QUALIDADE DE SEMENTES DE ALGODOEIRO EM MATO GROSSO
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- Raquel Varejão
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1 QUALIDADE DE SEMENTES DE ALGODOEIRO EM MATO GROSSO Michely Eliane Kim 1, Dielle Carmo de Carvalho 1, Maria Cristina de Figueiredo 2 e Albuquerque 3, Eugênio Nilmar dos Santos 4. (1) PIBIC/CNPq FAMEV-UFMT, Av. Fernando Correa s/nº, Cuiabá- MT (2) FAMEV-UFMT, mariacfa@terra.com.br (3) FAMEV-UFMT (4) FAMEV-UFMT. RESUMO Com a expansão da cultura do algodoeiro e o desenvolvimento das tecnologias empregadas nos processos de produção, a utilização de sementes de alta qualidade passou a ser fundamental. Este trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade das sementes de algodoeiro produzidas em Mato Grosso. O experimento foi conduzido no Laboratório de Sementes da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade Federal de Mato Grosso, FAMEV-UFMT, no período de agosto de 2001 a maio de Na safra 2000/01, 289 amostras e na safra 2001/02, 212 amostras foram submetidas a testes de germinação e de vigor (primeira contagem do teste de germinação, germinação a baixa temperatura e emergência de plântulas em campo). No teste de germinação, 76% das amostras, na safra 2000/2001, e 77% na safra 2001/2002 apresentaram germinação acima de 70%. Na primeira safra, destacou-se a cultivar ITA-90; na safra 2001/2002 as cultivares Mákina, Fábrika e BRS- Ipê apresentaram a maior parte das amostras com germinação acima de 80%. Verificou-se pelo teste de germinação a baixa temperatura que a maior parte das amostras apresentou resultados abaixo de 60%. As sementes da safra 2001/2002 apresentaram resultados superiores às da safra 2000/2001. INTRODUÇÃO O Brasil está entre os maiores produtores mundiais de algodão, com a cotonicultura apresentando um crescimento em área, produção e produtividade, principalmente nos Estados que possuem parte de seus territórios na zona de cerrados como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, Goiás e Piauí (Bueno, 1998). A região Centro-Oeste assumiu, desde a safra 1996/97, a posição de primeira produtora de algodão em pluma. Na safra 2000/01, foram plantados 356,5 mil hectares (48% da área nacional de algodão), com estimativa de produção de 334,2 mil toneladas de pluma, correspondendo a 68,3% da produção nacional (Neumann, 2001). Com a expansão da cultura do algodoeiro e o desenvolvimento das tecnologias empregadas nos processos de produção, a utilização de sementes de alta qualidade passou a ser fundamental no desempenho da lavoura, visto que o nível de demanda de semente de alta qualidade indica o estágio de desenvolvimento da agricultura em qualquer país do mundo (Bueno, 1998). A semente é um dos insumos de menor custo na lavoura de algodão, correspondendo em média a 2,3-3,0% do custo de produção (Freire et al., 1999). A qualidade das mesmas é imprescindível para o estabelecimento da população de plantas no campo, no seu desenvolvimento e sua produção. Entretanto, na cultura do algodoeiro, as sementes são consideradas pela maior parte dos empresários das usinas de beneficiamento como um subproduto, e pouca atenção tem sido à elas atribuídas durante o processo de produção e de beneficiamento. Como o principal produto do algodoeiro é a fibra e esta se desenvolve nas sementes, o racional seria esmerar-se na obtenção de sementes de alta qualidade, pois a escolha correta da mesma é uma das estratégias para garantir a obtenção de lavoura de alto padrão de produtividade. Desta forma, o objetivo desse trabalho foi avaliar a qualidade das sementes de algodoeiro produzidas em Mato Grosso.
