O DEPARTAMENTO HISTÓRICO DIOCESANO PE. ANTÔNIO GOMES DE ARAÚJO DHDPG E SUA IMPORTÂNCIA PARA OS PESQUISADORES DO CARIRI CEARENSE

Transcrição

1 O DEPARTAMENTO HISTÓRICO DIOCESANO PE. ANTÔNIO GOMES DE ARAÚJO DHDPG E SUA IMPORTÂNCIA PARA OS PESQUISADORES DO CARIRI CEARENSE Luisa Amanda Santos Brito CICRAD - Curso de Introdução à Conservação e Restauro de Acervos Documentais em Papel Introdução Historicamente os habitantes do Cariri cearense i, localizado ao extremo sul do Estado do Ceará, tem uma relação direta com a religião local. Fazendo parte do cotidiano destes, eventos de cunho religioso, como missas, procissões, romarias ii e festas aos santos padroeiros iii. Religiosidade esta que reveste os espaços mais recônditos, íntimos, profundos da vida cotidiana. Assim como em outras regiões do país a colonização desta região, por volta do sec. XVIII se deu de forma violenta, coexistindo a expansão territorial e submissão de povos indígenas, comparticipação da Igreja Católica, ficando os sobreviventes aldeados em missões. Por outro lado, em quase todo o período colonial... até meados do século XIX, a presença institucional da Igreja Católica, nos sertões do Brasil, foi rarefeita, e no Cariri não foi diferente (SANTOS, 2009, p. 58) Até boa parte do século XIX, a religiosidade institucional foi resultado de uma ação muito rara de religiosos itinerantes. Deste modo, a religião Católica Institucionalizada só vai se efetivar e firmar raízes no Cariri, durante o séc. XIX -XX. Com a criação da Diocese do Crato, que vai ser criada com a intenção de enquadrar o crescente catolicismo brasileiro popular nos moldes romanos. A Diocese de Crato foi criada pela Bula Catholicae Eclesiae, pelo Papa Bento XV, em 20 de outubro de No Ceará, a única Diocese que existia até o momento era a de Fortaleza, que já não dava conta da imensa tarefa que lhe cabia: cuidar da evangelização de todo o povo cearense (SOUZA, p.02). Em março de 1915 Monsenhor Quintino foi nomeado primeiro bispo diocesano de Crato e a instalação da Diocese se realizou no dia 1º de janeiro de Hoje a Diocese de Crato compreende os municípios de: Abaiara, Altaneira, Antonina do Norte, Araripe, Assaré, Aurora, Baixio, Barbalha, Barro, Brejo Santo, Campos Sales, Caririaçu, Crato, Farias Brito, Granjeiro, Ipaumirim, Jadim, Jati, Juazeiro do Norte, Lavras da Mangabeira, Mauriti, Milagres, Missão Velha, Nova Olinda, Porteiras, Potengi, Penaforte, Salitre, Santana do Cariri, Tarrafas, Umari e Várzea Alegre. Tendo superfície total de ,4 km2, população de habitantes e densidade populacional de 52,32 hab/ km2 iv. O principal motivo de ter sido tratado até o momento, de forma bem ampla, questões sobre a forte religiosidade do cariri e ainda a institucionalização da religião católica na figura da Diocese é para que possamos chegar finalmente ao cerne central deste trabalho, que é o surgimento do DHDPG (Departamento Histórico Diocesano Pe. Antônio Gomes de Araújo) e sua importância para os pesquisadores que dele se utilizam. Segundo Pe. Roserlândio Souza, atual diretor do DHDPG, iniciou-se no ano de 1999 um projeto denominado Projeto Histórico-Crítico da Diocese de Crato, onde coube ao CENDEP, Centro de Documentação e Pesquisa, órgão da Fundação Padre Ibiapina, a responsabilidade de fazer um levantamento da documentação existente sobre a Diocese, para a elaboração de um Guia de fontes para a história eclesiástica do Cariri