O Brasil moderno - Semana de Arte Moderna

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1 TECNOLOGIA CONSCIENTE:UM DESAFIO PARA SOCIEDADE Aluno: Série/ano: 9º Turma: Turno: Professor: Data: / / Nota: ARTES O Brasil moderno - Semana de Arte Moderna O ano de 1922 foi marcado por grandes mudanças na política e na cultura e por turbulências e transformações no mundo todo. O Brasil comemorava seu primeiro centenário da independência e, como decorrência da Primeira Guerra Mundial ( ), a indústria progredia cada vez mais. Os industriais enriqueciam, enquanto os operários organizavam-se e realizavam greves para reivindicar seus direitos. Nesse contexto histórico, artistas e intelectuais brasileiros começaram a defender uma arte que mostrasse a realidade vigente do país, para marcar a sua independência cultural. Assim surgiu a Semana de Arte Moderna, que pretendia transformar a arte brasileira, renovando e modificando o contexto artístico e cultural do país em todas as áreas da arte: música, artes plásticas, teatro, literatura etc. O objetivo básico era criar uma arte que fosse genuinamente brasileira, inspirada nas vanguardas europeias, mas que tivesse a essência do povo brasileiro. A proposta modernista foi vista como afronta à preferência artística da elite dominante, acostumada com as correntes estéticas europeias tradicionais. Monteiro Lobato foi um dos principais escritores que não poupou esforços para criticar a Semana de Arte Moderna. Capa do catálogo da Semana de Arte Moderna de 1922

2 Principais artistas modernistas Anita Catarina Malfatti nasceu em 2 de dezembro de 1889, em São Paulo. Era pin- tora e desenhista e dominava vários idiomas. Entre 1910 e 1916, Anita Malfatti viajou para Alemanha e EUA, entrando em contato com as tendências estéticas vanguardistas. Utilizando a tinta de maneira bastante diluída, Anita Malfatti faz uso de uma leve deformação, onde fica nítida a fuga dos modelos acadêmicos europeus. Anita Malfatti (à direita do quadro) em exposição de sua obra no Masp, em 1955 A estudante, Óleo sobre tela. Anita Malfatti. Masp (Museu de Arte de São Paulo). A obra, A Boba, é uma das mais conhecidas da artista e foi realizada enquanto es- teve nos EUA. É uma obra importante, pois capta os traços expressionistas da pintora, em uma fase de descoberta, quando ela começou a buscar meios de representação quase cubistas. Pode-se notar, no preenchimento das manchas de cores, realçadas pelos contornos em preto, uma deformação do rosto da mulher, o que é natural do expressionismo, balanceando-se com as pinceladas do fundo. Em 1916, retornou ao Brasil disposta a apresentar o conhecimento adquirido e as mais recentes inovações artísticas. Apesar das críticas que recebeu por sua

3 primeira exposição em 1917, Anita Malfatti não se deixou desanimar, vindo a participar da Semana da Arte Moderna de 1922; posteriormente, ao lado de Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral e Menotti del Picchia, fundou o Grupo dos Cinco, procurando manter viva a intenção proposta pela Semana de A Boba, Óleo sobre tela. Anita Malfatti. Museu de Arte Contemporânea, USP, São Paulo

4 Foto de Tarsila do Amaral, 1925 Tarsila do Amaral nasceu em 1886, na cidade de Capivari, no estado de São Paulo. Ela começou sua vida artística por acaso, aprendendo modelagem. Porém, a artista apaixonou-se pela pintura e passou a ter aulas com Pedro Alexandrino Borges, um artista acadêmico da época. Em 1920, Tarsila viajou para Paris e matriculou - se na Academia Julian, onde aperfeiçoou a técnica e entrou em contato com as novas tendências europeias, no campo das artes plásticas. De volta ao Brasil, ela passou a defender a ideia de que o artista deveria conhecer a arte europeia, mas também deveria criar uma estética particularmente brasileira, ideia que ganhou força na Semana de Arte Moderna. Em 1928, ela criou a obra Abaporu, que significa homem que come gente, em Tupi, com a qual inaugurou o movimento antropofágico nas artes. Abaporu, Óleo sobre tela. Tarsila do Amaral. Museu de arte latino-americana de Buenos Aires (Malba). Outra obra de destaque da autora é Operários, que demonstra o engajamento político de Tarsila do Amaral, na qual se nota a influência socialista. A tela retrata a composição do povo brasileiro e sua miscigenação étnica. Ao fundo, percebem-se as chaminés das fábricas a pleno vapor. Operários, Óleo sobre tela. Tarsila do Amaral. Acervo do Governo do Estado de São Paulo.

