8º Congresso de Pós-Graduação ESTRUTURA DE PRÁTICA NA APRENDIZAGEM MOTORA E PEDAGOGIA DO ENSINO DE MODALIDADES DESPORTIVAS COLETIVAS
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- Armando César Ferrão
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1 8º Congresso de Pós-Graduação ESTRUTURA DE PRÁTICA NA APRENDIZAGEM MOTORA E PEDAGOGIA DO ENSINO DE MODALIDADES DESPORTIVAS COLETIVAS Autor(es) PROF. MS. TIAGO VOLPI BRAZ Co-Autor(es) PROF. MS. VITOR ANTONIO CERIGNONI COELHO PROF. DR. VAGNER REOLON MARCELINO Orientador(es) NÃO HÁ ORIENTADOR 1. Introdução As modalidades desportivas coletivas (MDC) ocupam um lugar importante no quadro da cultura esportiva contemporânea, dado que, na sua expressão multitudinária, não são apenas um espetáculo desportivo, mas também um meio de educação física e esportiva e um campo de aplicação da ciência (GARGANTA, 1998). As mesmas têm por natureza a complexidade, coabitando em seu ambiente de jogo a imprevisibilidade e aleatoriedade, equilíbrio e desequilíbrio, ordem e desordem, organização e interação (REVERDITO; SCAGLIA, 2007), de maneira que, os jogadores interagem direta e simultaneamente para alcançar um objetivo, envolvendo membros da equipe e facilitação do movimento de uma bola, de acordo com um conjunto de regras, para marcar pontos e impedir a pontuação dos adversários. Por isto, tais modalidades apresentam uma dualidade constituída pela interação entre cooperação (entre jogadores de mesma equipe) e oposição (dos adversários) em dois momentos do jogo, o ataque e defesa (GREHAIGNE; GODBOUT, 1995). A perspectiva dialética destas forças coloca princípios invariáveis onde quem tem a posse de bola está em ataque e não pode deixá-la em poder do adversário antes de obter um gol/ponto (GRECO, 2002). Ou seja, no ataque, as equipes buscam a conservação da bola, progressão dos jogadores e da bola a baliza adversária, bem como ataque a meta contrária, procurando marcar ponto/gol, e na defesa, busca-se a recuperação da bola, impedir a progressão dos jogadores e da bola até o próprio gol e proteger o próprio gol/meta (BAYER, 1994). Daólio (2002) entende que as MDC possuem estrutura comum, sendo possível considerá-las dentro de uma mesma lógica, o que as tornam passíveis de um mesmo tratamento pedagógico para seu ensino, com elementos invariantes (bola, espaço de jogo, companheiros e adversários, alvo a atacar e defender, bem como, regras específicas), princípios operacionais e regras de ações intrínsecos (BAYER, 1994). A partir disto, torna-se importante entender os princípios operacionais e elementos invariantes que regem a estrutura lógica destas modalidades, sobretudo, com intuito de buscar direcionamentos pedagógicos e subsídios para aplicação estrutura de prática na aprendizagem motora, tanto no ensino formal como não-formal destes jogos, situação esta, colocada em evidência pelo presente estudo. 2. Objetivos
2 Apresentar especulações sobre a estrutura de prática na aprendizagem motora e pedagogia do ensino das MDC, tendo como intuito a criação de subsídios para aplicação prática no ensino formal e não-formal destes jogos. 3. Desenvolvimento O presente estudo trata-se de uma pesquisa analítica de revisão de literatura. Entretanto, foram utilizadas apenas 15 referências para discussão da temática proposta, devido à restrição do número de caracteres para apresentação do trabalho. Os instrumentos de pesquisa foram i) 10 artigos publicados em periódicos indexados no Qualis CAPES, obtidos por meio das bases de dados SCOPUS, Scientific Electronic Library Online (SCIELO) e Google Acadêmico, bem como ii) 5 livros registrados no International Standard Book Number (ISSN). Os livros foram consultados no acervo da biblioteca da FAM (Faculdade de Americana). Não houve restrição de período para encontrar artigos e livros para o estudo. 