EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA:

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1 EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA: teorias de aprendizagem, a elaboração do material didático e as estratégias pedagógicas do professor no ambiente virtual de aprendizagem Júlio César Correia da Silva* Julio.painteresa@gmail.com Cleide Jane de Sá Araújo Costa** cleidejanesa@gmail.com RESUMO O objetivo deste estudo é responder a alguns questionamentos que a priori nos levaram a elaborar este trabalho, para tanto tentaremos responder a duas problemáticas: qual o enfoque teórico utilizado pelo docente no Ambiente Virtual de Aprendizagem? Quais estratégias didáticas os professores de Educação à Distância (EAD) podem abordar na sala de aula online com seus alunos? A resolução dessas problemáticas nos ajudou a compreender a EAD em sua composição, bem como a interatividade nos recursos metodológicos (material didático) e estratégias pedagógicas utilizadas pelos professores no AVA. Para o caso do Design Pedagógico, perceber de que forma os recursos didáticos podem ser disponibilizados e como esta ferramenta pode auxiliar a interação e aprendizagem dos alunos. Para tanto, foram realizados estudos teóricos sobre o tema, mediante levantamento bibliográfico e análise do estudo. Concluímos dizendo que é preciso entender o trabalho multidisciplinar que existe por trás de uma sala de aula interativa e como as equipes de composição da EAD dialogam para que o conhecimento seja uma moeda de troca entre professores, tutores e alunos na Interação Humano Computador (IHC). PALAVRAS-CHAVE: Teorias de Aprendizagem. Material Didático. Estratégias Didáticas. 1 INTRODUÇÃO Este trabalho apresenta um detalhamento acerca da temática das estratégias didáticas no material didático na EAD, realizado como uma das atividades do projeto intitulado Delineando a Ação Pedagógica do Docente a partir do Material Didático Disponível no AVA em EAD, que vem sendo desenvolvido junto ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), da Universidade Federal de Alagoas (). De início, buscou-se um conhecimento introdutório sobre o AVA e a *Aluno de Graduação em Plena pela Universidade Federal de Alagoas. Atualmente atua como pesquisador Júnior no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), no projeto intitulado Delineando a Ação Pedagógica do Docente a partir do Material Didático Disponível no AVA em EAD. ** Professora adjunto IV do Centro de Educação da Universidade Federal de Alagoas, atuando no Programa Modelagem Computacional do Conhecimento (IC) e Programa de Pós-Graduação em Educação Brasileira, na linha de pesquisa Tecnologias da Informação e Comunicação na Educação (PPGE). Coordena o Setor de Estudo: Tecnologias da Educação no Centro de Educação (texto retirado do Lattes). 1

2 sua relação com a EAD para compreender aspectos da composição da produção dos cursos da EAD, com o foco voltado para elaboração do material didático e a avaliação pedagógica dos cursos. Assim, este trabalho objetiva compreender a importância do AVA para a EAD, buscando apoio nas ideias e argumentações dos seguintes autores: Silva e Santos (2006), Moreira (2009), Fernandez (2009), Palloff e Pratt (2004), Behar (2009), Moore e Kearsley (2007), Serra e Silva (2008) e Barbosa e Silva (2010). 2 TEORIAS DE APRENDIZAGEM A definição do enfoque teórico abordado na sala de aula online depende dos autores que vão produzir ou rebuscar a metodologia a ser utilizada; para tanto é necessário se ter um conhecimento pertencente às antigas teorizações elencadas a nova prática de ensino, para não se manter no tradicionalismo, tendo uma visão de EAD voltada para o coletivo. O autor dos conteúdos coordena as atividades abordadas, isso não quer dizer que ele as coordene sozinho, pois muitas vezes o autor dos assuntos é também professor do respectivo curso e pode ter o auxílio de um tutor e de outros autores envolvidos com o processo de escolha da metodologia a ser aplicada, que pode utilizar-se de vários recursos, que vão desde um material impresso para leitura, a vídeos ilustrativos, áudio ou até conteúdos rebuscados na internet. Apesar do preconceito que se tem da Educação à distância, é importante perceber o processo das transformações diárias que possibilitou um novo ambiente e o uso de novos recursos por meio das novas tecnologias. Segundo Barbosa (apud Rezende 2005) a EAD traz consigo uma projeção atual do velho construtivismo de Piaget e Vigotsky, pois estas concepções se fundem na perspectiva do construtivismo sociointeracionista, que trabalha as atividades mediante as relações sociais existentes, por meio das interações. Segundo Barbosa (2014) o construtivismo sociointeracionista elenca as práticas de aprendizagem na rede, pois a interação se dá no espaço virtual, mediante modelos teóricos que podem ser utilizados na sala de aula online. 2

