A INFLUÊNCIA DOS DIALETOS MINEIROS NO FALAR DOS MORADORES DO BAIRRO DE SANTANA SÃO JOSÉ DOS CAMPOS,SP
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- Melissa Barbosa de Abreu
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1 A INFLUÊNCIA DOS DIALETOS MINEIROS NO FALAR DOS MORADORES DO BAIRRO DE SANTANA SÃO JOSÉ DOS CAMPOS,SP Pontes, F. L. C. 1,Couto, C. G. V. 2 1 Univap/Letras,Rua: Nicarágua, Nº214, Vista Verde, cafilipini@yahoo.com.brl 2 IUnivap/Letras, Rua Tertuliano Delfim Jr, 181, Jd. Aquarius, saanlu12@yahoo.com.br Resumo- O presente trabalho trata da influência dos dialetos mineiros na fala dos moradores do bairro de Santana, zona norte de São José dos Campos, SP. Sabemos que a comunidade de Santana recebe grande parte do contingente de imigrantes mineiros que chegam a São José dos Campos, com isso houve influências dessa imigração na economia, estrutura e cultura do bairro, procuramos então verificar se há realmente vestígios do falar mineiro entre os moradores da citada comunidade. Fundamentando nosso trabalho em teorias como a variação linguística, sociolinguística, geografia lingüística e dialetologia e nos apoiando no Esboço de um Atlas Linguístico de Minas Gerais, conseguimos verificar e caracterizar as influências dialetais dentro do bairro de Santana e perceber até que ponto a imigração mineira contribuiu, e deixar um registro do falar local para a comunidade para que este não se perca com o tempo. Palavras-chave: Dialetologia, Atlas Linguístico, São José dos Campos. Área do Conhecimento: Letras Introdução O presente estudo trabalhará com a Dialetologia, observando a influência de certos dialetos em São José dos Campos e para fazer esta verificação usaremos da geolinguística e dos Atlas regionais.a cidade de São José dos Campos, SP, recebeu uma grande quantidade de imigrantes oriundos de outros estados e até outros países, mas principalmente a imigração mineira deixou fortes marcas na cultura e na sociedade joseense em si. Exemplo disso é o bairro de Santana, situado na zona norte de São José dos Campos, por ser a principal via de acesso dos imigrantes no começo do século XX, foi o que mais recebeu essa influência, segundo Siqueira (...) Santana é um ponto de ligação entre as terras que ficam além do legendário Rio Paraíba, estrada líquida dos bandeirantes seiscentistas no caminho para as minas, e a cidade propriamente dita. (apud MOURA 2008) Essa influência mineira no bairro de Santana é tão grande que pode ser vista na urbanização e cultura dos moradores do bairro. Sabendo que a língua é o reflexo de uma sociedade, uma vez que é por meio dela que o homem transmite ideias próprias e do meio em que está inserido, por este motivo é que intencionamos procurar na fala dos moradores do bairro de Santana vestígios do falar mineiro, não só nos mineiros e descendentes como também nas pessoas naturais de São José dos Campos e sem relação com o estado de Minas Gerais. O termo Dialeto ainda é visto com receio e preconceito por boa parte das pessoas, Ferreiro e Teberosky (1985), afirmam ainda que, todos nós falamos uma variedade dialetal de certa língua, já que segundo Haugen (in Ferreiro e Teberosky,1985) uma língua não é senão o meio de comunicação entre falantes de dialetos diferentes, dentro de uma mesma família linguística. Portanto não há como termos preconceito diante das variações linguisticas, já que, uma pessoa, mesmo falando o português da forma mais correta, que se encaixe na norma culta padrão, como exemplo um professor, ou advogado, ainda assim essa pessoa fala um dialeto, pois toda profissão tem suas variedades. Com isso, nosso trabalho tem como objetivos: levantar se há uma influencia dialetal no bairro de Santana, definir qual o nível dessa influência e caracterizar os termos referentes a este dialeto que aparecem no falar dos moradores do bairro. Pretendemos ainda com este estudo ajudar a transformar a visão que as pessoas têm sobre o termo Dialeto e deixar à comunidade do bairro de Santana um registro não só de seu falar, mas de sua história, pois a língua de um indivíduo e principalmente, o seu falar também a constitui. Metodologia 1
