CAESP - Artes Aula 22-01/01/2018 SEMANA DE ARTE DE 1922 E MOVIMENTO ANTROPOFÁGICO ARTE MODERNA E CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA
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- Francisca Amaro Beltrão
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1 CAESP - Artes Aula 22-01/01/2018 SEMANA DE ARTE DE 1922 E MOVIMENTO ANTROPOFÁGICO ARTE MODERNA E CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA
2 Academia Imperial de Belas-Artes: a força simbólica da estética europeia. No século XIX temos um grande fomento da arte no Brasil. Devemos lembrar que é justamente nessa época que temos a consolidação do Segundo Reinado com D. Pedro II. O gosto estético implantado no Brasil era profundamente eurocêntrico e conservador. E isso é fácil de compreender quando lembramos que é um governo monárquico que financia as artes, não haveria como não ser conservador.
3 Academia Imperial de Belas-Artes: a força simbólica da estética europeia. E o imperador D. Pedro II é um homem educado nos moldes europeus, em uma realidade histórica e social com o primado econômico, político e cultural da Europa sobre todo o mundo. Também temos um governo que precisa se estabelecer como digno de ser reconhecido dentre as outras nações do mundo civilizado. E o padrão da época é a Europa.
4 Academia Imperial de Belas-Artes: a força simbólica da estética europeia. As belas-artes são ensinadas na Academia Imperial de Belas-Artes, que depois, com a República, apenas (apenas mesmo) muda de nome, passando a ser Academia Brasileira de Belas-Artes. A Academia Imperial de Belas-Artes é fundada por uma das (muitas) missões francesas que trazem (aos solavancos) os padrões culturais europeus para os trópicos. Esses padrões trazidos pela missão francesa são os da beleza ideal dos clássicos (greco-romanos). A produção da obra de arte é rigidamente orientada por cânones específicos do academicismo dominante na França da época.
5 Academia Imperial de Belas-Artes: a força simbólica da estética europeia. A arte trazida para o Brasil do século XIX realmente não poderia ser diferente de uma arte clássica (neoclássica) conservadora e eurocêntrica. Os temas produzidos pelos autores brasileiros do século XIX são nacionalistas, pois o nacionalismo é a exigência comum e natural de uma nação que ainda está a afirmar a sua identidade, independência e soberania, mas são idealizados. Quando não são representações patrióticas como propaganda política, são idealizações da vida rural e/ou indígena.
6 Pedro Américo Batalha do Avaí 1872
7 Almeida Júnior O violeiro 1899
8 Vitor Meireles Moema 1866
9 Modesto Brocos y Gómez Redenção de Cam 1895
10 Academia Imperial de Belas-Artes: pluralidade na produção. Porém, como não é estranho, nem único na história, mesmo com toda a força ideológica no direcionamento da estética que deveria ser produzida, os oriundos da Academia Imperial de Belas-Artes não criaram apenas obras clássicas ou neoclássicas, mas também foram influenciados pelos estilos artísticos que eram produzidos na Europa da época, notadamente o Impressionismo, o Expressionismo, o Pontilhismo e outros.
11 Academia Imperial de Belas-Artes: pluralidade na produção. Porém, mesmo com essas digressões do modelo imposto pela academia, essa produção desviante do modelo acadêmico, será pontual, e não um movimento artístico que engaje vários artistas de vários estilos e formas de expressão artística em um mesmo movimento que busque uma transformação da arte produzida no Brasil. Isso será possível apenas nas duas primeiras décadas do século XX.
12 Arte produzida no Brasil no início do século XX: maneirismos ecléticos, tudo muito pompier. No final do século XIX e início do século XX, a arte produzida no Brasil estará dominada por um ecletismo que busca as bases no que é comumente aceito e tempera com as novidades da época. Dois são os testemunhos maiores desse ecletismo, a arquitetura e a escultura. Ambas em pot-pourri monumentalístico e decorativo.
13 Arte produzida no Brasil no início do século XX: maneirismos ecléticos, tudo muito pompier. Na arquitetura temos as construções da Av. Rio Branco no Rio de Janeiro e da Av. Paulista em São Paulo. As elites dessas duas cidades querem ser modernas, cultas, europeias nos trópicos, mesmo que sejam aos retalhos. É interessante notar que os prédios construídos na época parecem colagens de recortes dos álbuns de arquitetura e decoração importados da Europa.