e a restauração e preservação desse acervo documental. Neste momento a FPI passava por uma reestruturação interna, então a diocese decidiu pela organização de um novo centro de documentação e pesquisas que assumisse a tarefa de manter viva a memória histórica, não apenas da Igreja Católica no Cariri. No dia 05 de janeiro de 2001, na Cúria Diocesana de Crato, foi realizada a instalação oficial do DEPARTAMENTO HISTÓRICO DIOCESANO, que recebeu o nome de PADRE ANTÔNIO GOMES DE ARAÚJO como parte das comemorações alusivas ao centenário de nascimento de um dos grandes historiadores da Região do Cariri cearense. A Oficialização do DHDPG como responsável na Diocese pela custódia e catalogação de todos os livros, papéis e documentos (quer de cunho espiritual ou temporal) sob a sua guarda; assim como preservação, pesquisa e estudo dos documentos e/ou subsídios direta ou indiretamente, testemunhas da História e da Cultura, se deu através de uma Portaria do bispo diocesano D. Fernando Panico, no dia 20/10/2008. No dia 25 de maio de 2009, o Conselho Nacional de Arquivos CONARQ - comunicou que o DHDPG foi registrado no Cadastro Nacional de Entidades Custodiadoras de Acervos Arquivísticos - CODEARQ - daquele Conselho. Fig.1 Diocese do Crato

2 Materiais e Métodos Pierre Nora (1993), historiador francês da Nova História, acredita que lugares de memória v são lugares constituídos através de vários sentidos, indo do material e concreto, ao abstrato e simbólico, coexistindo ambos os sentidos de formas e graus mais diversos. Pode ser entendido como um museu, um monumento, um símbolo, uma instituição, um documento ou até mesmo um arquivo (como o tema em questão), mas para que seja entendido como lugar de memória deve possuir também uma vontade de memória, ou seja, deve existir uma intenção memorialística que garanta sua identidade. E é com esta fundamentação teórica que este artigo se firmará, entendendo o DHDPG como um lugar de memória, como instituição responsável pela perpetuação de outro tempo. Os lugares de memória nascem e vivem do sentimento que não existe memória espontânea, que é preciso criar arquivos, que é preciso manter aniversários, organizar as celebrações, pronunciar elogios fúnebres, notariar atas, porque estas operações não são naturais (NORA, 1993, p.13). Compreendendo-se o DHDPG como um desses lugares, onde há uma busca em se guardar a memória de uma sociedade, de uma instituição, de um povo e de um período, onde determinados grupos sociais poderão se reconhecer e formar sua identidade. Michel Pollak (1992) afirma, baseando-se em M. Halbwachs que a memória deve ser entendida, além de individualmente, como um processo coletivo e social. Como um fenômeno construído coletivamente, submetido a flutuações, transformações e mudanças constantes. Sendo assim, os documentos e arquivos que se encontram sob a guarda do departamento em questão, por se tratarem de objetos de memória estão constantemente sofrendo mudanças, mesmo que estes sofram a intenção da preservação e da cristalização da memória, ao serem apresentados à comunidade, em especial a dos pesquisadores, estes arquivos passam a receber uma releitura, um novo olhar, que levará com que a problemática de cada pesquisador lhes mostre uma, ou mais leituras daquele mesmo documento que se tentou cristalizar. Já que a forma que construímos o passado está totalmente ligada à forma que entendemos nosso