DEFORMIDADES DA COLUNA VERTEBRAL: avaliação postural em adolescentes da faixa etária entre 11 a 16 anos

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1 DEFORMIDADES DA COLUNA VERTEBRAL: avaliação postural em adolescentes da faixa etária entre 11 a 16 anos CAROLINE GONSALEZ FLAVIO PILOTO CIRILLO JULIANA THIEMI IMANO KAMILLA FERNANDES LINS SP 2009

2 DEFORMIDADES DA COLUNA VERTEBRAL: avaliação postural em adolescentes da faixa etária entre 11 a 16 anos RESUMO O estudo sobre as deformidades da coluna vertebral compreende a importância do tratamento fisioterápico nas sintomatologias clínicas observadas, realizando uma avaliação postural e buscando encontrar os fatores que causam deformidades na coluna vertebral. A pesquisa realizada constou de observação sistemática da postura dos da EFA Escola de Formação e Aperfeiçoamento e de estudo de casos. Verificou-se que padrões posturais e as próprias características de cada pessoa são determinadas no aparecimento de deformidades nos portadores que participaram do estudo. As modificações morfológicas que ocorrem na coluna vertebral são causadoras de muitos transtornos para o portador que sofre com a modificação no seu estilo de vida e também transtornos emocionais e limitações físicas que restringem as funções normais na vida diária. Os resultados da pesquisa mostram a necessidade de maiores informações para obtenção de uma melhor postura, prevenindo, assim, as algias resultantes das deformidades. Além disso, é importante orientar os portadores sobre o uso correto das bolsas escolares e também a respeito de corretas posturas e atividades cotidianas para obtenção de uma melhor expectativa de vida. Na busca de formas de tratamento conforme as necessidades levantadas em cada caso observado, notou-se a grande importância que a cinesioterapia e a hidroterapia exercem no tratamento fazendo com que esses portadores obtenham uma melhor qualidade de vida. Exercícios de alongamento, serão eficazes na correção postural e na melhora do quadro álgico. Os efeitos terapêuticos da água na reabilitação de deformidades da coluna vertebral promovem relaxamento muscular, devido ao aquecimento da água, facilitando o movimento. Palavras-chave: deformidades, postura, algia, reabilitação.

3 INTRODUÇÃO A utilização da fisioterapia, não só na reabilitação das deformidades da coluna vertebral, como também na prevenção, vem demonstrando diminuição na sintomatologia, melhora postural e propiciando uma maior produtividade nas atividades da vida diária. Diante da grande incidência de adolescentes com deformidades na coluna vertebral, houve um interesse em demonstrar, através deste trabalho, a eficácia da cinesioterapia, da hidroterapia e da orientação para a prevenção através do uso correto de bolsas escolares e da correção de vícios posturais. O trabalho tem por objetivo demonstrar a importância da cinesioterapia e da hidroterapia na tentativa de melhorar o padrão postural, alongar estruturas retráteis, fortalecer a musculatura debilitada e evitar a progressão das deformidades da coluna vertebral. Após a pesquisa exploratória foram levantadas as seguintes questões: qual a importância de prevenir e tratar um paciente com algias na coluna vertebral e desvios posturais? Quais benefícios a cinesioterapia e a hidroterapia trazem para o paciente com desvios posturais? Em resposta a essas perguntas, surgiram os seguintes pressupostos que direcionam o trabalho, sendo fundamental a atuação da fisioterapia na prevenção de deformidades da coluna vertebral motivadas por vícios posturais dos alunos da EFA Escola de Formação e Aperfeiçoamento, na tentativa de amenizar as algias decorrentes da má postura. A cinesioterapia e a hidroterapia, como parte da fisioterapia, são capazes de proporcionar uma melhora geral nas algias e atividades de vida diária dos pacientes portadores de deformidades da coluna vertebral.