4. Resultado e Discussão Estrutura de Prática na Aprendizagem Motora das Modalidades Desportivas Coletivas A aprendizagem motora é definida como as mudanças que ocorrem nas habilidades dos indivíduos resultantes da experiência e da prática de tarefas motoras. Desta forma, a prática é um fator fundamental no processo de aquisição de habilidades motoras e de novas estruturas de movimento, sendo bastante estudada e discutida em relação aos tipos de práticas e suas funções no processo de aprendizagem (MAGILL, 2000). De acordo com Pellegrini (2000), a prática é entendida como uma ação organizada de repetição de tarefas motoras para que possa alcançar uma aprendizagem de movimento. A autora ainda adverte para os processos subjacentes que influencia a prática e o processo de aprendizagem como a atenção, instrução, feedback e processos controladores e adaptativos. Determinados autores propuseram os estágios do processo de aprendizagem conforme citados nos trabalhos de Magill (2000), Schmidt e Wrisberg (2001) e Tani et al. (2005), como Fitts e Posner (1967) com os estágios cognitivo, associativo e autônomo; Adams (1971) com os estágios verbal e motor; Gentile (1972) com a captação da idéia do movimento e a fixação e diversificação motora e Newell (1985) com os estágios de padrão básico de coordenação e estágio do controle de padrão adquirido. Entretanto, Pellegrini (2000) revela dentre todos estes estudos, o que sabemos sobre o processo de aprendizagem motora é que o indivíduo ao aprender uma nova habilidade ou tendo experiências já adquiridas progride em basicamente três momentos distintos: i) o estágio de inexperiência: entendido como um momento de atividade cognitiva sobre a ação motora com a presença de muitos erros e pouca consistência motora apresentando um movimento rígido e descoordenado na intenção de buscar a ideia do movimento; ii) o estágio intermediário, quando o indivíduo já apresenta padrão de movimento e refinamento da habilidade, diminuindo a quantidade de erros na execução e aumentando a consistência motora, bem como, iii) o estágio avançado, no qual o erro na execução é bastante reduzido, ocorre a produção automática da ação, o movimento se torna eficiente, possibilitando a criação de novas estruturas motoras frente as exigências da tarefa e do ambiente. Assim, temos diferentes tipos de prática para aprendizagem de movimentos mencionados nos estudos de Magill, (2000), Schmidt e Wrisberg (2001) e Tani et al. (2005). Considerando inicialmente os pressupostos apresentados por estes autores, são apresentadas na tabela 1, os tipos de práticas para aprendizagem motora de movimentos nas MDC: Dentro deste processo de compreender qual o melhor tipo de prática, qual o melhor momento de utilizar uma ou outra, quanto tempo ou período permanecer estimulando a aprendizagem motora revela um campo de investigação ainda em construção e que necessita de experiências e investigações dos modelos teóricos na realização prática com diferentes modalidades desportivas. Um estudo realizado por Santos et al. (2009) tentou discutir estas questões ao investigar três diferentes proporções de prática constante e aleatória na aquisição de habilidades motoras. Participaram do estudo 30 voluntários na faixa etária de 18 a 35 anos divididos em três grupos (1-25% de prática constante com 75% de prática aleatória; 2-50% de prática constante com 50% de prática aleatória; 3-75% de prática constante com 25% de prática aleatória). O estudo verificou que a prática constante é mais efetiva para formação da estrutura do movimento se tornando mais estável e a prática aleatória é mais eficiente na capacidade de adaptação oferecendo melhores condições de variabilidade e flexibilização de ações necessárias frente as exigências ambientais. Os autores concluíram que os indivíduos do grupo 3 que realizaram 75% de prática constante com 25% de prática aleatória obtiveram resultados favoráveis em relação a variabilidade na aprendizagem motora. Assim, quando uma nova habilidade for ensinada é preciso que primeiro seja garantido a
