Conjuntura Macroeconômica Semanal

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1 Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos Conjuntura Macroeconômica Semanal 19 de agosto de 2016 Inflação de alimentos deve desacelerar nos próximos meses Leandro Câmara Negrão O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) atingiu alta de 8,7% em julho, no acumulado dos últimos doze meses. Isso representa uma descompressão de 2,0 pontos percentuais em relação ao observado em Um dos principais responsáveis para essa descompressão foi o grupo dos preços administrados. Por outro lado, o grupo dos preços livres registrou pequena aceleração no período, passando de 8,5% para 8,8%. O principal responsável pela rigidez desse grupo foi o grupo alimentação no domicílio, que representa praticamente 25% dos preços livres e acelerou de 2,9% para 16,0% entre o fim de 2015 e julho, e contribuiu com 0,5 ponto percentual para a inflação de preços livres no período. CONJUNTURA MACROECONÔMICA SEMANAL Para os próximos meses, esperamos alguma descompressão dos preços de alimentos. O que, em conjunto com: i) a redução da probabilidade de La Niña para o período mais crítico; ii) a melhora da expectativa com a safra norte-americana de soja e milho e iii) a apreciação cambial, tende a ajudar na descompressão dos preços de alimentos no segundo semestre. Para este ano, projetamos variação de 12,5% dos preços de alimentos no domicílio, o que é compatível com nossa projeção de alta de 7,2% para o IPCA. Para 2017, projetamos desaceleração dos preços desse item para 7,2%, levando o IPCA a subir 5,0%. Apesar de acreditarmos na descompressão da inflação para o final deste ano e do próximo, vale ressaltar os riscos altistas atualmente presentes no cenário de inflação. Dentre eles destacam-se: i) o risco fiscal, que leva em conta que a aprovação das medidas de ajuste fiscal poderá ficar aquém do esperado, postergando o ajuste necessário e aumentando os prêmios de risco (que poderiam levar a taxa de câmbio para níveis mais depreciados); ii) o risco climático, decorrente de uma nova piora das expectativas com a safra brasileira. Além desses, nas últimas semanas, cresceu o risco para os preços de energia elétrica. Poderá ser necessário o acionamento de usinas termoelétricas Isso, por sua vez, poderá resultar em mudança da bandeira tarifária de energia elétrica, da atual verde (sem cobrança adicional) para amarela, que implicará aumento dos preços (estimamos 0,10p.p. de efeito potencial). Banco Central Europeu avaliou ser precipitada a adoção de novas medidas de estímulo monetário neste momento Ellen Regina Steter Diante do cenário benigno para a inflação e da economia ainda moderada, não esperamos alteração da política monetária na região no curto prazo. Nesta semana, o Banco Central Europeu (BCE) publicou a ata da reunião realizada no último dia 21 de julho. O documento apontou que, apesar das incertezas advindas do Brexit, o contágio na atividade econômica se mostrou relativamente contido. Ou seja, a perspectiva de crescimento moderado para o bloco permanece ao redor de 1,5% para este ano, mesma variação observada em Com isso, os membros do comitê avaliaram ser precipitada a adoção de novas medidas de