Um estudo sobre espaços vetoriais simpléticos Fabiano Borges da Silva, Lívia T. Minami Borges 2

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "Um estudo sobre espaços vetoriais simpléticos Fabiano Borges da Silva, Lívia T. Minami Borges 2"

Transcrição

1 ISSN v. 4 - ago. 05

2 Sumário Um estudo sobre espaços vetoriais simpléticos Fabiano Borges da Silva, Lívia T. Minami Borges Uma curiosa propriedade com inteiros positivos Fernando Neres de Oliveira 0 Um novo sistema de axiomas para a lógica paraconsistente J3 Hércules de Araujo Feitosa, Gabriel Alexandre da Cruz, Ana Cláudia de Jesus Golzio 6 Parábolas e hipérboles envolventes Calixto Garcia 30 Transformação da equação de Euler em uma equação diferencial com coeficientes constantes Gustavo Jorge Pereira, Lívia Teresa Minami Borges 43 O problema da pirâmide de base quadrada Jaime E. A. Rodriguez, Felipe D. C. Fidalgo 47

3 Um Estudo Sobre Espaços Vetoriais Simpléticos Fabiano Borges da Silva Lívia T. Minami Borges Resumo O presente artigo estuda de maneira detalhada espaços vetoriais que possuem uma estrutura especial dada por uma forma bilinear simplética. A principal finalidade é descrever em detalhes a relação que existe entre as formas bilineares simpléticas e as matrizes anti-simétricas invertíveis, fornecendo um material acessível para estudantes de graduação. Palavras Chave: formas bilineares, espaços vetoriais simpléticos, matrizes antisimétricas. Introdução O objetivo deste artigo é divulgar espaços vetoriais simpléticos aos estudantes de Álgebra Linear, afim de despertar o interesse pela área e propiciar um material que poderá ser usado de apoio em estudos avançados de Geometria Simplética. Espaços vetoriais simpléticos fazem parte de um contexto introdutório no estudo da geometria das variedades simpléticas, as quais são caracterizadas pela existência de uma -forma fechada e não-degenerada definida no espaço vetorial tangente da variedade. Inicialmente, esta geometria era apenas uma ferramenta de suporte para estudos de campos hamiltonianos em variedades. Porém, atualmente, é uma área de pesquisa com diversas aplicações, como pode ser visto em [] e [4]. Neste trabalho, procuramos demonstrar em detalhes os teoremas,8 e 9, que são afirmações encontradas nos capítulos iniciais de [] e [4]. Quanto ao Teorema, encontramos, em [], apenas uma versão para matrizes simétricas e, por este motivo, fizemos sua demonstração. Formas bilineares e matrizes Nesta seção, veremos que cada forma bilinear está associada a uma matriz e, em particular, cada bilinear anti-simétrica está associada a uma matriz anti-simétrica. Esta relação será importante para compreender a relação entre formas simpléticas e matrizes anti-simétricas invertíveis. Definição Seja V um espaço vetorial real. Uma forma bilinear sobre V é uma função f : V V R que satisfaz: fabiano@fc.unesp.br, Departamento de Matemática-UNESP-Bauru/SP liviaminami@ifsp.edu.br, Departamento de Matemática-IFSP-Birigui/SP SILVA, F. B.; BORGES, L. T. M. Um estudo sobre espaços vetoriais simpléticos. C.Q.D. - Revista Eletrônica Paulista de Matemática, Bauru, v. 4, p. -9, ago. 05. DOI: 0.67/cqdvol fbsltmb009 - Disponível em:

4 . f(λu + u, v) = λf(u, v) + f(u, v), λ R, u, u, v V ;. f(u, λv + v ) = λf(u, v ) + f(u, v ), λ R, u, v, v V. Ou seja, ela deve ser linear em cada uma das variáveis, quando a outra é deixada fixa. A matriz associada a uma forma bilinear f, com relação à base β = {v,..., v n } de V, é a matriz [f] β = [a ij ], onde a ij = f(v i, v j ). Para u, v V temos que u = a v + + a n v n e v = b v + + b n v n, com a i, b j R. E assim, pela bilinearidade da f, temos que f(u, v) = n n a i b j f(v i, v j ) = i= j= n n a i f(v i, v j )b j. i= j= Logo podemos escrever f(u, v) = [u] t β [f] β[v] β, onde [v] β denota a matriz coluna formada pelas coordenadas do vetor v com relação à base β e [u] t β denota a transposta da matriz coluna [u] β. Se dim V = n, o conjunto B(V, R) das formas bilineares sobre V formam um espaço vetorial de dimensão n, o qual é isomorfo ao espaço vetorial das matrizes n n com entradas reais. De fato, se considerarmos a transformação linear temos que: T : B(V, R) M n (R) f [f] β (i) T é injetora. De fato, se [f] β = [g] β para f, g B(V, R), nos vetores da base β, temos que f(v i, v j ) = g(v i, v j ) e, para (u, v) V V, segue que f(u, v) = = n i= j= n i= j= = g(u, v). n a i b j f(v i, v j ) n a i b j g(v i, v j ) (ii) T é sobrejetora. De fato, qualquer que seja A M n (R), podemos definir f A (u, v) = [u] t β A[v] β e, desta maneira, temos que f A é bilinear e T (f A ) = [f A ] β = A. Uma forma bilinear f, tal que f(u, v) = f(v, u), u, v V, é chamada de antisimétrica. Uma matriz A é anti-simétrica se A t = A. O próximo resultado mostra que a bijeção mencionada acima associa formas bilineares anti-simétricas às matrizes anti-simétricas. Mais precisamente, que o subespaço vetorial das formas bineares anti-simétricas é isomorfo ao subespaço vetorial das matrizes anti-simétricas. Teorema Seja V um espaço vetorial real de dimensão finita e f : V V R uma forma bilinear. As seguintes afirmações são equivalentes: (a) f é anti-simétrica; (b) [f] β é uma matriz anti-simétrica para alguma base ordenada β de V ; (c) [f] γ é uma matriz anti-simétrica para toda base ordenada γ de V. SILVA, F. B.; BORGES, L. T. M. Um estudo sobre espaços vetoriais simpléticos. C.Q.D. - Revista Eletrônica Paulista de Matemática, Bauru, v. 4, p. -9, ago. 05. DOI: 0.67/cqdvol fbsltmb009 - Disponível em: 3

5 Demonstração. (a) (b) Seja β uma base de V. Então, para todo u, v V, temos [u] t β [f] β[v] β = f(u, v) = f(v, u) = [v] t β [f] β[u] β = ([v] t β [f] β[u] β ) t = [u] t β ( [f]t β )[v] β. Portanto, [f] t β = [f] β. (b) (c) Seja β uma base de V, tal que [f] β é anti-simétrica. Para cada base γ de V, existe uma matriz M invertível tal que E assim, Como [f] t β = [f] β, segue que Portanto, Logo, [f] β = M t [f] γ M. ([f] β ) t = (M t [f] γ M) t = M t [f] t γm. [f] β = M t [f] t γm. M t [f] γ M = M t [f] t γm. [f] γ = ([f] γ ) t. (c) (a) Seja β uma base de V. Então, para cada u, v V, temos que f(u, v) = [u] t β [f] β[v] β. Como [u] t β [f] β[v] β é uma matriz, segue que f(u, v) = ([u] t β [f] β[v] β ) t = [v] t β ([f] β) t [u] β = [v] t β [f] β[u] β = f(v, u). Em [, p.7], existe uma versão análoga à proposição acima para formas bilineares simétricas (f(u, v) = f(v, u) u, v V ) e matrizes simétricas (A t = A). Além disso, como toda matriz A pode ser escrita como A = (A + At ) + (A At ), temos que os subespaços das matrizes podem ser decompostos em soma direta entre os subespaços das matrizes simétricas e anti-simétricas. A mesma decomposição ocorre com os subespaços vetoriais das fomas bilineares, com relação às formas simétricas e anti-simétricas. SILVA, F. B.; BORGES, L. T. M. Um estudo sobre espaços vetoriais simpléticos. C.Q.D. - Revista Eletrônica Paulista de Matemática, Bauru, v. 4, p. -9, ago. 05. DOI: 0.67/cqdvol fbsltmb009 - Disponível em: 4

6 Espaços vetoriais simpléticos Nesta seção, daremos uma breve introdução aos espaços vetoriais simpléticos. Definição 3 Sejam V um espaço vetorial real e Ω : V V R uma forma bilinear anti-simétrica. Dizemos que Ω é não-degenerada ou simplética se: Ω(u, v) = 0, v V u = 0. Um espaço vetorial simplético (V, Ω) é um espaço vetorial V, com uma forma (ou estrutura) simplética Ω. Para ilustrar a definição acima, daremos agora um exemplo de espaço vetorial simplético com uma forma bilinear definida em R R. Exemplo Seja V = R e considere a forma bilinear dada por (i) (ii) Ω 0 ((u, u ), (v, v )) = u v u v. Mostraremos primeiramente que Ω 0 é bilinear. Ω 0 (λ(u, u ) + (w, w ), (v, v )) = Ω 0 ((λu + w, λu + w ), (v, v )) = (λu + w )v (λu + w )v = λ(u v u v ) + (w v w v ) = λω 0 ((u, u ), (v, v )) + Ω 0 ((w, w ), (v, v )). Ω 0 ((u, u ), λ(v, v ) + (w, w )) = Ω 0 ((u, u ), (λv + w, λv + w )) Agora, vamos verificar que Ω 0 é anti-simétrica. = u (λv + w ) u (λv + w ) = λ(u v u v ) + (u w u w ) = λω 0 ((u, u ), (v, v )) + Ω 0 ((u, u ), (w, w )). Ω 0 ((u, u ), (v, v )) = u v u v = (v u v u ) Por fim, Ω 0 é simplética pois, se = Ω 0 ((v, v ), (u, u )). Ω 0 ((u, u ), (v, v )) = 0, (v, v ) R, então u v u v = 0, para todo v, v R e, portanto, u = u = 0. onde De forma geral, podemos estender este exemplo tomando V = R n e Ω 0 (u, v) = [u] t α J 0 [v] α, J 0 = ( 0 I I 0 e I é a matriz identidade n n. O espaço vetorial R n, com a estrutura dada pela forma bilinear Ω 0 é chamado de espaço vetorial simplético canônico. O conceito de isomorfismo para espaços vetoriais simpléticos é dado pela definição abaixo e será útil na compreensão do Teorema 9. SILVA, F. B.; BORGES, L. T. M. Um estudo sobre espaços vetoriais simpléticos. C.Q.D. - Revista Eletrônica Paulista de Matemática, Bauru, v. 4, p. -9, ago. 05. DOI: 0.67/cqdvol fbsltmb009 - Disponível em: ) 5

7 Definição 4 Um simplectomorfismo S entre dois espaços vetoriais simpléticos (V, Ω ) e (V, Ω ) é um isomorfismmo linear S : V V tal que S Ω = Ω, ou seja, Ω (S(u), S(v)) = Ω (u, v), para todo u, v V. Afim de ilustrar a definição acima, seja Ω 0 como no Exemplo e Ω dada por Ω ((u, u ), (v, v )) = u v u v. Podemos verificar, como foi feito no Exemplo, que Ω é uma forma simplética e que S(x, y) = ( x, y) é um isomorfismo que torna (R, Ω 0 ) e (R, Ω ) espaços simplectomorfos. 3 Formas simpléticas e suas matrizes associadas. Nesta seção, mostraremos que cada forma simplética, uma vez fixada uma base do espaço vetorial, está associada a uma única matriz anti-simétrica e invertível. Para isso, necessitaremos dos seguintes resultados de Álgebra Linear. Proposição 5 Sejam U e V espaços vetoriais reais de mesma dimensão e T : U V uma transformação linear. São equivalentes:. T é um isomorfismo;. T é injetora; 3. T é sobrejetora. Proposição 6 Sejam U e V espaços vetoriais reais, α base de U e β base de V. Uma transformação linear T : U V é um isomorfismo se, e somente se, [T ] α β for invertível, onde [T ] α β é a matriz associada à transformação linear T. As duas proposições acima podem ser encontradas, entre outros, em [] e [3]. Lema 7 Sejam Ω uma forma simplética e Ω : V V a transformação linear dada por Ω (u)(v) := Ω(u, v). Então, Ω é simplética se, e somente se, Ω é um isomorfismo. Demonstração. Se Ω é simplética, então o núcleo da transformação linear Ω(u, ) é {0} e portanto, Ω é injetora. Pela Proposição 5, temos que Ω é um isomorfismo. Reciprocamente, se Ω é um isomorfismo, como dim V = dim V, segue que Ω é injetora e o núcleo da transformação linear Ω(u, ) é {0}. Portanto, Ω é simplética. Quando tomamos a base canônica α = {e, e,..., e n } de V, podemos representar, conforme visto na Seção, uma forma bilinear anti-simétrica Ω por uma matriz anti-simétrica A = [A ij ], onde A ij = Ω(e i, e j ). Nestas condições, temos o seguinte resultado. Teorema 8 Seja Ω uma forma bilinear anti-simétrica. Então, Ω é simplética se, e somente se, A é invertível. SILVA, F. B.; BORGES, L. T. M. Um estudo sobre espaços vetoriais simpléticos. C.Q.D. - Revista Eletrônica Paulista de Matemática, Bauru, v. 4, p. -9, ago. 05. DOI: 0.67/cqdvol fbsltmb009 - Disponível em: 6

8 Demonstração. Pela Proposição 6 e pelo Lema 7, temos que Ω é simplética se, e somente se, [Ω ] α β é invertível, onde α é a base canônica e β é sua base dual. Falta então verificar que a matriz [Ω ] α β coincide com a matriz At. Para isto, notemos que E portanto, Ω (e ) = Ω(e, ) = Ω(e, e ).e Ω(e, e n ).e n,. Ω (e n ) = Ω(e n, ) = Ω(e n, e ).e Ω(e n, e n ).e n. Ω(e, e ) Ω(e n, e ) [Ω ] α β =..... = A t. Ω(e, e n ) Ω(e n, e n ) O teorema acima permite, entre outras coisas, obter vários exemplos de formas simpléticas a partir de matrizes anti-simétricas invertíveis. Exemplo Considere a matriz A = Como A é uma matriz invertível e A t = A, segue que a forma bilinear Ω : R 4 R 4 R associada a esta matriz é uma forma simplética. Assim, para u = (a, a, a 3, a 4 ) e v = (b, b, b 3, b 4 ), Ω(u, v) = 4 Ou seja, na base canônica β temos que: i= j=. 4 a i Ω(e i, e j )b j. Ω((a, a, a 3, a 4 ), (b, b, b 3, b 4 )) = [u] t β A[v] β = a (b 3 b 4 ) + a b 4 a 3 b + a 4 (b b ). Segue abaixo um resultado que nos fornece uma maneira de construir um espaço vetorial simplético a partir de qualquer espaço vetorial W, de dimensão finita, e seu espaço vetorial dual W. Além disso, dado qualquer isomorfismo linear T : W W, constrói-se um simplectomorfismo a partir de T e seu adjunto T. Teorema 9 Sejam W um espaço vetorial de dimenção n e W seu dual. Então o espaço vetorial V = W W possui uma estrutura simplética natural Ω : V V R definida por Ω((u, f), (v, g)) := g(u) f(v). Além disso, todo isomorfismo T : W W determina um simplectomorfismo T (T ) : V V. SILVA, F. B.; BORGES, L. T. M. Um estudo sobre espaços vetoriais simpléticos. C.Q.D. - Revista Eletrônica Paulista de Matemática, Bauru, v. 4, p. -9, ago. 05. DOI: 0.67/cqdvol fbsltmb009 - Disponível em: 7