14 Arte produzida no Brasil no início do século XX: maneirismos ecléticos, tudo muito pompier. Sobre a atmosfera fortemente acadêmica e eurocêntrica criada pela Academia (já) Brasileira de Belas-Artes, o poeta parnasiano Raimundo Correia conseguiu sintetizar ao comentar sobre a Exposição Nacional de 1908:... com triste exatidão...o mal-estar que nos oprime e asfixia.
15 Exposição Nacional de 1908: os bolos de noiva.
16 Ettore Ximenes (Itália) Monumento da Independência 1922
17 Semana de Arte Moderna de 1922: allons enfants de l Art, contre nous de le pompier! Certamente, se existe uma atmosfera opressora contra a expressão artística, ela não permanece muito tempo sem reações que busquem a sua superação. Pois a arte, toda arte, almeja a libertação, ou ela será apenas um instrumento de reprodução técnica e ideológica. E a Semana de Arte de 1922 é o ponto fulcral dessa reação que começa antes.
18 Semana de Arte Moderna de 1922: allons enfants de l Art, contre nous de le pompier! Se existe uma opressão dessa arte acadêmica de matriz europeia que asfixia a criatividade nacional, não é de surpreender que Oswald de Andrade vá propor uma valorização do nacional em detrimento de um estrangeirismo, notadamente eurocêntrico. O que décadas mais tarde, será expresso por Nelson Rodrigues, de forma infinitamente mais sagaz e crítica, na ideia do complexo de viralata.
19 Semana de Arte Moderna de 1922: allons enfants de l Art, contre nous de le pompier! A intenção de Oswald de Andrade é propor uma nova estética ligada à realidade nacional da nação brasileira. Não uma idealização autorizada pelo Estado, cerceadora da liberdade criativa, mas de uma multiplicidade colorida, festiva, grandiosa, autêntica, sofrida, desesperada e miserável, de antagonismos e de enormes espaços mestiços intermediários que formam o Brasil.
20 Semana de Arte Moderna de 1922: allons enfants de l Art, contre nous de le pompier! Desta forma, podemos compreender as motivações do Movimento Antropofágico. Existe a influência estilística e criativa externa? Sim! Mas ela não será a rainha absoluta das regras, mas uma simples influência, uma forma de expressão, mas jamais a expressão em si. Essa deverá traduzir, representar, expressar, cantar, pintar e esculpir o Brasil que existe no cotidiano das pessoas.
21 Semana de Arte Moderna de 1922: polêmicas prévias. Em 1917, Anita Malfatti, realiza uma exposição das suas obras trazendo os novos conceitos de uma arte moderna genuinamente brasileira para o público. A polêmica que se cria pode ser bem entendida com o artigo de Monteiro Lobato criticando a exposição e o Prefácio Interessantíssimo de Mário de Andrade.
22 Semana de Arte Moderna de 1922: polêmicas prévias. Monteiro Lobato (1917): todas as artes são regidas por princípios imutáveis, leis fundamentais que não dependem do tempo nem da latitude (...) quando as sensações do mundo externo transformam-se em impressões cerebrais, nós sentimos ; para que sintamos de maneira diversa, cúbica ou futurista, é forçoso ou que a harmonia do universo sofra completa alteração, ou que o nosso cérebro esteja em pane por virtude de alguma grave lesão. Enquanto a percepção sensorial se fizer normalmente no homem, através da porta comum dos cinco sentidos, um artista diante de um gato não poderá sentir senão um gato, e é falsa a interpretação que do bichano fizer um totó, um escaravelho ou um amontoado de cubos transparente.
23 Semana de Arte Moderna de 1922: polêmicas prévias. Mário de Andrade (1922): Belo da arte: arbitrário convencional, transitório - questão de moda. Belo da natureza: imutável, objetivo, natural - tem a eternidade que a natureza tiver. Arte não consegue reproduzir natureza, nem este é seu fim. Todos os grandes artistas, ora conscientes (Rafael das Madonas, Rodin de Balzac, Beethoven da Pastoral, Machado de Assis do Braz Cubas) ora inconscientes (a grande maioria) foram deformadores da natureza. Donde infiro que o belo artístico será tanto mais artístico, tanto mais subjetivo quanto mais se afastar do belo natural. Outros infiram o que quiserem. Pouco me importa.
