Comunicado110 Técnico
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1 Comunicdo110 Técnico ISSN Dezemro, 2014 Mnus, AM Foto: Neuz Cmpelo Recomendção de Espçmento pr Produção de Mdeir de Cstnh-do- Brsil (Bertholleti excels Hum. et Bonpl.) pr Plntios em Áres Alterds no Amzons Roervl Monteiro Bezerr de Lim 1 Cinti Rodrigues de Souz 2 Bertholleti excels Hum. et Bonpl. é um espécie d fmíli Lecythidcee, ntiv d Amzôni, incluindo os estdos do Mrnhão, Mto Grosso, Prá, Acre, Ampá, Amzons, de Rondôni e Rorim (ARAÚJO et l., 1986). É conhecid populrmente como cstnh-do-rsil, cstnhdo-prá, cstnheir ou cstnh-verddeir. Além do Brsil, ocorre n Guin, Peru, Bolívi, Surinme, Equdor e sul d Venezuel (LOUREIRO; SILVA, 1979; MÜLLER et l., 1995). Além de ter sus sementes muito precids pr consumo, comercilizds no mundo todo, espécie pode ser utilizd em plntios de reflorestmento, com rotções estimds entre 30 e 40 nos e perspectivs de produção de mdeir superiores 150 m 3 h -1 (YARED et l., 1988), justificd por su rusticidde, crescimento reltivmente rápido e crcterístics dequds d mdeir, que tornm ess espécie um ds mis importntes pr progrms de reflorestmento n Amzôni (YARED, 1992). Em relção esss crcterístics silviculturis, present o eficiênci em plntios puros, mistos e sistems groflorestis, dptndo-se em os solos do Biom Amzôni. É um espécie semidecídu, heliófil, ocorrendo nturlmente em locis de clim quente e úmido, e onde exist déficit de lnço de águ por 2 5 meses (CLEMENT, 2011). N Amzôni Brsileir, s áres produtors de cstnh encontrm-se distriuíds nos clims Ami e Awi, com temperturs médis nuis entre 24,3 C e 27,2 C. As 1 Engenheiro florestl, doutor em Engenhri Florestl, pesquisdor d Emrp Amzôni Ocidentl, Mnus, AM. 2 Engenheir florestl, doutor em Ciêncis de Florests Tropicis, pesquisdor d Emrp Amzôni Ocidentl, Mnus, AM.
2 2 médis nuis de precipitção vrim entre mm e mm, com ocorrênci de totis mensis inferiores 60 mm e umidde reltiv do r entre 79% e 86% (DINIZ; BASTOS, 1974). De cordo com Lim et l. (2005), os principis ftores edáficos concernentes o crescimento dess espécie são os químicos, relciondos com ixos teores de nutrientes no solo, especilmente de P, Zn, N, Al e Mg, e físicos (rei totl, silte e águ disponível). Os mesmos utores oservrm melhor desempenho d espécie em solo com textur rgilos muito rgilos, não se desenvolvendo em em solos renosos. As cstnheirs em plntios levm cerc de dez nos pr inicir o florescimento, sendo que produção de frutos se estiliz por volt dos doze nos (CAMARGO, 1997; LOUREIRO; SILVA, 1979). Entretnto, em oservções relizds nos plntios de cstnheir n Agropecuári Arunã, no Estdo do Amzons, produção normlizou os quinze nos. Segundo Lorenzi (2002), mdeir d cstnheir é indicd pr construção civil intern leve, táus pr ssolhos e predes, pinéis decortivos e forros. Porém, não é utilizd n indústri mdeireir, já que su explorção é proiid pelo Decreto nº de 19/10/1994 (LOUREIRO; SILVA, 1979; OHASHI et l., 1995). Esse decreto fz referênci o não uso d mdeir de cstnheir oriund de