9 Demonstração. Se {e, e,..., e n } é a base canônica de W, temos que a base canônica de V é dada por α = {(e, 0), (e, 0),..., (e n, 0), (0, e ), (0, e ),..., (0, e n)}. Então, para todo i, j n temos que: Ω((e i, 0), (e j, 0)) = 0; Ω((0, e i ), (0, e j)) = 0; Ω((e i, 0), (0, e j)) = δ ij ; Ω((0, e j), (e i, 0)) = δ ij. Desta forma, como na demonstração do Teorema 8, temos que a matriz [Ω] α é dada por: [Ω] α = ( 0 I I 0 Podemos ver que [Ω] α é anti-simétrica e invertível, uma vez que seu determinante é diferente de zero. Portanto, Ω é simplética. E ainda, T (T ) é um simplectomorfismo pois: (T (T ) ) Ω((u, f), (v, g)) = Ω((T u, (T ) f), (T v, (T ) g)) ). = (T ) g(t u) (T ) f(t v) = g((t )T u) f((t )T v) = gu fv = Ω((u, f), (v, g)). Este teorema pode ser adaptado para variedades diferenciáveis, sendo W o espaço vetorial tangente. O leitor interessado em mais detalhes pode ver, entre outros, [] e [4]. SILVA, F. B.; BORGES, L. T. M. Um estudo sobre espaços vetoriais simpléticos. C.Q.D. - Revista Eletrônica Paulista de Matemática, Bauru, v. 4, p. -9, ago. 05. DOI: 0.67/cqdvol fbsltmb009 - Disponível em: 8

10 Referências [] Bursztyn, H e Macarini, L. Introdução à geometria simplética, XIV Escola de Geometria Diferencial. Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), Rio de Janeiro, 006. [] Coelho, F. U. e Lorenço, M. L. Um Curso de Álgebra Linear, Editora da Universidade de São Paulo, São Paulo, 00. [3] Lima, E. L. Algebra Linear, Coleção Matemática Universitária, Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), Rio de Janeiro, 0. [4] Silva, A. C. Introduction to symplectic and Hamiltonian geometry, Publicações Matemáticas do IMPA. [IMPA Mathematical Publications] Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), Rio de Janeiro, 003. SILVA, F. B.; BORGES, L. T. M. Um estudo sobre espaços vetoriais simpléticos. C.Q.D. - Revista Eletrônica Paulista de Matemática, Bauru, v. 4, p. -9, ago. 05. DOI: 0.67/cqdvol fbsltmb009 - Disponível em: 9

11 Uma curiosa propriedade com inteiros positivos Fernando Neres de Oliveira Resumo Neste trabalho iremos provar uma curiosa propriedade para listas de inteiros positivos da forma (,,..., n) e também provaremos um teorema devido a Liouville que generaliza tal propriedade para outras listas de inteiros positivos. Palavras Chave: Inteiros positivos, Soma de cubos, Generalização de Liouville Introdução Pretendemos demonstrar a validade de uma curiosa propriedade para listas de inteiros positivos da forma (,,..., n), a saber, n 3 = ( n), n N. Para essa demonstração, faremos uso do princípio da indução. Uma natural pergunta que nos vem à cabeça, é a seguinte: Há listas de inteiros positivos diferentes do modelo (,,..., n) e que satisfazem também a mesma curiosa propriedade? Bem, o teorema do matemático francês Joseph Liouville (809-88) que generaliza essa propriedade, mostrará que a resposta à essa pergunta é afirmativa. Para a prova desse teorema, além do princípio da indução, usaremos a validade da propriedade para listas do tipo (,,..., n) e, alguns resultados sobre MDC e fatoração prima. A curiosa propriedade Vejamos inicialmente que a propriedade mencionada acima é verdadeira para n =, n = 3, n = 4, n = 5 e n = = + 8 = 9 = 3 = ( + ) = = 36 = 6 = ( + + 3) = = 00 = 0 = ( ) = = 5 = 5 = ( ) = = 44 = = ( ) E ela continuará verdadeira se considerarmos qualquer lista de inteiros positivos da forma (,,..., n) onde n N. Essa afirmação é provada na fernandoneres@ufersa.edu.br. Universidade Federal Rural do Semi- Árido, UFERSA. Caraúbas, RN OLIVEIRA, F. N. Uma curiosa propriedade com inteiros positivos. C.Q.D. - Revista Eletrônica Paulista de Matemática, Bauru, v. 4, p. 0-5, ago. 05. DOI: 0.67/cqdvol fno05 - Disponível em: 0

12 cqdvol fno05 Proposição n 3 = ( n), n N. Prova: Usaremos o princípio da indução sobre n. Para n = a propriedade se escreve da seguinte forma 3 =, o que é uma verdade. Suponha agora que a propriedade é verdadeira para um inteiro positivo n = k, isto é, k 3 = ( k). Para n = k +, o primeiro membro da propriedade se escreve da seguinte forma k 3 + (k + ) 3, () enquanto que o segundo membro é escrito na forma ( k + k + ). () Mostraremos que os inteiros dados pelas expressões () e () são iguais. Vejamos, ( k + k + ) = ( k) + ( k) (k + ) + (k + ) = ( k) k(k + ) + (k + ) + (k + ) = ( k) + k(k + ) + (k + ) = ( k) + (k + ) (k + ) = ( k) + (k + ) 3. Usando agora a nossa hipótese de indução, obtemos que (++3+ +k+k+) = (++3+ +k) +(k+) 3 = k 3 +(k+) 3, o que garante a validade da propriedade para n = k+. Portanto, segue do princípio da indução que n 3 = ( n), n N. O teorema de Liouville Na sequência apresentaremos um resultado estabelecido pelo matemático Liouville, que generaliza a Proposição para outras listas de inteiros positivos. Com o objetivo de compreendermos o enunciado do teorema e de nos convencermos da sua veracidade em casos particulares, vejamos os seguintes exemplos: Exemplo Seja N = 6. Os divisores positivos de N são d =, d =, d 3 = 3, d 4 = 6. Seja c j o número de divisores positivos de d j. Logo, c =, c =, c 3 =, c 4 = 4. Daí, temos que c 3 + c 3 + c c 3 4 = = = 8 = 9 = ( ) = (c + c + c 3 + c 4 ). OLIVEIRA, F. N. Uma curiosa propriedade com inteiros positivos. C.Q.D. - Revista Eletrônica Paulista de Matemática, Bauru, v. 4, p. 0-5, ago. 05. DOI: 0.67/cqdvol fno05 - Disponível em:

13 Exemplo Seja N = 36. Os divisores positivos de N são d =, d =, d 3 = 3, d 4 = 4, d 5 = 6, d 6 = 9, d 7 =, d 8 = 8, d 9 = 36. Seja c j o número de divisores positivos de d j. Logo, c =, c =, c 3 =, c 4 = 3, c 5 = 4, c 6 = 3, c 7 = 6, c 8 = 6, c 9 = 9. Daí, temos que c 3 + c 3 + c c c c c c c 3 9 = = = 96 = 36 = ( ) = (c + c + c 3 + c 4 + c 5 + c 6 + c 7 + c 8 +c 9 ). Exemplo 3 Seja N = 54. Os divisores positivos de N são d =, d =, d 3 = 3, d 4 = 6, d 5 = 9, d 6 = 8, d 7 = 7, d 8 = 54. Seja c j o número de divisores positivos de d j. Logo, c =, c =, c 3 =, c 4 = 4, c 5 = 3, c 6 = 6, c 7 = 4, c 8 = 8. Daí, temos que c 3 + c 3 + c c c c c c 3 8 = = = 900 = 30 = ( ) = (c + c + c 3 + c 4 + c 5 + c 6 + c 7 + c 8 ). Definição τ(n) é o número de divisores positivos do inteiro positivo N. A propriedade comum aos números 6, 36 e 54, vista nos exemplos acima, é generalizada no Teorema (Liouville) Seja N um inteiro positivo qualquer e ( ) d, d,..., d τ(n) a lista de todos os divisores positivos de N(incluindo e N). Seja c j o número de divisores positivos de d j. Então, a lista ( ) c, c,..., c τ(n) satisfaz a seguinte propriedade c 3 + c c 3 τ(n) = ( c + c + + c τ(n) ). Prova: Para N = o teorema é obviamente verdadeiro. Resta então prová-lo para inteiros N >. Mostraremos inicialmente que o resultado é verdadeiro para potências de primos. Seja então, N = p n onde p é primo e n. Os divisores positivos de N são d =, d = p, d 3 = p,..., d τ(n) = p n. OLIVEIRA, F. N. Uma curiosa propriedade com inteiros positivos. C.Q.D. - Revista Eletrônica Paulista de Matemática, Bauru, v. 4, p. 0-5, ago. 05. DOI: 0.67/cqdvol fno05 - Disponível em:

14 Logo, c =, c =, c 3 = 3,..., c τ(n) = n +. Daí, segue que c 3 + c c 3 τ(n) = (n + ) 3 = Prop = [ (n + )] ( c + c + c c τ(n) ), o que mostra a validade do resultado para potências de primos. mostraremos que: No que segue, Se o resultado é válido para um inteiro positivo K então ele também é (3) válido para inteiros Kp n, onde, p é um primo tal que mdc(k, p) =. Obviamente, que o resultado vale para K = e também será válido para Kp n, pois nesse caso, Kp n (= p n ) é potência de primo. Suponha agora que o resultado é válido para um inteiro K >, isto é, a 3 + a a 3 τ(k) = (a + a + + a τ(k) ), (4) onde, ( = b, b,..., b τ(k) = K) é a lista de todos os divisores positivos de K e a j é o número de divisores positivos de b j, j =,,..., τ(k). É fácil ver que, qualquer divisor positivo de K multiplicado por qualquer divisor positivo de p n, é um divisor positivo de Kp n. A lista completa desses produtos, é a seguinte: b, b,..., b τ(k) ; b p, b p,..., b τ(k) p;... ; b p n, b p n,..., b τ(k) p n. (5) Reciprocamente, todo divisor positivo de Kp n é um dos inteiros dados em (5). Com efeito, seja D um divisor positivo de Kp n. Se D é o menor deles então D = b =. Assuma que D >, então segue da fatoração (única) em primos de D, que: D = dp m, onde mdc(d, p) = e d, m são inteiros tais que d > e m 0. Segue então daí que m n, caso contrário, teremos que p K (CONTRADIÇÃO, pois mdc(k, p) = ). Para m = n temos Kp n = q D = q dp n ( q Z), isto é, K = q d ( q Z). Ou seja, d K. E para m < n temos que n = m+s com s e Kp n = q D = q dp m ( q Z). Daí, seguem as implicações, q dp m = Kp n = Kp m+s = Kp m p s q d = Kp s (s ) d Kp s (s ) d K, onde a última implicação deve-se ao fato de que mdc (d, p s ) =. Podemos então concluir que D { b, b,..., b τ(k), b p, b p,..., b τ(k) p,..., b p n, b p n,..., b τ(k) p n}. Se m > n então m = n + r com r. Como D divide Kp n então existe q Z tal que Kp n = q D. Logo, Kp n = q D = q dp m = q dp n+r = q dp n p r, isto é, K = qd p r (r ). Portanto, p K. Suponha que mdc(d, p s ). Nesse caso, mdc(d, p s ) = p e onde e s. Daí, teremos que, p p e e p e d, ou seja, p d. Portanto, mdc(d, p) = p. (CONTRADIÇÃO) OLIVEIRA, F. N. Uma curiosa propriedade com inteiros positivos. C.Q.D. - Revista Eletrônica Paulista de Matemática, Bauru, v. 4, p. 0-5, ago. 05. DOI: 0.67/cqdvol fno05 - Disponível em: 3

15 Portanto, em (5) temos a lista completa de todos os divisores positivos de Kp n. Por outro lado, temos também que mdc(b j, p) = para cada j =,,..., τ(k), caso contrário, teríamos que p K (CONTRADIÇÃO). Logo, nenhum b j contém o fator primo p. Daí, segue então que, quaisquer dois b j p i (i =,,..., n) são distintos, e além disso, o número de divisores positivos dos inteiros listados em (5), são: a, a,..., a τ(k) ; a, a,..., a τ(k) ;... ; (n + )a, (n + )a,..., (n + )a τ(k). (6) Seja S a soma de todos os números listados em (6), isto é, Daí, teremos que, S = a + a + + a τ(k) + a + a + + a τ(k) + + (n + )a + (n + )a + + (n + )a τ(k) = ( a + a + + a τ(k) ) + ( a + a + + a τ(k) ) + + (n + ) ( a + a + + a τ(k) ) = ( a + a + + a τ(k) ) [ (n + )]. S = = (4) e Prop = ( ) a + a + + a τ(k) [ (n + )] ( ) [ a 3 + a a 3 τ(k) (n + ) 3] ( ) ( ) a 3 + a a 3 τ(k) + 3 a a a 3 τ(k) + [ ] + (n + ) 3 a 3 + (n + ) 3 a (n + ) 3 a 3 τ(k) = a 3 + a a 3 τ(k) + (a ) 3 + (a ) ( a τ(k) ) [(n + )a ] 3 + [(n + )a ] [ (n + )a τ(k) ] 3, o que mostra a validade do resultado para Kp n. Podemos agora mostrar que o resultado é válido para qualquer inteiro N >, nesse caso, o Teorema Fundamental da Aritmética nos garante que N tem uma fatoração (única) em primos, a saber, N = p e pe pe pe k k, onde, e i é inteiro, p i é primo e p i p j sempre que i j. Já vimos que o resultado é válido para potências de primos, então, para N = p e ele será verdadeiro. Suponha que para algum i k, o resultado seja verdadeiro para N i = p e pe pe pe i i. Como mdc3 (N i, p i+ ) = então segue de (3) que o resultado é válido para N i+ = N i p e i+ i+ = pe pe pe pe i i p e i+ i+. Daí, o princípio da indução nos garante que para cada i {,, 3,..., k}, o resultado será válido para N i, em particular, será válido para N k = N. 3 Suponha que mdc(n i, p i+ ) = p i+. Então, teríamos que p i+ N i e p i+ é primo, logo, p i+ p j para algum j i. Mas, como p j é primo, então teríamos que p i+ = p j, isto é, i + = j i (absurdo!) OLIVEIRA, F. N. Uma curiosa propriedade com inteiros positivos. C.Q.D. - Revista Eletrônica Paulista de Matemática, Bauru, v. 4, p. 0-5, ago. 05. DOI: 0.67/cqdvol fno05 - Disponível em: 4

16 3 Conclusão Pelo o que foi apresentado acima, concluímos então que é possível obter infinitas listas de inteiros positivos, tais que, a soma de seus cubos é igual ao quadrado de sua soma. (7) Vimos na Proposição que toda lista do tipo (,,..., n) satisfaz a propriedade (7). Um outro modelo, explicitado por Liouville, que nos permite obter tais listas é apresentado no Teorema, o qual garante que toda lista do tipo ( c, c,..., c τ(n) ) (onde, c j é o número de divisores positivos do divisor positivo d j de N) também satisfaz a propriedade (7). Referências [] Ross Honsberger. Ingenuity in Mathematics. Mathematical Association of America, Washington, 970. OLIVEIRA, F. N. Uma curiosa propriedade com inteiros positivos. C.Q.D. - Revista Eletrônica Paulista de Matemática, Bauru, v. 4, p. 0-5, ago. 05. DOI: 0.67/cqdvol fno05 - Disponível em: 5

17 Um novo sistema de axiomas para a lógica paraconsistente J 3 Hércules de Araujo Feitosa Gabriel Alexandre da Cruz Ana Cláudia de Jesus Golzio Resumo We investigate the paraconsistent logic J 3. As original result we propose a new sistem of axioms for J 3 and present results of soundness and completeness (adequacy) evolving the original three valued matrix semantic for J 3. Palavras Chave: Lógica paraconsistente, Lógica trivalente, Modelo matricial, Sistema de axiomas. Introdução A Lógica J 3 foi introduzida por D Ottaviano e da Costa [7], em 970, a partir de uma semântica matricial trivalente. Trata-se de uma lógica paraconsistente e foi idealizada como uma possível solução a um problema de Jáskowski, que envolveria aspectos das teorias paraconsistentes ainda em fase inicial. Nesse trabalho [7] foram apresentados vários esquemas válidos de fórmulas para as matrizes de J 3, porém não foi introduzido um conjunto de axiomas correto e completo para o referido modelo matricial. D Ottaviano apresentou um sistema de axiomas para J 3, em [5], com cinco axiomas proposicionais e duas regras de dedução. Este sistema de axiomas conta com um operador delta, que será apresentado segundo sua interpretação matricial na próxima seção. Os sistemas axiomáticos, de um modo geral, são pouco elucidativos quanto às noções formalizadas pela referida lógica. Imaginamos que isto tenha ocorrido com este sistema de [5]. Num capítulo destinado a discutir lógicas paraconsistentes, do livro [9], Epstein e D Ottaviano apresentam um outro sistema de axiomas para J 3. Mais recentemente, no contexto das lógicas da inconsistência formal (LFI) [], Carnielli, Marcos e Amo [3] reconhecem que a lógica J 3 tem importância distinguida para as LFI s, denotam a lógica J 3 por LFI e apresentam um novo sistema de axiomas um pouco mais compreensivo e com alguns axiomas finais motivados por axiomas do sistema anterior. haf@fc.unesp.br. Departamento de Matemática, UNESP - FC - Bauru gabriel 0495@hotmail.com. Licenciatura em Matemática, UNESP - FC - Bauru anaclaudiagolzio@yahoo.com.br. Pós em Filosofia, UNICAMP - IFCH - Campinas FEITOSA, H. A.; CRUZ, G. A.; GOLZIO, A. C. J. Um novo sistema de axiomas para a lógica paraconsistente J 3. C.Q.D. - Revista Eletrônica Paulista de Matemática, Bauru, v. 4, p. 6-9, ago. 05. DOI: 0.67/cqdvol hafgacacjg69 - Disponível em: 6