3 1. Teoria da distância transacional Aborda os aspectos psicológicos e pedagógicos que delimitam os recursos didáticos das tecnologias, o diálogo professor-tutor-aluno e a autonomia do aluno no processo de ensino-aprendizagem. 2. Teoria da interação e da comunicação - Articulação dos sujeitos envolvidos no processo de ensino-aprendizagem que leva em consideração o diálogo como propósito educativo, organizado, planejado e orientado pelo professor. 3. Teoria da presença transacional Centralidade no professor como mediatizador dos conteúdos abordados, que também recebe o auxílio do tutor a partir das relações professor aluno, aluno aluno e aluno instituição. O espaço da EAD permite, democraticamente, que essas pessoas tenham a mesma oportunidade que muitos outros estudantes do modelo presencial de ensino, pois muitas vezes não é nem preciso sair de casa ou deixar de dar atenção à família para assistir a uma aula ou debater sobre um determinado assunto, é neste jogo de interatividade online que entra o AVA, onde se aplicam as teorias. Para Moran (2011) o processo de ensino-aprendizagem de EAD só é possível por meio das tecnologias inteligentes, estas permitem que professores e alunos estejam separados, mas que a interatividade lhes possibilite interagir em dado tempo e espaço. Isso beneficia o trabalhador de tempo integral que busca uma formação superior mais não tem tempo de frequentar aulas no curso presencial. 3 A ELABORAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO E AS ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS O Ambiente Virtual de Aprendizagem é nada mais que uma sala de aula online, onde professores, alunos e tutores, com o auxílio de um design pedagógico e de um suporte técnico, se reúnem para ofertar/assistir uma aula, seja por meio de uma videoconferência, teleconferência, audioconferência, chat, fórum ou etc; tendo como foco principal a IHC (Interação Homem Computador) para elaborar, ordenar e organizar o conhecimento aplicado, assim como também permitir que os alunos 3

4 tenham autonomia para executar suas atividades de forma progressiva, ou seja, unindo teoria e prática, o que ajuda bastante a discutir os critérios de autonomia. Só é possível se ofertar os cursos de EAD graças aos recentes avanços das TIC (Tecnologia de Informação e Comunicação), no cenário de sua trajetória; outro órgão universal e mantenedor desta modalidade de ensino é a internet, que por meio de um computador e uma rede de contatos se consegue interagir com qualquer pessoa, a qualquer hora do dia. No entanto, na EAD, se fala muito do uso das TIC para auxiliar a transmissão do conhecimento até onde ele puder chegar, para isso, um curso só se institui and possui padrões exigidos pela avaliação dos órgãos de formação, sendo assim, um dos primeiros passos para se objetivar um curso em EAD é elaborar, discutir e lançar os materiais didáticos necessários que vão delimitar as estratégias didáticas e pedagógicas dos professores e professoras em sala aula online, dependendo da criatividade do docente. Tal como cita Silva e Santos (2006): Não devemos meramente transmitir, precisamos disponibilizar. Não devemos meramente distribuir, precisamos, promover, ensejar, predispor, urdir, arquitetar teias. Disponibilizar numa sala de aula requer basicamente três investimentos: Oferecer múltiplas informações em imagens, sons, textos etc; utilizando ou não tecnologias digitais, mas sabendo que estas, utilizadas de modo interativo, potencializam consideravelmente ações que resultam em conhecimento. Ensejar, oferecer ocasião para, urdir, dispor entrelaçados os fios da teia, enredar múltiplos percursos para conexões e expressões com o que os aprendizes possam expressar no ato de manipular as informações e percorrer percursos arquitetados. Estimular cada aprendiz a contribuir com novas informações e a criar e oferecer mais e melhores percursos, participando como co-autor do processo. Sobre as estratégias pedagógicas o mesmo autor diz que: Professor e alunos constroem uma rede e não uma rota. Ele define um conjunto de territórios a explorar. E a aprendizagem e a avaliação se dão na exploração ter a experiência de participar, de colaborar, de criar, de co-criar realizada pelos aprendizes e não a partir da sua récita, do seu falar ditar. Isso significa modificação no clássico posicionamento na sala de aula (Silva e Santos, 2006). Entende-se a figura do professor como o mentor principal do conhecimento, mas o feedback que parte das relações criadas dentro do AVA em EAD é muito 4