presente, sendo a memória a elaboração de um passado pensado e criado a partir de um presente. Os arquivos espalhados pelas cidades brasileiras são de grande importância para as pesquisas realizadas em nosso país, tanto em caráter local, regional e até mesmo nacional. Compreendendo a prática da pesquisa como um dos melhores caminhos para o aprendizado é necessário ressaltar a importância do DHDPG, em especial para as pesquisas realizadas no interior cearense, neste caso na Região do Cariri. A partir deste espaço muitos trabalhos puderam e poderão ainda ser feitos. Grandes obras historiográficas tiveram sua origem nas salas de arquivo, onde muito suor e trabalho foram gastos, após semanas ou meses de paciente e dedicada fase de pesquisa (BACELLAR, 2008, p.24). Aqui se trata em especial de um arquivo eclesiástico, de natureza religiosa, sendo estes na maioria das vezes detentores de grandes conjuntos documentais, cujos acervos estão reunidos nas cúrias diocesanas. A documentação, rica e variada, compõese em especial de registros paroquiais de batismo, casamento e óbito, processos diversos, livros-tombo das paróquias e correspondência... De maneira geral, os arquivos católicos preservaram escassa documentação para os séculos XVI e XVII, começando a ser mais expressivos a partir do século XVIII (Idem, ibidem, p.40). Atualmente o Departamento Histórico Diocesano padre Antônio Gomes de Araújo, funciona na cidade do Crato CE, na Rua Dom Quintino, n.808, centro. Estando sob os seus cuidados o Pe. Francisco Roserlândio de Souza, Diretor do Departamento e Tânia Maria Xavier Peixoto, assistente de pesquisa. Segundo informações cedidas por estes o acervo, que lá se encontra possibilita a todos os interessados o acesso a um conhecimento maior a vida privada e as relações sociais travadas desde o século XVIII no sul do Ceará, expressas, seja através das correspondências do clero e de outras pessoas envolvidas, como ainda nos registros dos Sacramentos celebrados naquele tempo. Entre os anos de 2000/2001 procurou-se adquirir livros até então publicados e/ou aqueles que, devido à sua importância, ainda não faziam parte do acervo da Diocese. Pessoas e instituições têm também feito doações e há uma permuta de material entre o Departamento e estudiosos de diversas partes do Brasil. Em 2003 firmou-se um aditivo a um convênio existente entre a CNBB e o IPHAN. O aditivo refere-se a uma parceria e acompanhamento técnico do IPHAN 4ª Superintendência Regional (CE) e a Diocese de Crato, através do DHDPG (SOUZA, 2010, p.04). Ainda segundo informações do Diretor, o Departamento possui em seu acervo materiais de imensa importância como os que vemos a seguir: 1. Coleções impressas: a) A Ação [11/ /1982] b) Jornal do Cariri (1999-dezembro 2003) c) L Osservatore Romano (edição em português) d) O Mensageiro Diocesano ( ) publicação da Diocese de Crato; e) A Revista O Catequista ( ), da Paróquia São José, de Missão Velha CE; f) A Voz de Santa Teresa publicação da Congregação das Filhas de Santa Teresa de Jesus Crato CE; g) Revista Itaytera ( ) órgão do Instituto Cultural do Cariri; h) Revista Hyhyté da Faculdade Filosofia do Crato; i) Revista A Província; 2. Coleção iconográfica: Coleção de fotografias ainda está em processo de organização, onde fotos de bispos e padres da Diocese estão sendo recuperadas, inclusive fotos referentes ao período anterior à criação e instalação da desta.