18 Os sistemas mencionados serão apresentados com mais detalhes na Seção deste trabalho. A meta deste ensaio é apresentar um sistema distinto destes, um pouco mais simples com relação a estes últimos axiomas, e dar uma demonstração de correção e completude do sistema hilbertiano por nós introduzido relativamente à semântica trivalente de J 3, conforme as matrizes originais. A lógica J 3 De acordo com [7], a lógica J 3 foi introduzida a partir das seguintes matrizes trivalentes na linguagem proposicional L = (,, ), em que os operadores proposicionais e formalizam, respectivamente, as noções de negação e disjunção e o operador separa os elementos distinguidos dos não distinguidos. Os significados destes operadores são dados pelas seguintes tabelas: Além desses operadores básicos, são definidos os seguintes operadores de J 3 : Conjunção: φ ψ = def ( φ ψ) Negação forte: φ = def φ Delta: φ = def φ Condicional: φ ψ = def φ ψ Bicondicional: φ ψ = def (φ ψ) (ψ φ) Consistência: φ = def (φ φ). Os significados destes novos entes são dados pelas seguintes tabelas: Da definição da conjunção a partir da disjunção, observamos que devem valer em J 3 as leis de De Morgan. A semântica matricial de J 3 é dada pela matriz: M J3 = ({0,, }, {, },,, ), FEITOSA, H. A.; CRUZ, G. A.; GOLZIO, A. C. J. Um novo sistema de axiomas para a lógica paraconsistente J 3. C.Q.D. - Revista Eletrônica Paulista de Matemática, Bauru, v. 4, p. 6-9, ago. 05. DOI: 0.67/cqdvol hafgacacjg69 - Disponível em: 7

19 com o conjunto de valores designados D = {, } e, dessa maneira, a relação de consequência semântica é dada como segue. A seguir, indicamos por V ar(j 3 ) = {p, p, p 3,...} o conjunto das variáveis proposicionais de J 3 e por F or(j 3 ) o conjunto das fórmulas de J 3. Uma valoração para J 3 é qualquer função: v : V ar(j 3 ) {0,, }, a qual é estendida de modo único para o conjunto F or(j 3 ) segundo os operadores introduzidos acima. Se Γ F or(j 3 ), então v(γ) = {v(γ) : γ Γ}. A relação de implicação lógica ou consequência semântica para J 3 é dada do seguinte modo. Se Γ {φ} F or(j 3 ), então Γ implica φ quando para toda J 3 -valoração v, se v(γ) D, então v(φ) D, isto é: Γ φ v(γ) D v(φ) D. Decorre da definição de valoração que toda fórmula de J 3 válida segundo uma valoração v : V ar(j 3 ) {0,, } é também válida segundo a restrição booleana de v, isto é, segundo v : V ar(j 3 ) {0, } com os significados booleanos dos operadores,, e, em que é apagado o valor. Assim, toda fórmula J 3-válida é uma tautologia. Podemos construir tabelas de verdade para fórmulas de J 3, que por ser uma lógica trivalente, tem como número de linhas algum múltiplo de 3. Vejamos alguns exemplos: (a) φ (ψ φ): (b) φ (φ ψ): φ (ψ φ) FEITOSA, H. A.; CRUZ, G. A.; GOLZIO, A. C. J. Um novo sistema de axiomas para a lógica paraconsistente J 3. C.Q.D. - Revista Eletrônica Paulista de Matemática, Bauru, v. 4, p. 6-9, ago. 05. DOI: 0.67/cqdvol hafgacacjg69 - Disponível em: 8

20 φ (φ ψ) (c) φ φ: φ φ 0 0 (d) φ (φ ψ): φ (φ ψ) Como cada última coluna das tabelas anteriores encerra apenas os valores e, então todas estas fórmulas são válidas segundo M J3. (e) Cada fórmula σ do tipo φ φ φ é contraditória: φ φ φ σ Uma fórmula, como esta, que assume todos os valores iguais a 0 será denota por e, por outro lado, uma fórmula como a sua negação σ, que assume sempre o valor será denotada por. Contudo, algumas fórmulas tautológicas bem conhecidas não são J 3 -válidas. Vejamos algumas delas: (f) φ ( φ ψ). Tomemos uma valoração v tal que v(φ) = e v(ψ) = 0. Daí, v(φ ( φ ψ)) = ( ( 0)) = 0 = 0. FEITOSA, H. A.; CRUZ, G. A.; GOLZIO, A. C. J. Um novo sistema de axiomas para a lógica paraconsistente J 3. C.Q.D. - Revista Eletrônica Paulista de Matemática, Bauru, v. 4, p. 6-9, ago. 05. DOI: 0.67/cqdvol hafgacacjg69 - Disponível em: 9

21 (g) (φ ψ) ( ψ φ). Tomemos uma valoração v tal que v(φ) = e v(ψ) =. Daí, v((φ ψ) ( ψ φ)) = ( ) ( 0) = 0 = 0. Temos também algumas equivalências: (h) φ φ. φ (φ ) (i) φ ( φ φ) φ. φ ( φ φ) φ Proposição Se v : F or(j 3 ) {0,, } é uma J 3-valoração, então: (i) v(φ) D v(φ) = ou v(φ) = ; (ii) v( φ) D v(φ) = ou v(φ) = 0; (iii) v( φ) D v(φ) = 0 ou v(φ) =. Demonstração: Imediata das tabelas dos operadores de J 3. Sistemas de axiomas de J 3 Nesta seção apresentamos três diferentes sistemas hilbertianos introduzidos em momentos distintos para a Lógica Paraconsistente J 3, todos no ambiente proposicional. Encontramos o primeiro sistema no artigo [5], com a seguinte configuração: Esquemas de Axiomas: (A) (φ (ψ φ)) (A) ((φ ψ) ((ψ σ) (φ σ))) (A3) (( φ ψ) (ψ φ)) (A4) (((φ φ) φ) φ) (A5) ( (φ ψ) ( φ ψ)). Regras de Dedução: (R) φ, (φ ψ) ψ (R) φ φ. O segundo sistema está em [9]: Esquemas de Axiomas: FEITOSA, H. A.; CRUZ, G. A.; GOLZIO, A. C. J. Um novo sistema de axiomas para a lógica paraconsistente J 3. C.Q.D. - Revista Eletrônica Paulista de Matemática, Bauru, v. 4, p. 6-9, ago. 05. DOI: 0.67/cqdvol hafgacacjg69 - Disponível em: 0

22 (A) φ (ψ φ) (A) (φ (ψ σ)) ((φ ψ) (φ σ)) (A3) (ψ (φ σ) (φ ψ) σ) (A4) φ (ψ (φ ψ)) (A5) (φ φ φ) ψ (A6) (( φ φ) φ) φ (A7) φ φ (A8) φ φ (A9) φ ( φ φ) (A0) ( φ) (A) ( (φ ψ) (φ ψ) ψ) ( φ φ) (A) ( φ φ) ( (φ ψ) (φ ψ)) (A3) ((φ ψ) (φ ψ)) ((φ φ) (ψ ψ)). Regra de Dedução: (MP) φ, φ ψ ψ. O terceiro e último sistema que apresentamos está em [3]. O operador de inconsistência é a negação do operador de consistência, isto é, ψ = def ψ: Esquemas de Axiomas: (A) φ (ψ φ) (A) (φ ψ) ((φ (ψ σ)) (φ σ)) (A3) φ (ψ (φ ψ)) (A4) (φ ψ) φ (A5) (φ ψ) ψ (A6) φ (φ ψ) (A7) ψ (φ ψ) (A8) (φ σ) ((ψ σ) ((φ ψ) σ)) (A9) φ φ (A0) φ φ (A) φ (φ ( φ ψ)) (A) φ (φ φ) (A3) (φ ψ) (( φ ψ) ( ψ φ)) (A4) (φ ψ) (( φ ψ) ( ψ φ)) (A5) (φ ψ) (φ ψ). Regra de Dedução: (MP) φ, φ ψ ψ. 3 O nosso sistema de axiomas para J 3 Motivados pelas lógicas LFI e pelo texto [4], propomos o seguinte sistema de axiomas para J 3 : Esquemas de Axiomas: FEITOSA, H. A.; CRUZ, G. A.; GOLZIO, A. C. J. Um novo sistema de axiomas para a lógica paraconsistente J 3. C.Q.D. - Revista Eletrônica Paulista de Matemática, Bauru, v. 4, p. 6-9, ago. 05. DOI: 0.67/cqdvol hafgacacjg69 - Disponível em:

23 (A) φ (ψ φ) (A) (φ (ψ σ)) ((φ ψ) (φ σ)) (A3) (φ ψ) φ (A4) (φ ψ) ψ (A5) (σ φ) ((σ ψ) (σ (φ ψ))) (A6) φ (φ ψ) (A7) ψ (φ ψ) (A8) (φ σ) ((ψ σ) ((φ ψ) σ)) (A9) φ φ (A0) φ (φ ψ) (A) φ (φ ( φ ψ)) (A) φ (φ φ) (A3) φ φ (A4) ( φ ψ) (φ ψ) (A5) ( φ ψ) (φ ψ). Regra de Dedução: (MP) φ, φ ψ ψ. Como pode ser visto em [0] ou [], os axiomas (A) e (A) mais a regra MP garantem a validade do Teorema da Dedução para J 3 e também do teorema φ φ e da regra de dedução SH: φ ψ, ψ σ φ σ. Isto garante para o sistema uma relação de ordem dada por φ ψ φ ψ. Os axiomas (A3) e (A4) caracterizam φ ψ como um limitante inferior para o conjunto {φ, ψ} e, na presença do axioma (A5), então φ ψ torna-se o ínfimo do conjunto {φ, ψ}. De modo semelhante, os axiomas (A6), (A7) e (A8) tornam φ ψ no supremo do conjunto {φ, ψ}. Como temos uma relação de ordem em que a operação determina o mínimo para dois elementos quaisquer e determina o supremo para dois elementos quaisquer, então estas operações geram um reticulado. O correspondente algébrico de uma lógica que porta os axiomas (A) - (A8) mais a regra MP, é a lógica positiva, cujo modelo algébrico é um reticulado relativamente pseudo-complementado [], que é um reticulado distributivo. Os axiomas (A9) e (A0) procuram sistematizar aspectos da negação no contexto lógico de J 3, embora a negação não ocorra de fato em (A0). Como a negação joga um papel importante na caracterização da paraconsistência, precisamos olhar com cuidado para estes axiomas. O axioma (A) é equivalente à fórmula (φ φ φ) ψ. Dele depreende que se {φ, φ, φ} Γ, então para toda fórmula ψ, tem-se que Γ ψ. Assim, este axioma esclarece sob quais circunstâncias uma fórmula pode tornar um conjunto trivial no sentido de deduzir todas as fórmulas de J 3. O axioma (A) também é essencial e complementar para o caráter paraconsistente de J 3, pois indica que uma fórmula e sua negação podem ocorrer em certas situações. Os axiomas (A3), (A4) e (A5) garantem que se φ e ψ são consistentes, então as suas negações, condicionais e disjunções também são consistentes. Decorre que, neste caso, também a conjunção é consistente. FEITOSA, H. A.; CRUZ, G. A.; GOLZIO, A. C. J. Um novo sistema de axiomas para a lógica paraconsistente J 3. C.Q.D. - Revista Eletrônica Paulista de Matemática, Bauru, v. 4, p. 6-9, ago. 05. DOI: 0.67/cqdvol hafgacacjg69 - Disponível em:

24 Proposição ( φ ψ) (φ ψ) Demonstração: Se φ e ψ, pelo axioma (A3), temos φ e ψ. De (A6), segue que ( φ ψ). Mais uma vez, por (A3), temos ( φ ψ) e, por De Morgan, (φ ψ). Proposição 3 {φ, ψ} φ ψ Demonstração: Se temos φ e ψ, pelo axioma (A), temos também φ ((σ σ) φ) e ψ ((σ σ) ψ). Por duas aplicações de MP temos (σ σ) φ e (σ σ) ψ. Do axioma (A5) segue que ((σ σ) φ) (((σ σ) ψ) ((σ σ) (φ ψ))). Por duas aplicações de MP temos (σ σ) (φ ψ). Como vale σ σ, então temos φ ψ. Proposição 4 (i) φ (ψ σ) (φ ψ) σ (ii) φ (ψ (φ ψ)). Demonstração: (i) Usaremos o Teorema da Dedução. ( ) Assumimos que valem φ (ψ σ) e φ ψ. Dos axiomas (A3) e (A4) na segunda premissa, temos φ e ψ. Por duas aplicações da MP na primeira premissa obtemos σ. ( ) Assumimos que valem (φ ψ) σ, φ e ψ. Da proposição anterior, segue que {φ, ψ} φ ψ e, então {φ, ψ} σ. Por duas aplicações do Teorema da Dedução temos φ (ψ σ). (ii) Como vale (φ ψ) (φ ψ), usando (i) temos φ (ψ (φ ψ)). Proposição 5 (( φ φ) φ) φ. Demonstração: Em acordo com o exemplo (i), devemos mostrar que φ φ e, pela definição de condicional em J 3, que φ φ. Do axioma (A0), temos φ φ. Segue, pelo exemplo (h), que φ φ e, então, φ φ. Da definição de negação forte, temos que φ φ. 4 Correção Para a correção, precisamos mostrar que todo teorema de J 3 é válido segundo o modelo M J3. Isto é o que é conhecido como correção fraca. Mostraremos algo um pouco mais forte, que a cada consequência sintática corresponde uma consequência semântica. Teorema 6 (Correção) Γ γ Γ γ. Demonstração: Por indução sobre o comprimento da dedução Γ γ. Se o comprimento desta dedução é, então γ Γ ou γ é um axioma de J 3. Se γ Γ, então o resultado é imediato. Agora, devemos verificar que cada axioma de J 3 é válido segundo M J3. Faremos apenas mais alguns casos, pois (A), (A6), (A9) e (A0) já estão mostrados nos exemplos (a), (b), (c) e (d) da Seção. A validade dos axiomas (A7) e (A3) é imediata. (A) φ (φ ( φ ψ)): FEITOSA, H. A.; CRUZ, G. A.; GOLZIO, A. C. J. Um novo sistema de axiomas para a lógica paraconsistente J 3. C.Q.D. - Revista Eletrônica Paulista de Matemática, Bauru, v. 4, p. 6-9, ago. 05. DOI: 0.67/cqdvol hafgacacjg69 - Disponível em: 3