estímulo monetário neste momento. No entanto, deixaram a porta aberta caso ocorra piora adicional. Entre os pontos de riscos abordados, vale mencionar a preocupação com o sistema bancário europeu, o que poderia retardar os efeitos dos afrouxamentos quantitativos, em virtude da fragilidade do balanço de algumas instituições. Ponderando o cenário de modesto crescimento econômico com a trajetória da inflação e as incertezas (apesar de terem diminuído nas últimas semanas) em relação aos efeitos do Brexit, acreditamos que o BCE fará mais um afrouxamento quantitativo até o final deste ano. Nesse caso, a autoridade monetária deverá optar pela prorrogação do programa de compra de ativos, por pelo menos mais seis meses (lembrando que a data de expiração do programa atual é março de 2017). 1

2 Inflação de alimentos deve desacelerar nos próximos meses Leandro Câmara Negrão O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) atingiu alta de 8,7% em julho, no acumulado dos últimos doze meses. Isso representa uma descompressão de 2,0 pontos percentuais em relação ao observado em 2015, quando a inflação terminou o ano em 10,7%. Um dos principais responsáveis para essa descompressão foi o grupo dos preços administrados 1, que desacelerou de elevação de 18,1% no fim do ano passado para 8,7% nos doze meses terminados em julho. Por outro lado, o grupo dos preços livres registrou pequena aceleração no período, passando de 8,5% para 8,8%. O principal responsável pela rigidez desse grupo foi o grupo alimentação no domicílio, que representa praticamente 25% dos preços livres e acelerou de 2,9% para 16,0% entre o fim de 2015 e julho, e contribuiu com 0,5 ponto percentual para a inflação de preços livres no período. Dentro de alimentação no domicílio, podemos destacar as acelerações dos preços do feijão e do leite como as principais responsáveis pela pressão inflacionária de alimentos nos primeiros sete meses do ano. Para os próximos meses, esperamos alguma descompressão dos preços desses produtos. O que, em conjunto com: i) a redução da probabilidade de La Niña para o período mais crítico (plantio da safra norteamericana de grãos); ii) a melhora da expectativa com a safra norte-americana de soja e milho e iii) a apreciação cambial, tende a ajudar na descompressão dos preços de alimentos no segundo semestre. Para este ano, projetamos variação de 12,5% dos preços de alimentos no domicílio, o que é compatível com nossa projeção de alta de 7,2% para o IPCA. Para 2017, projetamos desaceleração dos preços desse item para 7,2%, levando o IPCA a subir 5,0%. 2 18,0% 16,0% 14,0% 1 1 8,0% 8,8% 8,2% 12,9% 16,0% 8,1% 7,1% Meses (jul) 11,9% 10,9% 18,1% 10,7% 8,7% 8,7% IPCA: Preços livres e Administrados (variação em 12 meses) 6,0% 4,0% 3,3% 2,3% 5,4% 4,5% Preços Livres Alimentação domicilio Serviços Duráveis Vestuário Demais Livres Administrados IPCA Fonte: IBGE Cenário Doméstico IPCA: Alimentação no domicílio (variação em 12 meses) Fonte: IBGE Feijão carioca 30% 166% Feijão preto -2% 86% Açúcares e derivados 21% 32% 7% Leites e derivados 29% Sal e condimentos 21% 26% Arroz 10% 21% Farinhas e massas 9% 20% Hortaliças e verduras 20% 20% Frutas 15% 19% Óleos e gorduras 14% 18% Bebidas 10% 13% Aves e ovos 11% 12% Enlatados e conservas 7% 11% Panificados 11% 10% Pescados 11% 7% Carnes e peixes industrializados 9% 6% Carnes 12% 5% Meses (jul) Tubérculos, raízes e legumes 41% -11% Alimentação no domicílio 13% 16% -40% -20% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 120% 140% 160% 180% 1 Preços administrados representam 24,1% do índice total enquanto que preços livres representam 75,9%. 2