4 METODOLOGIA A fisioterapia preventiva e os meios utilizados através da cinesioterapia e da hidroterapia, quando empregadas com eficiência, são capazes de proporcionar uma melhora geral nas algias e atividades da vida diária dos pacientes portadores de deformidades da coluna vertebral. Foi realizada pesquisa de campo na clínica de Reabilitação Física Dom Bosco, na cidade de Lins, no período de julho a setembro de 2001, utilizando o seguinte método: Observação sistemática: observando, avaliando e acompanhando trabalho realizado na clínica citada, com pacientes que apresentam deformidades da coluna vertebral, utilizando a cinesioterapia e a hidroterapia com fins terapêuticos. Estudo de casos: foram avaliados vinte estudantes da EFA Escola de Formação e Aperfeiçoamento. Destes, apenas seis foram escolhidos para descrição e análise, por apresentarem deformidades da coluna vertebral. Foram ouvidos os referidos pacientes, bem como, os seguintes profissionais: um Ortopedista e dois Fisioterapeutas. O tratamento fisioterápico foi realizado na Clínica de Reabilitação Física Dom Bosco, localizado na Rua Nove de Julho, número 1010, em Lins/SP, no Setor de Ortopedia. A referida escola conta com sete salas com número médio de vinte e cinco alunos em cada uma. Do total aproximado de cento e setenta e cinco alunos, vinte foram escolhidos aleatoriamente para avaliação, dos quais seis que apresentavam deformidades da coluna vertebral foram selecionados para estudo e tratamento. Na EFA Escola de Formação e Aperfeiçoamento, esses portadores de deformidades da coluna são auxiliados não só nas tarefas escolares, mas também, na prática de atividades físicas como natação, voleibol, basquetebol e dança, que ajudam no seu desenvolvimento. As deformidades encontradas, provavelmente, foram resultantes de má postura com relação às carteiras e uso incorreto de bolsas escolares. Esses alunos

5 selecionados freqüentam esta escola, as segundas, quartas e sextas feiras; no período da tarde com carga horária de três horas e meia por dia, além de freqüentarem, também, escolas regulares de 1º grau, diariamente no período da manhã. ESTUDO DE CASOS Para demonstrar a importância da fisioterapia, em geral, e da cinesioterapia e da hidroterapia em particular, foi realizado o acompanhamento de seis casos escolhidos não aleatoriamente, que serão classificados como: caso 1, caso 2, caso 3, caso 4, caso 5 e caso 6. Caso 1 Identificação: É do sexo feminino, 13 anos de idade e com a coluna torácica afetada. Estudante da EFA Escola de Formação e Aperfeiçoamento, há três anos. Avaliação: Relatou presença de algia na coluna torácica após ficar muito tempo sentada, e que a mesma se agrava no período noturno. No exame físico constatou-se que o ombro direito está mais baixo em relação ao esquerdo, em decorrência de uma escoliose torácica em C com convexidade à esquerda. A altura das mamas e a crista ilíaca estão alinhadas, já a cicatriz umbilical mostra-se desviada à esquerda. Observa-se uma retração da musculatura posterior e algia em alguns movimentos. Tratamento: Foi adotada a seguinte conduta: orientações sobre o uso correto de bolsas escolares, correção de vícios posturais e também realização de exercícios de fortalecimento e alongamento, na cinesioterapia e hidroterapia. O tratamento foi

6 realizado duas vezes por semana, tanto na cinesioterapia como na hidroterapia, num total de quatro seções de trinta minutos cada uma. Foram especializados os seguintes músculos: isquiotibiais, tríceps sural, oblíquos interno e externo do abdômen, eretor da espinha e grande dorsal. Eis o seu depoimento: Diminuiu as dores nas costas devido à correção da postura e melhora no desempenho escolar (Caso 1) Caso 2 Identificação: É do sexo feminino, 14 anos de idade, com pequeno desvio da coluna torácica. Estudante da EFA Escola de Formação e Aperfeiçoamento, há três anos. Avaliação: Ao exame físico relatou pouca algia devido ao pequeno desvio da coluna vertebral, sendo observado uma escoliose torácica em C com convexidade à direita. Apresenta o ombro esquerdo mais baixo em relação ao direito, cicatriz umbilical desviada à direita, mamas e crista ilíaca estão normais. Tratamento: Foi adotada a seguinte conduta: orientações para o uso correto de bolsas escolares, correção de vícios posturais e realização de exercícios de fortalecimento e alongamento, na cinesioterapia e hidroterapia. O tratamento foi realizado duas vezes por semana, tanto na cinesioterapia como a hidroterapia, num total de quatro seções de trinta minutos cada uma. Foram enfatizados os seguintes músculos: isquiotibiais, tríceps sural, oblíquos interno e externo do abdômen, eretor da espinha e grande dorsal. Eis o seu depoimento: Gostei do tratamento na piscina, devido à água, que além de melhorar minhas dores, ajudou na realização dos exercícios (Caso 2)