25 (A) φ (φ φ): φ (φ ( φ ψ)) φ (φ φ) Agora o passo indutivo. Se a dedução tem n passos, então o enunciado vale para todas as fórmulas que ocorrem até o passo n e aí a única regra de dedução, a MP, é aplicada. Assim, temos ρ, ρ δ δ. Pela hipótese de indução v(ρ) D e v(ρ δ) D. Logo, v(δ) D e, portanto, δ é válida segundo M J3. Com o Teorema da Correção, temos que todas as fórmulas de J 3 que são demonstradas no sistema de axiomas de J 3 são válidas segundo a semântica matricial M J3. O passo seguinte é mostrar que o sistema de axiomas usado demonstra todas as fórmulas que são válidas segundo M J3. 5 Completude A completude sempre exige mais esforços. Precisamos de algumas definições iniciais. Definição 7 Seja Γ {φ, ψ} F or(j 3 ): (i) o conjunto das consequências de Γ é o conjunto C(Γ) = {φ : Γ φ}; (ii) o conjunto Γ é uma teoria se C(Γ) Γ; (iii) o conjunto Γ é não trivial se existe alguma fórmula ψ tal que Γ ψ, isto é, C(Γ) F or(j 3 ); (iv) o conjunto Γ é completo quando para toda fórmula φ: Γ φ Γ {φ} é trivial; (v) o conjunto Γ é adequadamente completo se é completo e não trivial. A inclusão Γ C(Γ) vale sempre. Uma teoria é um conjunto Γ tal que Γ = C(Γ). Cada conjunto completo é uma teoria, pois já conta com todas as suas consequências. A definição de conjunto completo do item (iv) não exclui a possibilidade de Γ ser trivial, pois neste caso não ocorre que Γ φ e, desse antecedente falso, temos uma verdade. O conceito essencial é o de conjunto adequadamente completo, que coincide com o de maximal e não trivial. Este é tal que se tiramos uma fórmula, ele deixa de ser maximal e se incluímos uma nova fórmula ele deixa de ser não trivial. Nos resultados seguintes consideramos sempre Γ F or(j 3 ). FEITOSA, H. A.; CRUZ, G. A.; GOLZIO, A. C. J. Um novo sistema de axiomas para a lógica paraconsistente J 3. C.Q.D. - Revista Eletrônica Paulista de Matemática, Bauru, v. 4, p. 6-9, ago. 05. DOI: 0.67/cqdvol hafgacacjg69 - Disponível em: 4

26 Proposição 8 O conjunto Γ é não trivial se, e somente se, para toda fórmula φ F or(j 3 ), no máximo duas dentre φ, φ, φ estão em C(Γ). Demonstração: ( ) Se para alguma fórmula φ F or(j 3 ), temos que {φ, φ, φ} C(Γ), então, pelo axioma (A), o conjunto Γ é trivial. ( ) Se alguma fórmula não está em C(Γ), então Γ é não trivial. Proposição 9 O conjunto Γ é adequadamente completo se, e somente se, para toda fórmula φ F or(j 3 ), exatamente duas dentre φ, φ, φ estão em C(Γ). Demonstração: ( ) Como Γ é adequadamente completo, então é não trivial. Pela proposição anterior, no máximo duas dentre φ, φ, φ estão em C(Γ). Por outro lado, a condição de conjunto completo dá maximalidade dedutiva para Γ e, desse modo, não pode ocorrer menos que duas dentre φ, φ, φ em C(Γ). ( ) Consideremos que para toda fórmula φ F or(j 3 ), exatamente duas dentre φ, φ, φ estão em C(Γ). Pela proposição anterior, Γ é não trivial. Agora, se Γ ψ, então ψ é a terceira dentre as três fórmulas do tipo φ, φ, φ, para alguma φ e, assim, Γ {ψ} é trivial. Proposição 0 Para toda fórmula φ F or(j 3 ), há uma J 3 -valoração v tal que v satisfaz duas dentre φ, φ, φ e não satisfaz a outra. Demonstração: Se v 0 (φ) = 0, então v 0 ( φ) = e v 0 ( φ) = ; Se v (φ) =, então v ( φ) = e v ( φ) = 0; Se v (φ) =, então v ( φ) = 0 e v ( φ) =. Este resultado sugere que cada uma dentre φ, φ, φ é independente das outras duas. Proposição Γ φ Γ { φ, φ} é trivial. Demonstração: ( ) Se Γ φ, então Γ { φ, φ} φ φ φ e, portanto, Γ { φ, φ} é trivial. ( ) Se Γ { φ, φ} é trivial, então para toda fórmula σ, temos que Γ { φ, φ} σ. Em particular, Γ { φ, φ} φ. Pelo Teorema da Dedução, segue que Γ φ ( φ φ) e, pela Proposição 4 (i), Γ ( φ φ) φ. Agora, pela Proposição 5, temos que Γ φ. Corolário Se Γ é não trivial, então um dentre Γ { φ, φ}, Γ {φ, φ} e Γ { φ, φ} é não trivial. Lema 3 Se Γ é adequadamente completo, então: (i) ψ / Γ ψ Γ e ψ Γ; (ii) / Γ e Γ. Demonstração: (i) Como Γ é adequadamente completo, então o resultado segue da Proposição 9. (ii) Se Σ, então Σ é trivial. Como Γ é adequadamente completo, então / Γ e, depois, de (i), considerando-se =, temos que Γ. Agora veremos como os conjuntos adequadamente completos interagem bem com os axiomas da lógica J 3. Teorema 4 Se Γ é adequadamente completo, então valem: [] ψ σ Γ ψ Γ e σ Γ; [] ψ σ Γ ψ Γ ou σ Γ; [3] ψ Γ ψ Γ; [4] ψ σ Γ ψ / Γ ou σ Γ; FEITOSA, H. A.; CRUZ, G. A.; GOLZIO, A. C. J. Um novo sistema de axiomas para a lógica paraconsistente J 3. C.Q.D. - Revista Eletrônica Paulista de Matemática, Bauru, v. 4, p. 6-9, ago. 05. DOI: 0.67/cqdvol hafgacacjg69 - Disponível em: 5

27 [5] ψ Γ ψ / Γ ou ψ / Γ; [6] ψ Γ ψ Γ e ψ Γ; [7] ψ Γ ψ Γ; [8] ψ, σ Γ (ψ σ) Γ [9] ψ, σ Γ (ψ σ) Γ [0] ψ, σ Γ (ψ σ) Γ. Demonstração: Se Γ é adequadamente completo, então é uma teoria. [] Se ψ σ Γ, então dos axiomas (A3) e (A4), segue que ψ Γ e σ Γ. Por outro lado, se ψ Γ e σ Γ, a Proposição 4 (ii), que depende de (A5), garante que ψ σ Γ. [] De modo semelhante a [], segue dos axiomas (A6)-(A8). [3] Segue do axioma (A9). [4] ( ) Se ψ Γ, por MP, σ Γ. Logo, ψ / Γ ou σ Γ. ( ) Do axioma (A0), ψ (ψ σ) Γ e daí, por [], segue que ψ Γ ou ψ σ Γ. Se ψ / Γ, então ψ σ Γ; e se σ Γ, de (A), segue que σ (ψ σ) Γ e, por MP, ψ σ Γ. [5] Segue da Proposição 9. [6] Segue do axioma (A) e de []. [7] ( ) Segue do axioma (A3). ( ) Mais uma vez, pelo axioma (A3), temos ψ ψ ψ ψ Γ. [8] [0] Seguem dos axiomas (A4), (A5) e Proposição. Proposição 5 Para Γ {φ} F or(j 3 ), se existe uma J 3 -valoração v tal que v(σ) D σ Γ, então para toda fórmula φ: v(φ) = 0 φ / Γ v(φ) = φ / Γ v(φ) = φ / Γ. Demonstração: v(φ) = 0 v(φ) / D H φ / Γ; v(φ) = v( φ) = 0 v( φ) / D H φ / Γ; v(φ) = v( φ) = 0 v( φ) / D H φ / Γ. Proposição 6 Para Γ {φ} F or(j 3 ), se existe uma J 3 -valoração v tal que v(σ) D σ Γ, então Γ é adequadamente completo. Demonstração: Na visão das Proposições 9 e 5, basta mostrar que existe uma J 3 -valoração v tal que para toda fórmula φ: v(φ) = 0 φ, φ Γ v(φ) = φ, φ Γ v(φ) = φ, φ Γ. Como para toda fórmula φ cada J 3 -valoração v atribui exatamente um valor do conjunto {0,, }, então exatamente uma dentre φ, φ, φ não está em Γ. Portanto, vale a condição acima e Γ é adequadamente completo. Proposição 7 Se Γ é adequadamente completo, então existe uma J 3 -valoração v tal que v(σ) D σ Γ. Demonstração: Seja Γ adequadamente completo. Então para toda fórmula φ F or(j 3 ), exatamente duas dentre φ, φ, φ estão em Γ. ( ) Para cada variável p, se p / Γ, então seja v(p) = 0, se p Γ, então seja v(p) = e se p Γ, então seja v(p) =. Assim, temos uma valoração tal que v(σ) D σ Γ. ( ) Mostramos por indução na complexidade das fórmulas que ocorrem em Γ, que se σ Γ v(σ) D. Usamos as Proposições 9 e 0. FEITOSA, H. A.; CRUZ, G. A.; GOLZIO, A. C. J. Um novo sistema de axiomas para a lógica paraconsistente J 3. C.Q.D. - Revista Eletrônica Paulista de Matemática, Bauru, v. 4, p. 6-9, ago. 05. DOI: 0.67/cqdvol hafgacacjg69 - Disponível em: 6

28 Se σ é uma variável p, então de acordo com a Proposição 0: se p, p Γ, então v(p) = se p, p Γ, então v(p) = se p, p Γ, então v(p) = 0. Se σ é uma negação ψ, então: se ψ, ψ Γ, por [7], ψ, ψ Γ e então v(ψ) = 0 se ψ, ψ Γ, por [3], ψ, ψ Γ e então v(ψ) = se ψ, ψ Γ, por [3] e [7], ψ, ψ Γ e então v(ψ) =. Se σ é do tipo ψ, então não podem ocorrer σ e σ em Γ: se ψ Γ, por [6], ψ, ψ Γ e então v(ψ) = se ψ Γ, por [5], ψ / Γ ou ψ / Γ e então v(ψ) = 0 ou v(ψ) =. Se σ é uma conjunção ψ η, então: se (ψ η), (ψ η) Γ, por [], ψ Γ, η Γ e (ψ η) Γ, então v(ψ) = e v(η) = se (ψ η), (ψ η) Γ, então (ψ η) / Γ. Daí, por [] e [0], ψ, η Γ e ψ / Γ; ou ψ, η Γ e η / Γ, então v(ψ) = e v(η) D ou v(ψ) D e v(η) = se (ψ η), (ψ η) Γ, então ψ η, (ψ η) Γ, por [], ψ, (ψ η) Γ ou η, (ψ η) Γ e então v(ψ) = 0 ou v(ψ) = e v(η) = 0; ou v(η) = 0 ou v(η) = e v(ψ) = 0. Se σ é uma disjunção ψ η, então: se (ψ η), (ψ η) Γ, por [], ψ Γ e (ψ η) Γ ou η Γ e (ψ η) Γ, então v(ψ) = ou v(η) =. se (ψ η), (ψ η) Γ, então (ψ η) / Γ e, por [9], ψ / Γ ou η / Γ. Da primeira afirmação segue que (ψ η), ψ η Γ, por [] e [], ψ, ψ, η Γ ou η, ψ, η Γ e então v(ψ) = e v(η) ; ou v(η) = e v(ψ) se (ψ η), (ψ η) Γ, então ψ η / Γ e, por [], ψ / Γ e η / Γ e, portanto, v(ψ) = 0 = v(η). Se σ é do tipo ψ η, então: se ψ η, (ψ η) Γ, por [4], ψ / Γ ou η Γ e (ψ η) Γ e, daí, v(ψ) = 0 ou v(η) =. se ψ η, (ψ η) Γ, então (φ ψ) / Γ, por [8], ψ / Γ ou η / Γ e, portanto, v(η) = e v(ψ) D se (ψ η), (ψ η) Γ, então ψ η / Γ, por [4], ψ Γ e η / Γ e, portanto, v(φ) D e v(ψ) = 0. Corolário 8 O conjunto Γ é adequadamente completo se, e somente se, existe uma J 3 -valoração v tal que v(σ) D σ Γ. Demonstração: Segue das duas proposições anteriores. Lema 9 Todo conjunto não trivial pode ser estendido a um conjunto adequadamente completo. FEITOSA, H. A.; CRUZ, G. A.; GOLZIO, A. C. J. Um novo sistema de axiomas para a lógica paraconsistente J 3. C.Q.D. - Revista Eletrônica Paulista de Matemática, Bauru, v. 4, p. 6-9, ago. 05. DOI: 0.67/cqdvol hafgacacjg69 - Disponível em: 7

29 Demonstração: Se Γ é não trivial, então mostraremos que ele está contido em um conjunto adequadamente completo Σ. Consideremos uma enumeração de todas as fórmulas de J 3 : ψ 0, ψ, ψ, ψ 3,... e Σ 0 = def Γ. Agora, respeitando a ordenação acima, definimos, indutivamente, a seguinte sequência de conjuntos de fórmulas. { (i) Σn {ψ n, ψ n }, se Σ n {ψ n, ψ n } é não trivial Σ n+ = def (ii) Σ n {ψ n, ψ n }, se Σ n {ψ n, ψ n } é não trivial. (iii) Σ n { ψ n, ψ n }, se Σ n { ψ n, ψ n } é não trivial, Finalmente, seja Σ = def n N Σ n. Por construção, para cada n N, o conjunto Σ n é não trivial e, desse modo, também Σ é não trivial. Além disso, Γ = Σ 0 Σ e o conjunto Σ é adequadamente completo, pois percorre todo o conjunto F or(j 3 ). Proposição 0 O conjunto Γ é não trivial se, e somente se, tem um modelo dado por uma J 3 -valoração. Demonstração: Se Γ é não trivial, então pode ser estendido a um conjunto adequadamente completo Σ, para o qual há uma J 3 -valoração tal que v(σ) D σ Γ. Por outro lado, se há uma J 3 -valoração tal que v(σ) D σ Γ, então existe ψ F or(j 3 ) tal que v(ψ) / D e, portanto, ψ / Γ. Teorema (Completude) Γ γ Γ γ. Demonstração: Se Γ γ, pela Proposição, o conjunto Γ { γ, γ} é não trivial. Do Lema 9, há uma teoria adequadamente completa Σ tal que Γ { γ, γ} Σ. Pelo Corolário 8, existe uma J 3 -valoração v tal que v(σ) D se, e somente se, σ Σ. Assim, v( γ), v( γ) D e v(γ) / D. Logo, Γ γ. Os resultados seguintes dão ênfase à dedutibilidade finita de J 3. Proposição Se Γ ψ, então existe um subconjunto finito Γ f Γ, tal que Γ f ψ. Demonstração: Se Γ ψ, pelo Teorema da Completude, Γ ψ. Daí, seja Γ f um subconjunto finito de Γ, constituído pelas fórmulas que ocorrem numa dedução de ψ a partir de Γ. Assim, Γ f ψ e, pelo Teorema da Correção, Γ f ψ. Proposição 3 Se todo subconjunto finito de Γ tem modelo, então Γ tem modelo. Demonstração: Se Γ não tem modelo, então é trivial. Portanto, para alguma fórmula ψ, Γ ψ ψ ψ. Seja Γ f o subconjunto finito de Γ determinado pelas fórmulas que ocorrem na dedução de ψ ψ ψ a partir de Γ f. Desse modo, Γ f ψ ψ ψ e, portanto, Γ f é trivial. Logo, Γ f não tem modelo. Segue destas proposições o Teorema da Compacidade. Teorema 4 (Compacidade) O conjunto de fórmulas Γ tem modelo se, e somente se, todo subconjunto finito de Γ tem modelo. Considerações finais Introduzimos um conjunto de axiomas levemente distinto das versões anteriores, as quais foram mencionadas no texto. Entendemos que nosso conjunto de axiomas FEITOSA, H. A.; CRUZ, G. A.; GOLZIO, A. C. J. Um novo sistema de axiomas para a lógica paraconsistente J 3. C.Q.D. - Revista Eletrônica Paulista de Matemática, Bauru, v. 4, p. 6-9, ago. 05. DOI: 0.67/cqdvol hafgacacjg69 - Disponível em: 8