2 O estudo no bairro de Santana foi feito por meio de observações do cotidiano do bairro, tardes na praça da igreja matriz, noites de missa, feira de domingo, festa do Mineiro, saída de escolas, porta de comércio, tradicionais quermesses e durante o dia e noite pelo bairro. Escolhemos esta localidade pela história de migração dentro do bairro desde o início da formação da cidade de São José dos Campos - SP, até os dias de hoje. Durante este tempo, encontramos todos os tipos de pessoas que ali vivem, indivíduos de diversas profissões, sexo, idade e origens e nos mais diversos afazeres, no trabalho, nas conversas com amigos, nas manifestações religiosas entre outros. Buscamos realizar um trabalho bem amplo, para que o resultado não deixasse lacunas. Por tratar de influências dialetais esta pesquisa terá sustentação na dialetologia e sociolinguística, que possibilitarão um estudo linguístico da comunidade de Santana. Teremos também como suporte, para comparação dos dados observados, o Esboço de um Atlas Linguístico de Minas Gerais (EALMG), que nos servirá também como referência para a discussão do trabalho. Dentro de nossas observações procuramos nos ater a palavras relacionadas a brincadeiras infantis, fenômenos atmosféricos e tempo que reverenciam o volume I do EALMG e são de fácil comunicação, comumente utilizados como função fática e fazem parte da história e vida de cada um. No estudo do EALMG foi encontrado três falares dentro do estado de Minas Gerais, são eles ao norte, o falar baiano, ao sul-sudeste o falar paulista, e o falar mineiro no centro-leste como podemos ver no mapa a seguir. Figura 1 : Os falares dentro de Minas gerais, dados do EALMG, elaboração Camila Letícia Filipini Pontes Após a coleta dos dados fizemos um seleção das palavras que seriam utilizadas na pesquisa, dando prioridade àquelas que são contempladas no EALMG, a fim de que fizéssemos uma relação entre o léxico dos moradores do bairro Santana com os resultados obtidos nos levantamentos do EALMG,caracterizando não só o termo encontrado mas também dentro de qual falar ela se encontra de acordo com o EALMG, uma vez que o objetivo principal do presente estudo seja apresentar o grau de influência do falar mineiro na população do bairro de Santana. Para a verificação dos dados, observamos dois grupos diferentes, descendentes e nãodescendentes de mineiros. Com o levantamento obtido verificamos qual a influência do falar mineiro em cada grupo e sua manifestação na fala dos moradores da localidade, bairro Santana em São José dos Campos,SP. Resultados Iremos dividir nossas observações em dois grupos, o grupo 1: joseenses, descendentes de mineiros, residentes do bairro de Santana, e o grupo 2: joseenses, não-descendentes de mineiros, residentes do bairro de Santana. Procuramos realizar uma conversa despretensiosa, bem como observar os diálogos nos mais diversos tipos de situações. Como já fora citado, assuntos referentes ao tempo e fenômenos atmosféricos são lugar-comum quando se quer começar um diálogo e brincadeiras infantis são assuntos que fazem parte da história, quando não do cotidiano de todas as pessoas e, que hoje em dia, provoca uma grande discussão em virtude das novas brincadeiras das crianças e os novos meios de tecnologia. Em relação ao grupo 1, na área de fenômenos atmosféricos e tempo, dentro das falas deste grupo encontramos termos como: mormaço, tromba d água, relâmpago, cerração, orvalho entre outros. Termos definidos pelo EALMG como falar do centro-leste, o falar mineiro. Estes tipos de termos são elementos que trazemos do convívio familiar, que aprendemos com nossos pais, avós, tios ou irmãos, por isso há uma forte influência do dialeto mineiro no falar do grupo 1. Constatamos também a presença de alguns termos do falar paulista do sul-sudeste do estado de Minas Gerais que foi apontado pelo EALMG, como: neblina, chuvisco, raio, sereno e chuva de pedra, porém sua incidência foi mínima em relação aos termos de dialetos mineiros. Com exceção do termo 2
