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Este documento objetiva a apresentação de nosso voto relativamente ao assunto em epígrafe, acompanhado da respectiva justificativa.

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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5.ª REGIãO Gabinete do Desembargador Federal Marcelo Navarro

Transcrição:

AC Nº 540866/PE (0010598-17.2010.4.05.8300) APTE : UNIMED GUARARAPES - COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO ADV/PROC : BRUNO BEZERRA DE SOUZA e outros APDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL ASSIST MP : ANS - AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE SUPLEMENTAR REPTE : PROCURADORIA REGIONAL FEDERAL - 5ª REGIÃO ORIGEM : 1ª Vara Federal de Pernambuco (Especializada em Naturalização) RELATOR : DES. FEDERAL EDILSON PEREIRA NOBRE JÚNIOR RELATÓRIO O Exmº. Sr. Desembargador Federal EDILSON PEREIRA NOBRE JÚNIOR (Relator): Trata-se de apelação interposta pela UNIMED GUARARAPES em face de sentença que julgou procedente o pedido para condená-la a abster-se de restringir o custeio da prestação dos serviços médico-hospitalares, complementares ao diagnóstico e ao tratamento, à requisição de profissional cooperado e em formulário próprio. Alega a apelante que: a) a Lei 5.764/71, que rege as cooperativas, determina que prestem serviços preponderantemente a seus médicos cooperados; b) a Lei 9.656/98 determina que a regulamentação dos planos de saúde respeitará as peculiaridades jurídicas de cada operadora; c) o Código de Defesa do Consumidor não proíbe que os planos de saúde contratem obrigações vinculadas ao atendimento a uma rede credenciada; d) o Superior Tribunal de Justiça já haveria decidido não haver ilegalidade na vinculação do atendimento a uma rede credenciada pré-definida. Contrarrazões do MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL às fls. 188/192. Parecer da PROCURADORIA REGIONAL DA REPÚBLICA às fls.198/204, em que opina pelo não provimento do recurso. É o relatório. M9327

AC Nº 540866/PE (0010598-17.2010.4.05.8300) APTE : UNIMED GUARARAPES - COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO ADV/PROC : BRUNO BEZERRA DE SOUZA e outros APDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL ASSIST MP : ANS - AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE SUPLEMENTAR REPTE : PROCURADORIA REGIONAL FEDERAL - 5ª REGIÃO ORIGEM : 1ª Vara Federal de Pernambuco (Especializada em Naturalização) RELATOR : DES. FEDERAL EDILSON PEREIRA NOBRE JÚNIOR VOTO O Exmº. Sr. Desembargador Federal EDILSON PEREIRA NOBRE JÚNIOR (Relator): Pretende a UNIMED reformar sentença que a condenou a abster-se de restringir o custeio de exames complementares a diagnósticos aos requeridos por médicos vinculados à cooperativa. Afirma que a Lei 5.764/71, que rege as cooperativas, determina que estas prestem serviços preponderantemente a seus médicos cooperados. Com efeito, a Lei 5.746/71, que define a Política Nacional de Cooperativismo e institui o regime jurídico das sociedades cooperativas, em seu art. 4º, dispõe que as cooperativas são constituídas para prestar serviços aos associados, argumento este que não pode servir de justificativa para criar empecilhos e restringir de forma desarrazoada o custeio de exames e procedimentos complementares ao diagnóstico às hipóteses em que a requisição é subscrita por médico credenciado à cooperativa e em formulário específico. A par disso, é inconteste que a Unimed possui autorização da ANS Agência Nacional de Saúde para atuar como operadora de plano de saúde, de forma tal que os fatos ora articulados deverão também ser analisados à luz da Lei nº 9.656/98, de 3 de junho de 1998, que dispõe sobre os planos e seguros privados de assistência à saúde. Neste diapasão, cumpre ressaltar que a Lei nº 9.656/98 não contém nenhum dispositivo que vede a realização de exames e serviços médicos aos usuários dos planos de saúde quando a solicitação dos procedimentos é feita por médico não credenciado pelas operadoras dos respectivos planos. Ressalto que a Lei em comento sofreu alterações introduzidas pela MP nº 2.177-44, de 24 de agosto de 2001, a qual deixou ainda mais claro que não se pode atrelar a prestação dos serviços aos profissionais apenas credenciados, cooperados ou referenciados pelos planos de assistência à saúde. AC 540866/PE -M9327 Pág. 2

A propósito, é relevante a própria definição de Plano Privado de Assistência à Saúde, previsto no art. 1º, inciso I, da Lei nº 9.656/98: Art. 1 o Submetem-se às disposições desta Lei as pessoas jurídicas de direito privado que operam planos de assistência à saúde, sem prejuízo do cumprimento da legislação específica que rege a sua atividade, adotando-se, para fins de aplicação das normas aqui estabelecidas, as seguintes definições: I - Plano Privado de Assistência à Saúde: prestação continuada de serviços ou cobertura de custos assistenciais a preço pré ou pós estabelecido, por prazo indeterminado, com a finalidade de garantir, sem limite financeiro, a assistência à saúde, pela faculdade de acesso e atendimento por profissionais ou serviços de saúde, livremente escolhidos, integrantes ou não de rede credenciada, contratada ou referenciada, visando a assistência médica, hospitalar e odontológica, a ser paga integral ou parcialmente às expensas da operadora contratada, mediante reembolso ou pagamento direto ao prestador, por conta e ordem do consumidor; Apesar de não haver, conforme afirma a apelante, proibição expressa no Código de Defesa do Consumidor a tal negativa por parte dos planos de saúde, é imperioso destacar que a Resolução nº 08/98 do Conselho de Saúde Suplementar CONSU, no seu art. 2º, VI, assim dispõe: Art. 2 Para adoção de práticas referentes à regulação de demanda da utilização dos serviços de saúde, estão vedados: (...) VI - negar autorização de procedimento em razão do profissional solicitante não pertencer à rede própria, credenciada, cooperada ou referenciada da operadora; Por fim, resta o argumento da apelante de que o Superior Tribunal de Justiça já haveria decidido no sentido de não haver ilegalidade na vinculação do atendimento a uma rede credenciada pré-definida. Entretanto, o que se discute neste feito não é a obrigatoriedade de custear consultas com médicos que não façam parte da cooperativa, mas de custear exames decorrentes de diagnóstico dado por esses médicos, exames esses a serem realizados em laboratórios e hospitais credenciados. Não se está a preterir os médicos cooperados, mas a proteger tanto os laboratórios ligados ao plano de saúde quanto os direitos dos segurados. Assim, tenho que o tratamento discriminatório atenta às normas constitucionais de proteção à saúde insculpidas no Título VIII, Capítulo II, Seção II, da CR/88, sem falar nas regras de ética para prestação de serviços públicos. Ante o exposto, nego provimento à apelação. É como voto. AC 540866/PE -M9327 Pág. 3

AC 540866/PE -M9327 Pág. 4

AC Nº 540866/PE (0010598-17.2010.4.05.8300) APTE : UNIMED GUARARAPES - COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO ADV/PROC : BRUNO BEZERRA DE SOUZA e outros APDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL ASSIST MP : ANS - AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE SUPLEMENTAR REPTE : PROCURADORIA REGIONAL FEDERAL - 5ª REGIÃO ORIGEM : 1ª Vara Federal de Pernambuco (Especializada em Naturalização) RELATOR : DES. FEDERAL EDILSON PEREIRA NOBRE JÚNIOR EMENTA CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. CONDICIONAMENTO DO CUSTEIO DA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS MÉDICO-HOSPITALARES COMPLEMENTARES AO DIAGNÓSTICO E AO TRATAMENTO DA SAÚDE À REQUISIÇÃO DE PROFISSIONAL COOPERADO. LEI Nº 5.746/71. LEI Nº 9.656/98. 1. A Lei 5.746/71 dispõe que as cooperativas são constituídas para prestar serviços aos associados, argumento este que não pode servir de justificativa para criar empecilhos e restringir de forma desarrazoada o custeio de exames e procedimentos complementares ao diagnóstico às hipóteses em que a requisição é subscrita por médico credenciado à cooperativa. 2. Os fatos ora articulados deverão também ser analisados à luz da Lei nº 9.656/98, que não contém dispositivo que vede a realização de exames e serviços médicos aos usuários dos planos de saúde quando a solicitação dos procedimentos é feita por médico não credenciado pelas operadoras dos respectivos planos. 3. Os precedentes citados pelo apelante referem-se à permissão de que planos de saúde custeiem apenas consultas com profissionais cooperados. Julgados que não afastam a obrigatoriedade de que as cooperativas arquem com as despesas de exames realizados em laboratórios e hospitais credenciados sob a justificativa de as requisições não haverem sido emitidas por médicos cooperados. 4. O tratamento discriminatório atenta às normas constitucionais de proteção à saúde insculpidas no Título VIII, Capítulo II, Seção II, da CR/88, sem falar nas regras de ética para prestação de serviços públicos. 5. Apelação improvida. M9327 ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos do processo tombado sob o número em epígrafe, em que são partes as acima identificadas, acordam os Desembargadores Federais da Quarta Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, em sessão realizada nesta data, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas que integram o presente, por unanimidade, negar provimento à apelação, nos termos do voto do Relator. Recife (PE), 28 de agosto de 2012 (data do julgamento). Desembargador Federal EDILSON PEREIRA NOBRE JÚNIOR Relator AC 540866/PE -M9327 Pág. 6