30 é mais simples que os anteriores e conta com uma argumentação mínima sobre a presença de cada axioma no sistema hilbertiano proposto. Este sistema é correto e completo para as matrizes de J 3, denotada por M J3. Demos uma demonstração bastante simples e direta, motivada por [9], mas com algumas contribuições nossas. Finalmente, mostramos que o sistema é adequado, mas não temos certeza de que precisamos de todos os axiomas do sistema. Não mostramos a independência dos axiomas, mas apenas que eles dão conta de gerar todas as fórmulas J 3 -válidas. Fica então a questão de saber se podemos dispensar algum dos axiomas ou parte deles. Agradecimentos Agradecemos apoio do CNPq e da FAPESP. Referências [] BOLC, L., BOROWIK, P. Many-valued logics: theoretical foundations. Berlin: Springer-Verlag, 99. [] CARNIELLI, W.; CONIGLIO, M. E; MARCOS, J. Logics of formal inconsistency. In GABBAY, D.; GUENTHNER, F. (Eds.) Handbook of Philosophical Logic, nd. ed., v. 4, p. -93, 007. [3] CARNIELLI, W. A.; MARCOS J.; AMO S. Formal inconsistency and evolutionary databases. Logic and Logical Philosophy, v. 8, p. 5-5, 000. [4] CONIGLIO, M. E.; SILVESTRINI, L. H. C. An alternative approach for quasitruth. Logic Journal of IGPL, v., p , 04. [5] D OTTAVIANO, I. M. L. The completeness and compactness of a three-valued first-order logic. Revista Colombiana de Matemáticas, v. XIX, n. 9, p , 985. [6] D OTTAVIANO, I. M. L. Definability and quantifier elimination for J 3 -theories. Studia Logica, v. XLVI, v. 46, n., p , 987. [7] D OTTAVIANO, I. M. L.; da COSTA, N. C. A. Sur un problème de Jáskowski. Comptes Rendus de l Académie de Sciences de Paris (A-B), v. 70, p , 970. [8] ENDERTON, H. B. A mathematical introduction to logic. San Diego: Academic Press, 97. [9] EPSTEIN, R. L. The semantic foundations of logic. Volume : propositional logics. Dordrecht: Kluwer Academic Publishers, 990. [0] FEITOSA, H. A.; PAULOVICH, L. Um prelúdio à lógica. São Paulo: Editora, UNESP, 005. [] MALINOWSKI, G. Many-valued logics. Oxford: Clarendon Press, 993. [] RASIOWA, H. An algebraic approach to non-classical logics. Amsterdam: North-Holland, 974. FEITOSA, H. A.; CRUZ, G. A.; GOLZIO, A. C. J. Um novo sistema de axiomas para a lógica paraconsistente J 3. C.Q.D. - Revista Eletrônica Paulista de Matemática, Bauru, v. 4, p. 6-9, ago. 05. DOI: 0.67/cqdvol hafgacacjg69 - Disponível em: 9

31 Parábolas e hipérboles envolventes Calixto Garcia * Resumo Não é raro na escola do ensino básico a confecção de trabalhos artísticos que consistem em unir, com barbantes esticados, pregos fixados em uma base plana, seguindo alguma regularidade. Nesse contexto, curvas podem ser definidas com a propriedade de tangenciar cada linha da coleção de segmentos concebidos por tais barbantes, característica das chamadas curvas envolventes. Pretende-se explorar neste trabalho duas situações que geram curvas com essa propriedade, quais sejam: a parábola e a hipérbole. Palavras-chave: curvas envolventes, parábola, hipérbole. Introdução Dar tratamento matemático a situações do cotidiano é um hábito que usualmente se desenvolve naquele que aprecia as ciências exatas. A situação que expomos no resumo é oportuna a esse tratamento. Ao abordá-la, dispondo-se de uma base plana, inicialmente estabelecemos uma disposição para os pregos e, a depender da interligação destes com os barbantes, determinamos analiticamente a parábola ou a hipérbole como curva envolvente. Em seguida, para cada caso, procedemos a uma generalização (com demonstração de recíproca), estudando o comportamento de cada curva criada na medida em que alteramos o posicionamento dos pregos. Nesse estudo, é interessante e instrutivo contar com o auxílio de softwares geradores de gráficos ou dedicados à Geometria, tais como o Winplot, Graphmatica, Cabri e o Geogebra, sobretudo com os que oferecem apresentação dinâmica. * klixg@yahoo.com.br. EEP, Piracicaba, SP; Uniesp, Tietê, SP; Colégio Gradual, Cerquilho, SP; E. E. Pres. Arthur da Silva Bernardes, Cerquilho, SP GARCIA, C. Parábolas e hipérboles envolventes. C.Q.D. - Revista Eletrônica Paulista de Matemática, Bauru, v. 4, p. 30-4, ago. 05. DOI: 0.67/cqdvol cg304 - Disponível em: 30

32 Parábola envolvente Imaginemos, na figura, pregos igualmente espaçados sobre os lados de um ângulo reto. Note que os pedaços de barbante esticados que unem cada dois deles são hipotenusas de triângulos com a soma das medidas dos catetos constante. figura Mostremos que existe uma parábola tangenciando cada linha dessa coleção, ou, em outras palavras, que a curva envolvente criada por essas linhas é uma parábola. Iniciemos com um exemplo, adotando para soma das distâncias dos pontos de fixação do barbante ao vértice do referido ângulo reto, considerando-o com lados nas bissetrizes dos dois primeiros quadrantes de um plano cartesiano. Observando a figura, devemos ter OP + OQ =. Assim, sendo xq = k, com 0 k, temos OQ = k e, portanto, OP = k = ( k). Com isso, concluímos que xp = ( k) e, também, conhecemos Q = (k, k) e P = (k, k). figura GARCIA, C. Parábolas e hipérboles envolventes. C.Q.D. - Revista Eletrônica Paulista de Matemática, Bauru, v. 4, p. 30-4, ago. 05. DOI: 0.67/cqdvol cg304 - Disponível em: 3

33 Então, a reta PQ tem coeficiente angular equação é: y k = (k )(x k). k ( k) k ( k ) = k, e, portanto, sua Embora tenhamos um número finito de barbantes, para cada k real entre 0 e, vamos considerar a família de retas com a equação y k = (k )(x k). Essa equação é quadrática na variável k, a saber, k (x + )k + x + y = 0, e deve apresentar uma só solução, se procurarmos os pontos (x, y) pelos quais passa uma única reta dessa família. Com isso, seu discriminante Δ = (x + ) 4(x + y) deve ser nulo, o que conduz à equação y = ¼ x +, reconhecidamente de uma parábola. E, para cada k, não é difícil verificar que a tal reta intersecta essa parábola no ponto ((k ), (k ) + ). Em outras palavras, todos os pontos por onde passa somente uma reta da família pertencem à parábola y = ¼ x +. Vamos proceder agora a uma generalização compreendendo a inclinação das semirretas OP e OQ e a tal soma OP + OQ. Sem perdê-la, entretanto, podemos posicionar na origem O o vértice do ângulo que delimita a curva envolvente, tendo como bissetriz a parte positiva do eixo y, como fizemos acima. Denominemos S a soma das distâncias dos pontos de fixação do barbante ao vértice desse ângulo. Como se pode observar na figura 3, os lados dos ângulos estão contidos nas retas de equações y = (tgα) x e y = (tgα) x. Daí, sendo xq = k, temos Q = (k, (tgα) k). Como k k = OQ cosα e OQ + OP = S, então OP = S, para 0 k S cosα. Disso, xp = cos OP cosα = S cosα k, ou, xp = k S cosα e, também, yp = (tgα) xp = S senα k tgα. Portanto, P = (k S cosα, S senα k tgα). Daí, a reta PQ, de coeficiente angular k tg S sen, tem equação y k tgα = S cos k tg S sen (x k). Essa equação S cos pode ser reescrita assim: (tgα) k (S senα + x tgα) k + S x senα + S y cosα = 0. Na variável k, deve apresentar apenas uma solução, se desejarmos encontrar os pontos (x, y) pelos quais passa uma única reta dessa família. sen discriminante, o que equivale a y = x S cos Isso significa que é nulo o seu S sen, com 0 < α < π/. GARCIA, C. Parábolas e hipérboles envolventes. C.Q.D. - Revista Eletrônica Paulista de Matemática, Bauru, v. 4, p. 30-4, ago. 05. DOI: 0.67/cqdvol cg304 - Disponível em: 3

34 figura 3 Para ilustrar alguns casos particulares dessas porções de parábolas com prolongamentos, apresentamos a figura 4: na esquerda, temos fixo α = π/3 e, na direita, S = 4. figura 4 GARCIA, C. Parábolas e hipérboles envolventes. C.Q.D. - Revista Eletrônica Paulista de Matemática, Bauru, v. 4, p. 30-4, ago. 05. DOI: 0.67/cqdvol cg304 - Disponível em: 33

35 Vamos formular uma espécie de recíproca do que foi tratado acima. Seja uma parábola e um ângulo com vértice em seu eixo de simetria, de modo que seus lados tangenciam-na. Considere os pontos P e Q, cada qual pertencente a um lado desse ângulo, tal que o segmento PQ seja também tangente à parábola. Mostremos que, quaisquer que sejam os pares de pontos P e Q assim tomados, a soma das distâncias destes pontos ao vértice do referido ângulo é constante. De fato, sem comprometer a ideia geral, podemos tomar uma parábola com vértice na origem do sistema cartesiano, com concavidade voltada para cima. Ela tem, portanto, equação da forma y = ax, com a > 0. Para dado λ > 0, seja R = (0, λ) o vértice do ângulo descrito acima. Como se pode observar na figura 5, os lados desse ângulo estão contidos em retas de equações y = mx λ e y = mx λ e, já que são tangentes à parábola, têm discriminante nulo as equações ax = mx λ, o que implica em m = a e, daí, os pontos de tangência são U =, a e V =, a. figura 5 Sabemos que, a cada ponto T = (x0, a x 0 ) da parábola em questão, está associada a equação do feixe de retas y a x 0 = m (x x0) que o contém. Se procurarmos pela reta PQ deste feixe que a tangencie neste ponto, devemos impor nulo o discriminante da GARCIA, C. Parábolas e hipérboles envolventes. C.Q.D. - Revista Eletrônica Paulista de Matemática, Bauru, v. 4, p. 30-4, ago. 05. DOI: 0.67/cqdvol cg304 - Disponível em: 34

36 equação ax a x 0 = m (x x0), na variável x, o que equivale a se ter m = ax0 (*). Com isso, a equação da reta PQ fica assim: y = ax0x a x 0. Resolvendo dois sistemas com essa equação em comum, combinada com cada uma das equações das retas suportes y = a x λ e y = a x λ dos lados do ângulo dado, obtemos as coordenadas de Q e P. Eis suas abscissas: xq = ax 0 ax 0 a e xp = ax ax 0 0 a. Uma vez que y + λ = a x, então, como PR = x P ( y P ) e QR = x Q y Q ( ), temos a soma S = PR + QR = x P a 4 xp + x Q 4a xq = ( x x ) a. Sendo P Q 4 x a 0 a, S = ( x x ) Q P 4 a = ax ax0 ax0 a ax a 0 0 4a. Com algumas manipulações algébricas chegamos a S = λ 4 a, que é constante, como queríamos mostrar. Hipérbole envolvente A figura 6 ilustra a mesma disposição dos pregos que na figura. figura 6 * Para obter o coeficiente m mais diretamente, é suficiente calcular a derivada da função f(x) = ax no ponto x0. GARCIA, C. Parábolas e hipérboles envolventes. C.Q.D. - Revista Eletrônica Paulista de Matemática, Bauru, v. 4, p. 30-4, ago. 05. DOI: 0.67/cqdvol cg304 - Disponível em: 35

37 Note, agora, que os pedaços de barbante esticados que unem cada dois deles são hipotenusas de triângulos com o produto das medidas dos catetos constante. A curva envolvente criada por essas linhas é um ramo de uma hipérbole equilátera. Suas assíntotas são as retas suportes dos lados desse ângulo. De fato, seja M o produto das distâncias dos pontos de fixação do barbante ao vértice do referido ângulo reto, considerando-o com lados nas bissetrizes dos dois primeiros quadrantes de um plano cartesiano, assim como fizemos com o caso anterior. OQ = k Observando a figura 7, devemos ter OP OQ = M. Assim, com xq = k > 0, temos e, portanto, OP = k M conhecemos Q = (k, k) e P = (. Com isso, concluímos que xp = M k, M k M k k k M, e, portanto, sua equação é: y k = M k k M k M k e, também, ). Então, a reta PQ tem coeficiente angular k k M M (x k). figura 7 Embora também tenhamos um número finito de barbantes, para cada real k > 0, vamos considerar a família de retas com a equação y k = k k M (x k). Essa M equação é quadrática na variável k, a saber, (y x) k M k + M(y + x) = 0, e deve apresentar uma só solução, se procurarmos os pontos (x, y) pelos quais passa uma única reta dessa família. Com isso, seu discriminante Δ = 4M[M (y x )] deve ser nulo, o que conduz à equação y x = M, reconhecidamente de uma hipérbole equilátera com as bissetrizes dos quadrantes do plano cartesiano como assíntotas. GARCIA, C. Parábolas e hipérboles envolventes. C.Q.D. - Revista Eletrônica Paulista de Matemática, Bauru, v. 4, p. 30-4, ago. 05. DOI: 0.67/cqdvol cg304 - Disponível em: 36

38 Em outras palavras, todos os pontos por onde passa somente uma reta da família pertencem à hipérbole y x = M. Vamos proceder a uma generalização, baseando-nos na figura 3, ainda com 0 < α < π/ e agora, com OP OQ = M. Sendo Q = (k, k tgα), k > 0, como k = OQ cosα, então, OP = M cos k. E, como xp = OP cosα, então, xp = M cos k. Daí, yp = (tgα) xp = M sen cos k M cos M sen cos. Portanto, P =,. k k A reta PQ, de coeficiente angular m = k tg M sen cos, tem equação k M cos y k tgα = m(x k) que, após manipulações algébricas, também pode ter a seguinte forma: (y x tgα) k (M senα cosα) k + M y cos α + M x senα cosα. Na variável k, esta equação deve apresentar apenas uma solução, se desejarmos encontrar os pontos (x, y) pelos quais passa uma única reta dessa família. Isso significa que é nulo o seu discriminante, o que, com um pouco de trabalho, nos conduz ao equivalente: y x M, com y > 0, que, por sua vez, pode ser reescrita na forma explícita sen cos y = tgα M cos x. Uma conclusão a mais: para cada k, cada ponto dessa hipérbole é médio do segmento PQ, uma vez que a equação da hipérbole é satisfeita para as coordenadas desse ponto. De fato, se T é ponto médio de PQ, T = k M cos k M sen cos k, k tg. Daí, tgα M cos xt = tgα k M cos M cos = k tg k ( k M cos ) = M sen cos k k tg = yt. A figura 8 ilustra alguns casos particulares desses ramos de hipérboles com suas assíntotas: na esquerda, temos fixo α = π/3 e, na direita, M =. GARCIA, C. Parábolas e hipérboles envolventes. C.Q.D. - Revista Eletrônica Paulista de Matemática, Bauru, v. 4, p. 30-4, ago. 05. DOI: 0.67/cqdvol cg304 - Disponível em: 37

39 figura 8 Formulemos uma recíproca para esse resultado. Consideremos um ramo de uma hipérbole de centro O, o ponto comum de suas assíntotas, e uma reta tangente a essa curva. Sejam P e Q os pontos de intersecção dessa reta com tais assíntotas. Então, o produto OP OQ é constante, e mais: o ponto de tangência da reta considerada é médio do segmento PQ. De fato, sem afetar a generalidade, podemos considerar o ramo com ordenadas y x positivas da hipérbole, com a e b positivos, ou seja, da curva com equação b a y = a b x b cartesiano, com assíntotas y =. Trata-se da tal porção de hipérbole centrada na origem O do plano a b x e y = a b x (figura 9). figura 9 GARCIA, C. Parábolas e hipérboles envolventes. C.Q.D. - Revista Eletrônica Paulista de Matemática, Bauru, v. 4, p. 30-4, ago. 05. DOI: 0.67/cqdvol cg304 - Disponível em: 38