3 Alinhado com essa desaceleração esperada, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) Agrícola, divulgado pela FGV, tem apresentado descompressão nos últimos meses, e os dados mais recentes já têm apresentado deflação. Por se tratar de indicador que mensura os preços no atacado, o IPA agrícola tende a antecipar em alguns períodos as variações que serão observadas no preço final ao consumidor (mensurado pelo IPCA). A transmissão total da pressão observada no atacado para o preço final tende a ocorrer em até dois trimestres. Dessa forma, estimamos um modelo econométrico para a inflação no domicílio do IPCA utilizando como variável explicativa o IPA agrícola, com as defasagens adequadas. Essa equação aponta para forte descompressão do preço final dos alimentos nos próximos meses. A estimativa sugere que a variação média mensal dessazonalizada de 1,6% observada nos primeiros sete meses do ano convirja para uma média mensal de 0,3% nos últimos cinco meses do ano, também considerando os dados dessazonalizados ,0% 6,0% 4,0% - -4,0% 25,5% 9,0% 18,9% 10,9% 5,2% -8,9% -10,8% -2,9% 9,7% 8,8% 18,5% 7,5% abr/04 ago/04 dez/04 abr/05 ago/05 dez/05 abr/06 ago/06 dez/06 abr/07 ago/07 dez/07 abr/08 ago/08 dez/08 abr/09 ago/09 dez/09 abr/10 ago/10 dez/10 abr/11 ago/11 dez/11 abr/12 ago/12 dez/12 abr/13 ago/13 dez/13 abr/14 ago/14 dez/14 abr/15 ago/15 dez/15 abr/16 ago/ ,0% 9,2% 2 16,2% 15,0% 1 10,5% 5,0% 5,1% -5,0% -4,7% -5,4% Alimentação no domicílio (IPCA) (eixo esquerda) -1 IPA Agrícola (IGP) (eixo direita) -15,0% IPCA Alimentação no domicílio e IPA Agrícola variação em seis meses, com ajustes sazonais e em termos anualizados Fonte: FGV, IBGE Preço do feijão: IPCA e IPA Agrícola (variação em 12 meses) IPCA IPA Agrícola 23,6% 22,6% 32,4% 2 15,1% 1 9,1% 15,0% 1,8% -1-9,3% -10,1% Fonte: IBGE, FGV ,8% -19,9% jan/12 fev/12 mar/12 abr/12 mai/12 jun/12 jul/12 ago/12 set/12 out/12 nov/12 dez/12 jan/13 fev/13 mar/13 abr/13 mai/13 jun/13 jul/13 ago/13 set/13 out/13 nov/13 dez/13 jan/14 fev/14 mar/14 abr/14 mai/14 jun/14 jul/14 ago/14 set/14 out/14 nov/14 dez/14 jan/15 fev/15 mar/15 abr/15 mai/15 jun/15 jul/15 ago/15 set/15 out/15 nov/15 dez/15 jan/16 fev/16 mar/16 abr/16 mai/16 jun/16 jul/16 ago/16 Cenário Doméstico A inflação de serviços, outro item relevante dentro dos preços livres, e que representa praticamente metade do grupo, compensou parte da contribuição altista observada nos alimentos e desacelerou de 8,1% para 7,1% no período, refletindo o efeito da atividade econômica sobre os preços. Essa descompressão representou alívio de 0,35 ponto percentual para os preços livres, apesar da rigidez de alguns de seus itens, que passaram por alteração metodológica recente, contemplando a variação do salário mínimo. Esperamos que os preços de serviços continuem refletindo o fraco desempenho da atividade