3 desdobramento do convênio firmado entre a Diocese de Crato, Fundação Padre Ibiapina, Sistema Fecomércio e Prefeitura de Juazeiro do Norte, por meio da Secretaria de Turismo e Romarias (DIÁRIO DO NORDESTE, 2010, Regional 2). A importância deste acervo para os estudiosos e pesquisadores da história local caririense é inquestionável, deste espaço poderão surgir, ou já surgiram (como veremos a seguir) pesquisas variadas, o que só tem colaborado com a historiografia local. Através de diversos questionamentos realizados acerca desta vasta documentação, novas versões da história estarão sempre em gestação. A assistente de pesquisa, Tânia Peixoto, responsável pelo DHDPG informou que os documentos recebidos pelo Departamento são catalogados segundo os critérios da NOBRADE (Norma Brasileira de Descrição Arquivística) e colocados em caixas de material apropriado para evitar deterioração. Foi adquirido, um armário de metal (deslizante), para que os manuscritos (postos em pastas de papel neutro), fotografias e livros, fossem melhor acondicionado. Fig.2 Material da coleção 3. Manuscritos e fontes documentais primárias: Este arquivo contém aproximadamente 3000 manuscritos (correspondências) e 781 livros de Registros (Batizados, Casamentos, Óbitos, Caixa, etc.), 188 plantas arquitetônicas e mapas. 4. Fontes materiais e objetos de interesse museológico: Estão sendo reunidos objetos que fizeram parte do Seminário Diocesano São José, para a criação de uma Sala Histórica ( espécie de memorial ) que terá em seu acervo: livros, missais, objetos de uso pessoal de parte do clero diocesano, vestes, objetos litúrgicos, utensílios domésticos e móveis). 5. Fundo Padre Cícero Romão Baptista e os Factos de Joaseiro: Estão sob processo de informatização e digitalização os documentos sobre o Padre Cícero, documentos que... haviam sido trabalhados antes apenas pela Comissão de Reabilitação, para serem enviados depois à Santa Sé. Estão incluídos no material os dois Inquéritos que compõem o processo de reabilitação, diversos outros arquivos incluindo correspondências sobre os fatos do sangramento da hóstia e seus desdobramentos; e, por fim, a documentação relacionada ao envolvimento político do Padre Cícero nas questões políticas até a emancipação de Juazeiro [...] São cerca de 900 documentos inéditos ao público, em sua integralidade e do período entre 1889 e 1911, referentes a manuscritos do sacerdote e outros protagonistas que serão publicados. Trata-se do Fig.3 Material condicionado no armário de metal Dispõe ainda, de uma sala de pesquisa e um espaço adequado para guarda de seu acervo, onde existe um sistema de alarme de movimento que permite a proteção de todo o patrimônio. Pensando no desgaste causado pelo manuseio dos pesquisadores, está sendo realizada uma catalogação digital para garantir o acesso do material sem a necessidade do manuseio direto ao acervo. Após a digitalização o conteúdo poderá ser acessado através de terminais de computador no próprio departamento e, posteriormente, via internet. Deve-se ressaltar que serão publicados os documentos conhecidos até o momento, pois há ainda uma parte considerável que precisa ser tratada e catalogada. No que diz respeito às normas e legislação de acessibilidade a assistente destacou ainda, que por se tratarem de documentos ligados a Instituição Católica, as normas para acesso a estes documentos seguem normas civis brasileiras e

4 eclesiásticas (definidas pela Santa Sé), havendo assim a existência de documentos cujo acesso é reservado. Fig.4 Sala de estudo para pesquisadores Resultados Durante as palavras escritas a cima, a importância do DHDPG para os pesquisadores locais foi ressaltada. Para confirmar esta afirmação resolveu-se conversar com pesquisadores, para que assim esta hipótese lançada fosse confirmada ou questionada. A forma encontrada para reunir as ideias destes pesquisadores foi através da aplicação de um pequeno questionário, onde eram indagados sobre suas pesquisas e como haviam se relacionado com os arquivos locais, a importância do DHDPG em suas pesquisas, quais documentos encontrados foram mais importantes, se tiveram alguma dificuldade de acesso a esses e