e sob a pele (gordura subcutânea). Esta última se deposita por todo o corpo, porém em mulheres, há uma maior tendência de acúmulo na região dos quadris (distribuição ginóide) e nos homens a gordura se deposita principalmente no tronco (gordura andróide). O acúmulo em excesso desta gordura localizada leva a obesidade (Rev.Bras.Cineantropom.Desempenho Hum, 2006). O maior risco relacionado à topografia andróide da gordura corporal ocorre devido ao fato dos adipócitos da região abdominal estarem mais diretamente associados a variações metabólicas, por serem mais sensíveis ao armazenamento e liberação de
6 triglicérides do que os adipócitos da região glútea.(rev.bras.cineantropom.desempenho Hum, 2006) 2.3 Ultra som O ultra som é um método que utiliza de ondas sonoras através de um cabeçote com transdutor perpendicular à área a ser tratada, em constante movimentação e mantida em contato com o agente de acoplamento para não gerar a formação de cunhas de ar. Sua ação também promove efeito antiinflamatório (combate as dores) e aumento da circulação. A utilização do ultra-som associado à fonoforese gerou efeitos como neovascularização, aumento da circulação, rearranjo e aumento da extensibilidade das fibras colágenas, e melhorou as propriedades mecânicas do tecido, além de um aumento na permeabilidade das membranas biológicas facilitando assim a penetração de fármacos no organismo através da pele (fonoforese). (PATRICK, 1978; CONTI, PEREIRA, 2003). A energia sonora terapêutica é gerada por um transdutor que transforma a energia inicial elétrica em energia mecânica. Antes que o Ultra-Som possa ser aplicado, o aparelho deve ser ajustado e a saída de energia estabelecida. O contato entre o transdutor e a pele deve ser adequado para que não haja perda de ondas, já que o ar é um péssimo condutor (LEHMANN; DeLATEUR, 1994). O Ultra som é uma modalidade de energia sonora longitudinal, de penetração profunda, que, ao ser transmitida aos tecidos biológicos, é capaz de produzir alterações celulares por efeitos mecânicos. A transmissão ocorre pelas vibrações das moléculas do meio através do qual a onda se propaga. Este meio irradiado oscila ritmicamente com a freqüência do gerador ultra-sônico por efeito piezoelétrico, ao comprimir e expandir a matéria (ARNAULD-TAYLOR, 1999). Para que haja propagação dessas ondas ultra-sônicas é necessário que o meio tenha propriedades elásticas. O movimento de um corpo vibrando é transmitido às moléculas adjacentes, as quais, antes de retornarem à posição de equilíbrio,
7 transmitem esse movimento para as moléculas que estão ao redor (MARTINES et al., 2000). O efeito piezoelétrico foi descoberto por Pierre e Jacques Curie em 1880 e consiste na variação das dimensões físicas de certos materiais sujeitos a campos elétricos. O contrário também ocorre, ou seja, a aplicação de pressões. Por exemplo, pressões acústicas que causam variações nas dimensões de materiais piezoelétricos provocam o aparecimento de campos elétricos neles. Um outro método de gerar movimentos ultra-sônicos é pela passagem de eletricidade sobre metais especiais, criando vibrações e produzindo calor intenso durante o uso. Este é chamado de magnetoestritivo (PECORA & GUERISOLI,1997). Vários métodos estão disponíveis para a aplicação do US, entre eles o direto ou deslizamento, o subaquático, o balão, o refletor, o funil, o paravertebral reflexo e o redutor de cabeçote. Para a escolha do método direto é necessária a utilização de um meio acoplador, podendo ser vaselina, óleo ou gel (MACHADO, 1991; PAULA, 1994). Tendo como agente de acoplamento, o gel que é o meio que melhor transmite a onda ultra-sônica, sendo, portanto, o mais indicado. (MARDEGAN, GUIRRO, 2005) Ondas e freqüências Onda é uma perturbação ou distúrbio transmitido através do vácuo ou de um meio gasoso, líquido ou sólido. Sabe-se que existe uma variedade muito grande de ondas; por exemplo, as ondas do mar, as ondas em uma corda, numa mola, as ondas sonoras e as ondas eletromagnéticas, etc. Essas ondas podem diferir em muitos aspectos, mas todas podem transmitir energia de um ponto a outro. Os olhos são receptores especiais que detectam as ondas eletromagnéticas com comprimentos entre a Å, são as chamadas ondas luminosas visíveis ou simplesmente ondas luminosas. As ondas sonoras têm freqüências audíveis de 20 a Hz. (PECORA & GUERISOLI,1997).
8 As ondas ultra-sônicas podem ser aplicadas por dois métodos conhecidos como contínuo e pulsado, sendo que a diferença entre os modos está na interrupção da propagação das ondas. No contínuo, a voltagem através do transdutor do US deve ser aplicada continuamente, e seus ciclos de freqüência são acima de 100%, durante todo o período de tratamento. No pulsado, a voltagem é aplicada em rajadas (TER HAAR, 1999), com ciclos de freqüência menores que 100% (GUIRRO & SANTOS, 1997). O efeito térmico é menos pronunciado e o efeito mecânico é superior, possibilitando a abertura de campos de tratamentos onde não é desejável o efeito predominantemente térmico, como exemplo, o tratamento para a dor (KITCHEN & PARTRIDGE, 1990). O modo contínuo se caracteriza por ondas sônicas contínuas, sem modulação, com efeitos térmicos, alteração da pressão e micromassagem. Já o modo pulsado apresenta características como ondas sônicas pulsadas, modulação em amplitude com freqüências de 16 Hz a 100 Hz, efeitos térmicos minimizados e alteração da pressão, deste modo, uma ação analgésica, antiinflamatória e antiedematosa. (FUIRINI, LONGO; 1996). O ultra som possui também duas freqüências, de 1 MHz e de 3 MHz, porém o tratamento com ultra-som de 3,0 MHz é indicado para tecidos superficiais, enquanto que o tratamento com ultra-som de 1 MHz é indicado para tecidos mais profundos. Como as patologias estéticas atingem tecidos superficiais como a pele, predominantemente o tecido conjuntivo (derme), produzindo alterações circulatórias e mecânicas do tecido, não necessita, portanto de uma penetração muito grande das ondas mecânicas. Sendo assim, o ultra-som de 3 MHz é o mais indicado para o tratamento dessas patologias. (BIOSET, 2001). Desta forma, no tratamento da gordura localizada recomenda-se o uso do ultra som em emissão continua, exceto se existir alguma circunstância que contra indique a aplicação de calor. Em geral, para o tratamento da mesma recomendou iniciar com doses baixas e aumentar a intensidade progressivamente. Porém, estas não devem ultrapassar 2 W/cm2, sobretudo quando se trabalha em emissão continua. Caso a
9 aplicação seja em emissão pulsada a intensidade pode variar de 2 a 3 W/cm2. (ROSSI, 2001) Tempo de uso Na literatura há divergências de opiniões, entre autores, sobre o tempo de cada sessão, em que Guirro & Guirro (2002), estabelece o tempo de dois minutos para áreas próximas de 10 cm2. Já Parienti (2001) cita que a sessão de ultra-som não deve exceder 10 minutos, e que a zona de atuação é de 10 x15cm. Porém Longo (2001), não aconselha uma aplicação por mais de 15 a 20 minutos contínuos em uma mesma sessão de tratamento, pois podem ocorrer vertigens, tonturas, estresse, além de outros efeitos colaterais. A utilização do ultra som pode ser incluído no tratamento em dias alternados, de 2 a 3 vezes na semana. Deve-se aplicar, no máximo, 20 sessões. E após o término destas deve-se aguardar 1 a 2 meses para então reiniciar o tratamento. (ROSSI, 2001) Efeitos fisiológicos do Ultra Som O uso do ultra som terapêutico baseia-se, em parte, em seu efeito de aquecimento (efeitos térmico) promovido pela absorção da energia da onda ultra sônica. Embora genericamente os resultados benéficos dos efeitos do ultra-som apontem para os efeitos térmicos, os efeitos não-térmicos resultantes principalmente da cavitação exercem efeitos marcantes na estimulação celular em microorganismos, alterando a permeabilidade de membranas (GUIRRO & GUIRRO, 2002). À medida que o ultra som atravessa o tecido, parte da energia é refletida pelas estruturas que se encontram em sua trajetória, o que caracteriza espalhamento, e parte da energia é absorvida pelo próprio meio, levando a um aquecimento local ou absorção. A atenuação ou perda da energia pelo feixe sonoro deve-se a esses dois mecanismos, em que a absorção representa 60-80% da perda da energia (TER
10 HAAR, 1999). Nos tecidos biológicos, a atenuação deve-se principalmente aos mecanismos de absorção pelos quais a energia mecânica das ondas ultra-sônicas é convertida em calor e reflexão da energia ultra sonográfica nas interfaces teciduais (TER HAAR, 1978; BAKER et al., 2001). Em conseqüência das vibrações longitudinais provocadas pelo ultra som terapêutico, um gradiente de pressão é desenvolvido nas células individuais. Como resultado desta variação de pressão negativa, elementos da célula são obrigados a se moverem através de um efeito de micromassagem. Este efeito aumenta o metabolismo celular, o fluxo sangüíneo, o suprimento de oxigênio e, até mesmo, a temperatura local (KITCHEN & PARTRIDGE, 1990), ou seja, age como um catalisador físico, acelerando as trocas celulares (MACHADO, 1991). Um efeito térmico biologicamente significativo pode ser obtido se a temperatura tecidual for elevada para 40 ou 45 C, durante um mínimo de cinco minutos). O ultra som terapêutico causa pouca elevação de temperatura nos tecidos superficiais e tem maior profundidade de penetração na musculatura e em outros tecidos moles do que a diatermia de ondas curtas e microondas (RODRIGUES & GUIMARÃES, 1998). A vantagem dessa forma de atividade térmica em relação a outras de uso comum é o calor dirigido (ARNOULD-TAYLOR, 1999). Os efeitos térmicos dessa categoria incluem alívio da dor, da inflamação aguda ou crônica, inibição dos espasmos musculares, aumentando ainda a extensibilidade do colágeno (BASFORD, 1998; STEISS & ADAMS, 1999). Esses efeitos são determinados por diversos fatores, como o tempo de irradiação local; a técnica de aplicação (estacionária ou móvel); as dimensões do corpo aquecido e a presença de superfícies refletoras proximal ou distal ao tecido de interesse (WILLIAMS, 1983). A intensidade da radiação ultrasônica é fator essencial para o sucesso de qualquer terapia (GUIRRO & SANTOS, 1997). Os efeitos físicos não-térmicos desejáveis causam o aumento da permeabilidade celular, da síntese protéica, do fluxo de íons de cálcio e da passagem de metabólitos através da membrana celular, o que contribui de forma positiva na reparação tecidual (LOW & REED, 2001). As vibrações acústicas induzem mudanças celulares, alterando o gradiente de concentração das moléculas e íons (cálcio e potássio),
11 estimulando a atividade celular caso esta vibração ocorra nos limites da membrana com o líquido circunjacente (TER HAAR, 1999). Esse fenômeno pode resultar num aumento da síntese de proteínas e secreção de mastócitos, ocorrendo alteração na mobilidade dos fibroblastos, dentre outros (TER HAAR, 1996). Outro efeito possível numa aplicação ultra-sônica está associada à cavitação, termo usado para descrever a formação de cavidades ou bolhas no meio líquido, contendo quantidades variáveis de gás ou vapor. No caso de células biológicas ou macromoléculas em suspensão aquosa, o ultra-som pode alterá-las estruturalmente e/ou funcionalmente através da cavitação.