econômica, especialmente do mercado de trabalho 2, seguindo em desaceleração nos próximos meses. Com isso, chegarão a uma alta de 6,5% no fim deste ano e de 5,5% no final de Outro vetor que deve continuar ajudando a inflação nos próximos meses é o movimento da moeda brasileira. Desde o fim do ano passado observamos uma apreciação de 18% do Real, que ainda não foi repassada na integralidade para o preço final dos produtos e deve ser transmitido no decorrer do segundo semestre. Projetamos que o Real termine este ano cotado em R$/US$ 3,20 e em R$/ US$ 3,30 no fim de 2017, o que sugere ainda espaço adicional para alívio do IPCA. 2 Os indicadores de rendimento 3

4 10,6% 9,6% 8,6% 8,5% 10,2% 8,7% 9,2% 8,6% IPCA Serviços variação em 12 meses 7,6% 7,0% 8,1% 8,2% 7,9% 6,6% 6,0% 5,6% 5,7% 6,4% 7,1% 6,5% 4,6% jul/06 dez/06 4,9% mai/07 out/07 mar/08 ago/08 jan/09 jun/09 Fonte: IBGE Elaboração e projeção: BRADESCO IPCA variação anual Cenário Doméstico nov/09 abr/10 set/10 fev/11 jul/11 dez/11 mai/12 out/12 mar/13 ago/13 jan/14 jun/14 nov/14 abr/15 set/15 fev/16 jul/16 dez/16 Por fim, apesar de acreditarmos na descompressão da inflação para o final deste ano e do próximo, vale ressaltar os riscos atualmente presentes no cenário de inflação. Dentre eles destacam-se: i) o risco fiscal, que leva em conta que a aprovação das medidas de ajuste fiscal poderá ficar aquém do esperado, postergando o ajuste necessário e aumentando os prêmios de risco (que poderiam levar a taxa de câmbio para níveis mais depreciados); ii) o risco climático, decorrente de uma nova piora das expectativas com a safra brasileira, com destaque para feijão, milho ou arroz. Além desses, nas últimas semanas, cresceu o risco para os preços de energia elétrica, uma vez que o aumento da demanda por energia (devido à melhora da atividade econômica), em conjunto com chuvas abaixo do esperado, poderá tornar necessário o acionamento de usinas termoelétricas com os custos mais elevados. Isso, por sua vez, poderá resultar em mudança da bandeira tarifária de energia elétrica, da atual verde (sem cobrança adicional) para amarela, que implicará aumento dos preços (10bps). Caso algum dos riscos citados se materialize, devemos observar uma inflação corrente mais elevada, mesmo que temporariamente. 14,0% 12,5% 1 10,7% 1 9,3% 8,0% 6,0% 4,0% 7,7% 7,6% 5,7% 3,1% 4,5% 5,9% 4,3% 5,9% 6,5% 5,8% 5,9% 6,4% 7,2% 5,0% * 2017* Fonte: IBGE Elaboração e projeção: BRADESCO 4

5 Banco Central Europeu avaliou ser precipitada a adoção de novas medidas de estímulo monetário neste momento Ellen Regina Steter Em julho, pelo terceiro mês consecutivo, os preços na Área do Euro mostraram ligeira aceleração na comparação interanual, chegando a uma alta de 0,2%. Contudo, a inflação continua bem abaixo da meta do Banco Central Europeu (BCE), que é ligeiramente inferior a 2%. Em grande parte, a inflação segue baixa por causa do impacto da queda do preço do petróleo sobre os preços de energia - em deflação desde o final de ,3% 2,8% 2,3% 9,2% 13,1% 3,0% 2,5% 2,6% Inflação ao Consumidor Núcleo Energia (eixo da direita) 15,0% 1 Área do Euro: índice de preços ao consumidor (variação interanual) 1,8% 1,6% 1,3% 0,8% 0,3% -0,2% 1,3% 1,2% -0,4% -2,3% 0,9% 0,3% 0,3% -4,8% -0,1% 5,0% 0,9% 