XXIII SIMPÓSIO JURÍDICCO ABCE

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Nathalia Figueiredo
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1 XXIII SIMPÓSIO JURÍDICCO ABCE TRATAMENTO DE PCBs CONAMA E CONVENÇÃO DE ESTOCOLMO São Paulo - SP Priscila Artigas priscila@milare.adv.br

2 I - Introdução Pergunta: Precisamos de um Direito Ambiental? Considerações: (i) Crise ambiental: bens finitos x necessidades ilimitadas. (ii) Queda de 52% no Indice Planeta Vivo desde 1970 em outras palavras, o número de mamíferos, aves, répteis, anfíbios e peixes com que compartilhamos o planeta diminuiu pela metade (Relatório Planeta Vivo 2016). Em 2030, a persistir a demanda atual, serão necessários 2 Planetas Terra para sustentar as nossas atividades (ou 4,5 para um padrão de vida idêntico ao de quem vive hoje, p. ex., nos Estados Unidos ou nos Emirados Árabes Unidos).

3 Resposta: => O homem está esbofeteando o rosto da Natureza (Papa Francisco, em O Estado de S.P, , p. E8; Carta Encíclica Laudato Si`, 2015). => Recurso ao Direito, como terapia para a superação da crise (Princípios 11 e 13 da Declaração do Rio e Capítulo 39 da Agenda 21). => O paradoxo de o homem recorrer ao Direito para salvar a natureza que morre (Miguel Reale, Memórias 1987).

4 II - A sociedade de risco e as PCBs Evolução da sociedade industrial início: pressupunha estabilidade, previsibilidade; hoje: em uma esfera globalizada, verifica-se perda de qualquer padrão de normalidade, sujeita, portanto, de modo permanente, ao imprevisto. Riscos que antes eram mensuráveis e previsíveis passaram a ser incertos e imprevisíveis Resultado: era da incerteza, da imprevisibilidade ou da sociedade de risco Quanto se iniciou a utilização de Poluentes Orgânicos Persistentes POPs, dentre eles as bifelinas policloradas- PCBs ou ascarel, o risco era abstrato, imprevisível e incerto. O criador do DDT ganhou o prêmio Nobel de Medicina em 1948 (eficácia do DDT contra o tifo e a malária)

5 II - A sociedade de risco e as PCBs (continuação) Hoje, a ciência tomou consciência dos seus efeitos negativos à saúde humana, de forma que o risco passou a ser certo, concreto e previsível. Ao emergir o conhecimento dos riscos deletérios à saúde que podem causar as PCBs, a humanidade tomou uma decisão coletiva ao estabelecer na Convenção de Estocolmo a proibição de utilização de vários Poluentes Orgânicos Persistentes- POPs, dentre eles as PCBs. E especificamente quanto a estas, definiu a proibição de fabricação e prazos para que sejam retirados de circulação e descartados adequadamente. Gerenciar o risco temporariamente a fim de atender outros interesses de igual importância está perfeitamente alinhado com o princípio do desenvolvimento sustentável.

6 III - O Desenvolvimento Sustentável e o STF O STF, na ADI nº /DF, sob relatoria do ministro Celso de Mello, firmou importante entendimento acerca do princípio do desenvolvimento sustentável: A ATIVIDADE ECONÔMICA NÃO PODE SER EXERCIDA EM DESARMONIA COM OS PRINCÍPIOS DESTINADOS A TORNAR EFETIVA A PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE. - A incolumidade do meio ambiente não pode ser comprometida por interesses empresariais nem ficar dependente de motivações de índole meramente econômica, ainda mais se se tiver presente que a atividade econômica, considerada a disciplina constitucional que a rege, está subordinada, dentre outros princípios gerais, àquele que privilegia a "defesa do meio ambiente" (CF, art. 170, VI), que traduz conceito amplo e abrangente das noções de meio ambiente natural, de meio ambiente cultural, de meio ambiente artificial (espaço urbano) e de meio ambiente laboral. (...) O princípio do desenvolvimento sustentável, além de impregnado de caráter eminentemente constitucional, encontra suporte legitimador em compromissos internacionais assumidos pelo Estado brasileiro e representa fator de obtenção do justo equilíbrio entre as exigências da economia e as da ecologia, subordinada, no entanto, a invocação desse postulado, quando ocorrente situação de conflito entre valores constitucionais relevantes, a uma condição inafastável, cuja observância não comprometa nem esvazie o conteúdo essencial de um dos mais significativos direitos fundamentais: o direito à preservação do meio ambiente, que traduz bem de uso comum da generalidade das pessoas, a ser resguardado em favor das presentes e futuras gerações. STF ADI /DF, Rel. Min. Celso de Mello, j. em 01/09/2005, publicado em 03/02/2006

7 IV - Os Poluentes Orgânicos Persistentes - POPs Os Poluentes Orgânicos Persistentes - POPs são substâncias químicas que têm sido utilizadas como agrotóxicos, para fins industriais ou liberados de modo não intencional em atividades antropogênicas, e que possuem características de alta persistência (não são facilmente degradadas), são capazes de serem transportadas por longas distâncias pelo ar, água e solo, e de se acumularem em tecidos gordurosos dos organismos vivos, sendo toxicologicamente preocupantes para a saúde humana e o meio ambiente. Hoje estão listadas na Convenção de Estocolmo 26 substâncias POPs, dentre elas as Bifenilas Policloradas (PCB) Fonte: MMA/2017

8 V- Breve histórico normativo sobre as PCBs Convenção da Basiléia (1989/1992) Convenção de Movimentos Transfronteiriços de Resíduos Perigosos e seu depósito Internalizada por meio do Decreto Federal 875, de Redução da geração de resíduos e a promoção de seu gerenciamento ambientalmente adequado; Restrição de movimentos transfronteiriços de resíduos perigosos exceto se estiver conforme os princípios de gerenciamento ambientalmente adequado; regulamentação dos movimentos transfronteiriços autorizados. As PCBs estão incluídas nos Anexos I (Categorias de resíduos a serem controlados) e anexo VIII listas A1 e A3 (resíduos metálicos, eletro eletrônicos, cabos metálicos, resíduos orgânicos contendo teores superiores a 50 mg/kg de PCB).

9 V - Breve histórico normativo sobre as PCBs (continuação) Convenção de Estocolmo (2001 / 2004) - Estabelece medidas para reduzir ou eliminar as liberações decorrentes de produção e uso intencionais e não intencionais dos Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs). Originalmente estavam previstas 12 substâncias, mas houve revisão para inclusão de novos POPs em 2009, 2011, 2013 e 2015 (9, 1, 1 e 3 substâncias, respectivamente, totalizando 26 POPs) De uma maneira geral, o documento está dividido nos seguintes pontos principais: (i) medidas para reduzir ou eliminar as liberações decorrentes de produção e uso internacionais; (ii) registro de exceções específicas; (iii) medidas para reduzir ou eliminar as liberações de estoques e resíduos; (iv) planos de implementação; (v) informação, conscientização e educação do público; (vi) pesquisa, desenvolvimento e monitoramento; (vii) assistência técnica; (viii) mecanismos e recursos financeiros; e (ix) arranjos financeiros internos

10 Convenção de Estocolmo Anexo A POPs a serem eliminados: Parte II PCB Envidar esforços para tirar de uso equipamentos que contenham mais de 500 mg/kg até 2025; Empenhar-se para tirar de uso equipamentos que contenham mais de 50 mg/kg até 2025; Destinação final até 2028.

11 Convenção de Estocolmo Texto da CE foi aprovado e promulgado pelo Decreto Legislativo 204/2004 e pelo Decreto Federal 5472/2005 Tem status de norma supralegal, em razão de versar sobre tema de direitos humanos A Constituição Federal, em seu artigo 5º, 3º, ao permitir que em determinado rito de aprovação no Poder Legislativo, os tratados internacionais que versem sobre direitos humanos tenham status de emenda constitucional, sugeriu ao Supremo Tribunal Federal que os mesmos tratados, acaso não cumpram tal rito de ingresso, terão, por sua importância, caráter de norma supralegal, estando hierarquicamente acima das leis ordinárias e abaixo das regras constitucionais Tem natureza jurídica de norma geral (art. 24, 1º, CF)

12 VI - Breve histórico normativo sobre as PCBs - Brasil Portaria Interministerial MIC/MI/MME Proibição de fabricação, comercialização e uso; Permissão de continuidade de operação até fim da vida útil de equipamentos PCB do setor elétrico. Permite a troca de Fluído PCB por não PCB Instrução normativa SEMA/STC/CRS disciplina manuseio, armazenamento e transporte de PCB e seus resíduos; Estão em elaboração duas propostas de regulamentação sobre o tema para atendimento a CE no Brasil: Processo / Resolução Conama; Projeto de Lei nº 1075 de Câmara dos Deputados.

13 Não se pode esquecer jamais que a lei é farol que ilumina e aponta os horizontes; não é barreira para simplesmente impedir a caminhada (Édis Milaré).

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