PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO CÁTEDRA UNESCO DE LEITURA PUC-RIO
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- Natália Mirandela Valgueiro
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1 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO CÁTEDRA UNESCO DE LEITURA PUC-RIO III CONGRESSO INTERNACIONAL DE LEITURA E LITERATURA INFANTIL E JUVENIL e II FÓRUM LATINO-AMERICANO DE PESQUISADORES DE LEITURA Grupo de Reflexão BIBLIOTECAS PÚBLICAS ESCOLARES E COMUNITÁRIAS Texto para discussão Maio de
2 A BIBLIOTECA COMO ESPAÇO DE PRÁTICAS LEITORAS Lucia Fidalgo As bibliotecas,no sentido amplo da palavra existem há quase tanto tempo quanto os registros escritos.a intenção de criá-las parte de vários princípios e desejos conscientes e inconscientes.talvez um dos mais comuns seja o fato de querermos guardar,colecionar,e organizar a informação de modo que esta seja compartilhada entre aqueles que desejam buscá-las.porém,nos dias de hoje,as bibliotecas além de serem criadas para a guarda,o registro e a organização dos documentos e das informações,exercem também um papel mais social,focadas também nas práticas leitoras que desenvolvem. As Bibliotecas como espaços de práticas leitoras além de serem hoje um desejo de muitos, esses espaços já são realidade em muitos lugares.foi-se o tempo onde Biblioteca era sinônimo de lugar sagrado e de castigo.hoje o desejo de compartilhar idéias e ajudar na produção de significados,a cada texto lido,está crescendo com grande rapidez como pede o tempo.é claro que não podemos negar,que ainda há muito trabalho a ser feito,como a falta desses espaços em todas as escolas do país,nas comunidades,em espaços públicos onde todos sem esquecer de nenhum, podem ter acesso as práticas e conteúdos ali desenvolvidos. Mas o fato, é que está ficando claro a cada dia que estas bibliotecas, antes tão intocáveis,hoje necessitam dos seus leitores atuantes para sobreviverem Talvez possamos dizer que elas hoje vêm sendo criadas também com a intenção de se tornar um espaço de convivência, e não apenas de conveniência. Convivência com a leitura no sentido amplo da palavra, de que lemos tudo e não apenas aquilo que está escrito. Um espaço que contribui para o encontro de leitores com suas leituras, propiciando também encontros com várias linguagens, com as várias formas de expressão, promovendo e incentivando experiências. Já se tornou comum ouvir falar no fim dos livros e das bibliotecas. Previsões onde o livro de papel e os espaços fechados com estantes e mesas ficarão apenas na lembrança de cada um de nós, e a informação fluirá de maneira quase instantânea. De fato houve uma grande evolução desses espaços desde a criação das bibliotecas até os dias de hoje, porém falar em fim é ao meu ver é um pouco catastrófico,acredito mais na transformação dos espaços,das pessoas e das práticas propostas para o incentivo à leitura e a formação do leitor. 2
3 Cabe aqui ressaltar o importante papel do bibliotecário como mediador entre o leitor e o livro. Alguém que faz esse encontro acontecer de forma agradável, e com possíveis possibilidades de conversas. Mas para que isso ocorra, antes de mais nada esse bibliotecário precisa ser também um leitor.alguém que conhece o acervo que trabalha,e assim pode dar orientações de escolhas,sugestões de leituras e outras ações culturais compartilhadas. Pois além disso, o espaço da biblioteca não deve ficar parado, mas deve sim interagir com os outros espaços culturais existentes,e compartilhar idéias e fazer trocas,estabelecendo assim uma renovação constante de tudo. Creio que além das técnicas, a competência maior do profissional bibliotecário é a de ter capacidade de ser um leitor que vai além dos livros e das linhas, mas que lê as entrelinhas do texto, e seu livro é um mundo aberto para um olhar múltiplo e interpretativo. Há necessidade de haver uma capacitação do bibliotecário, para que além das tarefas tecnológicas, ele possa desenvolver habilidades para tarefas sócio-educativas, trabalhos comunitários visando o estímulo à leitura e ações culturais em parceria com a comunidade que atende. Além disso, há outros espaços de leitura que não são bibliotecas, espaços esses que compartilham ações com o livro também e claro com a leitura.uma leitura no