7 Caso 3 Identificação: É do sexo feminino, 12 anos de idade, apresenta alterações na coluna torácica, devido a uma escoliose. Estudante da EFA Escola de Formação e Aperfeiçoamento, há dois anos. Avaliação: Ao exame físico apresentou algia na musculatura posterior da coluna. Mostra também o ombro esquerdo mais baixo em relação ao direito. As mamas, a cicatriz umbilical e a crista ilíaca apresentam-se normais. Não apresenta dor à palpação. Apresenta uma escoliose torácica em C com convexidade à direita. Tratamento: Foi adotada a seguinte conduta: orientações para o uso correto de bolsas escolares, para correção de vícios posturais e realização também de exercícios de fortalecimento e alongamento, na cinesioterapia e hidroterapia. O tratamento foi realizado em duas seções na cinesioterapia e outras duas na hidroterapia, num total de quatro seções semanais de trinta minutos cada uma. Foram enfatizados os seguintes músculos: isquiotibiais, tríceps sural, oblíquos interno e externo do abdômen, eretor da espinha e grande dorsal. Eis o seu depoimento: Melhorou as dores da coluna com os exercícios realizados (Caso 3) Caso 4 Identificação: É do sexo feminino, 13 anos de idade, apresenta alterações nos seguimentos da coluna vertebral, devido à uma escoliose. Estudante da EFA Escola de Formação e Aperfeiçoamento, há dois anos.

8 Avaliação: Ao exame físico apresentou o ombro direito mais baixo em relação ao esquerdo, crista ilíaca e mamas normais, com a cicatriz umbilical desviada à esquerda. Apresenta algia durante o movimento da coluna vertebral, resultando em uma escoliose torácica em C com convexidade à esquerda. Tratamento: Foi adotada a seguinte conduta: orientações quanto ao uso correto de bolsas escolares, para correção de vícios posturais e realização também de exercícios de fortalecimento e alongamento, na cinesioterapia e hidroterapia. O tratamento foi realizado em duas seções na cinesioterapia e duas na hidroterapia, num total de quatro seções semanais de trinta minutos cada uma. Foram enfatizados os seguintes músculos: isquiotibiais, tríceps sural, oblíquos interno e externo do abdômen, eretor da espinha e grande dorsal. Eis o seu depoimento: Senti alivio das dores e melhora da postura (Caso 4) Caso 5 Identificação: É do sexo feminino, 14 anos de idade, apresentando alterações evidentes da coluna torácica e lombar, devido a uma escoliose. Estudante da EFA Escola de Formação e Aperfeiçoamento, há um ano. Avaliação: Ao exame físico apresentou o ombro direito mais baixo em relação ao esquerdo, relatando algias ao ficar muito tempo de pé ou sentada. Crista ilíaca, cicatriz umbilical apresentam-se normais e a mama direita mais baixa em relação à esquerda, resultando em uma escoliose, em C com convexidade à esquerda.

9 Tratamento: Foi adotada a seguinte conduta: orientações sobre o uso correto de bolsas escolares e quanto à correção de vícios posturais e também realização de exercícios de fortalecimento e alongamento, na cinesioterapia e hidroterapia. O tratamento foi realizado duas vezes por semana, tanto na cinesioterapia como a hidroterapia, num total de quatro seções de trinta minutos cada uma. Foram enfatizados os seguintes músculos: isquiotibiais, tríceps sural, oblíquos interno e externo do abdômen, eretor da espinha e grande dorsal. Eis o seu depoimento: Melhorei minha postura e as dores durante minhas atividades (Caso 5) Caso 6 Identificação: É do sexo feminino, 11 anos de idade, apresentando as alterações nos segmentos da coluna vertebral, nas regiões torácica e lombar devido a uma escoliose. Relata algias ao ficar muito tempo em pé. Estudante da EFA Escola de Formação e Aperfeiçoamento, há três anos. Avaliação: Ao exame físico apresentou ombro esquerdo mais baixo em relação ao direito, mama esquerda mais baixa que a direita, cicatriz umbilical e crista ilíaca normais. Relata algia também aos esforços físicos, resultando em uma escoliose toraco-lombar em C, com convexidade à direita. Tratamento: Foi adotada a seguinte conduta: orientações sobre o uso correto de bolsas escolares e para correção de vícios posturais, e realização também de exercícios de fortalecimento e alongamento, na cinesioterapia e hidroterapia. O tratamento foi realizado duas vezes por semana, tanto na cinesioterapia como a hidroterapia, num total de quatro seções de trinta minutos cada uma.

