Adir Jacob Contador Perito Judicial. Tel EXMO SR. DR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VC FORUM JOÃO MENDES JR.
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- Ana Luiza Freire Gameiro
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1 1 EXMO SR. DR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VC FORUM JOÃO MENDES JR. Ação # MONITÓRIA Banco do Estado de São Paulo S/A CONTRA Agência Center S/C Ltda. controle * Adir Jacob CRC# de 5/12/65, perito nomeado e compromissado nos autos do processo supra, às fls vem mui respeitosamente peticionar, ENTREGA DE SEU LAUDO PERICIAL, composto de Fls e anexos, num total de fls. Nestes Termos P. Deferimento São Paulo, 23 de julho de 2003 Adir Jacob Perito Judicial
2 2 CONSIDERACOES DO ASSISTENTE TECNICO DO AUTOR 1. CONSIDERACOES INICIAIS SOBRE O LAUDO PERICIAL ESCLARECIMENTOS DO ASSISTENTE TECNICO DO BANCO: 2. DO CONTRATO SAQUE ESPECIAL BANESPA: 3. DA ALTERAÇÃO DA TAXA DE JUROS NO CURSO NORMAL DA OPERACAO: 4 DA COBRANÇA DE JUROS Com objetivo de esclarecer a cobrança dos juros nesta modalidade de crédito Saque especial e sem entrar no mérito da questão, este Assistente Técnico pede vênia para transcrever abaixo algumas decisões emanadas pelo Tribunal de Alçada sobre a matéria: - AG.I. nº J rel. Silvio Marques: - 1ª TACSP, AP , Rel. Juiz Andrade Marques. v.u. - JTACST 121/99 - Ap. nº º Tribunal de Alçada Civil, Juiz Luiz Kiotsi Chicuta - 1ª TACSP As menções acima se encontram implícitas na obra Negócios Jurídicos Bancários de autoria de Aramy Dornelles da Luz, editora Juarez de Oliveira, 2ª edição, 1999, pág 131, que assim conceitua a abertura de
3 3 crédito em conta corrente (crédito rotativo): A abertura de crédito é um financiamento bancário que objetiva pôr a disposição do cliente crédito em dinheiro, bens ou serviços, pelo tempo convencionado entre as partes. A abertura de crédito em dinheiro, do tipo rotativo, difere do mútuo feneratício pelo dinamismo e o livre arbítrio consentido ao tomador, que pode a seu bel-prazer ou de acordo com sua necessidade usar ou não a quantia posta à sua livre disposição, e, em caso de uso, devolve-la antes do prazo, reutilizando-a e a devolvendo tantas vezes quantas possível dentro do prazo pactuado, pagando juros apenas sobre o valor efetivamente utilizado e pelo tempo de uso. Os juros devidos e não pagos, decorrentes do saldo devedor (uso do Limite e ou Adiantamento a Depositantes ), são debitados na conta corrente e são liquidados através de créditos (depósitos, ordens de pagamentos, etc), que o cliente deve providenciar para a sua liquidação e/ou utilizar valores por conta do crédito aberto. Na cláusula 16ª do contrato, que abaixo transcrevemos, autoriza tal procedimento, ou seja: 16 O Banespa fica autorizado a se apropriar, automaticamente, até o montante necessário à cobertura de eventual saldo devedor, de todas as importâncias que vierem a ser creditadas na conta corrente vinculada a este contrato, sejam de que naturezas forem. Finalmente, os juros somente serão cobrados caso a conta corrente apresente saldo devedor, o que efetivamente ocorreu no presente caso, e serão debitados (cobrados), conforme autorização contratual (cláusula 6ª do Contrato), nas datas de sua exigibilidade. Observa-se que nesta modalidade de crédito, os juros são debitados mensalmente, devendo o cliente provisionar os recursos necessários para atender tal cobrança. O procedimento adotado pelo Banco (debitar os encargos mensalmente e incorporar ao saldo devedor, caso não haja recursos suficientes para liquidá-lo) é o mesmo procedimento adotado nas operações passivas, p.ex. CDB/RDB e cadernetas de poupança, ou seja, no CDB/RDB, o aplicador/cliente ao receber o crédito em sua conta corrente na data do vencimento da aplicação, pode reaplicar o valor creditado, formado pela incorporação dos juros ao capital e repetir o procedimento nos períodos subseqüentes, na Caderneta de Poupança, se o poupador não retira os rendimentos do mês, estes serão incorporados ao saldo, formando nova base de cálculo para o mês subseqüente. 5 DOS NORMATIVOS DO BACEN