sentido mais amplo dos sentidos,da interpretação e dos saberes múltiplos que todos nós podemos conhecê-los. Hoje no Brasil, além de muitas boas idéias e ações de leitura,existem muitos programas e iniciativas no sentido de fazer chegar o livro e bibliotecas a toda a população brasileira.são idéias brilhantes,algumas premiadas que se proliferam por todo o país.porém ainda precisam fortalecê-las.,e também organizá-las. Não podemos apenas criar os espaços, comprar o acervo,e fazer inaugurações.antes disso precisamos entender o que o leitor deseja ter nesses espaços, e o que ele busca de verdade. Criar práticas leitoras que estejam de verdade ligadas ao livro, a leitura e ao leitor. Muitas vezes uma prática leitora é de grande valor para um determinado grupo de leitores, porém para outros ela não tem o menor sentido,e não vai atraí-los para este encontro. 3
4 Planejar com cuidado o que será feito, estudar a comunidade leitora a ser atingida,entender quem são e o que desejam,é muito importante para o sucesso do trabalho. Para isso também é importante definir o que são práticas leitoras e entender a diferença que existe entre elas e as ações culturais. Não podemos achar que tudo que faz movimento no espaço da biblioteca seja uma prática leitora.a prática tem uma continuidade,um propósito ligado a leitura e a formação do leitor.despertando nesse individuo o desejo de ler mais,com maior intensidade e poder de interpretação.torná-lo mais atento,curioso,observador,critico e com mais conteúdos para falas e escritas não tão singelas. Há muitas práticas leitoras a serem feitas,círculos de leituras,contação de histórias,leituras de filmes,debates em torno de livros,encontros com autores,oficinas literárias,saraus e tantas outras que surgem nas cabeças maravilhosas de muitos criadores. Precisamos é entender que como nos diz Chartier que ler é apropriar-se do mundo,inventar e produzir,o espaço da biblioteca como espaço de leitura pode estimular essa apropriação,e se transformar no espaço do imaginário,promotora de encontros dos leitores com seus mundos. E o bibliotecário segundo as leis de Ranganathan,alguém que conduz cada leitor a seu livro e cada livro ao seu leitor. Pois o leitor quando busca deve encontrar aquilo que procura e mais alguma coisa,e pode até encontrar aquilo que nunca pensou em buscar,e adorou ter encontrado.esse é o papel da biblioteca que promove leitura e do bibliotecário leitor.por isso se faz tão importante quanto se ter um acervo de qualidade,um espaço agradável,tecnologias inovadores,ter um trabalho com esse profissional que atua nesses espaços,um trabalho de sensibilização,para que se transformem em geradores e mediadores de leitura nessa sociedade da informação. Já disse antes e repito: Temos que fazer antes um reconhecimento daquilo que aquela comunidade seja ela escolar,universitária,popular ou especializada deseja.ai sim podemos construir em conjunto.ai sim vira uma construção de um desejo e não uma invasão ou imposição de regras e conceitos. A Biblioteca pode ser um espaço interativo,uma instituição que promova a leitura,um espaço com caráter cultural,onde seja desejo de todos ir até a esse espaço 4
5 pelo simples desejo de ler um livro,compartilhar idéias ou até mesmo descobrir através das lendas ali contadas que... Houve uma vez,um menino que já nasceu sorrindo. O único.seu nome era Zaratrusta,o profeta... E que esses espaços, além de livros,e informações em outros suportes,oferece outras práticas distintas,culturais educativas e de expressão popular, para assim exercer um papel muito importante e que também é seu.o papel de atuar no desenvolvimento da cidadania da população que ela atende. LÚCIA FIDALGO, é escritora, bibliotecária, contadora de histórias do grupo Morandubetá, professora universitária,membro da diretoria do Conselho Regional de Biblioteconomia do RJ,pesquisadora da Cátedra de Leitura da UNESCO-PUC-RJ. BIBLIOGRAFIA Escolarização da leitura literária. Belo Horizonte: Autêntica,1999. MANGUEL, Alberto. Uma história da leitura. São Paulo: Cia das Letras,1997. PENNAC, Daniel. Diário de Escola. Rio de Janeiro: Ed. Rocco,2008. PETIT, Michele. Os jovens e a leitura:uma nova perspectiva. São Paulo: Ed 34,2008. E 1 HISTÓRIA DO LIVRO 5
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