0,2% -5,0% -0,7% -0,7% -1,2% jul/09 out/09 jan/10 abr/10 jul/10 out/10 jan/11 abr/11 jul/11 out/11 jan/12 abr/12 jul/12 out/12 jan/13 abr/13 jul/13 out/13 jan/14 abr/14 jul/14-9,2% out/14 jan/15 abr/15-8,9% jul/15 out/15 jan/16 abr/16 jul/16-6,7% -1 Fonte: Bloomberg A análise do núcleo da inflação é particularmente útil já que esse indicador não é influenciado diretamente pelos preços de energia e outros itens mais voláteis. Diferente do índice cheio, o núcleo da inflação do consumidor está praticamente estável nos últimos três meses, com variação anual próxima a 0,9%. Ou seja, a aceleração do índice cheio está mais atrelada a itens voláteis, principalmente o grupo alimentação. Os preços de serviços, diretamente atrelados ao mercado de trabalho, estão subindo ao redor de em termos anuais desde o início de 2015, com dinâmica muito parecida com a observada no núcleo. No mesmo sentido, a variação de preços de produtos industrializados continua oscilando próxima de 0,5% em termos anuais desde o início deste ano, patamar bastante modesto. Cenário Externo 4,0% 3,5% 3,0% 2,5% 1,5% 0,5% -0,5% - 2,5% -0,4% 13,1% 2,8% -0,1% 1,5% 3,5% 0,3% Alimentação Serviços Manufaturados Energia (eixo da direita) jan-09 mar-09 mai-09 jul-09 set-09 nov-09 jan-10 mar-10 mai-10 jul-10 set-10 nov-10 jan-11 mar-11 mai-11 jul-11 set-11 nov-11 jan-12 mar-12 mai-12 jul-12 set-12 nov-12 jan-13 mar-13 mai-13 jul-13 set-13 nov-13 jan-14 mar-14 mai-14 jul-14 set-14 nov-14 jan-15 mar-15 mai-15 jul-15 set-15 nov-15 jan-16 mar-16 mai-16 jul-16 1,6% 15,0% 1 5,0% 1,4% 1,4% 1,2% -5,0% -6,7% -1 0,4% -15,0% -2 Área do Euro: índice de preços ao consumidor - grupos selecionados (variação interanual) Fonte: Bloomberg 5

6 Ou seja, não se identificam pressões advindas da atividade sobre os preços de serviços ou sobre os bens industrializados. De fato, a divulgação preliminar do PIB do segundo trimestre do ano indica que o crescimento econômico na Área do Euro segue modesto, desacelerando de 0,6% no primeiro trimestre para 0,3% no segundo. Vale lembrar que esse desempenho reportado ainda não reflete eventuais impactos do resultado do referendo no Reino Unido, que ocorreu apenas no final de junho. Quando associamos o desempenho econômico às variações de preços, notamos comportamentos distintos entre as principais economias da região. Alemanha e França foram os países que mostraram variações de preços superiores à média da Área do Euro nos últimos meses. A economia alemã cresceu 1,7% no período, um pouco mais do que o 1,4% de crescimento reportado pela França. Já a Espanha destaca-se pelo dinamismo econômico, com crescimento de 3,4% em relação ao segundo trimestre do ano anterior. No entanto, a melhora em curso da atividade econômica ainda é insuficiente para sustentar uma alta dos preços, que seguem em deflação. Já a Itália mostra crescimento econômico mais moderado, de 0,7% considerando a variação interanual, em linha com uma inflação mais próxima à estabilidade. 