Belos vinhos em ano difícil T dez anos depois ID:

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1 Pág: 58 Área: 21,00 x 27,70 cm² Corte: 1 de 7 dez anos depois r 'z=v,- ' t T 2009 Belos vinhos em ano difícil Após dois anos seguidos de estios suaves e eis que surge um ano complicado que se tornou muito desafiante para os produtores. Como se vê, muitos superaram o desafio com todo o brilhantismo. "F./T,, JOÃO PAULO MARTINS,,.' RICARDO PALMA VEIGA X

2 Pág: 59 Área: 20,27 x 27,70 cm² Corte: 2 de 7 QLINTA VALE EÃO DOURO

3 Pág: 60 Área: 21,00 x 27,58 cm² Corte: 3 de 7 ni dez anos depois Oassunto das alterações climáticas há muitos anos que é tema de conversa, de preocupação e de análise por parte dos especialistas. O clima nunca foi, mesmo em tempos recuados, uma linha contínua e sempre existiram anos quentes e outros frios, uns chuvosos e outros secos. A batida frase do "não há duas vindimas iguais" não sei quando foi criada, mas poderá ter sido em tempo imemoriais, tal a "normalidade" com que as variações climáticas devem ser entendidas. Mais recentemente tem-se verificado um aumento da temperatura média e o que mais temos conhecido e isso por força da desvairada intervenção do homem no meio ambiente são acidentes climáticos constantes, como se um ano normal com a chuva e o calor no momento certo já fossem assuntos de um passado cada vez mais longínquo. Tudo isto vem a propósito do ano de Os dois anteriores quase que davam razão aos que se recusavam a aceitar a inevitabilidade da alteração do clima. Tínhamos tido então dois verões amenos e não é assim por acaso que, por exemplo, os brancos de 2008 ainda estejam em excelente forma, sem sinais de oxidação precoce, ou seja, tudo aquilo que um enófilo gosta de ouvir, de beber e de sorrir perante as garrafas que tem em cave. Os verões suaves permitem maturações lentas e sem sobressaltos, o Eden para os enólogos e viticultores. Foi assim em 2007 e 2008 e até deu para pensar que, afinal, as alterações climáticas não eram nenhum papão. Mas o ano de 2009 veio mostrar que as preocupações faziam sentido e que, por mais que se tente, é quase inevitável que a forma como decorreu o ano do ponto de vista climático acabe por influenciar o perfil, o estilo, a longevidade e a energia dos vinhos. Isto é ainda mais verdade se estivermos a falar de tintos de topo, aqueles que os produtores pretendem que sejam a expressão do terroir, da vinha e da sua idade e, por arrastamento, do clima. Esse são quase sempre vinhos menos intervencionados e é neles que é mais fácil fazer a leitura do ano. O desenvolvimento do ano vitícola de 2009 começou com uma pesada herança, ou seja, um Inverno muito seco com pouca pluviosidade. Em Novembro de 2008 estávamos então no sétimo mês consecutivo com pluviosidade abaixo do normal, o que se prolongou até Janeiro. Tivemos um Inverno muito frio, com neve em zonas pouco habituais e também no Douro. Só em Janeiro começou a chover com força tendo então superado as médias de pluviosidade. A chuva prolongou-se no mês de Fevereiro, juntamente com frio. Março despertou com temperaturas amenas e muito baixa pluviosidade. O Verão foi depois muito quente e seco (no Douro apenas 7 mm de chuva em Julho, Agosto e Setembro), somente com alguns "pingos de água" que não che- garam para evitar que muitas castas tivessem resistido mal ao excesso de calor e isso também acabou por determinar o perfil dos vinhos, mais cálidos e maduros, sobretudo nas zonas mais a sul do país. Em quantidade, a