40 Sabemos que, a cada ponto T = (x0, associada a equação do feixe de retas y a b a b x 0 b x 0 b ) da hipérbole em questão, está = m(x x0) que o contém. A reta desse feixe que é tangente a essa hipérbole tem o coeficiente m igual ao valor da derivada da função f(x) = a b x b no ponto x0, a saber, m = a b x x 0 b (*). Assim, a equação da reta tangente à hipérbole no ponto T é y a b x 0 b = a b x x 0 b (x x0). Resolvendo dois sistemas com essa equação em comum, combinada com cada uma das equações y = b a x e y = b a x das assíntotas, obtemos P = x 0 b ab, b x x0 b x0 0 e Q = b ab, x b x x0 b x Com algumas manipulações algébricas chegamos ao produto OP OQ = a + b, que é constante, como pretendido. Ainda, xp x Q = x b b x b x x b = [ x 0 b ( x x0 0 b )] = x0 = xt e yp y Q ab 0 = ab ab x b 0 b x0 x0 b x0 x b = a b x 0 b Com isso, T é ponto médio de PQ. Isso completa a demonstração da recíproca. = y0 = yt. 3 Construções geométricas Os gráficos apresentados nas figuras 4 e 8 foram construídos por um software a partir de suas equações cartesianas. Também se contando com recursos da informática, essas curvas podem ser observadas quando da construção geométrica das retas que as delimitam, a partir das propriedades que possuem, evidenciadas nesse estudo. * Embora mais trabalhoso, é possível obter o coeficiente m da maneira que foi realizado para encontrar m, no caso da parábola, ou seja, sem se valer do Cálculo Diferencial. GARCIA, C. Parábolas e hipérboles envolventes. C.Q.D. - Revista Eletrônica Paulista de Matemática, Bauru, v. 4, p. 30-4, ago. 05. DOI: 0.67/cqdvol cg304 - Disponível em: 39

41 No caso da parábola, devemos construir segmentos com extremidades em cada lado de um ângulo dado, de modo que a soma das distâncias dessas extremidades ao vértice desse ângulo seja fixa. Para tanto, primeiramente construímos o ângulo e um segmento de medida fixa s (figura 0). Marcamos um ponto nesse segmento e transferimos (via compasso) as medidas das distâncias u e v desse ponto às suas extremidades em cada lado do ângulo, a partir de seu vértice. Com isso determinamos nesses lados segmentos com a propriedade descrita acima, isto é, com u + v = s. Ao deslizarmos o ponto marcado, ao longo do segmento de medida s, o software de Geometria Dinâmica encarrega-se de traçar os segmentos que delimitam a parábola envolvente. figura 0 No caso da hipérbole, devemos construir segmentos com extremidades em cada lado de um ângulo dado, de modo que o produto ω das distâncias dessas extremidades ao vértice desse ângulo seja fixo. Para tanto, primeiramente definimos o segmento de medida unitária, construímos o ângulo e o segmento de medida ω (figura ). Assim, se desejamos criar segmentos de medidas p e q tais que pq = ω é constante, a serem transferidas nos lados do ângulo dado, como na situação anterior, efetuamos uma construção auxiliar, que se encontra abaixo e à esquerda na figura. figura GARCIA, C. Parábolas e hipérboles envolventes. C.Q.D. - Revista Eletrônica Paulista de Matemática, Bauru, v. 4, p. 30-4, ago. 05. DOI: 0.67/cqdvol cg304 - Disponível em: 40

42 Nessa construção auxiliar, temos um ângulo nos lados do qual são transferidas as medida e uma medida p, por meio do posicionamento arbitrário do ponto P, seguida da transferência de ω. A medida q, sendo a quarta proporcional nessa construção, garante que pq = ω. Ao deslizarmos o ponto P ao longo da semirreta a que pertence, o software de Geometria Dinâmica encarrega-se de traçar os segmentos que delimitam a hipérbole envolvente. Essa hipérbole pode também ser obtida pelo software com o traçado do lugar geométrico dos pontos médios T desses segmentos, por meio do mencionado deslizamento de P. A figura ilustra um número considerável de segmentos, com as propriedades citadas, que delimitam as curvas envolventes: na esquerda, a parábola e, na direita, a hipérbole. figura 4 Conclusão As cônicas possuem várias definições equivalentes. Nesse texto foram exploradas caracterizações de parábola e hipérbole por meio de envolventes, pouco usuais nos currículos escolares, contudo, associadas a construções acessíveis ao ensino básico, seja fisicamente, seja com o auxílio de softwares da informática. Podemos construir uma infinidade de triângulos em que certo ângulo interno é fixo. Vimos aqui que, aqueles triângulos cuja soma das medidas dos lados que formam GARCIA, C. Parábolas e hipérboles envolventes. C.Q.D. - Revista Eletrônica Paulista de Matemática, Bauru, v. 4, p. 30-4, ago. 05. DOI: 0.67/cqdvol cg304 - Disponível em: 4

Um Estudo Sobre Espaços Vetoriais Simpléticos

Um Estudo Sobre Espaços Vetoriais Simpléticos Um Estudo Sobre Espaços Vetoriais Simpléticos Fabiano Borges da Silva Lívia T. Minami Borges 28 de novembro de 2015 Resumo O presente artigo estuda de maneira detalhada espaços vetoriais que possuem uma

Leia mais

Uma curiosa propriedade com inteiros positivos

Uma curiosa propriedade com inteiros positivos Uma curiosa propriedade com inteiros positivos Fernando Neres de Oliveira 21 de junho de 2015 Resumo Neste trabalho iremos provar uma curiosa propriedade para listas de inteiros positivos da forma 1, 2,...,

Leia mais

Um novo sistema de axiomas para a lógica paraconsistente J 3

Um novo sistema de axiomas para a lógica paraconsistente J 3 Um novo sistema de axiomas para a lógica paraconsistente J 3 Hércules de Araujo Feitosa Gabriel Alexandre da Cruz Ana Cláudia de Jesus Golzio Resumo We investigate the paraconsistent logic J 3. As original

Leia mais

Campos hamiltonianos e primeiro grupo de cohomologia de De Rham.

Campos hamiltonianos e primeiro grupo de cohomologia de De Rham. Campos hamiltonianos e primeiro grupo de cohomologia de De Rham. Ronaldo J. S. Ferreira e Fabiano B. da Silva 18 de novembro de 2015 Resumo Neste trabalho vamos explorar quando um campo vetorial simplético

Leia mais

Espaços quase topológicos: o caso em que cada conjunto fechado é também aberto. Introdução. Hércules de A. Feitosa, Mauri C.

Espaços quase topológicos: o caso em que cada conjunto fechado é também aberto. Introdução. Hércules de A. Feitosa, Mauri C. Espaços quase topológicos: o caso em que cada conjunto fechado é também aberto Hércules de A. Feitosa, Mauri C. do Nascimento, Departamento de Matemática, FC, UNESP, 17033-360, Bauru, SP E-mail: haf@fc.unesp.br,

Leia mais

Produtos de potências racionais. números primos.

Produtos de potências racionais. números primos. MATEMÁTICA UNIVERSITÁRIA n o 4 Dezembro/2006 pp. 23 3 Produtos de potências racionais de números primos Mário B. Matos e Mário C. Matos INTRODUÇÃO Um dos conceitos mais simples é o de número natural e

Leia mais

Unidade 5 - Subespaços vetoriais. A. Hefez e C. S. Fernandez Resumo elaborado por Paulo Sousa. 10 de agosto de 2013

Unidade 5 - Subespaços vetoriais. A. Hefez e C. S. Fernandez Resumo elaborado por Paulo Sousa. 10 de agosto de 2013 MA33 - Introdução à Álgebra Linear Unidade 5 - Subespaços vetoriais A. Hefez e C. S. Fernandez Resumo elaborado por Paulo Sousa PROFMAT - SBM 10 de agosto de 2013 Às vezes, é necessário detectar, dentro

Leia mais

Capítulo 2. Ortogonalidade e Processo de Gram-Schmidt. Curso: Licenciatura em Matemática

Capítulo 2. Ortogonalidade e Processo de Gram-Schmidt. Curso: Licenciatura em Matemática Capítulo 2 Ortogonalidade e Processo de Gram-Schmidt Curso: Licenciatura em Matemática Professor-autor: Danilo Felizardo Barboza Wilberclay Gonçalves de Melo Disciplina: Álgebra Linear II Unidade II Aula

Leia mais

Conceitos Básicos sobre Representações e Caracteres de Grupos Finitos. Ana Cristina Vieira. Departamento de Matemática - ICEx - UFMG

Conceitos Básicos sobre Representações e Caracteres de Grupos Finitos. Ana Cristina Vieira. Departamento de Matemática - ICEx - UFMG 1 Conceitos Básicos sobre Representações e Caracteres de Grupos Finitos Ana Cristina Vieira Departamento de Matemática - ICEx - UFMG - 2011 1. Representações de Grupos Finitos 1.1. Fatos iniciais Consideremos

Leia mais

ALGA I. Operadores auto-adjuntos (simétricos e hermitianos). Teorema espectral

ALGA I. Operadores auto-adjuntos (simétricos e hermitianos). Teorema espectral Módulo 9 ALGA I. Operadores auto-adjuntos (simétricos e hermitianos). Teorema espectral Contents 9.1 Operadores auto-adjuntos (simétricos e hermitianos) 136 9. Teorema espectral para operadores auto-adjuntos...........

Leia mais

UM SISTEMA DE TABLEAUX PARA A LÓGICA PARACONSISTENTE J3

UM SISTEMA DE TABLEAUX PARA A LÓGICA PARACONSISTENTE J3 UM SISTEMA DE TABLEAUX PARA A LÓGICA PARACONSISTENTE J3 A TABLEAUX SYSTEM FOR THE PARACONSISTENT LOGIC J 3 Helen Gomes da Silva 1 Hércules de Araujo Feitosa 2 Gabriel Alexandre da Cruz 3 Resumo: A Lógica

Leia mais

Introduzir os conceitos de base e dimensão de um espaço vetorial. distinguir entre espaços vetoriais de dimensão fnita e infinita;

Introduzir os conceitos de base e dimensão de um espaço vetorial. distinguir entre espaços vetoriais de dimensão fnita e infinita; META Introduzir os conceitos de base e dimensão de um espaço vetorial. OBJETIVOS Ao fim da aula os alunos deverão ser capazes de: distinguir entre espaços vetoriais de dimensão fnita e infinita; determinar

Leia mais

Sobre a compacidade lógica e topológica

Sobre a compacidade lógica e topológica Sobre a compacidade lógica e topológica Hércules de Araujo Feitosa Mauri Cunha do Nascimento Marcelo Reicher Soares Resumo Os ambientes da Lógica e da Topologia têm a compacidade como uma propriedade importante.

Leia mais

A LÓGICA PROPOSICIONAL DO QUASE SEMPRE

A LÓGICA PROPOSICIONAL DO QUASE SEMPRE Revista Eletrônica de Filosofia Philosophy Eletronic Journal ISSN 1809-8428 São Paulo: Centro de Estudos de Pragmatismo Programa de Estudos Pós-Graduados em Filosofia Pontifícia Universidade Católica de

Leia mais

MAT Resumo Teórico e Lista de

MAT Resumo Teórico e Lista de MAT 0132 - Resumo Teórico e Lista de Exercícios April 10, 2005 1 Vetores Geométricos Livres 1.1 Construção dos Vetores 1.2 Adição de Vetores 1.3 Multiplicação de um Vetor por um Número Real 2 Espaços Vetoriais

Leia mais

Capítulo 6. Operadores Ortogonais. Curso: Licenciatura em Matemática. Professor-autor: Danilo Felizardo Barboza Wilberclay Gonçalves Melo

Capítulo 6. Operadores Ortogonais. Curso: Licenciatura em Matemática. Professor-autor: Danilo Felizardo Barboza Wilberclay Gonçalves Melo Capítulo 6 Operadores Ortogonais Curso: Licenciatura em Matemática Professor-autor: Danilo Felizardo Barboza Wilberclay Gonçalves Melo Disciplina: Álgebra Linear II Unidade II Aula 6: Operadores Ortogonais

Leia mais

Lógica Computacional Aulas 8 e 9

Lógica Computacional Aulas 8 e 9 Lógica Computacional Aulas 8 e 9 DCC/FCUP 2017/18 Conteúdo 1 Lógica proposicional 1 11 Integridade e completude dum sistema dedutivo D 1 111 Integridade do sistema de dedução natural DN 1 112 3 12 Decidibilidade

Leia mais

MCTB Álgebra Linear Avançada I Claudia Correa Exercícios sobre transformações lineares. Os Exercícios 3 e 4 são os exercícios bônus dessa lista.

MCTB Álgebra Linear Avançada I Claudia Correa Exercícios sobre transformações lineares. Os Exercícios 3 e 4 são os exercícios bônus dessa lista. MCTB002-13 Álgebra Linear Avançada I Claudia Correa Exercícios sobre transformações lineares Os Exercícios 3 e 4 são os exercícios bônus dessa lista. Definição 1. Dados conjuntos X e Y, uma função ϕ :

Leia mais

Capítulo 5. Operadores Auto-adjuntos. Curso: Licenciatura em Matemática. Professor-autor: Danilo Felizardo Barboza Wilberclay Gonçalves Melo

Capítulo 5. Operadores Auto-adjuntos. Curso: Licenciatura em Matemática. Professor-autor: Danilo Felizardo Barboza Wilberclay Gonçalves Melo Capítulo 5 Operadores Auto-adjuntos Curso: Licenciatura em Matemática Professor-autor: Danilo Felizardo Barboza Wilberclay Gonçalves Melo Disciplina: Álgebra Linear II Unidade II Aula 5: Operadores Auto-adjuntos

Leia mais

A2. Cada operação é distributiva sobre a outra, isto é, para todo x, y e z em A, x (y + z) = (x y) + (x z) e x + (y z) = (x + y) (x + z)

A2. Cada operação é distributiva sobre a outra, isto é, para todo x, y e z em A, x (y + z) = (x y) + (x z) e x + (y z) = (x + y) (x + z) Álgebra Booleana Nesta parte veremos uma definição formal de álgebra booleana, que é baseada em um conjunto de axiomas (ou postulados). Veremos também algumas leis ou propriedades de álgebras booleanas.

Leia mais

No próximo exemplo, veremos um tipo de funcional linear bastante importante.

No próximo exemplo, veremos um tipo de funcional linear bastante importante. UFPR - Universidade Federal do Paraná Departamento de Matemática CM053 - Álgebra Linear II - Notas de aula Prof. José Carlos Eidam Funcionais lineares Nestas notas, estudaremos funcionais lineares sobre

Leia mais

OS TEOREMAS DE JORDAN-HÖLDER E KRULL-SCHMIDT (SEGUNDA VERSÃO)

OS TEOREMAS DE JORDAN-HÖLDER E KRULL-SCHMIDT (SEGUNDA VERSÃO) ! #" $ %$!&'%($$ OS TEOREMAS DE JORDAN-HÖLDER E KRULL-SCHMIDT (SEGUNDA VERSÃO) Neste texto apresentaremos dois teoremas de estrutura para módulos que são artinianos e noetherianos simultaneamente. Seja

Leia mais

i : V W V W é o produto tensorial de V e W se, ao considerarmos um outro espaço vetorial U sobre o mesmo corpo K e B também uma aplicação bilinear:

i : V W V W é o produto tensorial de V e W se, ao considerarmos um outro espaço vetorial U sobre o mesmo corpo K e B também uma aplicação bilinear: 3 Produto Tensorial Sistemas quânticos individuais podem interagir para formarem sistemas quânticos compostos. Existe um postulado em Mecânica Quântica que descreve como o espaço de estados do sistema

Leia mais

Espaços Euclidianos. Espaços R n. O conjunto R n é definido como o conjunto de todas as n-uplas ordenadas de números reais:

Espaços Euclidianos. Espaços R n. O conjunto R n é definido como o conjunto de todas as n-uplas ordenadas de números reais: Espaços Euclidianos Espaços R n O conjunto R n é definido como o conjunto de todas as n-uplas ordenadas de números reais: R n = {(x 1,..., x n ) : x 1,..., x n R}. R 1 é simplesmente o conjunto R dos números

Leia mais

FUNCIONAIS LINEARES: ESPAÇO DUAL E ANULADORES

FUNCIONAIS LINEARES: ESPAÇO DUAL E ANULADORES FUNCIONAIS LINEARES: ESPAÇO DUAL E ANULADORES Eduardo de Souza Böer - eduardoboer04@gmail.com Universidade Federal de Santa Maria, Campus Camobi, 97105-900-Santa Maria, RS, Brasil Saradia Sturza Della

Leia mais

Lógica Computacional DCC/FCUP 2017/18

Lógica Computacional DCC/FCUP 2017/18 2017/18 Raciocínios 1 Se o André adormecer e alguém o acordar, ele diz palavrões 2 O André adormeceu 3 Não disse palavrões 4 Ninguém o acordou Será um raciocínio válido? Raciocínios Forma geral do raciocínio

Leia mais

Dedução Natural e Sistema Axiomático Pa(Capítulo 6)

Dedução Natural e Sistema Axiomático Pa(Capítulo 6) Dedução Natural e Sistema Axiomático Pa(Capítulo 6) LÓGICA APLICADA A COMPUTAÇÃO Professor: Rosalvo Ferreira de Oliveira Neto Estrutura 1. Definições 2. Dedução Natural 3. Sistemas axiomático Pa 4. Lista

Leia mais

Lógica da Verdade Pragmática apresentada num sistema dedutivo de Tableaux

Lógica da Verdade Pragmática apresentada num sistema dedutivo de Tableaux Lógica da Verdade Pragmática apresentada num sistema dedutivo de Tableaux Logic of Pragmatic Truth presented in a Tableaux deductive system ISSN 36-9664 Volume 7, dez. 06 Edição ERMAC Helen Gomes da Silva

Leia mais

Referências e materiais complementares desse tópico

Referências e materiais complementares desse tópico Notas de aula: Análise de Algoritmos Centro de Matemática, Computação e Cognição Universidade Federal do ABC Profa. Carla Negri Lintzmayer Conceitos matemáticos e técnicas de prova (Última atualização:

Leia mais

O TEOREMA ESPECTRAL PARA OPERADORES SIMÉTRICOS. Marco Antonio Travassos 1, Fernando Pereira Sousa 2

O TEOREMA ESPECTRAL PARA OPERADORES SIMÉTRICOS. Marco Antonio Travassos 1, Fernando Pereira Sousa 2 31 O TEOREMA ESPECTRAL PARA OPERADORES SIMÉTRICOS Marco Antonio Travassos 1, Fernando Pereira Sousa 2 1 Aluno do Curso de Matemática CPTL/UFMS, bolsista do Grupo PET Matemática/CPTL/UFMS; 2 Professor do

Leia mais

UMA PROVA DE CONSISTÊNCIA

UMA PROVA DE CONSISTÊNCIA UMA PROVA DE CONSISTÊNCIA Felipe Sobreira Abrahão Mestrando do HCTE/UFRJ felipesabrahao@gmail.com 1. INTRODUÇÃO Demonstradas por Kurt Gödel em 1931, a incompletude da (ou teoria formal dos números ou aritmética)

Leia mais

Polinômio Mínimo e Operadores Nilpotentes

Polinômio Mínimo e Operadores Nilpotentes Capítulo 9 Polinômio Mínimo e Operadores Nilpotentes Curso: Licenciatura em Matemática Professor-autor: Danilo Felizardo Barboza Wilberclay Gonçalves Melo Disciplina: Álgebra Linear II Unidade II Aula

Leia mais

A DEFINIÇÃO AXIOMÁTICA DO CONJUNTO DOS NÚMEROS NATURAIS.

A DEFINIÇÃO AXIOMÁTICA DO CONJUNTO DOS NÚMEROS NATURAIS. A DEFINIÇÃO AXIOMÁTICA DO CONJUNTO DOS NÚMEROS NATURAIS. SANDRO MARCOS GUZZO RESUMO. A construção dos conjuntos numéricos é um assunto clássico na matemática, bem como o estudo das propriedades das operações

Leia mais

A forma canônica de Jordan

A forma canônica de Jordan A forma canônica de Jordan 1 Matrizes e espaços vetoriais Definição: Sejam A e B matrizes quadradas de orden n sobre um corpo arbitrário X. Dizemos que A é semelhante a B em X (A B) se existe uma matriz

Leia mais

NHI Lógica Básica (Lógica Clássica de Primeira Ordem)

NHI Lógica Básica (Lógica Clássica de Primeira Ordem) NHI2049-13 (Lógica Clássica de Primeira Ordem) página da disciplina na web: http://professor.ufabc.edu.br/~jair.donadelli/logica O assunto O que é lógica? Disciplina que se ocupa do estudo sistemático

Leia mais

Álgebra Linear I - Aula 11. Roteiro. 1 Dependência e independência linear de vetores

Álgebra Linear I - Aula 11. Roteiro. 1 Dependência e independência linear de vetores Álgebra Linear I - Aula 11 1. Dependência e independência linear. 2. Bases. 3. Coordenadas. 4. Bases de R 3 e produto misto. Roteiro 1 Dependência e independência linear de vetores Definição 1 (Dependência

Leia mais

3 Sistema de Steiner e Código de Golay

3 Sistema de Steiner e Código de Golay 3 Sistema de Steiner e Código de Golay Considere o sistema de Steiner S(5, 8, 24, chamaremos os seus blocos de octads. Assim, as octads são subconjuntos de 8 elementos de um conjunto Ω com 24 elementos

Leia mais

O espaço das Ordens de um Corpo

O espaço das Ordens de um Corpo O espaço das Ordens de um Corpo Clotilzio Moreira dos Santos Resumo O objetivo deste trabalho é exibir corpos com infinitas ordens e exibir uma estrutura topológica ao conjunto das ordens de um corpo.

Leia mais

Teoria dos Conjuntos. (Aula 6) Ruy de Queiroz. O Teorema da. (Aula 6) Ruy J. G. B. de Queiroz. Centro de Informática, UFPE

Teoria dos Conjuntos. (Aula 6) Ruy de Queiroz. O Teorema da. (Aula 6) Ruy J. G. B. de Queiroz. Centro de Informática, UFPE Ruy J. G. B. de Centro de Informática, UFPE 2007.1 Conteúdo 1 Seqüências Definição Uma seqüência é uma função cujo domíno é um número natural ou N. Uma seqüência cujo domínio é algum número natural n N

Leia mais

OPERADORES LINEARES ESPECIAIS: CARACTERIZAÇÃO EM ESPAÇOS DE DIMENSÃO DOIS*

OPERADORES LINEARES ESPECIAIS: CARACTERIZAÇÃO EM ESPAÇOS DE DIMENSÃO DOIS* OPERADORES LINEARES ESPECIAIS: CARACTERIZAÇÃO EM ESPAÇOS DE DIMENSÃO DOIS* FABIANA BARBOSA DA SILVA, ALINE MOTA DE MESQUITA ASSIS, JOSÉ EDER SALVADOR DE VASCONCELOS Resumo: o objetivo deste artigo é apresentar

Leia mais

4 AULA. Regras de Inferência e Regras de Equivalência LIVRO. META: Introduzir algumas regras de inferência e algumas regras de equivalência.

4 AULA. Regras de Inferência e Regras de Equivalência LIVRO. META: Introduzir algumas regras de inferência e algumas regras de equivalência. 1 LIVRO Regras de Inferência e Regras de Equivalência 4 AULA META: Introduzir algumas regras de inferência e algumas regras de equivalência. OBJETIVOS: Ao fim da aula os alunos deverão ser capazes de:

Leia mais

Generalizações do Teorema de Wedderburn-Malcev e PI-álgebras. Silvia Gonçalves Santos

Generalizações do Teorema de Wedderburn-Malcev e PI-álgebras. Silvia Gonçalves Santos Generalizações do Teorema de Wedderburn-Malcev e PI-álgebras Silvia Gonçalves Santos Definição 1 Seja R um anel com unidade. O radical de Jacobson de R, denotado por J(R), é o ideal (à esquerda) dado pela

Leia mais

ÁLGEBRA LINEAR I - MAT0032

ÁLGEBRA LINEAR I - MAT0032 UNIVERSIDADE FEDERAL DA INTEGRAÇÃO LATINO-AMERICANA Instituto Latino-Americano de Ciências da Vida e Da Natureza Centro Interdisciplinar de Ciências da Natureza ÁLGEBRA LINEAR I - MAT32 12 a Lista de exercícios

Leia mais

Números naturais e cardinalidade

Números naturais e cardinalidade Números naturais e cardinalidade Roberto Imbuzeiro M. F. de Oliveira 5 de Janeiro de 2008 Resumo 1 Axiomas de Peano e o princípio da indução Intuitivamente, o conjunto N dos números naturais corresponde

Leia mais

Análise I Solução da 1ª Lista de Exercícios

Análise I Solução da 1ª Lista de Exercícios FUNDAÇÃO EDUCACIONAL SERRA DOS ÓRGÃOS CENTRO UNIVERSITÁRIO SERRA DOS ÓRGÃOS Centro de Ciências e Tecnologia Curso de Graduação em Matemática Análise I 0- Solução da ª Lista de Eercícios. ATENÇÃO: O enunciado

Leia mais

ÁLGEBRA LINEAR I - MAT0032

ÁLGEBRA LINEAR I - MAT0032 UNIVERSIDADE FEDERAL DA INTEGRAÇÃO LATINO-AMERICANA Instituto Latino-Americano de Ciências da Vida e Da Natureza Centro Interdisciplinar de Ciências da Natureza ÁLGEBRA LINEAR I - MAT0032 11 a Lista de

Leia mais

Aula 1: Introdução ao curso

Aula 1: Introdução ao curso Aula 1: Introdução ao curso MCTA027-17 - Teoria dos Grafos Profa. Carla Negri Lintzmayer carla.negri@ufabc.edu.br Centro de Matemática, Computação e Cognição Universidade Federal do ABC 1 Grafos Grafos

Leia mais

Capítulo 8. Formas Bilineares. Curso: Licenciatura em Matemática. Professor-autor: Danilo Felizardo Barboza Wilberclay Gonçalves Melo

Capítulo 8. Formas Bilineares. Curso: Licenciatura em Matemática. Professor-autor: Danilo Felizardo Barboza Wilberclay Gonçalves Melo Capítulo 8 Formas Bilineares Curso: Licenciatura em Matemática Professor-autor: Danilo Felizardo Barboza Wilberclay Gonçalves Melo Disciplina: Álgebra Linear II Unidade II Aula 8: Formas Bilineares Meta

Leia mais

Lógica Matemática 1. Semana 7, 8 e 9. Material Previsto para três semanas

Lógica Matemática 1. Semana 7, 8 e 9. Material Previsto para três semanas Lógica Matemática 1 Semana 7, 8 e 9. Professor Luiz Claudio Pereira Departamento Acadêmico de Matemática Universidade Tecnológica Federal do Paraná Material Previsto para três semanas Implicação e equivalência

Leia mais

= f(0) D2 f 0 (x, x) + o( x 2 )

= f(0) D2 f 0 (x, x) + o( x 2 ) 6 a aula, 26-04-2007 Formas Quadráticas Suponhamos que 0 é um ponto crítico duma função suave f : U R definida sobre um aberto U R n. O desenvolvimento de Taylor de segunda ordem da função f em 0 permite-nos

Leia mais

UFPB - CCEN - DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA ÁLGEBRA LINEAR E GEOMETRIA ANALÍTICA 1 a LISTA DE EXERCÍCIOS PERÍODO

UFPB - CCEN - DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA ÁLGEBRA LINEAR E GEOMETRIA ANALÍTICA 1 a LISTA DE EXERCÍCIOS PERÍODO UFPB - CCEN - DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA ÁLGEBRA LINEAR E GEOMETRIA ANALÍTICA a LISTA DE EXERCÍCIOS PERÍODO 0 Os exercícios 0 8 trazem um espaço vetorial V e um seu subconjunto W Sempre que W for um subespaço

Leia mais

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ÁLGEBRA LINERAR Luiz Francisco da Cruz Departamento de Matemática Unesp/Bauru CAPÍTULO 7 ISOMORFISMO

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ÁLGEBRA LINERAR Luiz Francisco da Cruz Departamento de Matemática Unesp/Bauru CAPÍTULO 7 ISOMORFISMO INRODUÇÃO AO ESUDO DA ÁLGEBRA LINERAR CAPÍULO 7 ISOMORFISMO A pergunta inicial que se faz neste capítulo e que o motiva é: dada uma transformação linear : V W é possível definir uma transformação linear

Leia mais

Lógica Computacional

Lógica Computacional Lógica Computacional Modus Ponens e Raciocínio Hipotético Introdução e eliminação da Implicação e da Equivalência Completude e Coerência do Sistema de Dedução Natural 24 Outubro 2016 Lógica Computacional

Leia mais

Capítulo 7. Operadores Normais. Curso: Licenciatura em Matemática. Professor-autor: Danilo Felizardo Barboza Wilberclay Gonçalves Melo

Capítulo 7. Operadores Normais. Curso: Licenciatura em Matemática. Professor-autor: Danilo Felizardo Barboza Wilberclay Gonçalves Melo Capítulo 7 Operadores Normais Curso: Licenciatura em Matemática Professor-autor: Danilo Felizardo Barboza Wilberclay Gonçalves Melo Disciplina: Álgebra Linear II Unidade II Aula 7: Operadores Normais Meta

Leia mais

ÁLGEBRA LINEAR I - MAT0032

ÁLGEBRA LINEAR I - MAT0032 UNIVERSIDADE FEDERAL DA INTEGRAÇÃO LATINO-AMERICANA Instituto Latino-Americano de Ciências da Vida e Da Natureza Centro Interdisciplinar de Ciências da Natureza ÁLGEBRA LINEAR I - MAT003 10 a Lista de

Leia mais

Análise I. Notas de Aula 1. Alex Farah Pereira de Agosto de 2017

Análise I. Notas de Aula 1. Alex Farah Pereira de Agosto de 2017 Análise I Notas de Aula 1 Alex Farah Pereira 2 3 23 de Agosto de 2017 1 Turma de Matemática. 2 Departamento de Análise-IME-UFF 3 http://alexfarah.weebly.com ii Conteúdo 1 Conjuntos 1 1.1 Números Naturais........................

Leia mais

Notas sobre os anéis Z m

Notas sobre os anéis Z m Capítulo 1 Notas sobre os anéis Z m Estas notas complementam o texto principal, no que diz respeito ao estudo que aí se faz dos grupos e anéis Z m. Referem algumas propriedades mais específicas dos subanéis

Leia mais

Argumentação em Matemática período Prof. Lenimar N. Andrade. 1 de setembro de 2009

Argumentação em Matemática período Prof. Lenimar N. Andrade. 1 de setembro de 2009 Noções de Lógica Matemática 2 a parte Argumentação em Matemática período 2009.2 Prof. Lenimar N. Andrade 1 de setembro de 2009 Sumário 1 Condicional 1 2 Bicondicional 2 3 Recíprocas e contrapositivas 2

Leia mais

Espaço Dual, Transposta e Adjunta (nota da álgebra linear 2)

Espaço Dual, Transposta e Adjunta (nota da álgebra linear 2) Espaço Dual, Transposta e Adjunta nota da álgebra linear 2) Sadao Massago Outubro de 2009 1 Espaço Dual Dado um espaço vetorial V sobre o corpo F, o espaço dual V é o espaço de todas transformações lineares

Leia mais

Lógica Computacional

Lógica Computacional Aula Teórica 9: Forma Normal Conjuntiva Departamento de Informática 21 de Março de 2011 O problema Como determinar eficazmente a validade de uma fórmula? Objectivo Determinar a validade de raciocínios

Leia mais

Se mdc(a,m) = 1, como a é invertível módulo m, a equação. ax b (mod m)

Se mdc(a,m) = 1, como a é invertível módulo m, a equação. ax b (mod m) Polos Olímpicos de Treinamento Curso de Teoria dos Números - Nível 3 Carlos Gustavo Moreira Aula 8 Equações lineares módulo n e o teorema chinês dos restos 1 Equações Lineares Módulo m Se mdc(a,m) = 1,

Leia mais

(x 1 + iy 1 ) + (x 2 + iy 2 ) = x 1 + x 2 + i(y 1 + y 2 ) a(x + iy) = ax + i(ay)

(x 1 + iy 1 ) + (x 2 + iy 2 ) = x 1 + x 2 + i(y 1 + y 2 ) a(x + iy) = ax + i(ay) Espaços Vetoriais Definição. Um espaço vetorial sobre R é um conjunto V no qual se tem definida uma adição e uma multiplicação de seus elementos por escalares (isto é, por números reais), ou seja, dados

Leia mais

Tópicos de Álgebra Linear Verão 2019 Lista 4: Formas de Jordan

Tópicos de Álgebra Linear Verão 2019 Lista 4: Formas de Jordan Universidade Federal do Paraná Centro Politécnico ET-DMAT Prof. Maria Eugênia Martin Tópicos de Álgebra Linear Verão 2019 Lista 4: Formas de Jordan Exercício 1. Seja A = (a i j ) uma matriz diagonal sobre

Leia mais

Lógicas Construtivas: Intuicionismo, uma

Lógicas Construtivas: Intuicionismo, uma Lógicas Construtivas: Intuicionismo, uma Introdução Ricardo Bianconi 1 Introdução Vamos tratar agora de Lógicas Construtivas, ou seja, aquelas em que se admitem apenas argumentos construtivos. O que seriam

Leia mais

Matrizes Semelhantes e Matrizes Diagonalizáveis

Matrizes Semelhantes e Matrizes Diagonalizáveis Diagonalização Matrizes Semelhantes e Matrizes Diagonalizáveis Nosso objetivo neste capítulo é estudar aquelas transformações lineares de R n para as quais existe pelo menos uma base em que elas são representadas

Leia mais

Capítulo 2. Conjuntos Infinitos

Capítulo 2. Conjuntos Infinitos Capítulo 2 Conjuntos Infinitos Não é raro encontrarmos exemplos equivocados de conjuntos infinitos, como a quantidade de grãos de areia na praia ou a quantidade de estrelas no céu. Acontece que essas quantidades,

Leia mais

Sistema dedutivo. Sistema dedutivo

Sistema dedutivo. Sistema dedutivo Sistema dedutivo Estudaremos um sistema dedutivo axiomático axiomas lógicos e axiomas não lógicos (ou esquemas de axiomas) e regras de inferência (ou esquemas de regra) do tipo de Hilbert para a lógica

Leia mais

n. 18 ALGUNS TERMOS...

n. 18 ALGUNS TERMOS... n. 18 ALGUNS TERMOS... DEFINIÇÃO Uma Definição é um enunciado que descreve o significado de um termo. Por exemplo, a definição de linha, segundo Euclides: Linha é o que tem comprimento e não tem largura.

Leia mais

Álgebra Linear Exercícios Resolvidos

Álgebra Linear Exercícios Resolvidos Álgebra Linear Exercícios Resolvidos Agosto de 001 Sumário 1 Exercícios Resolvidos Uma Revisão 5 Mais Exercícios Resolvidos Sobre Transformações Lineares 13 3 4 SUMA RIO Capítulo 1 Exercícios Resolvidos

Leia mais

Construção dos Números Reais

Construção dos Números Reais 1 Universidade de Brasília Departamento de Matemática Construção dos Números Reais Célio W. Manzi Alvarenga Sumário 1 Seqüências de números racionais 1 2 Pares de Cauchy 2 3 Um problema 4 4 Comparação

Leia mais

Álgebra linear A Primeira lista de exercícios

Álgebra linear A Primeira lista de exercícios Álgebra linear A Primeira lista de exercícios Prof. Edivaldo L. dos Santos (1) Verifique, em cada um dos itens abaixo, se o conjunto V com as operações indicadas é um espaço vetorial sobre R. {[ ] a b

Leia mais

Álgebra Linear e Geometria Anaĺıtica. Espaços Vetoriais Reais

Álgebra Linear e Geometria Anaĺıtica. Espaços Vetoriais Reais universidade de aveiro departamento de matemática Álgebra Linear e Geometria Anaĺıtica Agrupamento IV (ECT, EET, EI) Capítulo 4 Espaços Vetoriais Reais Definição de espaço vetorial real [4 01] O conjunto

Leia mais

Unidade 7 - Bases e dimensão. A. Hefez e C. S. Fernandez Resumo elaborado por Paulo Sousa. 10 de agosto de 2013

Unidade 7 - Bases e dimensão. A. Hefez e C. S. Fernandez Resumo elaborado por Paulo Sousa. 10 de agosto de 2013 MA33 - Introdução à Álgebra Linear Unidade 7 - Bases e dimensão A. Hefez e C. S. Fernandez Resumo elaborado por Paulo Sousa PROFMAT - SBM 10 de agosto de 2013 Nesta unidade introduziremos dois conceitos

Leia mais

ÁLGEBRA LINEAR I - MAT Determinar se os seguintes conjuntos são linearmente dependente ou linearmente independente (R).

ÁLGEBRA LINEAR I - MAT Determinar se os seguintes conjuntos são linearmente dependente ou linearmente independente (R). UNIVERSIDADE FEDERAL DA INTEGRAÇÃO LATINO-AMERICANA Instituto Latino-Americano de Ciências da Vida e Da Natureza Centro Interdisciplinar de Ciências da Natureza ÁLGEBRA LINEAR I - MAT0032 3 a Lista de

Leia mais

1 Conjuntos, Números e Demonstrações

1 Conjuntos, Números e Demonstrações 1 Conjuntos, Números e Demonstrações Definição 1. Um conjunto é qualquer coleção bem especificada de elementos. Para qualquer conjunto A, escrevemos a A para indicar que a é um elemento de A e a / A para

Leia mais

Enumerabilidade. Capítulo 6

Enumerabilidade. Capítulo 6 Capítulo 6 Enumerabilidade No capítulo anterior, vimos uma propriedade que distingue o corpo ordenado dos números racionais do corpo ordenado dos números reais: R é completo, enquanto Q não é. Neste novo

Leia mais

Parte 2 - Espaços Vetoriais

Parte 2 - Espaços Vetoriais Espaço Vetorial: Parte 2 - Espaços Vetoriais Seja V um conjunto não vazio de objetos com duas operações definidas: 1. Uma adição que associa a cada par de objetos u, v em V um único objeto u + v, denominado

Leia mais

Álgebra Linear Semana 05

Álgebra Linear Semana 05 Álgebra Linear Semana 5 Diego Marcon 4 de Abril de 7 Conteúdo Interpretações de sistemas lineares e de matrizes invertíveis Caracterizações de matrizes invertíveis 4 Espaços vetoriais 5 Subespaços vetoriais

Leia mais

Introdução à Álgebra de Lie

Introdução à Álgebra de Lie Introdução à Álgebra de Lie Wilian Francisco de Araujo Universidade Tecnológica Federal do Paraná e-mail: wilianfrancisco@gmail.com Estou certo, absolutamente certo de que... essas teorias será reconhecido

Leia mais

Capítulo 6: Transformações Lineares e Matrizes

Capítulo 6: Transformações Lineares e Matrizes 6 Livro: Introdução à Álgebra Linear Autores: Abramo Hefez Cecília de Souza Fernandez Capítulo 6: Transformações Lineares e Matrizes Sumário 1 Matriz de uma Transformação Linear....... 151 2 Operações

Leia mais

1. Não temos um espaço vetorial, pois a seguinte propriedade (a + b) v = a v + b v não vale. De fato:

1. Não temos um espaço vetorial, pois a seguinte propriedade (a + b) v = a v + b v não vale. De fato: Sumário No que se segue, C, R, Q, Z, N denotam respectivamente, o conjunto dos números complexos, reais, racionais, inteiros e naturais. Denotaremos por I (ou id) End(V ) a função identidade do espaço

Leia mais

Contando o Infinito: os Números Cardinais

Contando o Infinito: os Números Cardinais Contando o Infinito: os Números Cardinais Sérgio Tadao Martins 4 de junho de 2005 No one will expel us from the paradise that Cantor has created for us David Hilbert 1 Introdução Quantos elementos há no

Leia mais

No que segue, X sempre denota um espaço topológico localmente compacto

No que segue, X sempre denota um espaço topológico localmente compacto O TEOREMA DE REPRESENTAÇÃO DE RIESZ PARA MEDIDAS DANIEL V. TAUSK No que segue, sempre denota um espaço topológico localmente compacto Hausdorff. Se f : R é uma função, então supp f denota o{ suporte (relativamente

Leia mais

Produto Interno - Mauri C. Nascimento - Depto. de Matemática - FC UNESP Bauru

Produto Interno - Mauri C. Nascimento - Depto. de Matemática - FC UNESP Bauru 1 Produto Interno - Mauri C. Nascimento - Depto. de Matemática - FC UNESP Bauru Neste capítulo vamos considerar espaços vetoriais sobre K, onde K = R ou K = C, ou seja, os espaços vetoriais podem ser reais

Leia mais

Aula 19 Operadores ortogonais

Aula 19 Operadores ortogonais Operadores ortogonais MÓDULO 3 AULA 19 Aula 19 Operadores ortogonais Objetivos Compreender o conceito e as propriedades apresentadas sobre operadores ortogonais. Aplicar os conceitos apresentados em exemplos

Leia mais

3 A estrutura simplética do fluxo geodésico

3 A estrutura simplética do fluxo geodésico 3 A estrutura simplética do fluxo geodésico A partir do ponto de vista da mecânica classica, a geodésica é uma solução da equação de Euler-Lagrange considerando-se o lagrangeano L(x v) = 1 v 2 x O objetivo

Leia mais

Álgebra Linear I - Aula 10. Roteiro

Álgebra Linear I - Aula 10. Roteiro Álgebra Linear I - Aula 10 1. Combinação linear de vetores. 2. Subespaços e geradores. Roteiro 1 Combinação linear de vetores Definição 1 (Combinação linear de vetores). Dada um conjunto de vetores U =

Leia mais

1 Lógica de primeira ordem

1 Lógica de primeira ordem 1 Lógica de primeira ordem 1.1 Sintaxe Para definir uma linguagem de primeira ordem é necessário dispor de um alfabeto. Este alfabeto introduz os símbolos à custa dos quais são construídos os termos e

Leia mais

ÁLGEBRA LINEAR. Base e Dimensão de um Espaço Vetorial. Prof. Susie C. Keller

ÁLGEBRA LINEAR. Base e Dimensão de um Espaço Vetorial. Prof. Susie C. Keller ÁLGEBRA LINEAR Base e Dimensão de um Espaço Vetorial Prof. Susie C. Keller Base de um Espaço Vetorial Um conjunto B = {v 1,..., v n } V é uma base do espaço vetorial V se: I) B é LI II) B gera V Base de

Leia mais

Apostila Minicurso SEMAT XXVII

Apostila Minicurso SEMAT XXVII Apostila Minicurso SEMAT XXVII Título do Minicurso: Estrutura algébrica dos germes de funções Autores: Amanda Monteiro, Daniel Silva costa Ferreira e Plínio Gabriel Sicuti Orientadora: Prof a. Dr a. Michelle

Leia mais

Gabriel Eurípedes de Jesus Farias. GEOMETRIA HIPERBÓLICA PLANA O Modelo Projetivo

Gabriel Eurípedes de Jesus Farias. GEOMETRIA HIPERBÓLICA PLANA O Modelo Projetivo Gabriel Eurípedes de Jesus Farias GEOMETRIA HIPERBÓLICA PLANA O Modelo Projetivo Texto referente ao Minicurso de Geometria Hiperbólica do III Simpósio Nacional do PICME. Orientador: Prof. Dr. Heleno da

Leia mais

MAT2457 ÁLGEBRA LINEAR PARA ENGENHARIA I Gabarito da 2 a Prova - 1 o semestre de 2015

MAT2457 ÁLGEBRA LINEAR PARA ENGENHARIA I Gabarito da 2 a Prova - 1 o semestre de 2015 MAT27 ÁLGEBRA LINEAR PARA ENGENHARIA I Gabarito da 2 a Prova - 1 o semestre de 201 Nesta prova considera-se fixada uma orientação do espaço e um sistema de coordenadas Σ (O, E) em E 3, em que E é uma base

Leia mais

Topologia de Zariski. Jairo Menezes e Souza. 25 de maio de Notas incompletas e não revisadas RASCUNHO

Topologia de Zariski. Jairo Menezes e Souza. 25 de maio de Notas incompletas e não revisadas RASCUNHO Topologia de Zariski Jairo Menezes e Souza 25 de maio de 2013 Notas incompletas e não revisadas 1 Resumo Queremos abordar a Topologia de Zariski para o espectro primo de um anel. Antes vamos definir os

Leia mais

MAT2458 ÁLGEBRA LINEAR PARA ENGENHARIA II 2 a Prova - 2 o semestre de T ( p(x) ) = p(x + 1) p(x), (a) 8, (b) 5, (c) 0, (d) 3, (e) 4.

MAT2458 ÁLGEBRA LINEAR PARA ENGENHARIA II 2 a Prova - 2 o semestre de T ( p(x) ) = p(x + 1) p(x), (a) 8, (b) 5, (c) 0, (d) 3, (e) 4. MAT2458 ÁLGEBRA LINEAR PARA ENGENHARIA II 2 a Prova - 2 o semestre de 218 Q1. Considere a transformação linear T : P 3 (R) P 2 (R), dada por T ( p(x) ) = p(x + 1) p(x), para todo p(x) P 3 (R), e seja A

Leia mais

3.4 Fundamentos de lógica paraconsistente

3.4 Fundamentos de lógica paraconsistente 86 3.4 Fundamentos de lógica paraconsistente A base desta tese é um tipo de lógica denominada lógica paraconsistente anotada, da qual serão apresentadas algumas noções gerais. Como já foi dito neste trabalho,

Leia mais

Introdução ao Curso. Área de Teoria DCC/UFMG 2019/01. Introdução à Lógica Computacional Introdução ao Curso Área de Teoria DCC/UFMG /01 1 / 22

Introdução ao Curso. Área de Teoria DCC/UFMG 2019/01. Introdução à Lógica Computacional Introdução ao Curso Área de Teoria DCC/UFMG /01 1 / 22 Introdução ao Curso Área de Teoria DCC/UFMG Introdução à Lógica Computacional 2019/01 Introdução à Lógica Computacional Introdução ao Curso Área de Teoria DCC/UFMG - 2019/01 1 / 22 Introdução: O que é

Leia mais

(A1) As operações + e são comutativas, ou seja, para todo x e y em A, x + y = y + x e x y = y x

(A1) As operações + e são comutativas, ou seja, para todo x e y em A, x + y = y + x e x y = y x Notas de aula de MAC0329 (2003) 17 3 Álgebra Booleana Nesta parte veremos uma definição formal de álgebra booleana, a qual é feita via um conjunto de axiomas (ou postulados). Veremos também algumas leis

Leia mais

Unidade 22 - Teorema espectral para operadores simétricos, reconhecimento de cônicas. A. Hefez e C. S. Fernandez Resumo elaborado por Paulo Sousa

Unidade 22 - Teorema espectral para operadores simétricos, reconhecimento de cônicas. A. Hefez e C. S. Fernandez Resumo elaborado por Paulo Sousa MA33 - Introdução à Álgebra Linear Unidade 22 - Teorema espectral para operadores simétricos, reconhecimento de cônicas A. Hefez e C. S. Fernandez Resumo elaborado por Paulo Sousa PROFMAT - SBM 10 de agosto

Leia mais

Capítulo 1. Os Números. 1.1 Notação. 1.2 Números naturais não nulos (inteiros positivos) Última atualização em setembro de 2017 por Sadao Massago

Capítulo 1. Os Números. 1.1 Notação. 1.2 Números naturais não nulos (inteiros positivos) Última atualização em setembro de 2017 por Sadao Massago Capítulo 1 Os Números Última atualização em setembro de 2017 por Sadao Massago 1.1 Notação Números naturais: Neste texto, N = {0, 1, 2, 3,...} e N + = {1, 2, 3, }. Mas existem vários autores considerando

Leia mais

Cálculo Diferencial e Integral I

Cálculo Diferencial e Integral I Cálculo Diferencial e Integral I Texto de apoio às aulas. Amélia Bastos, António Bravo Dezembro 2010 Capítulo 1 Números reais As propriedades do conjunto dos números reais têm por base um conjunto restrito

Leia mais