florests ntivs, entretnto lei não impede explorção d mdeir procedente de reflorestmento (monocultivo ou plntios mistos) devidmente registrdo n declrção de plntio no órgão mientl competente. Usulmente dois pdrões de espçmento são usdos no estelecimento de plntções tropicis: qudrdo (o mis comum) e retngulr. Tringulr e outrs lterntivs são rrmente prticds (EVANS; TURNBULL, 2004). O estoque (densidde de plntio; número de árvores plntds por hectre) é um ds principis decisões silviculturis no estelecimento ds plntções. É um ftor que fet o custo, porque pequenos espçmentos requerem lto número de muds, ms, por outro ldo, estreitos espçmentos podem induzir à desrm nturl, melhorndo qulidde d mdeir (GÜNTER et l., 2011). No cso d cstnh-do-rsil, espçmentos iniciis muito mplos fvorecem formção de cops grndes, sendo mis indicdos pr produção de frutos. Espçmentos menores são mis indicdos pr produção de mdeir, pois fvorecem desrm nturl e formção de cops mis estreits (PENÃ-CLAROS et l., 2002). O estudo descrito seguir foi conduzido n propriedde d Empres Agropecuári Arunã S/A (Fzend Arunã), loclizd n Rodovi AM Mnus-Itcotir, Km 213, Município de Itcotir, Amzons, Brsil, com coordends geográfics 03º00 29 Sul e 58º49 53 Oeste. O plntio foi feito em um áre lterd, usd nteriormente pr pstgem, em jneiro de 1995, com utilizção de muds provenientes do próprio viveiro d propriedde, não tendo sido relizd nenhum dução o longo dos 15 nos de idde do povomento. O solo d região é clssificdo como Ltossolo Amrelo distrófico, textur rgilos. As nálises físic e químic do solo estão contids n Tel 1. O delinemento experimentl utilizdo foi o de locos o cso composto por qutro locos e um totl de 28 prcels (sete prcels por loco). Cd loco ocupou um áre de 0,28 h, e áre totl considerd neste estudo foi de 1,12 h. As árvores mensuráveis form grupds em prcels de 960 m 2, com no mínimo 12 árvores disposts em 4 repetições. Form vlids tods s árvores do povomento, num totl de 566 árvores. Os trtmentos form compostos por seis diferentes espçmentos: 3 m x 4 m; 4 m x 4 m; 5 m x 4 m; 5 m x 5 m; 5 m x 6 m; e 6 m x 6m. Form vlidos e mensurdos ltur totl e o DAP (diâmetro tomdo 1,30 m do solo), e coletdos os ddos de sorevivênci. Os ddos de ltur (h), diâmetro à ltur do peito (DAP), sorevivênci (so) e ftor de form (ff) form usdos pr estimr os vlores d áre trnsversl (g) e volume (V), utilizndo s seguintes fórmuls: g = (3,1428 * DAP²)/ (em m 2 ) V = g * h*ff*so (em m 3 )
3 3 Tel 1. Análises físic e químic do solo d áre do experimento. Físic Silte Profundidde (cm) Arei totl 2,00 mm 0,05 mm 0,05 mm 0,002 mm g/kg Argil >0,002 mm ,9 197,0 711, ,9 209,2 731, ,2 190,8 749, ,9 88,1 851, ,2 143,3 801, ,9 100,5 845,5 Profundidde (cm) Químic ph C MO N P K N C Mg Al CTC H 2 O g/kg % mg/dm 3 cmol c /dm ,2 25,1 43,3 1, ,06 0,1 1,8 2, ,6 10,5 18,1 0, ,06 0,05 1,1 1, ,5 9,2 15,9 0, ,04 0,03 1,0 1, ,7 7,3 12,5 0, ,04 0,03 0,9 1, ,7 7,4 12,7 0, ,05 0,03 0,9 0, ,7 3,9 6,8 0,3 0,4 1, 1, 0,04 0,03 0,8 0,9 C: crono; MO: mtéri orgânic; N: nitrogênio; P: fósforo; K: potássio; N: sódio; C: cálcio; Mg: mgnésio; Al: lumínio; CTC: cpcidde de troc ctiônic efetiv. A áre sl e o volume form clculdos individulmente pr cd árvore e depois por hectre, considerndo-se o número de árvores por hectre, que vriou de cordo com os espçmentos utilizdos. O ftor de form utilizdo foi de 0,65. A sorevivênci médi ds árvores de B. excels vriou de 73,25% (espçmento 5 m x 6 m) 88,75% (espçmento 5 m x 4 m), não sendo consttds diferençs significtivs entre os espçmentos (Figur 1). Os resultdos otidos neste estudo superrm queles encontrdos por Fernndes e Alencr (1993), que, vlindo o crescimento de B. excels em plntios puros de dez nos, com espçmento 3 m x 3 m no Município de Mnus, AM, lcnçrm tx de sorevivênci de 69,4%. A médi d ltur totl ds árvores de B. excels vriou de 15,05 m (espçmento 6 m x 6 m) 17,94 (espçmento 3 m x 4 m), detectndo-se diferenç entre os trtmentos. Os espçmentos que presentrm os melhores vlores pr vriável ltur form: 3 m x 4 m; 5 m x 5 m; 5 m x 6 m; e 5 m x 4 m (Figur 2). Esses resultdos são inferiores os oservdos por Fernndes e Alencr (1993), em Mnus, AM, em cstnhis com 10 nos, plntdos em monocultivo em espçmento 3 m x 3 m, cuj médi de crescimento em ltur foi de 15,41 m. Souz et l. (2008), vlindo o crescimento de 10 espécies florestis e exótics em plntios puros loclizdos no Cmpo Experimentl d Emrp Amzôni Ocidentl, no Município de Mnus, AM, tmém otiverm resultdos superiores os qui reltdos, com médis de crescimento em ltur os 11 nos de idde, de 13,9 m no espçmento 3 m x 3 m.
4 4 5x6 Espçmento (m x m) 4x4 3x4 6x6 5x5 5x Sorevivênci (%) Figur 1. Porcentgem médi d sorevivênci ds árvores de cstnh-do-rsil os 15 nos, em seis diferentes espçmentos, no Município de Itcotir, AM. Médis seguids d mesm letr não diferem entre si o nível de 5% de proilidde, pelo teste de Duncn. 4x4 c Espçmento (m x m) 6x6 5x4 5x5 5x6 c 3x Altur totl (m) Figur 2. Médi d ltur totl (m) de árvores de cstnh-do-rsil os 15 nos, em diferentes espçmentos, no Município de Itcotir, AM. Médis seguids d mesm letr não diferem entre si, com 5% de proilidde, pelo teste de Duncn.
5 5 Pr vriável DAP, não se verificou diferenç entre s médis dos trtmentos. O espçmento 5 m x 6 m presentou o mior DAP (21,80 cm), enqunto o 3 m x 4 m oteve o menor vlor (19,97 cm) (Figur 3). O mior volume médio por hectre ds árvores de cstnh-do-rsil foi verificdo no espçmento 3 m x 4 m (278,12 ± 75,66 m 3 h -1 ). O espçmento 4 m x 4 m presentou o menor volume (101,85 ± 42,57 m 3 h -1 ), conforme Figur 4. Dest mneir, este trlho demonstr o efeito do espçmento n produção volumétric de mdeir dos plntios de cstnh-do-rsil, sendo recomendável pr os Ltossolos Amrelos distróficos de textur rgilos do Amzons o espçmento inicil de plntio de 3 m x 4 m. 3x4 Espçmento (m x m) 4x4 5x4 5x5 6x6 5x DAP (cm) Figur 3. Médi do diâmetro à ltur do peito (DAP) de árvores de cstnh-do-rsil os 15 nos, em diferentes espçmentos, no Município de Itcotir, AM. Médis seguids d mesm letr não diferem entre si, com 5% de proilidde, pelo teste de Duncn.
