Técnicas de recolha e análise de informação para caracterização e diagnóstico do contexto de intervenção
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- Diana Mascarenhas Rijo
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1 6º CURSO DE MESTRADO EM REABILITAÇÃO DA ARQUITECTURA E DOS NÚCLEOS URBANOS 1º SEMESTRE Disciplina Economia, Sociedade e Território Aula de 12/1/2007 Manuela Mendes Técnicas de recolha e análise de informação para caracterização e diagnóstico do contexto de intervenção Objectivo: Partindo do pressuposto que é necessário conhecer para melhor intervir, serão transmitidos alguns saberes sobre algumas técnicas de recolha e análise de informação que possibilitarão a realização de um trabalho de caracterização e diagnóstico do contexto de intervenção. 1
2 1. ETAPAS DE UM TRABALHO DE INVESTIGAÇÃO Definição do problema (definir o objecto de trabalho; seleccionar um tópico) Formulação de hipóteses (quais as possíveis respostas à pergunta? O que se pretende testar?) Selecção do modelo de análise (qual a metodologia a seguir? Quais as técnicas de recolha de informação (entrevistas, inquérito por questionário, análise documental, análise estatística, observação, etc.)? Concretização da observação (delimitação do universo e das unidades de observação; identificação das fontes de informação; recolha de dados e registo de informação) Análise e interpretação dos dados (descrever e analisar as implicações da informação coligida; explicar as causas e consequências) Conclusões (qual o significado das conclusões? Confirmação ou infirmação das 2
3 hipóteses) 3
4 2. Caracterização e diagnóstico de uma zona de intervenção/ do meio Objectivos central: - perceber o quadro geral da situação: os problemas, potencialidades, perspectivas de evolução, actores sociais e institucionais envolvidos. Outros objectivos: - identificar os actores sociais e institucionais envolvidos e as suas relações - identificar os problemas/desajustamentos/carências mais relevantes - conhecer as características sócio-demográficas da população residente - perceber alguns aspectos da identidade local - conhecer as relações de sociabilidade - entender a forma como a população se apropria do território - conhecer o meio envolvente 4
5 A- FASE PREPARATÓRIA a) Estabelecer a área geográfica em análise e delimitar o contexto de análise b) Fazer um enquadramento geral da zona c) Definir a dimensão da população a abranger B CARACTERIZAÇÃO DO CONTEXTO DE ANÁLISE (recolha, apresentação e descrição da informação recolhida) Sociedade local (organização social) COMPOSIÇÃO SOCIAL DA POPULAÇÃO - quem são os residentes? - quais as condições de vida dos residentes? - caracterização das condições de habitabilidade; - perfil demográfico (pop. total residente; estrutura por sexos, grupos etários, níveis de escolaridade, taxa de crescimento natural; taxa de crescimento migratório análise sincrónica e diacrónica); RELAÇÕES DE SOCIABILIDADE - relações de vizinhança; - coexistência de grupos étnicos e nacionais distintos; - coexistência e relacionamentos entre as várias gerações; - tensões e conflitos sociais (na vida familiar e doméstica, nos espaços públicos e nos de lazer); - unidade do bairro; - festejos e comemorações; 5
6 APROPRIAÇÃO SOCIAL DO TERRITÓRIO - locais preferenciais para as relações de sociabilidade; - espaços de sociabilidade no interior do bairro/zona; - apropriação da rua, dos espaços verdes, da tasca, do café, do minimercado - actividades lúdicas para crianças, jovens e idosos; - apropriação cognitiva, afectiva e material da casa; IDENTIDADE LOCAL - enraizamento da população local (saldo migratório; habitantes permanentes e não permanentes; nº de proprietários do seu alojamento); - grau de organização da população (solicitações, reivindicações, capacidade de negociação); - ligações ao local por parte de jovens e população mais idosa; - vida associativa; - líderes locais (que emergem da população); - a imagem do local; MEIO ENVOLVENTE - caracterização dos alojamentos (tipos de alojamento; nº de alojamentos por edifício; regime de ocupação; nº médio de indivíduos por alojamento; estado de conservação); - estrutura produtiva e mercado de trabalho (sectores de actividade existentes e peso na estrutura económica local; % de 6