4 4 O MNI (Manual de Normas e Instruções), preparado e editado pelo Banco Central do Brasil, estabelece, entre outras, as normas operacionais de todas as instituições financeiras. O MANUAL DE NORMAS DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS BANCO CENTRAL DO BRASIL, estabelece que: DO Tit: NORMAS OPERACIONAIS DE INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS E ASSEMELHADAS Capítulo: Empréstimos e Financiamentos Diversos Seção: Adiantamentos a Depositantes e Descontos de títulos 1 Os bancos múltiplos com carteira comercial, os bancos comerciais, as caixas econômicas e as cooperativas de crédito podem conceder adiantamentos a seus depositantes assim conceituados os descobertos em conta de depósito -, incidindo sobre referidos adiantamentos, enquanto não repostos encargos a taxas de mercado, calculadas dia a dia (Res. 1524, Res Regulamento anexo art. 55-VII, Circ II). Quanto a taxa de juros aplicada, o Manual e Normas do Banco Central do Brasil estabelece que as mesmas são livremente pactuadas entre as partes, como segue: Tit: NORMAS OPERACIONAIS DE INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS E ASSEMELHADAS Capítulo: Disposições Especiais Seção: Regras Gerais Item 11 Na realização das operações ativas os bancos múltiplos com carteira comercial, de investimento e/ou de desenvolvimento, bancos comerciais, bancos de investimento e bancos de desenvolvimento devem observar que: a) as taxas de juros são livremente pactuadas; (Res I) Finalmente, os encargos são contabilizados e debitados mensalmente na conta corrente do Cliente, conforme sua autorização, devendo este providenciar o pagamento dos encargos com créditos (depósitos, ordens de pagamentos, doc, etc) ou utilizar o crédito aberto. 6 DAS ALEGAÇÕES DO RÉU 6.1 Com relação (capitalização de juros) O Sr. Perito Judicial assim se manifesta:... está evidenciada a cobrança
5 5 de juros capitalizados... (resposta ao quesito 09 da série do Réu). É entendimento deste Assistente Técnico que não houve a capitalização de juros, senão vejamos: O Artigo 993 do Código Civil prevê que havendo capital e juros, o pagamento imputar-se-á primeiro nos juros vencidos, e, depois, no capital, salvo estipulação ao contrário, ou se o credor passar a quitação por conta do capital. Nesse sentido, entendemos que o Réu efetuando depósitos em sua conta corrente, na mesma data da cobrança dos juros ou em datas próximas, os mesmos são utilizados para liquidação dos mesmos ou ainda com o limite de crédito concedido, razão pela qual NÃO HÁ PORQUE SE FALAR EM JUROS CAPITALIZADOS. O entendimento é simples: O banco debita os juros conforme autorização expressa do cliente no contrato, e os mesmos são pagos pelo cliente através de depósitos/créditos e/ou pelo limite de crédito rotativo concedido, razão pela qual não há capitalização dos encargos. O MÉTODO HAMBURGUÊS, é assim conceituado pelo ilustre professor José Dutra Vieira Sobrinho em sua obra Matemática Financeira (7ª edição Editora Atlas S/C fls. 27): O chamado método hamburguês foi muito difundido e extremamente utilizado no Brasil na época em que os bancos pagavam juros sobre depósitos a vista; até recentemente era utilizado também para o cálculo dos juros incidentes sobre os saldos devedores das chamadas contas garantidas, cujo exemplo mais conhecido é o cheque especial. Esse método apenas introduz uma simplificação nos cálculos de juros simples, nos casos em que se tem uma única taxa de juros remunerando dois ou mais capitais, aplicados por dois ou mais prazos diferentes. O Autor, portanto, deveria prover sua conta corrente com os recursos necessários para atender o débito mensal dos encargos. Não permitir a exigibilidade dos encargos seria permitir o enriquecimento sem causa dos devedores, que poderiam, exemplificativamente, utilizar-se do crédito para efetuar aplicações que remuneram mensalmente e somente seriam obrigados a devolver o que tomaram após o vencimento do contrato, com encargos nominais. Finalmente, a Perícia confirma na resposta ao quesito nº 9 da série do Banco Autor que para efetuar o pagamento dos encargos, basta manter saldo suficiente em conta corrente ou efetuar créditos, conforme podemos observar nos extratos juntados aos autos. RESPOSTA DO PERITO DO JUIZO AO QUESTIONAMENTO Este Perito não concorda com a afirmação de que não há cobrança de juros capitalizados.