6 6 6x6 Espçmento (m x m) 5x6 5x5 4x4 5x4 3x Volume por hectre (m 3 /h) Figur 4. Volume médio (m 3 /h) ds árvores de cstnh-do-rsil em diferentes espçmentos, no Município de Itcotir, AM. Médis seguids d mesm letr não diferem entre si, com 5% de proilidde, pelo teste de Duncn. Agrdecimento À Agropecuári Arunã S/A, pel cessão d áre pr instlção do experimento. Referêncis ARAÚJO, A. P. de; JORDY FILHO, S.; FONSECA, W. N. d. A vegetção d Amzôni rsileir. In: SIMPÓSIO DO TRÓPICO ÚMIDO, 1., 1984, Belém, PA. Anis... Belém, PA: EMBRAPA-CPATU, v. 2. p (EMBRAPA-CPATU. Documentos, 36). CAMARGO, I. P. Estudos sore propgção d cstnheir-do-rsil (Bertholleti excels). Lvrs: UFLA, p. CLEMENT, C. R. Brzil nut. Disponível em: < v0784e0k.htm>. Acesso em: 3 mio DINIZ, T. D.; BASTOS, T. X. Contriuição o clim típico d cstnh do Brsil. Belém, PA: IPEAN, p (IPEAN. Boletim técnico, 64). EVANS, J.; TURNBULL, J. W. Plnttion forestry in the tropics. 3. ed. Oxford: Oxford University Press, FERNANDES, N. P.; ALENCAR, J. C.; Desenvolvimento de árvores ntivs em ensios de espécies. 4. Cstnh-do-Brsil (Bertholleti excels H.B.K.), dez nos pós plntio. Act Amzônic, Mnus, v. 23, n. 2-3, p , GÜNTER, S.; WEBER, M.; STIMM, B.; MOSANDL, R. (Ed.). Silviculture in the tropics. Berlin: Springer, LIMA, R. M. B. de; HIGA, A. R.; SOUZA, C. R. de. Influênci dos ftores edáficos no crescimento d Bertholleti excels H.B.K. n Amzôni. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE SISTEMAS AGROFLORESTAIS, 5., 2005, Curiti. Anis... Colomo: Emrp Florests, p (Emrp Florests. Documentos, 98).
7 7 LORENZI, H. Árvores rsileirs. 4. ed. São Pulo: Instituto Plntrum, v. 1. LOUREIRO, A. A.; SILVA, M. F. C. Essêncis mdeireirs d Amzôni. Mnus: INPA, v. 1. MÜLLER, C. H.; FIGUEIREDO, F. J. C.; KATO, A. K.; CARVALHO, J. E. U. de; STEIN, R. L. B.; SILVA, A. de B. A cultur d cstnh-do-rsil. Belém, PA: EMBRAPA-CPATU; Brsíli, DF: EMBRAPA-SPI, p. (Coleção plntr, 23). OHASHI, S. T.; DANIEL, O.; COSTA, L. G. d S. A cstnh-do-brsil Bertholleti excels, H. B. K. Belém, PA: FCAP, p. PEÑA-CLAROS, M.; BOOT, R. G. A.; LORA, J. D.; ZONTA, A. Enrichment plnting of Bertholleti excels in secondry forest in the Bolivin Amzon: effect of cutting line width on survivl, growth nd crown trits. Forest Ecology nd Mngement, Amsterdm, v. 161, p , SOUZA, C. R.; LIMA, R. M. B. de; AZEVEDO, C. P. de; ROSSI, L. M. B. Desempenho de espécies florestis pr uso múltiplo n Amzôni. Scienti Forestlis, Pircic,, v. 36, p. 7-14, YARED, J. A. G.; BRIENZA JUNIOR, S.; CARVALHO, J. O. P. de; LOPES, J. do C. A.; AGUIAR, O. J. R. de; COSTA FILHO, P. P. Silvicultur como tividde econômic n Região Amzônic. In: ENCONTRO BRASILEIRO DE ECONOMIA FLORESTAL, 1., 1988, Curiti. Anis... Curiti: EMBRAPA-CNPF, v. 1. p YARED, J. A. G. Silvicultur de lgums espécies ntivs d Amzôni. Silvicultur, São Pulo, v. 12, n. 42, t. 1, p , Edição dos Anis do Congresso Florestl Brsileiro, 6., 1990, Cmpos do Jordão.
8 Comunicdo Técnico, 110 Exemplres dest edição podem ser dquiridos n: Emrp Amzôni Ocidentl Endereço: Rodovi AM 010, Km 29 - Estrd Mnus/Itcotir Fone: (92) Fx: (92) edição 1 impressão (2014): 300 Comitê de pulicções Expediente Presidente: Celso Pulo de Azevedo. Secretári: Gleise Mri Teles de Oliveir. Memros: Mri August Atiol Brito de Sous, Mri Perpétu Belez Pereir e Ricrdo Lopes. Revisão de texto: Mri Perpétu Belez Pereir Normlizção iliográfic: Mri August Atiol B. de Sous Editorção eletrônic: Gleise Mri Teles de Oliveir
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