7 empregos por sector de actividade; taxa de desemprego (por sexos e grupos etários)); - oferta de equipamentos e serviços à população (nº e tipo de associações locais e actividades/ serviços realizado(a)s; equipamentos culturais e desportivos; escolas, centros de formação, universidades, centros de investigação; IPSS s; serviços públicos); - dinâmicas espaciais (centralidades; redes viárias; espaços públicos; existência de programas e de projectos de intervenção urbanística); - existência de problemas sociais ; - existência de programas e de projectos de intervenção social; RECURSOS INSTITUCIONAIS - rede de instituições que emergem do meio (públicas, semipúblicas e privadas); - instituições que podem promover iniciativas locais (existência de um potencial partenariado eleitos e serviços municipais, instituições estatais e com representação local, equipas operacionais, chefes de projectos, serviços de educação, emprego, formação, organismos ligados ao sector da habitação). C DIAGNÓSTICO - Indicar e justificar os desajustamentos, ou os problemas e as carências detectadas. 7
8 - Indicar e justificar as potencialidades e oportunidades a potencializar. D PROPOSTAS DE INTERVENÇÃO - Eleger e justificar os domínios que carecem de intervenção prioritária. - Apontar pistas de intervenção sobre o que fazer para melhorar as condições e a qualidade de vida dos residentes, ou a sustentabilidade ambiental, ou outros aspectos. OU - Esboçar as possíveis acções e as estratégias para as pôr em prática. 8
9 3. CARACTERIZAÇÃO-DIAGNÓSTICO Alguns dos Instrumentos de Recolha de Informação * metodologia intensiva e metodologia extensiva 1. A entrevista 2. A observação 3. Inquérito por questionário 9
10 4. DESAFIOS À INTERVENÇÃO EM NÚCLEOS URBANOS 1. Aposta nas lideranças locais (líderes das várias comunidades existentes; protagonistas com capacidade de dinamização local e de reivindicação face aos poderes públicos). 2. Integração das acções num entendimento sistémico da realidade social fazer localmente e pensar globalmente. 3. Saber lidar com a diversidade de problemas: o património em risco, a desvitalização económica, acompanhada por vezes de espaços desactivados, o despovoamento, a degradação física das habitações, o isolamento de segmentos mais vulneráveis da população, a insegurança, o isolamento dos idosos, a segregação social e residencial, a exclusão sócioespacial, a degradação da qualidade do espaço público. 4. Promover a inserção económica, territorial e social dos indivíduos, o que implica actuar ao nível da coesão social, da sustentabilidade e da competitividade urbana, pondo em prática intervenções multisectoriais com incidência no domínio do emprego, da mobilidade, da educação, da inovação, e nos domínios do território, do uso do solo e da habitação 5. A reabilitação é, aqui, entendida num sentido mais alargado, procurando-se não só a valorização física e ambiental, mas sobretudo a valorização económica e social das suas populações. Ou seja, as intervenções de nível físico têm que ser enquadradas numa perspectiva de resolução dos 10
11 problemas sociais. A reabilitação a nível físico dever ter objectivos económicos e sociais. 6. Qual o papel reservado à população? (qual a intervenção da população na criação de soluções? Como detectar capacidades escondidas e mobilizar lideranças e energias locais para a estratégia de intervenção? Qual o espaço reservado às minorias? Como envolver a população numa estratégia a partir da base (bottom-up)? 7. A aposta nas parcerias no local: (a promoção de parcerias para a resolução de problemas que são complexos e que implicam vários domínios e níveis de poder; parcerias que envolvam entidades públicas, agentes privados, cooperativas, etc.; parcerias público/privado; coordenação entre os vários níveis de poder). 9. A intervenção na economia local: (recuperar o papel de determinada área na vida económica, social e cultural da cidade, seja como centro de actividades económicas, seja como espaço residencial, de cultura ou de lazer; dar atenção à viabilidade de alguns projectos orientados para o estímulo das actividades locais (centros de artesanato, parques de empresas e estruturas similares); garantir a competitividade do comércio tradicional e de rua e outras formas (face aos CC s). 11