3 neblina, que teve uma alta incidência, por tratar-se de um termo que faz parte do léxico paulista. Já os nomes de brincadeiras nos mostraram um resultado peculiar. Em primeiro lugar, os termos para brincadeiras geram todo o tipo de discussão sobre qual seria o nome certo para a brincadeira em questão? como seria o jogo? e principalmente, e a conclusão de que ninguém brinca mais com jogos de rua, que as crianças de hoje em dia mudaram, entre outros comentários. Mas, o que realmente nos chamou a atenção foi que tanto no EALMG como em nosso estudo, os termos encontrados para os nomes de brincadeiras são de grandes variações e quantidades. Como exemplo, poderemos citar o termo para a brincadeira de pular carniça, no EALMG encontramos 18 variações, como podemos ver no mapa. Figura 2: Mapa incidência e caracterização de termos, carta 40- pular-carniça dentro do estado de Minas Gerais EALMG. família mineira e até, nunca tinham passado mais do que um fim de semana em MG. Dentro do chamado grupo 2, foi interessante observar, que a diferença encontrada no falar deste grupo, para o grupo 1 foi mínima. Encontramos os mesmos termos do falar mineiro do centro-leste definido pelo EALMG nas falas do grupo 2, e a incidência mínima de termos do falar paulista também ocorreu neste mesmo grupo. A única exceção dentro dos termos do grupo 2, em relação ao grupo 1, foi a nominação de tromba d água, este termo foi único no falar do grupo 1, já que é um termo usual em Minas Gerais, como podemos observar no mapa a seguir. Figura 3: Mapa incidência e caracterização de termos, carta 21 tromba d água dentro do estado de Minas gerais EALMG. O mesmo ocorreu em nosso estudo, embora em proporções menores, encontramos 9 variações sobre a brincadeira pular carniça, são elas : pular carniça, pular sela, brincar de sela, cavalinho, canguru, pula macaco,pular cerca, ponte e estrela estrelinha nova. A quantidade de pessoas descendentes de mineiros no bairro é imensa, sejam pessoas que tenham nascido em Minas Gerais e criadas em Santana ou que tenham nascido neste bairro, sendo os pais mineiros. Todavia, é grande também o número de pessoas que são de famílias joseenses, e que moram no bairro desde que nasceram. Por isso nossas observações não se limitaram apenas aos descendentes de mineiros, buscamos também avaliar qual o grau de influência do falar mineiro naqueles que não têm A definição para tromba d água dentro do grupo dois foi de tempestade. Como resultado final levantamos certos termos dentro de cada influência, segundo as tabelas a seguir. Tabela 1: Termos de influência Mineira encontrados em Santana Termos de influência Mineira segundo EALMG Cerração Abafado Sereno Tromba dágua Temporal Porrinha Pipa Cabra cega 3
4 Tabela 2: Termos de influência Paulista encontrados em Santana Termos de influência Paulista segundo EALMG Papagaio Cobra cega Orvalho Neblina Mormaço Garoa Tempestade Jogo de palito Discussão Para Alkmim, A história da humanidade é a história de seres organizados em sociedade e detentores de um sistema de comunicação oral, ou seja, de uma língua ( in MUSSALIM E BENTES,2000). A língua, por estar diretamente ligada à sociedade adquire características, traços comuns a ela, sua evolução, sua história seguirão juntas, dependentes uma da outra. O Brasil, desde a sua colonização, recebeu povos de diversos países e continentes, com as mais variadas línguas, portanto recebemos diferentes influências não só em nossas sociedades e costumes, como também em nossa língua. Todas as línguas apresentam um dinamismo inerente, o que significa dizer que elas são heterogêneas, (MOLLICA,2003) ou seja há em todas as línguas formas diferentes de se dizer a mesma coisa, variações de signos linguísticos, porém que têm o mesmo sentido. Dentro das variações linguísticas temos o estudo da dialetologia e geolinguística. Para Halliday (apud Preti, 2003), Um dialeto é uma variedade de uma língua diferenciada de acordo com o usuário: grupos diferentes de pessoas no interior da comunidade linguística falam diferentes dialetos. Ou seja, o conjunto das variações linguísticas, suas caracterização dentro da língua, as particularidades dos indivíduos que as falam formam um dialeto, e a dialetologia estuda como este dialeto se realiza, em que estrato social, geográfico ou de estilo este se encontra e quais as consequências dentro da língua. Uma variação pode ocorrer por diversos fatores, como raça, profissão, posição social, grau de escolaridade, local em que se reside etc. Logo um dialeto sofre influência de diversas áreas também, e cabe a dialetologia observar todos os fatores que o influenciam, podemos caracterizar três principais influências e diferenças que um dialeto sofre como: diferenças diatópicas (espaço físico, região, geografia), diferenças diastráticas (Social) e diferenças diafásicas (estilo, circunstância em que o discurso é realizado). Neste estudo nos atemos as diferenças diatópicas tendo como auxílio