5,0% 4,0% 3,0% 2,7% 3,7% Alemanha Itália França Espanha Área do Euro: índice de preços ao consumidor (variação interanual) - 1,1% 1,6% 0,8% 0,4% 0,4% -0,2% -0,7% -1,5% - jan-09 abr-09 jul-09 out-09 jan-10 abr-10 jul-10 out-10 jan-11 abr-11 jul-11 out-11 jan-12 abr-12 jul-12 out-12 jan-13 abr-13 jul-13 out-13 jan-14 abr-14 jul-14 out-14 jan-15 abr-15 jul-15 out-15 jan-16 abr-16 jul-16 Fonte: Bloomberg Área do Euro: PIB trimestral das principais economias da região. Variação interanual 3,0% 0,7% 0,4% 0,1% ,1% Alemanha França -3,0% Itália Fonte: Bloomberg -4,0% -5,0% -4,5% Espanha mar/05 jun/05 set/05 dez/05 mar/06 jun/06 set/06 dez/06 mar/07 jun/07 set/07 dez/07 mar/08 jun/08 set/08 dez/08 mar/09 jun/09 set/09 dez/09 mar/10 jun/10 set/10 dez/10 mar/11 jun/11 set/11 dez/11 mar/12 jun/12 set/12 dez/12 mar/13 jun/13 set/13 dez/13 mar/14 jun/14 set/14 dez/14 mar/15 jun/15 set/15 dez/15 mar/16 jun/16 Cenário Externo Diante do cenário benigno para a inflação e da economia ainda moderada, não esperamos alteração da política monetária na região no curto prazo. Nesta semana, o Banco Central Europeu (BCE) publicou a ata da reunião realizada no último dia 21 de julho. O documento apontou que, apesar das incertezas advindas do Brexit, o contágio na atividade econômica se mostrou relativamente contido. Ou seja, a perspectiva de crescimento moderado para o bloco permanece, ao redor de 1,5% para este ano, mesma variação observada em Com isso, os membros do comitê avaliaram ser precipitada a adoção de novas medidas de estímulo monetário neste momento. No entanto, deixaram a porta aberta caso ocorra piora adicional. Entre os pontos de riscos abordados, vale mencionar a preocupação com o sistema bancário europeu, o que poderia retardar os efeitos dos afrouxamentos quantitativos, em virtude da fragilidade do balanço de algumas instituições. Ponderando o cenário de modesto crescimento econômico com a trajetória da inflação e as incertezas 6

7 (apesar de terem diminuído nas últimas semanas) em relação aos efeitos do Brexit, acreditamos que o BCE fará mais um afrouxamento quantitativo até o final deste ano. Nesse caso, a autoridade monetária deverá optar pela prorrogação do programa de compra de ativos, por pelo menos mais seis meses (lembrando que a data de expiração do programa atual é março de 2017). Cenário Externo 7

8 Quadro de Projeções - PIB real Mundial e países selecionados p 2017p Países Desenvolvidos 2,8 0,1-3,6 3,0 1,7 1,2 1,1 1,8 1,9 1,4 1,1 Estados Unidos 1,9-0,3-3,5 2,5 1,6 2,2 1,5 2,4 2,4 1,5 1,7 Área do Euro 3,0 0,4-4,3 1,8 1,5-0,6-0,4 0,9 1,5 1,3 1,0 Alemanha 3,4 0,8-5,1 3,6 3,1 0,9 0,4 1,6 1,7 1,7 1,7 França 2,3-0,1-3,1 1,7 1,7 0,0 0,3 0,4 1,1 1,3 1,5 Itália 1,7-1,2-5,5 1,8 0,4-2,7-1,9-0,3 0,4 1,3 1,2 Reino Unido 3,6-1,0-4,0 1,8 0,9 0,3 1,9 2,7 2,2 1,4 0,4 Japão 2,2-1,0-5,5 4,7-0,5 1,5 1,5 0,0 0,4 0,5 0,0 Países Emergentes 8,6 6,2 2,8 7,4 6,3 5,2 5,0 4,4 4,0 3,7 4,0 China 14,2 9,6 9,2 10,4 9,3 7,7 7,7 7,4 6,9 6,5 6,3 Coréia 5,1 2,3 0,3 6,3 3,6 2,0 2,8 3,3 2,6 2,0 2,0 Rússia 8,5 5,2-7,8 4,5 4,3 3,4 1,3 0,6-3,7-0,9 0,5 Índia 9,7 8,2 6,4 9,7 7,5 5,1 4,5 5,2 7,6 7,2 6,7 América Latina 5,8 4,3-1,3 6,1 4,9 3,1 2,9 1,4 0,0-0,5 1,9 Brasil 6,0 5,0-0,1 7,5 3,9 1,9 3,0 0,1-3,8-3,0 1,5 Argentina 8,0 3,1 0,1 9,1 8,4 0,8 2,9 0,5 2,1-0,8 1,5 Chile 5,2 3,3-1,1 7,5 4,8 5,5 4,3 1,9 2,1 1,8 2,5 Colômbia 6,9 3,6 5,8 4,0 6,6 4,0 4,9 4,6 3,1 2,6 3,1 México 3,2 1,2-6,2 5,1 4,0 4,0 1,4 2,1 2,5 2,3 2,5 Peru 8,9 10,1 1,1 8,4 6,5 6,0 5,6 2,4 3,3 3,3 4,0 Mundo 5,4 2,9-0,6 5,4 4,2 3,4 3,3 3,4 3,1 2,7 2,8 Fonte: FMI Elaboração e (p) projeção: BRADESCO Quadro de Projeções Macroeconômicas Externas 8