(pecora & GUERISOLI,1997). A cavitação gerada pelo ultra som produz intensas ondas de choque, aumentos instantâneos de temperatura e pressão e efeitos químicos no meio, que são gerados pelo colapso das cavidades ou micro bolhas. Estas ondas de choque hidrodinâmico, aumentos instantâneos de temperatura e pressão, podem mudar a estrutura terciária das proteínas. Estas alterações na estrutura das proteínas podem ser resultado da quebra das ligações dissulfeto e pontes de hidrogênio, que são enfraquecidas pelos efeitos das ondas acústicas e pela ativação de sítios enzimáticos necessários para o funcionamento de um sistema lítico, que poderia favorecer mudanças na permeabilidade (GUIRRO & GUIRRO, 2004). Pode ocorrer dois tipos de cavitação: cavitação estável e instável (transitória; temporária; ou de colapso). A cavitação estável ocorre quando as bolhas oscilam de um lado para outro dentro das ondas de pressão do ultra som, aumentam e diminuem de volume, mais permanecem intactas. Este efeito é considerado normal e desejável, pois provê efeito terapêutico (BORGES, 2006). A cavitação instável ou transiente ocorre quando há uma violenta implosão de bolhas, se o pico da intensidade for suficientemente alto. Somente a cavitação estável pode ser considerada terapêutica, visto que seus efeitos são basicamente não-térmicos. Ao contrário, a cavitação instável pode promover danos teciduais decorrentes das altas temperaturas e pressões geradas em razão da liberação de energia no instante da ruptura da bolha de ar. O colapso dessas bolhas libera energia que pode romper as ligações moleculares, provocando a produção de
12 radicais livres, íons hidrogênio e íons hidroxila, altamente reativos (GUIRRO & GUIRRO, 2004). As correntes acústicas são o resultado da cavitação estável e produzem uma constante circulação de fluídos localizada ao redor das bolhas e consequentemente, adjacentes às membranas celulares. Este fluxo líquido tem valor terapêutico uma vez que causa mudanças na permeabilidade da membrana e assim facilita a passagem de cálcio, potássio e outros metabólitos para dentro ou para fora das células (KICTHEN; PARTRIDGE, 1990). Essa modalidade cavitacional, se produzida em um organismo, pode induzir bioefeitos. Sob o efeito da micro massagem os gases existentes nos tecidos podem aglutinar-se em pequenas bolhas de ar que oscilam através do campo ultra sônico, fenômeno este denominado cavitação. Essa oscilação pode permanecer de forma estável aumentando ou diminuindo o volume das bolhas segundo as variações de pressão no campo, o que pode apresentar um efeito terapêutico. Porém, altas mudanças de pressão (altas intensidade instantâneas) e de temperatura produzida no local podem conduzir ao colapso dessas bolhas, induzindo a desintegração dos tecidos adjacentes e a produção de radicais livres (GUIRRO & GUIRRO, 2004). A cavitação pode provocar alteração estrutural ou funcional em células biológicas ou macromoléculas. Em estudos recentes foram observadas alterações na dupla camada lipídica do estrato córneo, que podem ser decorrentes do efeito cavitacional (GUIRRO & GUIRRO, 2004). 2.4 Ultra som de alta potência Um novo dispositivo para tratamentos não-invasivos na destruição das células de gordura pelo ultra-som focalizado tem sido desenvolvido. Quando o tecido adiposo é tratado pelo ultra som de alta potência, o feixe de ultra som focalizado é dirigido para uma determinada área dentro da camada de gordura. A onda de ultra som faz com que haja ruptura mecânica das