ainda quais os principais problemas enfrentados pelos pesquisadores na região do Cariri. Foram enviados questionários para cinco pesquisadores locais, dentre estes, três se mostraram dispostos a colaborar com o trabalho. Entre os três entrevistados, encontram-se pessoas de ambos os sexos, e que já realizaram pesquisas para mestrado e, ou doutorado, utilizando o Departamento como parte de seus estudos. Vale ressaltar que os nomes e instituições as quais estes pesquisadores fazem parte serão resguardados, por não existir a necessidade de se expor aqui estes indivíduos, já que não está no cerne deste trabalho a intenção de revelar nomes e sim perceber seus sentimentos em relação ao DHDPG. O primeiro pesquisador iniciou suas pesquisas no DHDPG no ano de 2005, ainda na graduação em história pela URCA vi, seguiu no mestrado durante os anos de e hoje orienta um trabalho de iniciação científica que consulta seus acervos. Suas pesquisas referem-se a uma epidemia de cólera que atingiu o Crato em meados do século XIX e ritos fúnebres no Crato oitocentista. Diz não ter tido problema de acesso aos documentos do local, tudo o que precisou do material catalogado no DHDPG foi disponibilizado, tanto no formato original (manuscritos em papel) ou digital. Os documentos fundamentais para as pesquisas foram os registros paroquiais de óbito e cartas do acervo. Ressalta a importância deste espaço por acreditar que dentre os poucos espaços para a pesquisa na região, este é o que tem o acervo mais rico e, além disso, oferece condições físicas e de pessoal básicas para que o pesquisador possa consultar seu acervo. A principal dificuldade encontrada pelos pesquisadores caririenses é a existência de poucos espaços de pesquisa na região grande parte da documentação sobre o Cariri está em Fortaleza (Arquivo Público Estadual e Biblioteca Pública Meneses Pimentel) ou no Rio de Janeiro (Biblioteca Nacional), o que dificulta a vida do pesquisador. Outro problema diz respeito aos horários de funcionamento das instituições de pesquisa existentes. O DHDPG, por exemplo, só funciona pela manhã. Espaços novos têm surgido nos últimos tempos, como Centro de Documentação do Cariri, do Departamento de História da URCA. Mas grande parte de seu acervo passa pelo processo catalogação, o que significa que o pesquisador ainda vai ter que esperar um tempo para ter acesso a um conjunto documental mais amplo. O segundo pesquisador utilizou o centro durante seu mestrado, para pesquisas sobre Engenhos - trabalho e sociedade no Cariri colonial. Diz que o material mais importante lá encontrado foram Registros de Batismos. O DHDPG se torna de inestimável importância dado o grande acervo que se tem e a possibilidades de uma variedade de temas de pesquisa, não só para historiadores mais demais profissionais. Acha que os problemas encontrados pelos pesquisadores locais se devem a precariedade dos centros de pesquisa (bibliotecas, Museus, Memoriais, etc.) e, sobretudo por não terem entendido até o momento a real importância do documento histórico para os municípios e região. A terceira pessoa entrevistada recorreu ao acervo do DHDPG durante suas pesquisas de doutoramento, onde estudou a educação cristã entre meados do séc. XIX e XX no Cariri Cearense. Sua importância maior está em ser um centro de documentação especializado na religiosidade local, que reúne dados importantes da religião a da religiosidade que são temáticas frequentes nesta região. Já que grande parte das pesquisas locais passeia por estes temas, de forma direta, ou até mesmo indiretamente. A falta de arquivos na região atrapalha muito as pesquisas, e os poucos que existem não tem muita organização, muitos são esquecidos, não existindo investimento nem público nem privado. Diz que os poucos que existem são pelos esforços de poucas pessoas, como no caso do DHDPG, fortalecido na figura de seu diretor. Para ela os documentos mais importantes foram as cartas de correspondências dos bispos com os membros do clero, que falavam de educação, e alguns documentos impressos, como a Constituições das filhas de Santa Teresa de Jesus, e ainda, a coleção da Revista Itaytera, principalmente os primeiros números.