10 Foram enfatizados os seguintes músculos: isquiotibiais, tríceps sural, oblíquos interno e externo do abdômen, eretor da espinha e grande dorsal. Eis o seu depoimento: Consigo realizar minhas atividades físicas com a diminuição da dor (Caso 6) CONCLUSÃO Todos os casos apresentaram uma diminuição das algias e melhora dos padrões posturais, mediante à tratamentos de alongamento, fortalecimento e relaxamento, realizados na cinesioterapia e hidroterapia. Após estudos teórico e prático sobre as deformidades da coluna vertebral, a sugestão é que seja aplicado o seguinte plano de tratamento fisioterápico: a) realizar a avaliação dos seguimentos corporais para obtenção de um diagnóstico; b) a cinesioterapia e a hidroterapia como formas de alongamento e relaxamento da musculatura da coluna vertebral, para evitar futuras complicações posturais; c) diminuir as algias e orientar posturas, visando à prevenção de deformidades da coluna vertebral; d) estimular a utilização dessas técnicas para diminuição da sintomatologia, obtendo maior produtividade nas atividades da vida diária. A teoria descreve e mostra em linhas gerais a importância da cinesioterapia e da hidroterapia não só como formas de tratamento preventivo, como também de reabilitação das deformidades da coluna vertebral. A prática, por sua vez, demonstra através de avaliações posturais e acompanhamento de casos, a viabilidade da aplicação dos métodos terapêuticos referidos. Na pesquisa realizada ficou patenteada a eficácia do tratamento fisioterápico na melhora da sintomatologia resultante de deformidades da coluna vertebral. Diante disso, pode-se dizer que, com a utilização dos recursos terapêuticos

11 citados, é possível obter resultados bastante expressivos em favor dos pacientes submetidos a tratamento. O trabalho proporcionou reflexão, aprofundamento e, conseqüentemente, uma visão mais ampla sobre o tratamento fisioterápico das deformidades da coluna vertebral. O tema não se esgota aqui. Outros aspectos poderão ser abordados, como: atuação da ergonomia na prevenção de deformidades da coluna vertebral e atuação da eletroterapia como forma de analgesia associado à cinesioterapia. REFERÊNCIAS ANDERSON, B. Alongue-se. 19. ed. São Paulo: Summus, BLAKISTON, Dicionário médico. 2. ed. São Paulo: Manole, CAILLIET, R. Escoliose. São Paulo: Manole, CHARRIERE, L.; ROY, J. Fisioterapia dos desvios laterais da coluna vertebral. 3. ed. São Paulo: Roca, DOWNIE, P. A. Cash: fisioterapia em ortopedia e reumatologia. São Paulo: Panamericana, GERALDES, A. A. R. Ginástica localizada: teoria e prática. 2. ed. Rio de Janeiro: Sprint, 1993.

12 KENDALL, F. P. Músculos: provas e funções. 4. ed. São Paulo: Manole, KNOPLICH, J. Viva bem com a coluna que você tem. 6. ed. São Paulo: Panamed, Enfermidades da coluna vertebral. 2. ed. São Paulo: Panamed, A coluna vertebral: da criança e do adolescente. São Paulo: Panamed, MOE, J. H. et al. Escoliose de MOE: e outras deformidades da coluna. 2. ed. São Paulo: Santos, NORKIN, C. C.; LEVANGIE, K. P. Articulações: estrutura e função. 2. ed. Rio de Janeiro: Revinte, SANTOS, A. C. O exercício físico e o controle da dor na coluna. Rio de Janeiro: Medsi, 1996.