5 importante para avaliar a composição das atividades, em andamento, e o pedagógico entra em cena para processar o ordenamento e a eficácia dos materiais didáticos utilizados no curso, bem como, se o aluno só interage em grupo, individualmente ou se contrapõe ao professor por usar uma metodologia diferente da qual ele já experenciou. Basta o professor recorrer à postura dos alunos, que forma, e observar como se comportam em situações diferentes, claro, atentando para a possibilidade de o aluno aprender com os erros que comete e ser instruído para não cometer alguns erros que são criminosos, tais como: publicação sem referência do autor, plágio advindos das atividades de amigos ou desconhecidos sem autorização, compartilhamento de fotos e vídeos, o que é diariamente constante nas redes sociais, e outros processos de falseamento até mesmo desconhecidos pelos alunos. Os professores de EAD sentem dificuldade de enquadrar as atividades para os alunos, isso acaba gerando uma ideia de tradicionalismo de métodos no AVA, não que o professor não queira trabalhar outras formas de ensinamento no mesmo momento em que avaliam seus alunos, mas pelo curto tempo que tem para organizar e administrar as tarefas do AVA. Imagine uma sala de aula presencial do curso de, onde o professor da disciplina de Políticas Educacionais divide a turma em grupos A, B, C e D: o grupo A fica responsável por registrar em fichamento a leitura referente à aula, o grupo B fará uma síntese sobre as discussões da aula com base no texto lido, o seguinte grupo fará um mini artigo discorrendo sobre o assunto e enfatizando-o com a realidade atual, ficando o último grupo responsável por identificar os pontos principais do texto para apresentá-los em power- point Agora o professor tem outras atividades que contextualizam a mesma temática, mas terá tempo de organizar, administrar e avaliar as aulas? Acompanhar, orientar e também avaliar seus alunos? Esse não é um problema só da EAD, e ambos, podem ser resolvidos da seguinte forma: pedindo para que o aluno escolha que tipo de atividade ele terá mais habilidade de produzir. 5

6 4 DESIGN PEDAGÓGICO O termo design pedagógico, diferente do que muitos teóricos avaliam, não é somente uma ferramenta digital que incorpora as interfaces do AVA, mas também um suporte técnico que propõe a integralização de diversos fatores técnicos, gráficos e pedagógicos que auxiliam o estudante a melhor investigar e absolver os conteúdos ensinados. Encaixando-se no termo sóciointerasionista de aprendizagem. Segundo Torrizzan (2009) o design pedagógico é uma junção a qualquer tipo de comunicação, pois só a simples maneira de se comunicar, num dado conceito, ainda não é suficiente para construir efeitos que deem sentido aos conteúdos disponibilizados no AVA, pois o aluno necessita entender os assuntos disponibilizados, tendo em vista, a aprendizagem de novas técnicas de aplicadas as suas experiências, na forma de investigar, criar e desenvolver ideias. Mesmo sem sair de casa. O planejamento gráfico e interativo das interfaces possui um papel muitíssimo importante na viabilização dos conteúdos expostos e também no objetivo pedagógico, o que também não deixa de ser uma estratégia a ser utilizada pelo docente, uma vez que, o material didático pode ser exposto de uma forma interativa e cosa. Geralmente as interfaces de portais e plataformas moodle seguem um modelo específico da própria instituição, mas é importante que as partes, pedagógica e de suporte técnico, dialoguem a definição moderação, para que tanto professor, como tutores e alunos possam personalizar seus perfis, já no caso dos conteúdos, que o sistema permita que os moderadores sintam se livres para criar. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A elaboração do material didático pode seguir o planejamento do docente de uma ou mais respectivas disciplinas. A depender das práticas e estratégias pedagógicas que podem seguir uma determinada teoria de aprendizagem. 6