9 Quadro de Projeções Macroeconômicas - Ano base Quadro de Projeções Macroeconômicas Domésticas * 2017* ATIVIDADE, INFLAÇÃO E JUROS PIB (%) 6,1 5,1-0,1 7,5 3,9 1,9 3,0 0,1-3,8-3,0 1,5 Agropecuária (%) 3,2 5,5-3,8 6,8 5,6-3,1 8,4 0,4 1,8 1,5 2,5 Indústria (%) 6,0 3,9-4,8 10,4 4,1-0,7 2,2-1,2-6,2-3,5 2,5 Serviços (%) 5,8 4,8 1,9 5,8 3,4 2,9 2,8 0,7-2,7-2,7 1,0 Consumo Privado (%) 6,3 6,4 4,2 6,4 4,8 3,5 3,6 0,9-4,0-4,0 1,0 Consumo da Adm. Pública (%) 4,1 2,1 2,9 3,9 2,2 2,3 1,5 1,3-1,0-2,5 0,5 Investimento (FBKF) (%) 12,0 12,7-1,9 17,8 6,6-2,6 5,9-4,4-14,1-7,0 4,5 Exportações Bens e Serviços Não Fatores (%) 6,2 0,4-9,2 11,7 4,8 0,3 2,4-1,1 6,1 9,0 5,0 Importações Bens e Serviços Não Fatores (%) 19,6 17,0-7,6 33,6 9,4 0,7 7,2-1,0-14,3-12,0 3,0 PIB (R$) - bilhões (Preços Correntes) PIB (US$) - bilhões População - milhões 189,5 191,5 193,5 195,5 197,4 199,2 201,0 202,8 204,5 206,1 207,7 PIB per capita - US$ Produção Industrial - IBGE (%) 5,9 3,1-7,1 10,2 0,4-2,3 2,0-3,3-8,3-6,5 1,9 Taxa Média de Desemprego - IBGE (1) 8,9 8,1 8,6 8,3 7,6 7,3 7,2 6,7 8,4 11,0 11,9 Vendas no Comércio Varejista - Restrita (%) 9,7 9,1 5,9 10,9 6,7 8,4 4,3 2,2-4,2-5,0 0,9 IPCA - IBGE (%) 4,5 5,9 4,3 5,9 6,5 5,8 5,9 6,4 10,7 7,2 5,0 IPC - FIPE (%) 4,4 6,2 3,7 6,4 5,8 5,1 3,9 5,2 11,1 7,5 5,5 IGP-M - FGV (%) 7,8 9,8-1,7 11,3 5,1 7,8 5,5 3,7 10,5 8,0 5,5 IGP-DI - FGV (%) 7,9 9,1-1,4 11,3 5,0 8,1 5,5 3,8 10,7 7,8 5,5 Taxa Selic (final de período) % 11,25 13,75 8,75 10,75 11,00 7,25 10,00 11,75 14,25 13,25 10,25 Taxa Selic nominal (acumulado 12 meses) % 11,85 12,48 9,92 9,78 11,62 8,48 8,21 10,91 13,29 13,95 11,08 Taxa Selic real / IPCA (acumulado 12 meses) % 7,1 6,2 5,4 3,7 4,8 2,5 2,2 4,2 2,4 6,3 5,8 Taxa Selic real / IGP-M (acumulado 12 meses) % 3,8 2,4 11,8-1,4 6,2 0,6 2,6 7,0 2,5 5,5 5,2 EXTERNO, CÂMBIO, RISCO E BOLSA Balança Comercial (US$ bilhões) 40,0 24,8 25,3 20,1 29,8 19,4 2,6-3,9 19,7 47,1 42,4 Exportações (US$ bilhões) 160,6 197,9 153,0 201,9 256,0 242,6 242,2 225,1 191,1 193,1 215,2 Importações (US$ bilhões) 120,6 173,0 127,6 181,6 226,2 223,1 239,6 229,0 171,5 146,0 172,7 Corrente de Comércio (% PIB) 20,1 21,9 16,8 17,4 18,5 18,9 19,6 18,8 19,7 19,1 18,9 Déficit em serviços e rendas (US$ bilhões) -42,5-57,3-52,9-70,3-107,5-94,2-78,8-100,3-79,4-71,1-85,4 Saldo em conta-corrente (US$ bilhões) 1,6-28,2-24,3-47,3-77,0-74,1-74,8-103,6-58,9-22,7-39,9 Saldo em conta-corrente (% PIB) 0,1-1,7-1,6-3,4-2,9-3,0-3,0-4,3-3,2-1,3-2,0 Investimento Direto no País (US$ bilhões) 34,3 45,1 25,9 48,5 66,7 65,3 64,0 96,9 75,1 63,0 68,5 Taxa de câmbio (final de período) R$ / US$ 1,77 2,34 1,74 1,67 1,88 2,08 2,35 2,65 3,90 3,20 3,30 Taxa de câmbio (média anual) R$ / US$ 1,95 1,83 2,00 1,76 1,67 1,95 2,16 2,35 3,33 3,48 3,25 Desvalorização nominal ponta (%) -17,15 31,94-25,49-4,09 12,58 10,86 12,81 12,96 47,35-18,05 3,12 Desvalorização nominal média (%) -10,53-5,82 8,98-9,93-4,85 16,67 10,43 9,06 41,54 4,36-6,40 Reservas internacionais (US$ bilhões) - liquidez 180,3 206,8 239,1 288,6 352,0 378,6 375,8 374,1 379,7 387,3 395,0 Dívida Externa Total Médio e Longo Prazo (US$ bilhões) 193,2 198,3 198,2 