a Geografia linguística, ou Geolinguística, que seria um instrumento da dialetologia para analisar as variações regionais. A Geolinguística trabalha com cartas geográficas da língua,mapas de isoglossas (linhas imaginárias em que se encontram certa homogeneidade linguística) e todas as incidências das variações dentro de um certo território. Durante as observações no bairro de Santana, colhemos vários termos relacionados a fenômenos atmosféricos e tempo, bem como jogos e brincadeiras infantis, selecionamos os que estão presentes no EALMG. O Esboço de um Atlas Linguístico de Minas Gerais que foi elaborado pelos professores José Ribeiro, Mario Roberto L. Zágari, Antônio Pereira Gaio e José Passini, sendo publicado seu primeiro volume na década de 70. O questionário para a elaboração do EALMG foi baseado nos trabalho de Antenor Nascentes Bases para a elaboração do Atlas linguístico do Brasil , no Guia para estudos dialetológicos -1955, de Serafim da Silva Neto e nas cartas do Atlas Prévio de Falares Baianos (Rossi et al 1963), porém, pelas diferenças encontradas em cada região o questionário do EALMG foi adaptado às condições do homem e da terra.o questionário do volume I do EALMG foi aplicado como uma pesquisa direta e indireta em 116 municípios espalhados pelo estado de Minas Gerais. As perguntas foram formuladas de tal maneira que o inquiridor não poderia dizer o nome do objeto perguntado, foram perguntas indiretas como Qual o nome daquelas manchas brancas que aparecem no céu. A escolha dos informantes obedecia a certas regras como ter nascido no município e não ter vivido em outro lugar, iletrado, analfabeto ou que tenha apenas iniciado o curso primário, idade de 30 a 50 anos entre outras. O resultado deste trabalho são as caracterizações de cada variação dentro do estado e mapas linguísticos das incidências de certos termos em cada região. Em nosso estudo utilizamos como base para comparação e caracterização dos falares o Volume I do EALMG que trata de fenômenos atmosféricos e Jogos e folguedos infantis. Sendo assim, em relação ao campo semântico fenômeno atmosférico e tempo foi observado em nosso trabalho que os termos arcoíris, estrela-cadente e trovão foi uma ocorrência unânime, cabe ressaltar que os três termos são predominantemente mineiros, se levarmos em conta a conclusão do EALMG. Embora saibamos que estes termos são lugares-comuns em todo Brasil. No que diz respeito à influência paulista, os 4
5 termos neblina e raio são falares tipicamente paulistas, fato comprovado pelo próprio EALMG onde estes termos aparecem na região de falar paulista. Exemplificamos com neblina, conforme mapa: Figura 4: Mapa incidência e caracterização de termos, carta 10- cerração dentro do estado de Minas Gerais- EALMG. Ainda ocorreu de alguns termos serem utilizados tanto em Minas Gerais quanto em São Paulo. É o caso por exemplo, de mormaço, garoa e tempestade que apareceu várias vezes, mesmo assim termos típicos do falar mineiro foram encontrados como abafado, sereno e temporal, respectivamente para denominarem os termos acima. Cabe-nos ressaltar que o termo tempestade apareceu nas observações tanto quanto temporal, o que evidencia outro termo do falar mineiro no bairro de Santana. No que diz respeito à área semântica jogos e brincadeiras infantis foi observado que o termo pipa prevaleceu sobre os demais, em resposta a designação brinquedo de papel feito pelas crianças para soltar no céu, sendo que pipa é um termo do falar mineiro estabelecido pelo EALMG, e no falar paulista predomina o termo papagaio. Sobre a influência paulista temos o termo jogo de Palito, termo estabelecido pelo EALMG como falar paulista, em contrário a porrinha comumente usado em Minas Gerais para designar o jogo de palitos feito pelas crianças, como podemos ver pelo mapa. Fato interessante é que o termo neblina aparece predominantemente no falar mineiro para designar chuva fina.já a influência mineira é vista claramente nos termos granizo, orvalho e anteontem, já que encontramos várias vezes estas expressões, e conforme observações feita em EALMG são predominantes no falar mineiro.outrossim encontramos outras denominações para os mesmos fenômenos, contudo de maneira escassa. Conforme pode ser observado no mapa a seguir. Figura 6: Mapa incidência e caracterização de termos, carta 39 porrinha dentro do estado de Minas Gerais - EALMG Figura 5 :Mapa incidência e caracterização de termos, carta 22- anteontem dentro do estado de Minas Gerais EALMG. Como influência mineira podemos destacar o termo cobra-cega, que prevaleceu sobre cabracega, termo paulista definido pelo EALMG. Apesar de o termo mineiro ter prevalecido sobre o termo paulista, a diferença não foi muito significativa. Pode-se atribuir a isso a equivalência fonética entre os termos. Ainda sobre jogos e brincadeiras infantis observamos a dificuldade de se estabelecer uma influência, pois como já visto sobre o termo pular carniça, a variedade e quantidade de termos é 5