2 MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no Laboratório de Sementes da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade Federal de Mato Grosso, FAMEV-UFMT, no período de agosto de 2001 a maio de Foram obtidos dados sobre a qualidade das sementes analisadas no Estado, nos Relatórios Demonstrativo da Execução de Análise de Sementes enviados pelos laboratórios credenciados ao Laboratório de Análise de Sementes Oficial do INDEA-MT. Posteriormente, foram coletadas amostras de sementes nos Laboratórios do INDEA-MT e nos laboratórios particulares APROSMAT e PRÓ-SEMENTE e enviadas ao Laboratório de Sementes da FAMEV-UFMT. Na safra 2000/01 foram coletadas 289 e, na safra 2001/02, 212 amostras de sementes. No mês de dezembro dos anos de 2001 e 2002, essas amostras foram submetidas a testes de germinação e de vigor (primeira contagem do teste de germinação, germinação a baixa temperatura e emergência de plântulas em campo), conforme métodos descritos nas Regras para Análise de Sementes (Brasil, 1992), Nakagawa (1994) e Dias e Alvarenga (1999). Os resultados desses testes, para cada cultivar, foram separados por classe e verificada a quantidade de sementes, em porcentagem, que se encontra dentro de cada classe. Esses resultados também foram comparados com os resultados coletados no Laboratório do INDEA. RESULTADOS E DISCUSSÃO Das 289 amostras coletadas na safra 2000/01, 230 foram da cultivar ITA-90, representando 80% do total de amostras. Na safra 2001/02, das 212 amostras, 132 foram da cultivar ITA-90 (62% do total). Não foram analisadas, na safra 2001/02, as cultivares CD-404 e CD-403 (Tabela 1), sendo introduzidas as cultivares BRS-Cedro, BRS-Ipê, ST- 474, ST-198 e FMT-1067 (Tabela 2), aumentando a oferta de cultivares de algodoeiro no comércio. O padrão de germinação para comércio de sementes de algodoeiro no estado de Mato Grosso é de 70%. Pelo teste de germinação, 76% das amostras apresentaram germinação acima de 70% (Tabela 1), safra 2000/01, e 77% na safra 2001/02 (Tabela 2). Na primeira safra, destacou-se a cultivar ITA-90; na safra 2001/02 as cultivares Mákina, Fábrika e BRS-Ipê apresentaram a maior parte das amostras com germinação acima de 80%. Entretanto, quando se observa o vigor das sementes verifica-se pelo teste de germinação a baixa temperatura, que é recomendado para avaliar a qualidade de sementes dessa espécie, que a maior parte das amostras, 58% e 54% respectivamente para as duas safras, apresenta resultados abaixo de 60% (Tabelas 1 e 2). Se a germinação a 18ºC é maior do que 60%, o lote de sementes é considerado bom para semeadura (Kerby et al., 1989). Pelo teste de primeira contagem, 67% e 75% das amostras, respectivamente nas safras 2000/01 e 2001/02, apresentaram resultados acima de 70% e, no teste de emergência de plântulas em campo, 41% e 83% das amostras tiveram porcentagem de emergência acima de 70%. As sementes da safra 2001/02 apresentaram resultados superiores às da safra 2000/01, devido às condições climáticas terem sido mais apropriadas nessa segunda safra. Esses resultados foram obtidos no mês de dezembro, quando ocorre a maior parte da semeadura de algodoeiro podendo o desenvolvimento das plantas ser afetado pelo vigor relativamente baixo das sementes utilizadas na semeadura. Comparando com os resultados do Demonstrativo de Execução de Análise de Sementes do INDEA-MT, verifica-se que na safra 2000/01, de todos os lotes analisados, apenas 17 foram reprovados devido a germinação abaixo do padrão. A maior parte das amostras encontram-se dentro da faixa PE < 90%. N safra 2001/02, apenas dois lotes foram reprovados devido a porcentagem de germinação se encontrar abaixo do padrão para o comércio de sementes.
3 CONCLUSÕES A maior parte das sementes de algodoeiro analisadas no estado de Mato Grosso apresentam germinação dentro do padrão, mas o vigor das mesmas encontra-se na faixa de médio a baixo vigor. Tabela 1. Distribuição (%) dos resultados dos testes de germinação (TG), primeira contagem (PC), emergência de plântulas em campo (EC) e germinação à baixa temperatura (GBT), por cultivar e por faixa de qualidade. Safra 2000/01. TG PC Amostras <70% 70-79% >80% <70% 70-79% >80% % ITA MÁKINA FÁBRIKA CD CD Total Ec Gbt <70% 70-79% >80% <60% 60-69% 70-79% >80% ITA MÁKINA FÁBRIKA CD CD Total
4 Tabela 2. Distribuição (%) dos resultados dos testes de germinação (TG), primeira contagem (PC), emergência de plântulas em campo (EC) e germinação à baixa temperatura (GBT), por cultivar e por faixa de qualidade. Safra 2001/02. TG PC Amostras <70% 70-79% >80% <70% 70-79% >80% % ITA MÁKINA FÁBRIKA BRS CEDRO BRS IPÊ ST ST FMT Total EC GBT <70% 70-79% >80% <60% 60-69% 70-79% >80% ITA MÁKINA FÁBRIKA BRS CEDRO BRS IPÊ ST ST FMT Total REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para análise de sementes. Brasília: SNAD/CLAV, p. BUENO, Y. R. M. Avaliação da qualidade fisiológica e sanitária de sementes de algodão (Gossypium hirsutum L.) produzidas e comercializadas no Estado de Mato Grosso do Sul. Dourados: p. Dissertação (Mestrado em Agronomia) - Núcleo de Ciências Agrárias, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. DIAS, D. C. F. S.; ALVARENGA, E. M. Teste de germinação a baixa temperatura. In: KRZYZANOWSKI, F. C.; VIEIRA, R. D.; FRANÇA NETO, J. de B. Vigor de sementes: conceitos e testes. Londrina: ABRATES, p FREIRE, E. C., FARIAS, F. J. C. de, WATANABE, P. A., AGUIAR, P. H. Produção de sementes de algodão no Mato Grosso. In:. FUNDAÇÃO MT(Rondonópolis,MT). Mato Grosso: liderança e competitividade. Rondonópolis: Fundação MT/Embrapa Algodão, p (Fundação MT. Boletim, 3). KERBY, T. A.; KEELEY, M.; JOHNSON, S. Weather and seed quality variables to predict cotton seedling emergence. Agronomy Journal, v.81, p , 1989.
5 NAKAGAWA, J. Testes de vigor baseados na avaliação de plântulas. In: VIEIRA, R.D., CARVALHO, N.M. (ed). Testes de vigor em sementes. Jaboticabal: FUNEP, p NEUMANN, R.I. (ed.) Anuário brasileiro do algodão Cuiabá: Grupo Gazeta de Comunicação, Fundação MT, p.
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