5 Fig.5 Alunos e pesquisadores visitando o Departamento temas e problemáticas sociais. Entendido como Lugar de Memória, conceito apresentado por Pierre Nora, o Departamento desenvolve a função de perpetuar outro tempo, de preservar uma memória. Memória esta que têm como principal função não apenas ser guardada e congelada, mas sim ser reelaborada e reescrita pelos profissionais que utilizam este acervo para construir o conhecimento e a historiografia local. Atualmente os pesquisadores contam com um vasto material à disposição, são documentos impressos, manuscritos e digitais (nem todos os documentos passaram ainda por este processo), fontes que ainda renderão muitos trabalhos de pesquisa. Aqui três pesquisadores locais foram questionados, onde destacaram a importância do DHDPG em seus estudos. Destacaram a acessibilidade aos documentos disponíveis à pesquisa, o que nem sempre é presenciado em outros espaços, e ainda a importância de existir uma sala específica para a realização das pesquisas. Estes não destacaram queixas diretas ao Departamento, apenas uma em relação ao horário reduzido de funcionamento (pela manhã). A principal queixa destes foi em relação a algo que vai além do DHDPG, foram críticas destinadas aos poderes locais que ainda não perceberam a importância da preservação e constituição de acervos e centros de documentação. O que existem são algumas poucas experiências, como o caso do DHDPG, onde poucas pessoas se esforçam muito para manter o local. A falta de outros e espaços e ainda a existência precária de outros torna os pesquisadores pessoas carentes de fontes, tendo que recorrer muitas vezes a arquivos em outras cidades e capitais brasileiras. Fig.6 Pesquisadores Percebe-se nesses três exemplos, a real importância deste espaço nos trabalhos destes pesquisadores. Que ao ressaltarem a falta de incentivos e iniciativas de arquivos na Região Do Cariri se mostram conscientes do valor histórico, social e cultural do DHDPG. Conclusões Surge no séc. XX, em 1914, a Diocese do Crato, com a intenção de institucionalizar o catolicismo popular que crescia na Região. E hoje funciona em suas instalações o DHDPG Departamento Histórico Diocesano Pe. Antônio Gomes de Araújo, oficializado no ano de 2008 e registrado pelo CONARQ em Sendo responsável pela guarda, preservação e conservação de livros, papéis, documentos, imagens, etc. considerados importantes para a instituição. Além de ter um caráter de guarda institucional este espaço funciona como lugar de pesquisa e construção de conhecimento para diversos pesquisadores locais, com temáticas que vão além das questões religiosas. Já que a Igreja Católica se fez e faz presente em diversos Referências (1) Diocese de Crato. Disponível em: < > Acesso em: 25 jul (2) NORA, Pierre. Memória e História: A problemática dos lugares. Projeto História, n.10, p , dez (3) PINSKY, Carla Bassanezi (org). Fontes Históricas. 2. Ed. São Paulo: Contexto, (4) POLLAK, Michael. Memória e Identidade Social. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol. 5, n. 10, p , (5) SANTOS, Elisângela. Coleção sobre Padre Cícero sairá em julho. Diário do Nordeste, Fortaleza, regional, p.2, 11 mar (6) SANTOS, Paula Cristiane de Lyra. Católicos no Cariri: Embates em torno da formação cristã ( ) f. Tese (Doutorado em Educação Brasileira) Faculdade em Educação, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza. (7) SOUZA, Francisco. APRESENTAÇÃO DHDPG. PPT: Departamento Histórico Padre Antônio Gomes de Araujo. Crato: Diocese de Crato, DHDPG, KB. Equipamento mínimo: Pentium II ou mais avançado: Microsoft Office PowerPoint

6 (8) Wikipédia. Disponível em: < 3ria >. Acesso em: 25 jul da Autora i Compreendido pelos municípios: Barbalha, Crato, Jardim, Missão Velha, Juazeiro do Norte, Nova Olinda e Santana do Cariri. (fonte: Wikipédia) ii Destaque para as romarias da cidade do Juazeiro do Norte em homenagem ao Padre Cícero. iii Entre elas, a mais conhecida, Festa de Santo Antônio em Barbalha. iv Ver: v Ver: Pierre Nora vi Universidade Regional do Cariri