7 Segundo Moreira (2009) os cursos online precisam ser elaborados à luz da composição e funcionamento da equipe de produção de diversas áreas, como o perfil do profissional técnico, que precisa dialogar com uma equipe de design pedagógico; percebe-se também que os mecanismos de acesso e interação partem de um suporte técnico que ainda tem divergências no seu processo de construção (Software e Hardware). É preciso atentar para questões de interdisciplinaridade nesse processo de conjuntura, uma vez que o centro da Educação à Distância é a interação docentediscente, por meio do uso do computado, no processo de ensino-aprendizagem do AVA. Simone Diniz (2010) relata que a interação humano-computador (IHC) parte de um pressuposto de necessidade, pois vivemos numa era tecnológica e necessitamos de novas práticas cotidianamente, isso significa que a didática está nos recursos didáticos, nós não precisamos desprezar tecnologias antigas, pois estas ajudaram a construir o conhecimento presente, é preciso ter didática para dominar a forma de utilização dos recursos que serviram como principais mecanismos de metodologia que facilitaram a chegada do conhecimento e enquadrá-los as novas práticas de ensino. No processo de letramento e absorção dos conteúdos, mesmo que o docente não veja necessidade, é importante integralizar ao AVA um formato interativo e harmonioso contextualizado que chame a atenção do aluno para o que está exposto, pois, muitas vezes, o professor não atenta para as condições de definições de fonte, cor, imagem etc., o que pode não despertar o interesse do estudante para aprender. Esta prática interativa e harmoniosa de organização dos conteúdos nas interfaces é o que Torrezzan (2009) chama de design pedagógico. A EAD possibilita a democratização do ensino aos estudantes que não dispõe de um tempo específico para estudar. Ainda que o principal interlocutor do conhecimento seja o professor, o tutor também faz um papel importante no processo de ensino e aprendizagem dos alunos, por isso ocorre a interação online, e os alunos também exercem seu papel, dando feedback das atividades práticas. 7

8 REFERÊNCIAS BEHAR, P. A.; PASSERINO, L. Modelos Pedagógicos para Educação a Distância: pressupostos teóricos para a construção de objetos de aprendizagem. RENOTE. Revista Novas Tecnologias na Educação, v. 5, p , MOREIRA, Mª. G. A Composição e o Funcionamento da Equipe de Produção. In: LITTO, F; FORMIGA, M. Educação a Distância: o Estado da Arte. São Paulo: Pearson Education do Brasil, P MORAN, J.M. O que é Educação a Distância. Disponível em: < u _e_educacao_a_distancia.pdf> Acesso em: 17 de março PALLOF, R; PRATT, K. O Aluno Virtual: um guia para trabalhar com estudantes online. Tradução de Vinícius Figueira. Porto alegre: Artmed, SALES, Mary Valda Souza. Uma reflexão sobre a produção do material didático para EAD. In: 12º Congresso Internacional de Educação a Distância, 2005, Florianópolis. Anais do Evento. Florianópolis, SILVA, M; SANTOS, E. Avaliação da Aprendizagem em Educação Online. São Paulo, Edições Loyola, BARBOSA, Simone Diniz Junqueiro. Interação Humano-Computador. Rio de Janeiro: Elsevier, BARBOSA, Virginia Bezerra de Souza. Teorias de Aprendizagem em EAD. São Paulo, SP: Universidade Federal Fluminense Disponível:< >. Acessado em: 23/03/2015. TORREZZAN, Cristina Alba Wildt. Design Pedagógico: um olhar na construção de materiais educacionais digitais Tese (Mestrado em Educação) Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre,