DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR
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- Renata Garrido Osório
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1 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR Ação Penal Militar Parte 3 Prof. Pablo Cruz
2 Indisponibilidade O princípio da indisponibilidade, decorrência da obrigatoriedade, informa que uma vez instaurada a ação penal o Ministério Público não pode desistir da mesma. Destarte, caso o MP mude de opinião, entendendo que o imputado não é autor da infração penal ou de que a mesma não ocorreu, ele não deve pedir a extinção do processo penal, mas sim opinar pela absolvição do réu, já que um processo penal garantista deve servir tanto para condenar o culpado como para absolver o inocente. Tal princípio decorre expressamente de duas disposições do CPPM:...
3 Art. 32. Apresentada a denúncia, o Ministério Público não poderá desistir da ação penal. Proibição da desistência Art O Ministério Público não poderá desistir do recurso que haja interposto. Da mesma forma que afirmamos em relação ao princípio da obrigatoriedade, não se aplica, na seara castrense, a mitigação ao princípio da indisponibilidade, de que é exemplo a suspensão condicional do processo ( SUSPRO ), tendo em vista que também se trata de instituto regulado pela lei 9099/95, que não incide na esfera militar.
4 Ação Penal Pública Condicionada à Requisição O art. 122 do CPM, lido adequadamente, nos informa: Nos crimes dos arts. 136 a 141, se o agente for militar a ação penal dependerá de requisição do Ministro da Defesa (Enio Luiz Rossetto nesse sentido; para alguns, como Célio Lobão por exemplo, o ato será do Comandante da Força), se no caso do art. 141, for um civil o autor do fato, e não for o caso de concurso de agentes com um militar, a requisição será feita pelo Ministro da Justiça. Sobre o tema importante traçar alguns detalhes sobre a requisição. Vejamos
5 Requisição do Ministro da Justiça: É um pedido e ao mesmo tempo uma autorização de natureza política que condiciona o início da persecução penal. Natureza jurídica: é uma condição objetiva de procedibilidade. Ela é uma condição para que a persecução seja deflagrada. Sem ela não pode haver inquérito, processo, nem lavratura do flagrante. Sem ela, providências criminais não podem ser tomadas contra o suposto infrator. - Destinatário: o chefe do MPM = Procuradorgeral da Justiça Militar (art. 31 do CPPM). - Legitimidade ativa: do próprio Ministro da Justiça. Prazo?
6 Ação Penal Privada Subsidiária da Pública na esfera militar Em que pese a inexistência de regulamentação expressa no CPPM a respeito da conhecida ação penal privada subsidiária da pública, a doutrina e a própria jurisprudência admitem a utilização desse instrumento, que pode ser enquadrado como uma garantia individual prevista no art. 5º da Constituição Federal. Nesse sentido encontra-se a posição do Supremo Tribunal Federal, nas valorosas lições do douto ministro Celso de Mello: Dessa forma, a vítima ou ofendido, que maior interesse têm na fiscalização da atuação do órgão acusador, substitui o Parquet no impulso da ação penal, se dele decorrer inércia
7 Sob esse aspecto, portanto, é indiscutível o poder da vítima ou do ofendido em mover a ação penal privada subsidiária da pública no processo penal militar quando da omissão ministerial. (grifei) Igual percepção do tema é revelada por CÉLIO LOBÃO ( Direito Processual Penal Militar, p. 76, item n. 4.10, 2009, Método): A norma constitucional de conteúdo processual penal (art. 5º, LIX, da CF) estatui que será admitida a ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal. Trata-se, portanto, de ação penal privada subsidiária da ação penal pública, proposta mediante queixa. Como afirmamos (...) a lei processual penal militar ainda não se ajustou à norma constitucional,...
8 logo, aplica-se, supletivamente, o disposto no CPP, relativo à ação penal privada subsidiária (art. 29 do CPP, c/c o art. 3º, a, do CPPM). Em nosso entendimento, não há como discutir, diante da norma constitucional expressa. Não se pode pôr em dúvida a admissão da ação penal militar privada subsidiária, diante do enunciado claro, preciso e impositivo da norma constitucional (art. 5º, LIX, da CF) (...). (grifei) Em suma: torna-se lícito concluir, considerados o magistério da doutrina e a diretriz jurisprudencial prevalecente na matéria, que o ajuizamento da ação penal privada subsidiária da pública, mesmo em sede de crimes militares, pressupõe a completa inércia do Ministério Público, que se abstém, sem justa causa, no prazo legal, (a) de oferecer denúncia, ou (b) de adotar medidas que
9 arquivamento do inquérito policial ou das peças de informação, ou, ainda, (c) de requisitar novas (e indispensáveis) diligências investigatórias à autoridade policial ou a quaisquer outros órgãos ou agentes do Estado. Decisão monocrática Ministro CELSO DE MELLO Relator (Brasília, 10 de agosto de 2009). Transcrições do Informativo 556 do STF. Disponível em: to/informativo556.htm
10 Apesar do STF admitir a Ação penal privada subsidiária da pública o mesmo não reputa viável a legitimação de pessoas jurídicas para tal ato, conforme se percebe na seguinte decisão: EMENTA: AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA (CF, ART. 5º, LIX). HIPÓTESE EXCEPCIONAL DE DERROGAÇÃO DO MONOPÓLIO QUE A CONSTITUIÇÃO OUTORGOU AO MINISTÉRIO PÚBLICO QUANTO À TITULARIDADE DA AÇÃO PENAL PÚBLICA (CF, ART. 129, I). CRIMES MILITARES: POSSIBILIDADE, EM TESE, QUANTO A ELES, DE AJUIZAMENTO DE QUEIXA SUBSIDIÁRIA. AUSÊNCIA, NO CASO, DOS PRESSUPOSTOS AUTORIZADORES DA UTILIZAÇÃO DA AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA. OPÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO PELO ARQUIVAMENTO DO PROCEDIMENTO...
11 ADMINISTRATIVO DE INVESTIGAÇÃO PENAL. MEDIDA QUE SE CONTÉM NA ESFERA DE PODERES DO PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA (RTJ 57/155 RTJ 69/6... QUANTO À FEBRACTA, A SUA QUALIDADE PARA AGIR EM SEDE DE QUEIXA SUBSIDIÁRIA. INEXISTÊNCIA, NO ORDENAMENTO POSITIVO BRASILEIRO, DA AÇÃO PENAL POPULAR SUBSIDIÁRIA. MAGISTÉRIO DA DOUTRINA. PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. JURISPRUDÊNCIA DOS TRIBUNAIS EM GERAL. CONTROLE PRÉVIO DE ADMISSIBILIDADE DAS AÇÕES NO ÂMBITO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. COMPETÊNCIA MONOCRÁTICA DO RELATOR. LEGITIMIDADE (RTJ 139/53 RTJ 168/ ). INOCORRÊNCIA DE OFENSA AO PRINCÍPIO DA COLEGIALIDADE (RTJ 181/1133-
12 AÇÃO PENAL SUBSIDIÁRIA NÃO CONHECIDA.... esta Suprema Corte não tem reconhecido, a entidades civis e sindicais, legitimação ativa ad causam para, agindo em sede penal, ajuizarem, em substituição processual ou em representação de seus associados, ação penal, inclusive aquelas de natureza cautelar ou tendentes a uma sentença condenatória.
DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR
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