produção foi muito baixa. Tudo obrigou a um trabalho de vindima de grande precisão para se saber seleccionar exactamente o que colher em cada momento, muito mais em função da maturação do que a já tradicional vindima por parcela e por casta. TRABALHOS COMPENSADOS A prova que agora fizemos - e que a cada ano que passa nos mostra que o número de amostras a selecionar poderia ser multiplicado por dois, três ou quatro evidenciou aquilo que se tem vindo a confirmar nos últimos anos: a moderna viticultura, capaz de produzir uvas de excelente qualidade e muito equilibradas, permite depois, com menos intervenção, fazer grandes vinhos, mesmo em anos difíceis. Todo o país está nesta "onda" e por isso encontramos muito bons vinhos em todas as regiões. Neste caso, o 2009 foi um pouco mais castigador para as zonas do sul, em virtude do calor imenso, gerando vinhos mais cálidos. No Dão, embora o número de amostras em prova não permita considerações sustentadas, provámos vinhos de grande equilíbrio, o que nada tem de estranho pois essa é mesmo a principal característica da região. Tivemos em prova mais amostras do Douro e os resultados mostraram que as cepas mais velhas (quase todos os vinhos provados desta região tinham origem em vinhas com idade) resistiram bem ao calor e não deixaram de originar grandes vinhos. Por comparação com outras provas anteriores dos tintos com 10 anos de idade, verificamos que a origem dos melhores vinhos varia, o que é sinal de que os vinhos espelham o ano e as maiores ou menores dificuldades de cada produtor. Desconcertante foi o número de segundas garrafas que tiveram de ser abertas, mais propriamente sete, o que representa um percentagem de quase 300/o, o que é muito: duas delas por TCA evidente (num dos casos a rolha, visualmente, era uma obra de arte) e as outras pelo problema bem mais irritante do "isto não está bem, vamos abrir a segunda", atitude que se revelou bem compensadora, já que todas as segundas garrafas abertas estavam em muito boa forma. Globalmente, fomos surpreendidos muito positivamente pela incrível juventude de muitos dos vinhos provados, com imensa vida pela frente, longe de chegarem ao plateau onde permanecerão, cremos, por muito tempo. E alguns deles poderão mesmo, no futuro, dar ainda melhor prova do que nesta fase. Há painéis de prova que são mais fáceis ou agradáveis do que outros. Provar estes tintos com uma década, no auge das suas qualidades, é algo que enriquece e compensa esta vida de provador. a 19v) Pintas WINE & SOUL O aroma impressiona muito, ainda jovem, com a barrica presente ao lado de fruta madura, mas tensa, sem exageros, com algum mineral e grande complexidade. Leves licorados ajudam ao conjunto, com finura de acidez e taninos requintados. Ainda na fase ascendente, mas com imenso potencial de vida em cave. (14,5%) 19 0) Quinta do Vale Meão F. OLAZABAL & FILHOS O vinho mostra-se inicialmente fechado, abrindo depois com fruta e ambiente floral de muita sofisticação. O ano quente não se reflecte no vinho, tem um perfil fresco e muito elegante, lustroso no brilho da fruta. É um belíssimo exemplar do Douro em ano difícil, com grande classe de conjunto. (14,5%) 18,5 O Chryseia PRATS & SYMINGTON Muito sedutor no aroma, com fruta perfeita, elegância de notas vegetais, frutos negros bem envoltos na barrica, notas de cacau e chocolate negro, alguma ginja, tudo muito atractivo. Dá muito prazer na prova de boca, com taninos polidos, elegância geral de muita classe, a dar bela prova. (14,5%)