13 membranas das células de gordura, poupando os vasos sanguíneos, nervos sensoriais periféricos e tecido conjuntivo. Como o efeito é voltado para uma determinada profundidade da pele, assim o tecido não danifica. (BROWN, 2005). Ultra Som de alta potência é considerado uma lipoaspiração não invasiva para o contorno corporal. O tratamento é realizado em duas fases na mesma sessão, e o número de sessões depende das necessidades específicas de cada paciente e da avaliação de seu médico. Na primeira fase, ocorre a quebra das células de gordura, por meio da aplicação do ultra som focalizado de alta intensidade. Na segunda fase, os resíduos gerados pela destruição das células de gordura são rapidamente drenados para o sistema linfático, permitindo assim, sua eliminação e processamento pelo sistema metabólico natural do corpo. (KEDE et.al. 2005) 2.5 Ultra som terapêutico na gordura localizada O ultra som é uma das principais técnicas de tratamento terapêutico na gordura localizada, pois emite vibrações sonoras de alta freqüência, que no tecido irá causar um atrito nos complexos celulares, produzindo uma micro-massagem, tendo como conseqüência aumento do metabolismo celular (PEREIRA, 2004). No tecido adiposo, há uma influência significativa das ondas sonoras ao nível dos adipócitos. Nesta técnica, é utilizado o ultra som no modo contínuo com freqüência de 3 MHZ, em seguida o tecido gorduroso é eliminado fisiologicamente pelo organismo, proporcionando redução significativa de medidas (BORGES, 2006). O aumento de temperatura pode provocar dentre outros efeitos, a vasodilatação e o aumento da extensibilidade do colágeno, o que tende a melhorar a maleabilidade do tecido, além de acelerar a atividade celular, enzimática e favorecer o metabolismo local (ALTER, 1999; JOHNS, 2002; LOW e REED, 2001; BAKER et al., 2001; CAMERON, 2009).Mecanismos homeostáticos tendem a contrariar o aumento da temperatura dos tecidos expostos para o aquecimento. O sucesso da homeostase no restabelecimento da temperatura normal depende do equilíbrio entre o ganho e a
14 perda de calor. Qualquer alteração na temperatura automaticamente inicia uma reação em um esforço para restaurar a temperatura normal com aumento do fluxo sanguíneo local (GUYTON e HALL, 2006). O aumento do fluxo sanguíneo local pode favorecer a nutrição tecidual e auxiliar na remoção dos resíduos do metabolismo celular causados pelo déficit micro circulatório no tecido afetado (ROSSI e VERGNANINI, 2000). 2.6 Ultra som de alta potência na gordura localizada A aplicação de ondas ultra sônicas focadas especificamente em um acúmulo de gordura em particular pode quebrar adipócitos, sem afetar os tecidos circundantes. (RENOM, J.M.S.; OLMO, J.L.M.; 2008) O resultado é uma gordura lisa seletiva, quebrando os adipócitos sem danos às estruturas vizinhas como a pele, vasos sanguíneos e nervos periféricos. A depuração da gordura é feita pelas vias fisiológicas, ou seja, o sistema linfático, venoso e imunológico: o triglicerídeos das células quebrados são liberados no líquido intersticial onde estão gradualmente transportados através do sistema linfático ou venoso para o fígado onde eles são utilizados pelas vias metabólicas, em um processo que dura entre várias horas e dias. Os restos quebrados das células é autorizada pela resposta inflamatória normal, ou seja, a fagocitose. Ambos desses produtos de degradação são transferidos com segurança através do sangue (BROWN, 2005). 3 METODOLOGIA
15 O estudo em questão caracteriza-se por uma pesquisa com referências bibliográficas de caráter qualitativo. Os dados foram coletados a partir de pesquisas a respeito das funções biológicas do tecido adiposo a ser tratado, sobre o aparelho de ultra-som terapêutico e ultra-som de alta potência. Efetuou-se a pesquisa bibliográfica sobre a atuação desses aparelhos na gordura localizada, e a diferença de atuação entre eles. Baseou-se a pesquisa em sites da internet, livros, periódicos e artigos. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este artigo identificou o aparelho ultra-som com a sua finalidade focalizada na gordura localizada. Através de estudos bibliográficos também verificou-se a função de cada componente deste aparelho, sendo ressaltado apenas para o uso no tecido adiposo. Observou-se na literatura consultada que o uso do ultra som de alta potência tem maior eficácia na atenuação sobre a célula de gordura, uma vez que sua onda sonora é diretamente focalizada e sua freqüência é maior do que o ultra som terapêutico. Porém, não há ainda estudos que comprovem sua real atuação. Devese ressaltar também as dificuldades no desenvolvimento do mesmo e ainda a falta de referências bibliográficas. Portanto, sugere-se outras pesquisas para melhor composição de um conceito a respeito do tema. É importante destacar, que todo tratamento deve ser realizado por profissionais qualificados e aptos para exercer tal função, além de que para se obter o melhor resultado deve-se considerar que para esse tipo de tratamento que envolve células de gordura na prioridade de diminuí-las, o paciente deve manter uma dieta correta a
16 fim de favorecer a finalidade do tratamento e ainda associar uma boa alimentação junto a atividades físicas. REFERÊNCIAS ALTER M J. Ciência da Flexibilidade. Rio Grande do Sul: ARTMED; Arq Bras Endocrinol Metab vol.50 no.2 São Paulo Apr ARNOULD-TAYLOR, W. Princípios e prática de fisioterapia. 4.ed. Porto Alegre: Artmed, BAKER, K.G. et al. A review of therapeutic ultrasound: biophysical effects. Physical Therapy, v.81, p , BASFORD, J.R. Physical agents. In: DeLISA, J.A.; GANS, B.M. Rehabilitation medicine: principles and practice. Philadelphia: Lippincott-Raven, BIOSET, Indústria de Tecnologia Eletrônica LTDA. Manual do usuário: Ultra-Som. Rio Claro BORGES, Fabio dos Santos. Dermato-funcional: Modalidades terapêuticas nas disfunções estéticas.1 ed. São Paulo: Phorte, BOWN Spencer, Ph.D., Director of Plastic Surgery Research, UT Southwestern Medical Center, Dallas, USA. What Happens to the Fat After Treatment With the UltraShape Device, CAMERON MH. Agentes Físicos na Reabilitação, da pesquisa a pratica. 3a Ed Rio de Janeiro: Elsevier; 2009.
17 CONTI, B. Z.;PEREIRA, T. D. Ultra-som terapêutico na redução da lipodistrofia ginóide. Fisio&terapia. ano 7, n. 37, p , fev./mar COSTENARO, A.R.P..Ozonioterapia na redução de gordura localizada. Orientação: Andreia Janine de Oliveira Lima. Blumenau: Universidade Regional de Blumenau, Departamento de Ciências Farmacêuticas. Monografia p. FUIRINI N. J.; LONGO, G.J. Ultra-som. Amparo: KLD Biossistemas equipamentos eletrônicos Ltda, GARCIA, M. P. et al. O tecido adiposo. In: CURI, R. et al., Entendendo a gordura. São Paulo: Manole, GUIRRO, E.; GUIRRO, R. Fisioterapia dermato-funcional: fundamentos, recursos e patologias. 3. ed. São Paulo: Manole, GUIRRO, E.; GUIRRO, R. Fisioterapia dermato-funcional: fundamentos, recursos e patologias. 3. ed. São Paulo: Manole, (PAG.347 E 348). GUIRRO, R.; SANTOS, S.C.B. A realidade da potência acústica emitida pelos equipamentos de ultra-som terapêutico: uma revisão. Revista de Fisioterapia da Universidade de São Paulo, v.4, n.2, p.76-82, GUYTON AC, HALL JE. Tratado de Fisiologia Medica. São Paulo: Elsevier, JOHNS LD. Nonthermal Effects of Therapeutic Ultrasound: The Frequency Resonance Hypothesis. J Athl Train 2002; 37(3): KEDE M.P.; SERRA A.; CEZIMBRA M.,Guia de Beleza e Juventude: a arte de se cuidar e de elevar a auto-estima, 2ª edição, 2005; p.124. KITCHEN, S.S.; PARTRIDGE, C.J. A review of therapeutic ultrasound: I. Background, physiological effects and hazards. Physiotherapy, v.76, p.593, 1990.
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