12 1 exemplo: Braga centro histórico (programa de reabilitação urbana) Quadro-geral da situação a) Identificação da área de intervenção (linhas gerais): - abrange parte do Centro Histórico de Braga compreendida e delimitada pelo perímetro das antigas muralhas da cidade medieval de Braga, e abrangendo 2/3 da área classificada como área Crítica de Recuperação e Reconversão Urbanística. - Esta área é distinta do designado Centro Histórico de Braga, tal área: a) possui um imponente conjunto monumental, incluindo 2 dezenas de imóveis classificados; b) tem a mais importante fatia do comércio tradicional e uma significativa parte da actividade terciária do município; c) sub-ocupação dos edifícios afectos ao comércio e serviços; sobreocupação e degradação dos quarteirões de cariz eminentemente habitacional. - São visíveis os sinais de degradação dos imóveis e dos espaços públicos, assim como, a precarização das condições sócio-económicas dos que aí habitam. - A Câmara (Divisão de Renovação Urbana) tem vindo a intervir na componente física dos edifícios e espaços urbanos, a fim de resolver situações de urgência e de precariedade. As sucessivas intervenções de reabilitação tem permitido resolver problemas de degradação dos imóveis e responder a necessidades dos seus moradores, garantindo uma melhoria das condições de habitabilidade. 12
13 b) Acções desencadeadas: Criação de uma infra-estrutura que funcione como Centro de Apoio às necessidades fundamentais dos indivíduos em risco, nomeadamente refeições e pernoita. Criação de actividades económicas: renovação de espaços para instalação de pequenas actividades empresariais e serviços de apoio às empresas. Melhoria das qualificações dos residentes no Centro Histórico: - promoção de cursos de reciclagem e requalificação destinados a profissionais que trabalham em actividades de cariz tradicional no Centro Histórico, designadamente talha e restauro de mobiliário e peças decorativas; - criação de um centro de informação sobre formação profissional e emprego. 13
14 14
15 Sumário desenvolvido: 1. A situação de entrevista: factores associados ao entrevistado e ao entrevistador. 2. Possíveis utilizações. 3. Planificação da entrevista: a) definição de objectivos b) delimitação da amostra c) desenvolvimento e execução. 4. Tipos de entrevista: directiva, semi-directiva, não directiva/ livre; histórias de vida. 5. Indicações sobre a transcrição de entrevistas. 6. Análise das entrevistas. 15
16 Sumário desenvolvido: 1. Inquérito por questionário - definição. 2. Sistematização das fases/etapas de um estudo baseado na utilização desta técnica: 1ª Planificação 2ª Recolha de informação 3ª Tratamento e análise prévia dos dados recolhidos 4ª Análise de dados 5ª Relatório de pesquisa 3. A construção do inquérito por questionário: a) condições a ter em conta na formulação das questões b) questões segundo o conteúdo c) questões segundo a forma d) questões de controle e consistência e) a utilização de escalas de atitudes nas questões f) outras indicações gerais. 4. A aplicação do inquérito por questionário. 5. A análise estatística de dados. 16
17 Sumário desenvolvido: 1. Modalidades e variantes de observação. 2. Vantagens da utilização desta técnica. 3. A execução: os cadernos de notas e a construção de grelhas de observação. a) definição de objectivos b) delimitação da amostra c) desenvolvimento e execução. 4. Tipos de entrevista: directiva, semi-directiva, não directiva/ livre; histórias de vida. 5. Indicações sobre a transcrição de entrevistas. 6. Análise das entrevistas. 17
18 Guião de observação Data: Local: Hora: Local: Indicadores Aspecto do edifício Observações Características paisagísticas da envolvente 18
19 Guião de observação Data: Local: Hora: Local: Indicadores 1. Descrição morfológica do edifício Observações 2. Aspectos estéticos do edifício Observações 3. Caracterização do espaço exterior da habitação Observações 4. Descrição da localização Observações 19
20 Bibliografia: Barrat, David & Tony Cole (1994), Sociology Projects, London, Routledge. Campenhoudt, L. V. E R. Quivy (1992), Manual de Investigação em Ciências Sociais, Lisboa, Ed. Gradiva. DIRECÇÃO-GERAL DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL (1997), Programas Urban e Reabilitação Urbana, Lisboa, Ghiglione, Rodolphe, Matalon, Benjamin (1992), O Inquérito, Oeiras, Celta Editora. Hill, Manuela Magalhães e Andrew Hill (2000), Investigação por questionário, Lisboa, Edições Sílabo. Lima, Marinús Pires de, (1987) Inquérito sociológico. Problemas de Metodologia, Col. Biblioteca Universal Presença, nº 11, Lisboa, Ed. Presença. 20
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