6 6 Tanto existe, que na planilha BanespaANATO, o perito efetua o cálculo de forma linear, chegando ao seguinte resultado: valor Banco (15.325,84) valor Linear (10.245,46) 7 DOS DEMONSTRATIVOS DE CÁLCULOS 7.1 Com relação aos demonstrativos BanespaAnato e AtualzDébitoEfetivo Com relação aos demonstrativos elaborados em atendimento aos quesitos nºs. 09 e 10, respectivamente, da série do Réu, não devem prevalecer, pois, os mesmos atendem única e exclusivamente as premissas que o Réu entende como corretas, sem considerar o efetivamente contratado e os normativos que regem a matéria. RESPOSTA DO PERITO DO JUÍZO AO QUESTIONAMENTO: As planilhas acima mencionadas foram calculadas de forma linear, expurgando o anatocismo. Juridicamente, o anatocismo vem sendo combatido de forma veemente. 7.2 Com relação ao demonstrativo atualzdébitobanco Com relação ao demonstrativo elaborado em atendimento ao quesito nº. 14, da série do Banco Autor, não deve prevalecer, pois o valor apurado (R$ ,44) não contempla a correção monetária dos juros calculado mensalmente, razão pela qual o Sr. Perito Judicial não atingiu o saldo devedor cobrado pelo Banco Autor na data exordial de 15/06/2000 (R$ ,32). Portanto, o demonstrativo de cálculo da operação de crédito apresentado pelo Banco Autor em sua exordial de 15/06/2000 no valor de R$ ,32 (cento e sessenta e seis mil, novecentos oitenta seis reais, trinta dois centavos) deve prevalecer, pois está de acordo com as cláusulas contratuais, principalmente a cláusula 9ª (inadimplência) e normas do Banco Central do Brasil, assim como contempla a correção monetária dos juros calculados mês a mês.
7 7 RESPOSTA DO PERITO DO JUÍZO AO QUESTIONAMENTO: Na planilha BanespaANATO, construída pelo perito e anexa ao presente Laudo, está evidenciada a cobrança de juros capitalizados, tanto assim que o saldo Banco em 28/12/1995 é: (15.325,84) Enquanto o saldo para essa mesma data, expurgando o anatocismo é: (10.245,46) 8 CONCLUSÃO ASSISTENTE TÉCNICO Diante dos esclarecimentos contidos neste Parecer Técnico, pode-se concluir que: As taxas de juros são livremente pactuadas, conforme determina o Manual de Normas e Instruções do Banco Central do Brasil, em seu Título 2 Capítulo 1 Seção 1 item 11 a ; O Réu deve ao Banco/Autor o saldo devedor dos recursos utilizados mais os juros debitados em razão da sua utilização, tudo conforme pactuado entre as partes; Os valores constantes nas cópias dos extratos da movimentação da conta corrente, anexados aos autos, assim como demonstrativo de atualização juntado à exordial do dia 15/06/2000, devem prevalecer, uma vez que demonstra minuciosamente a evolução do saldo devedor do Réu e atende a metodologia de cálculo aplicada de acordo com as cláusulas contratuais; Não houve capitalização de juros, conforme comprovação por este Assistente Técnico, durante o decorrer deste Parecer Técnico; As taxas aplicadas pelo Banco/Autor estão de acordo com o livremente pactuado entre as partes. Finalmente o saldo devedor, constante nas cópias dos extratos, juntados aos autos, assim como a atualização demonstrada na petição inicial onde apura o total de R$ ,32 (cento e sessenta e seis mil, novecentos oitenta seis reais, trinta dois centavos), devem prevalecer, pois estão de acordo com as cláusulas contratuais livremente pactuadas entre as partes e normas e instruções do Banco Central do Brasil. Salientamos que o saldo devedor total está acrescido da multa de 10%, conforme cláusula 9º - item c do contrato.
8 8 Resposta do Perito do Juízo ao Questionamento: Mesmo dentro das premissas do Banco o perito do Juízo não atingiu o Saldo Devedor cobrado na data exordial de 15/06/00, isto é: R$ ,32 Na planilha BanespaANATO, o perito reproduziu o saldo devedor apresentado no extrato de conta corrente (colunas à esquerda), expurgando a capitalização de juros (colunas à direita). Partindo dos saldos apurados nessa planilha, o perito construiu as planilhas atualzdébitobanco e atualzdébitoefetivo onde efetuou a atualização do saldo devedor, para o período entre 28/12/1995 a 15/06/00, utilizando a taxa de juros mensais indicadas pelo Banco no período. A seguir o perito apresenta um resumo dessas duas planilhas RESUMO atualzdébitobanco atualzdébitoefetivo Saldo em 15/06/ , ,74 multa 10% , ,07 Saldo Final em 15/06/ , ,82
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