256,8 298,2 312,9 308,6 348,7 355,6 347,4 361,3 Dívida Externa / Exportações 1,2 1,0 1,3 1,3 1,2 1,3 1,3 1,6 1,9 1,8 1,7 Reservas Internacionais / Importações 1,5 1,2 1,9 1,6 1,5 1,7 1,6 1,6 2,2 2,7 2,3 Rating Soberano Moody's Ba1 Ba1 Baa3 Baa3 Baa2 Baa2 Baa2 Baa2 Baa3 - - Rating Soberano S&P BB+ BBB- BBB- BBB- BBB BBB BBB BBB- BB+ - - IBOVESPA - Pontos FISCAL Resultado primário do setor público (R$ bilhões) 88,1 103,6 64,8 101,7 129,0 105,0 91,3-32,5-110,8-156,2-139,4 Resultado primário do setor público (% PIB) 3,2 3,3 1,9 2,6 2,9 2,2 1,7-0,6-1,9-2,5-2,1 Resultado nominal do setor público - sem câmbio (% PIB) -2,7-2,0-3,2-2,4-2,5-2,3-3,0-6,0-10,3-9,3-8,2 Dívida Bruta do Setor Público (R$ bilhões) 1.542, , , , , , , , , , ,5 Dívida Bruta do Setor Público (% PIB) 56,7 56,0 59,2 51,8 51,3 53,8 51,7 57,2 66,2 73,6 79,4 Dívida Bruta do Setor Público - Reservas Internacionais (% PIB) 45,0 41,4 46,7 39,4 36,2 37,7 35,1 39,7 42,0 53,9 56,7 Dívida Líquida do Setor Público (% PIB) 44,5 37,6 40,9 38,0 34,5 32,3 30,6 33,1 36,0 50,6 52,9 (1): Em 2016, a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) será descontinuada e apenas a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua passará a existir. / A série foi retropolada até Atualizado com dados até 19/agosto/2016 (*) Estatísticas referentes ao Balanço de Pagamentos seguem metodologia nova BPM6. Fonte: Dados oficiais para números efetivos Elaboração e (*)projeção: BRADESCO 9

10 Equipe Técnica Equipe Técnica Octavio de Barros - Diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos Fernando Honorato Barbosa Superintendente Executivo Economistas: Ana Maria Bonomi Barufi / Andréa Bastos Damico / Ariana Stephanie Zerbinatti / Constantin Jancso / Daniela Cunha de Lima / Ellen Regina Steter / Estevão Augusto Oller Scripilliti / Fabiana D Atri / Igor Velecico / Leandro Câmara Negrão / Marcio Aldred Gregory / Myriã Tatiany Neves Bast / Priscila Pacheco Trigo / Regina Helena Couto Silva / Thomas Henrique Schreurs Pires Estagiários: Bruno Sanchez Honório / Carlos Henrique Gomes de Brito / Christian Frederico M. Moraes / Fabio Rafael Otheguy Fernandes / Mariana Silva de Freitas / Rafael Martins Murrer O BRADESCO não se responsabiliza por quaisquer atos/decisões tomadas com base nas informações disponibilizadas por suas publicações e projeções. Todos os dados ou opiniões dos informativos aqui presentes são rigorosamente apurados e elaborados por profissionais plenamente qualificados, mas não devem ser tomados, em nenhuma hipótese, como base, balizamento, guia ou norma para qualquer documento, avaliações, julgamentos ou tomadas de decisões, sejam de natureza formal ou informal. Desse modo, ressaltamos que todas as consequências ou responsabilidades pelo uso de quaisquer dados ou análises desta publicação são assumidas exclusivamente pelo usuário, eximindo o BRADESCO de todas as ações decorrentes do uso deste material. Lembramos ainda que o acesso a essas informações implica a total aceitação deste termo de responsabilidade e uso. A reprodução total ou parcial desta publicação é expressamente proibida, exceto com a autorização do Banco BRADESCO ou a citação por completo da fonte (nomes dos autores, da publicação e do Banco BRADESCO). 10