5 Tarsila pintou esta tela, que retrata a diversidade cultural da nova classe que surgiu no Brasil, o proletariado. Essa obra representa o momento de industrialização do Brasil, apresentando a visão de um povo oprimido e o sistema de massificação dos cidadãos. Além de temas sociais, Tarsila inspirou- -se nas paisagens brasileiras e no cotidiano do povo para fazer suas obras, utilizando cores vivas. Ao falecer em 1973, em São Paulo, Tarsila havia deixado uma quantidade significativa de obras, o que deu à artista o título de uma das maiores expressões artísticas da arte brasileira. Candido Portinari Nascido em 1903, na cidade de Brodósqui, interior do estado de São Paulo, Candido Portinari foi (e ainda é) um artista brasileiro respeitado e admirado nacional e internacional. Desde pequeno, Portinari interessava- -se pela arte e, na adolescência, chegou a ajudar a decorar a igreja-matriz da cidade de Brodósqui. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1918 e, em 1922, participou do Salão Nacional de Belas Artes tendo sido destaque, recebendo elogios. Elegeu o retrato como seu gênero favorito da pintura e do desenho. Com o retrato do poeta Olegário Maria- no, recebeu como prêmio uma viagem ao exterior em 1928, que lhe permitiu permanecer dois anos na Europa. Durante a viagem, o artista preocupou-se em estudar, observar e visitar museus, o que mudaria por completo a estética da sua arte. Foi influenciado por pintores mexicanos, cujos trabalhos eram voltados para o muralismo de mensagens sociopolíticas e, em 1936, produziu sua primeira pintura mural para o Monumento Rodoviário, da rodovia Presidente Dutra que liga São Paulo ao Rio de Janeiro. Pintou vários murais para o edifício do Ministério da Educação, o qual marcou a arquitetura moderna. Em 1939, realizou pinturas murais no Pavilhão Brasileiro na Feira Mundial de Nova York. O quadro Café, de 1935, é uma das suas obras mais conhecidas e recebeu menção honrosa na Mostra de Arte Moderna do Instituto de Carnegie de Petersburgo, atual Universidade Carnegie Mellon, na Pensilvânia, EUA. Atualmente, a pintura encontra-se no Mu- seu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro. Café, Óleo sobre tela. Candido Portinari. Coleção Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, RJ. As figuras humanas nesta obra são retratadas com os pés e as mãos desproporcionais em relação aos corpos, com o objetivo de expressar força exigida nos trabalhos diários das plantações de café. O artista também realizou uma série de obras que retratavam os retirantes nordestinos, tema que sempre comoveu o pintor desde quando morava em sua cidade natal. Com essas telas, Portinari conseguiu um excelente rigor na pintura e fez uma das mais vigorosas denúncias das condições sociais existentes na época.

6 Os Retirantes, Óleo sobre tela. Cândido Portinari. Masp, São Paulo, Brasil. No quadro, Os Retirantes, o artista ex- pôs com grande sensibilidade o sofrimento dos migrantes, representado por figuras cadavéricas, que transmitem a fome e a miséria. Interessante observar que é possível perceber o ciclo da vida, que começa com a criança mais nova e encerra-se na figura mais idosa da tela. Emiliano Di Cavalcanti Um dos grandes incentivadores da renovação da arte brasileira, Emiliano Di Cavalcanti, nasceu no Rio de Janeiro, no ano de 1897, e faleceu em Um ano após a Semana de Arte Moderna (1922), viajou para Paris em busca de novos horizontes. Na França, o artista estudou na Academia Ranson e era frequentador assíduo dos ciclos boêmios, artísticos e intelectuais da capital francesa. Em 1924, Di Cavalcanti regressou ao Brasil para iniciar uma das mais fundamentais fases da arte brasileira. Com os conhecimentos adquiridos no exterior, o pintor conseguiu uma posição única na pintura brasileira, retratava o povo com sensibilidade e paixão, captando como ninguém a alma popular. Os temas das obras de Di Cavalcanti mostram um artista que amava viver. Ele re- tratava mulatas, brasileiros, o carnaval e o samba com expressividade e impregnados de sensualidade. O próprio artista afirmava: a nossa arte tem de ser como a nossa comida, o nosso ar, o nosso mar. Tem de ser reveladora de nossa cultura, pois a boa arte é sempre cultural, e sua dimensão própria é a de antecipar um momento cultural.

7 Mulata com pássaro, década de Óleo sobre tela. Emiliano Di Cavalcanti. MAC, Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Rio de Janeiro, Brasil. A obra mostra a sensualidade e a paixão com que Di Cavalcanti retratava as mulatas e a simplicidade do povo brasileiro.