6 grande, por ser termos designados por crianças, consequentemente tem uma flexibilidade maior. Tivemos dificuldade também, por não possuir os termos típicos paulistas, acreditamos que com a conclusão do Atlas Linguístico de São Paulo a observação terá mais fundamentos. Conclusão O estudo aqui apresentado demonstra que realmente a língua está intrinsecamente ligada a história de um povo, pois refletindo sobre os resultados do grupo 1, chegamos a conclusão que dentro da área semântica fenômenos atmosféricos e tempo os vestígios do falar mineiro é bem visível, talvez, como já dito anteriormente, por se tratar de termos adquiridos no contexto familiar essa influência seja bem caracterizada. Já no que diz respeito à área de brincadeiras e jogos infantis vimos a dificuldade em se perceber uma influência de dialetos, já que nomes de brincadeiras são termos bem flexíveis, margeados pela imaginação e criatividade das crianças. Com os resultados do grupo 2, podemos verificar a real influência do dialeto mineiro dentro do bairro do Santana, pois vimos que mesmo em pessoas sem parentesco ou relação com Minas Gerais, algumas até que nunca saíram de Santana, carregam uma influência do dialeto mineiro em seu falar. Com isso constatamos que a influência mineira no bairro não se restringe a cultura ou estrutura, essa imigração atingiu diretamente a fala, o falar dos moradores do bairro. Já que em todo o bairro, não só os descendentes de mineiros, receberam e afixaram esta influência. Dentro do bairro de Santana podemos entender a resistência desse falar mineiro, por meio de sua história. Santana foi um bairro que sempre procurou uma independência da cidade de São José dos Campos, e para isso precisou de uma união do bairro para resistir à influência da cidade em seu desenvolvimento, economia e até mesmo em seu falar. Afixar esse falar mineiro, para os descendentes de mineiros, é uma maneira de resgatar seu passado, seus antepassados e sua história. Concluímos também que para estudos posteriores, seria interessante após a publicação do Atlas Linguístico do Estado de São Paulo, verificar a influência do falar mineiro dentro do estado de São Paulo e a incidência de termos realmente paulista dentro de São José dos Campos. CARDOSO, S; FERREIRA, C.. A Dialetologia no Brasil (Repensando a Língua Portuguesa) Contexto - São Paulo, 1994 CRISTIANINI,A, C; ENCARNAÇÃO, M, R, T. De Antenor Nascentes ao Projeto Atlas Lingüístico do Brasil - ALiB: conquistas da Geolingüística no Brasil, Revista Letra Magna - Ano 03- n.05-2º Semestre de 2006 FERREIRO, E; TEBEROSKY, A. Psicogênese da Língua Escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, p.267 LARAIA, R, B. Cultura: Um conceito antropológico. Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1989 p.21.. MOLLICA, M. C. ; BRAGA, M. L.: (Orgs.), (2003) Introdução à Sócio linguística O tratamento da variação. São Paulo: Editora Contexto. MOURA; P, R de. SANTANA :Um bairrocidade dentro de São José dos Campos, Universidade do Vale do Paraíba- São José dos Campos, SP 2008 MUSSALIM, F ; BENTES, A, C. Introdução à Linguística.; Domínios e Fronteiras. São Paulo: Cortez Editora. Vol. 1, 2ª edição, PRETI, D. Sociolinguística Os níveis de Fala 9ª edição. São Paulo: EDUSP RODRÍGUEZ, A. M.. Breve histórico da Geografia Linguística. Revista Philologus, Rio de Janeiro, v. 10, p , SANTOS, S. L.. Variações linguísticas: O confronto das equivalências e o choque dos contrários.. Eletras, v. 1, p , TARALLO, Fernando Luiz. A pesquisa sociolinguística. Editora Ática- Série Princípios São Paulo - 8ª edição, 2007 Projeto Atlas Linguístico do Brasil AliB - Referências BRANDÃO, S. F. A geografia linguística no Brasil. São Paulo: editora Ática,
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