4 Pág: 61 Área: 21,00 x 26,92 cm² Corte: 4 de 7 18, 5 O Robustus NIEPOORT Algo fechado no aroma, com fruta delicada e muita finura. Um estilo que aponta, em detrimento da potência, para uma elegância e frescura que lhe conferem um ambiente muito sedutor. Ao prová-lo ninguém imagina que vem de um ano quente. Um tinto que gera muita conversa à mesa. (13,5%) 18 % Dona Maria Reg. Alentejano Reserva tinto 2009 JÚLIO BASTOS O estilo do vinho é, sem carga negativa, muito Novo Mundo, muita ginja e azeitona verde, a barrica presente, mas a conferir robustez ao conjunto, tudo muito vivo. Bela harmonia na boca, com fruta e taninos evidentes, perfil cheio, mas seguro na fruta e na acidez. Resulta muito atractivo e impressivo, com anos pela frente. (14,5%) 18 Duas Quintas Douro Reserva tinto 2009 RAMOS PINTO Um clássico Duas Quintas, com Touriga Nacional e Franca, grande qualidade de fruta e barrica, tudo perfeitamente casado, a dar excelente prova. Volumoso na boca, com elegância e robustez, um tinto de enorme presença e equilíbrio, com perfil muito gastronómico. (15%) Kompassus Private Collection Bairrada Baga tinto 2009 KOMPASSUS VINHOS Concentrado na cor e aroma, nota-se a casta Baga ainda bastante vigorosa e que nos sugere que precisa de tempo, com fruta madura, madeira bem casada, carnudo e fresco. Austero, sério e pouco falador, é um vinho que impressiona, ainda em crescimento e com muito larga margem de progressão. (15%) MD= 18') Luis Pato Vinha Pan 180 Maritávora 18!) Mouchão 18 0 Quinta da Leda Reg. Beiras tinto 2009 LUIS PATO A casta Baga nota-se no aroma, que se revela macio e polido, abundantes notas de floresta e musgo, toque mineral a dar carácter, perfil muito elegante. Macio e texturado na boca, há um equilíbrio extremamente bem conseguido entre fruta, tanino e o carácter vegetal. Prima pela harmonia. (13%) Douro Grande Reserva tinto 2009 MARITÁVORA Notas de erva seca e tisanas, sério e ainda algo fechado no aroma mas a mostrar óptimas características para viver em cave. Fruta em diálogo com a barrica, sem imposições. Conjunto com taninos ainda bem presentes (a pisa a pé poderá ter influenciado) mas com muito boa frescura de boca e elegância. (14,5%) Reg. Alentejano tinto 2009 VINHOS DA CAVACA DOURADA Fiel às origens, com notas aromáticas de algum balsâmico, mentol longínquo e com azeitona verde, maduro, mas não madurão. Muito Alicante Bouschet na boca, num registo um pouco rústico, mas paradoxalmente elegante, com alguma finura, textura convidativa e muito carácter. (14,5%) SOGRAPE VINHOS Dá muito boa prova para poder ser apreciado desde já, revelando um tinto rico e com fruta fina e elegante, um ambiente mineral. Textura de grande classe, todo muito bem organizado e proporcionado. Aqui reina a proporção entre as várias componentes, num equilíbrio de raro sucesso. (14,5%) 18 1% Quinta dos Carvalhais Único Dão tinto 2009 SOGRAPE VINHOS Bem fresco no aroma, com bela elegância, fruta negra e vermelha de muita qualidade, resultando super apelativo e a convidar ao consumo. A fruta fina e expressiva confere muita finura de boca, é um tinto de grande estilo com bastante aptidão gastronómica. (14%) 18'/ Quinta do Vallado Field Blend Douro Reserva tinto 2009 QUINTA DO VALLADO Mostra-se muito bem no aroma, com fruta plena e notas macias de compota, de ameixa preta, tudo muito bem organizado, sem protagonismos. Prova de boca com classe, com taninos finos e textura acertada, muita elegância de conjunto, a dar bela prova desde já sem ser preciso esperar. (14,5%) 18 PJ Villa Oliveira Dão Touriga Nacional tinto 2009 O ABRIGO DA PASSARELA Excelente na cor e concentração, ainda se sente o floral da casta, com muita elegância. Na prova de boca domina a delicadeza da fruta em diálogo construtivo e equilibrado com a barrica. Muita garra e grande textura, a mostrar a classe da casta. (13,5%) 17, 5 0) Quinta das Bágeiras Bairrada Garrafeira tinto 2009 MÁRIO SÉRGIO NUNO Muito bem no aroma, com a presença da madeira velha a notarse, num estilo fechado e potente, notas de ginja e algum balsâmico, tudo nervoso. Austero na boca, bem típico deste produtor, com rugosidade de taninos e muito potencial de cave. Um tinto sempre anguloso mas fiel às origens. (14,5%)

5 \I dez anos depois Pág: 62 Área: 21,00 x 27,17 cm² Corte: 5 de 7 17,5 0) Cortes de Cima Reg. Alentejano Reserva tinto 2009 CORTES DE CIMA Concentrado e rico, fruta madura, alguns licorados e balsâmicos, tudo a dar excelente prova neste momento. Muito harmonioso na boca, macio e afinado e a resultar numa textura acetinada, taninos ainda presentes, com perfeita harmonia de conjunto, texturado e saboroso. (14%) 11~,; 17,5 Quinta do Crasto Douro Tinta Roriz tinto 2009 QUINTA DO CRASTO Excelente na cor, ambiente de vegetal seco, com fruta madura, notas balsâmicas, chocolate amargo, tudo em muito bom plano. Macio, com volume de boca, fruta bem madura, já no seu melhor momento. Conjunto de inegável perfil duriense. (14,5%) 17,5 O Esporão Private Selection Garrafeira tinto 2009 ESPORÃO Feito com Aragonez, Alicante Bouschet e Syrah. Média concentração na cor e com um aroma definido e já bem exposto na fruta, muito proporcionado. Fruta madura, com tanino macio e acetinado, a mostrar-se muito apelativo. Quase no ponto óptimo de consumo, um Private de estilo mais acessível. (14%) 17,5 0) Quinta das Marias Dão Touriga Nacional Reserva tinto 2009 PETER ECKERT Ainda muito bem na concentração, resina de fruto, cerejas pretas, com bela textura aromática. Cheio de saúde na boca, com taninos evidentes, robusto e com muito carácter. É um Touriga Nacional complexo e rico que mostra aqui todo o potencial da casta para a vida em cave. (15%) 17,5 O J de José de Sousa Reg. Alentejano tinto 2009 JOSÉ MARIA DA FONSECA Aroma morno e denso, a mostrar um estilo envolvente, resultado do estio quente e seco. A fruta é madura, com leve compota, textura macia e com prova de boca muito agradável e elegante. Poderá não ser muito mais longevo, mas está a dar bela prova neste momento. (13%) 17,5 Quinta Nova Nossa Senhora do Carmo Douro Grande Reserva tinto 2009 QUINTA NOVA NOSSA SENHORA DO CARMO Concentrado e rico com textura de geleia e compota, com belo impacto olfactivo. Boca com taninos evidentes, elegância e textura, tudo muito bem composto e acertado. Conjunto de muita classe, acidez no ponto a conferir frescura, com evidente longevidade. (15%) 17,5 PJ Marquês de Borba Alentejo Reserva tinto 2009 JOÃO PORTUGAL RAMOS O Cabernet Sauvignon incute aqui uma nota de vegetal verde, acompanhado de fruta madura, a mostrar ainda muito boa garra para a idade. A prova de boca confirma este lado sempre atrevido, irreverente que nos diz que temos vinho para muitos anos. (14,5%) 17,5 Três Bagos Douro Grande Escolha tinto 2009 LAVRADORES DE FEITORIA Muito bom impacto de aroma, fruta madura, um toque mineral, uma leve rusticidade que lhe dá carácter, a madeira ainda presente. Especiado na boca, com tanino sólido e ainda firme, bem texturado, num estilo vigoroso e sério, clássico. (14,5%) 17 ExAequo Reg. Lisboa tinto 2009 JOSÉ BENTO DOS SANTOS Concentrado na cor e aroma, mineral e fruta negra, com textura de boca de grande concentração, rico e com boa densidade. Austero no palato, revelando um estilo sério e algo sisudo, todo ainda em construção, sugerindo que pode ainda ganhar com mais tempo de cave. (14%) 17 0 Palácio da Bacalhôa Reg. Pen. de Setúbal tinto 2009 BACALHÔA VINHOS DE PORTUGAL Fiel às castas, com presença evidente do Cabernet Sauvignon em diálogo com o Merlot, muito bons apimentados, perfil cheio e com bastante carácter, ainda que sem a vivacidade de outras colheitas. Na boca temos notas de tabaco, de barrica e tosta, com muito boa estrutura e final apelativo. (14,5%) 17 /) Quinta da Touriga Chã JORGE ROSAS Um pouco evoluído no aroma, a mostrar como o ano pode marcar o vinho, com notas licoradas, algum floral da Touriga Nacional. Evoluiu muito bem, com taninos evidentes e a mostrar um estilo entre o terroso e o morno. Poderá não justificar mais guarda. (14,5%) =EB 17 0% Scala Coeli Reg. Alentejano tinto 2009 FUNDAÇÃO EUGENIO DE ALMEIDA Feito de Touriga Franca, revela notas de barrica e fruta madura no aroma, com um toque metálico que lhe dá um perfil austero. Na boca mostra-se sério, com a fruta madura a revelar carácter, cheio e gordo, mas equilibrado e com perfil gastronómico, ainda com muito futuro pela frente. (15%)

6 Pág: 1 Área: 4,86 x 11,02 cm² Corte: 6 de 7 58 Grandes tintos, dez anos depois Chegou a prova mais emblemática do ano, uma viagem no tempo para dez anos atrás. Estes grandes tintos de 2009 mostraram que, apesar das dificuldades do ano, foi possível dar a volta, com brilhantismo.

7 Pág: 1 Área: 6,64 x 2,16 cm² Corte: 7 de 7 grandes escolhas evereiro ALENTEJO PREMIUM 40 BRANCOS DE TOPO PARA TODOS OS GOSTOS TRÁS-OS-MONTES UMA DÉCADA SÃO VALENTIM ENTRE VIDAGO DEPOIS VINHOS E PRESENTES E VALPACOS OS MELHORES TINTOS DE 2009 PARA UM DIA ESPECIAL Sericaia Reg. Alentejano tinto 2016