3 estrutura básica do movimento para que depois o professor ou o técnico inicie a diversificação e variação da tarefa. A pedagogia do Ensino das Modalidades Desportivas Coletivas As MDC sempre tiveram amplo espaço na realidade escolar e não escolar justificada principalmente pela aceitação dos alunos, a sua facilidade de aplicação e a estrutura física das escolas e praças esportivas. As abordagens pedagógicas da Educação Física buscam a implantação da hegemonia do pensamento pedagógico e científico da área, por meio de discussões a respeito do melhor método para ensino das MDC (SCHIMDT; WRISBERG, 2001). Apesar de a formação do profissional de Educação Física ter se alterado significativamente nos últimos anos, torna-se essencial reafirmar que muitos dos estudos desenvolvidos em relação às metodologias e ações pedagógicas utilizadas pelos professores na atualidade contemplam ainda o ensino das MDC na abordagem tradicional (COSTA; NASCIMENTO, 2004). Durante os estágios iniciais do processo ensino-aprendizagem-treinamento a atividade motora dos alunos é bastante imprecisa, possuindo muitas vezes aparência rígida. Talvez a necessidade do professor transformar rapidamente esses movimentos numa ação motora mais eficiente justifique a opção pela reprodução de movimentos considerados perfeitos numa análise biomecânica (GRECO, 2002). Quando busca-se melhorar a performance da técnica, almeja-se melhorar o resultado, permitindo uma ação mais econômica e efetiva dos movimentos. Filin (1996) recomenda iniciar com o método verbal, que consiste na explicação e demonstração do exercício. A seguir, através do desempenho do exercício, deve-se evidenciar a execução prática pelos meios da técnica de ensino. Nessa linha de desenvolvimento, a técnica é meramente uma etapa da preparação sendo uma das formas de obter rendimento. Podemos mencionar o método parcial ou analítico, utilizado na execução de movimentos complexos, sendo treinados em partes, que serão articulados quando forem dominadas. Nesse método, em que o gesto esportivo técnico é privilegiado, a abordagem do jogo é retardada até que as habilidades alcancem o rendimento desejado. Em contrapartida à tendência tecnicista, surge à preocupação com o processo de ensino da tática nas MDC. A tática é entendida como algo que se refere à forma como os jogadores e as equipes gerem os momentos do jogo (GARGANTA, 1998). Desse modo, o objetivo da aprendizagem tática, é que o aluno aprenda a tomar decisões e resolver problemas que ocorrem durante o processo (GRECO, 2002). Não há evidências de que o ensino isolado da técnica ou da tática nas MDC tenha sido significante quanto ao ganho da aprendizagem. A aprendizagem não pode ser associada somente às metodologias existentes. Assim, outros fatores devem ser considerados: como as capacidades cognitivas e motoras, a motivação para a aprendizagem, a relação professor-aluno e a complexidade de tarefas (COSTA; NASCIMENTO, 2004). Como exemplo pode-se mencionar o método global, apresentando uma situação de jogo, onde os elementos técnicos e táticos são evidenciados. A vantagem do método global em relação ao método parcial é que o envolvimento do aluno com as atividades proporciona um elevado nível de motivação. Além disto, considerando as características do jogo formal, as atividades nas MDC podem ser apresentadas com variações do número de participantes, espaço, tempo e regras também pelo método situacional (GRECO, 2002), em que privilegia-se uma situação específica de jogo. Destarte, a preocupação com uma proposta metodológica que contemple a interação dos elementos técnicos e táticos proporcionou a implantação de novas abordagens de ensino, destacada por autores como Bayer (1994), Grehaigne e Godbout (1995), Garganta (1998, 2009), Daólio (2002), Greco (2002), Mesquita, Pereira e Graça (2009), entre outros, baseada na premissa de que a técnica (o que fazer) é subordinada a tática (como fazer) no ensino das MDC. Mesquita, Pereira e Graça (2009) entendem que i) a lógica didática replica a lógica do jogo nas MDC; ii) a aquisição de competências para jogar as MDC é progressiva e considera o ritmo individual de aprendizagem; iii) a apreciação e compreensão do jogo nas MDC são basilares para a aquisição de competências na capacidade de jogo e iv) a aprendizagem das habilidades técnicas está subordinada à compreensão tática. Ao mesmo tempo, parece importante entender que a abordagem a partir das semelhanças estruturais favorece a implementação das fases da aprendizagem em função da compreensão dos alunos em relação ao jogo, ao contrário do que se tem sido normalmente verificado quanto a abordagem das faixas etárias (DAÓLIO, 2002). 5. Considerações Finais Observa-se que conhecer os estágios da aprendizagem motora, as estruturas e tipos de prática são fundamentais e necessários para promoção da aprendizagem de habilidades motoras nas MDC, bem como, a forma que será utilizada as diferentes práticas ao introduzir um iniciante numa determinada modalidade ou aprimorar o experiente em sua modalidade específica. Ao identificar as abordagens do ensino nas MDC, verificou-se que as novas tendências se preocupam com a articulação do ensino da técnica e tática. Dessa maneira, delineia-se a necessidade de que os profissionais tenham competência e discernimento para a utilização e efetivação das metodologias de ensino das MDC no contexto pedagógico. Referências Bibliográficas
4 BAYER, C. O Ensino dos Desportos Coletivos. Lisboa: Dinalivros, DA COSTA, L.C.A.; DO NASCIMENTO, J. V. O Ensino da Técnica e da Tática: novas Abordagens Metodológicas. Revista da Educação Física, Maringá, v. 15, n.2, p.49-56, DAOLIO, J. Jogos esportivos coletivos: dos princípios operacionais aos gestos técnicos - modelo pendular a partir das idéias de Claude Bayer. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, Brasília, v. 10, n. 4, p , FILIN, V. P. Desporto Juvenil: teoria e metodologia. Londrina; CID, GARGANTA, J. O ensino dos jogos desportivos colectivos: perspectivas e tendências. Revista Movimento, ano IV, n.8, GARGANTA, J. Trends of tactical performance analysis in team sports: bridging the gap between research, training and competition. Revista Portuguesa de Ciência do Desporto, v.9, n.1, p.81 89, GRECO, P.J. O Ensino-Aprendizagem-Treinamento dos Esportes Coletivos: uma análise inter e transdiciplinar. In: GARCIA, E.S.; LEMOS K.L.M. Temas Atuais VII. Belo Horizonte, Health, p.53-78, GREEHAIGNE, J. F.; GODBOUT, P. Tactical Knowledge in Team Sports From a Constructivist and Cognitivist Perspective. Quest, v.47, p , MAGILL, R. A. Aprendizagem motora: conceitos e aplicações. São Paulo, Edgard Blucher, 5ª edição, MESQUITA, I.M.R.; PEREIRA, F.R.M.; GRAÇA, A.B.S. Modelos de ensino dos jogos desportivos: investigação e ilações para a prática. Revista Motriz, Rio Claro, v.15 n.4 p , PELEGRINI, A. M. Aprendizagem de habilidades motoras I: o que muda com a prática. Revista Brasileira de Educação Física. São Paulo. Supl.3, p.29-34, REVERDITO, R. S.; SCAGLIA, A. J. A Gestão do Processo Organizacional do Jogo: uma proposta metodológica para o ensino dos jogos coletivos. Revista Motriz, Rio Claro, v.13, n.1, p.51-63, SANTOS, R. C. O.; LAGE, G. M.; UGRINOWITSCH, H.; BENDA, R. N. Efeitos de diferentes proporções de prática constante e aleatória na aquisição de habilidades motoras. Revista Brasileira de Educação Física. São Paulo. v.23, n. 1, p.5-14, SCHMIDT, R. A; WRISBERG, C. A. Aprendizagem e performance motora: uma abordagem da aprendizagem baseada no problema. Porto Alegre, Artmed Editora, 2ª edição, TANI, G. (ed). Comportamento Motor: aprendizagem e Desenvolvimento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, Anexos
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