24 Semana de Arte Moderna de 1922: polêmicas prévias. Nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, é realizada a Semana de Arte Moderna dentro de um espaço profundamente eclético em sua arquitetura, mas sem deixar de ser o palco da arte no coração da cidade que caminhava para se estabelecer como metrópole (social e econômica). É interessante lembrar que o evento foi múltiplo, contou com literatura, concertos, exposições artísticas e conferências. Foi uma reunião de expressões artísticas e acadêmicas para fundar e fundamentar o Modernismo Brasileiro.
25 Semana prévias. de Arte Moderna de 1922: polêmicas O Modernismo Brasileiro é o caminho encontrado pelos artistas da época para expressarem as suas diversas pulsões artísticas da forma mais genuína e livre que conseguiam encontrar naquele momento histórico. Grupo dos Cinco Anita Malfatti Tarsila do Amaral Menotti Del Picchia Oswald de Andrade Mário de Andrade
26 Anita Malfatti Uma estudante 1915/1916
27 Anita Malfatti Torso 1917
28 Anita Malfatti Tropical 1929
29 Lasar Segall Bananal 1927
30 Tarsila do Amaral A negra 1923
31 Di Cavalcanti Cinco Moças de Guaratinguetá 1930
32 Di Cavalcanti Samba 1925
33 Di Cavalcanti Samba 1928
34 Artes Plásticas no Brasil após a década de 50: Introdução O Brasil dos anos 50 e em diante, passou por diversas transformações profundas, que tiveram grande influência nas respostas nacionais sobre a criação artística e a solidificação do Brasil como um centro produtor de uma arte contemporânea e vanguardista. Os artistas brasileiros foram para além da produção antropofágica e trilharam caminhos próprios e originais. Não ficando apenas na pintura e na escultura, mas alçaram voos maiores pela gravura, pelo grafite, pelas instalações, performances, etc.
35 Artes Plásticas no Brasil após a década de 50: Abstracionismo O Abstracionismo busca o valor da obra de arte na própria expressão pictórica, estabelecendo o maior afastamento possível do Figurativismo. Para os abstracionistas, a obra de arte possui um valor em si mesmo construído através da composição de formas e cores.
36 Manabu Mabe - Obra sem Título 1970
37 Manabu Mabe - Obra sem Título 1970
38 Manabu Mabe - Composição Humana nº
39 Manabu Mabe - Obra sem Título
40 Tomie Ohtake - Obra sem Título
41 Tomie Ohtake - Obra sem Título
42 Tomie Ohtake - Obra sem Título
43 Artes Plásticas no Brasil após a década de 50: Concretismo O Concretismo é uma forma de produção das obras de arte onde o valor pictórico é alcançado através da racionalização matemática e geométrica. Existe um grande planejamento prévio à produção da obra de arte, uma racionalização. Mais uma vez isso vai lembrar à questão que vem desde a Renascença, o artista não é mais penas um artífice, mas um produtor de conhecimento que se concretiza (materializa) através da obra de arte. A Arte é um Saber!
44 Lygia Clark - Espaço Modulado
45 Lygia Clark - Arquitetura Fantástica
46 Artes Plásticas no Brasil após a década de 50: Hélio Oiticica Hélio Oiticica é um artista cuja produção se destaca pelo caráter experimental e inovador. Seus experimentos, que pressupõem uma ativa participação do público, são, em grande parte, acompanhados de elaborações teóricas, comumente com a presença de textos, comentários e poemas.
47 Hélio Oiticica - Metaesquema
48 Hélio Oiticica - Tropicália e PN3 Imagético
49 Hélio Oiticica - Cosmococa
50 Muito obrigado. Bons estudos! Prof. Heleno Licurgo do Amaral
A Semana de Arte Moderna, também conhecida como Semana de 1922, aconteceu no Teatro Municipal de São Paulo, de 11 a 18 de fevereiro de 1922.
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