EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM APELAÇÃO CÍVEL Nº 473056/CE (2009.05.99.001069-1/01) APTE : ISABEL NILCE MAGALHÃES ADV/PROC : VALÉRIA MESQUITA MAGALHÃES APDO : INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL REPTE : PROCURADORIA REPRESENTANTE DA ENTIDADE EMBTE : INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL ORIGEM: 1ª VARA DA COMARCA DE SANTA QUITÉRIA RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO BARROS DIAS - Segunda Turma RELATÓRIO O Excelentíssimo Senhor Desembargador Federal FRANCISCO BARROS DIAS (Relator):Trata-se de embargos de declaração opostos por ISABEL NILCE MAGALHÃES contra o v. acórdão que deu parcial provimento à apelação da autora. Sustentou a autarquia embargante que o v. acórdão incorreu em omissão quanto à identificação de documento idôneo à comprovação da atividade rural, pois os documentos elencados no v. acórdão: Carteira de Associado ao Sindicato de Trabalhadores Rurais de Santa Quitéria, recibo do aludido Sindicato, certidão de casamento, certidão de óbito do falecido esposo da autora, extrato de informações sobre a mesma, comprovam apenas o que eles contém, ou seja, o teor da declaração, mas não o fato declarado. Aduziu, ainda, que a prova acostada não é contemporânea aos fatos alegados, o que a torna imprestável para a comprovação do exercicio de atividade rural por parte da embargada. Alegou ainda, que ocorreu um fato novo após a prolação da sentença, qual seja a publicação de nova Lei, a qual entrou em vigor a partir de 30 de junho de 2009, que modificou o art. 1º-F, da Lei n.º 9.494/97 estabelecendo novos critérios para a correção monetária e juros moratórios na condeanções judiciais que envolvam a Fazenda Pública. Defendeu, deste modo, a aplicação de tais regras, pelo menos a partir da vigência da Lei nº. 11.960/09 que alterou a redação do dispositivo legal acima referido,o considerando que à epoca( 13/10/2009) em que o acórdão foi julgado, as mesmas já se encontravam em vigor. Enfatizou, com base em precedente jurisprudencia que trouxe a colação do colendo Superior Tribunal de Justiça, o cabimento do manejo dos embargos de declaração para arguição de fato novo. (JMCDA) AC-473056 - CE 1
Requereu ao final o provimento dos embargos de declaração para que se pronuncie expressamente quanto a incidência do art. 5º, da Lei 11960/09 referente aplicação dos juros de mora, para determinar, em caso de manutenção da condenaçã a incidência de juros no percentual de 0,5% ao mês, além do art. 55 da Le nº. 8.213/91 e por fim atribuir efeitos modificativos ao presente recurso de modo a excluir os documentos inidôneos como inicio de prova material. É o relatório. (JMCDA) AC-473056 - CE 2
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM APELAÇÃO CÍVEL Nº 473056/CE (2009.05.99.001069-1/01) APTE : ISABEL NILCE MAGALHÃES ADV/PROC : VALÉRIA MESQUITA MAGALHÃES APDO : INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL REPTE : PROCURADORIA REPRESENTANTE DA ENTIDADE EMBTE : INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL ORIGEM: 1ª VARA DA COMARCA DE SANTA QUITÉRIA RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO BARROS DIAS - Segunda Turma VOTO O Excelentíssimo Senhor Desembargador Federal FRANCISCO BARROS DIAS (Relator): O recurso de Embargos Declaratórios, previsto nos arts. 535 a 538 do CPC possui a sua abrangência limitada aos casos em que haja obscuridade ou contradição na Sentença ou no Acórdão, ou quando for omisso ponto sobre o qual se devia pronunciar o Juiz ou o Tribunal. Quanto a alegação da autarquia embargante que o v. acórdão incorreu em omissão quanto à identificação de documento idôneo à comprovação da atividade rural, pois os documentos elencados no v. acórdão: Carteira de Associado ao Sindicato de Trabalhadores Rurais de Santa Quitéria, recibo do aludido Sindicato, certidão de casamento, certidão de óbito do falecido esposo da autora, extrato de informações sobre a mesma, comprovam apenas o que eles contém, ou seja, o teor da declaração, mas não o fato declarado, não merece prosperar. Observo que o v. acórdão apreciou os documentos acostados aos autos,quais sejam Carteria de Associado ao Sindicato de Trabalhadores Rurais de Santa Quitéria, recibo do aludido sindicato, certidão de casamento, certidão de óbito do falecido esposo da autora, comprovante de concessão da pensão por morte de trabalhador rural deixada pelo seu esposo extrato de informações sobre a mesma, reconhecendo que o inicio de tal prova material corroborada com a prova testemunhal colhida nos autos são suficientes para demonstrar o exercicio da atividade rural por parte da embargante e por conseguinte a qualidade de trabalhadora rural. Na verdade, pretende a embargante rediscutir a matéria na via dos embargos de declação o que não cabível. Quanto a omissão do acórdão embargado no que se refere ao art. 1º-F, da Lei nº. 9494/97, com a redação dada pela Lei nº. 11.960/2009, em relação a correção monetária e juros de mora, reconheço a omissão. (JMCDA) AC-473056 - CE 3
É cediço que em relação ao percentual de juros de mora nas condenações impostas à Fazenda Pública referentes às verbas remuneratórias devidas a servidores e empregados públicos, aplicavam-se as disposições contidas no art. 1º-F da Lei 9.494/97, acrescidas pela MP nº 2.180-35, de 24.08.2001, DOU 27.08.2001, em vigor conforme o art. 2º da EC nº 32/2001, segundo entendimento já consolidado em nossos Tribunais, inclusive do Colendo STJ, apenas às situações das ações ajuizadas após o início da vigência da mencionada MP nº 2.180-35 (24.08.2001). Vale a transcrição de precedentes neste sentido: RECURSO ESPECIAL ADMINISTRATIVO PROCESSUAL CIVIL SERVIDOR PÚBLICO REAJUSTE DE 3,17% MP Nº 2.225-45/2001 INCORPORAÇÃO LIMITAÇÃO AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO COMPENSAÇÃO JÁ REALIZADA APELO AUSÊNCIA DE INTERESSE JUROS DE MORA PERCENTUAL NATUREZA ALIMENTAR DO DÉBITO INÍCIO DO PROCESSO APÓS VIGÊNCIA DA MP Nº 2.180-35/2001 INCIDÊNCIA I (...). III - Julgado procedente o pedido concernente à compensação dos valores recebidos a título do reajuste de 3,17%, resta ausente o interesse da recorrente que almeja o mesmo efeito. IV - Proposta a ação após o início da vigência da Medida Provisória nº 2.180-35, de 24 de agosto de 2001, que acrescentou o art. 1º-F ao texto da Lei nº 9.494/97, os juros de mora devem ser fixados no percentual de 6% ao ano. Precedentes. Recurso parcialmente conhecido e, nessa parte, provido. (STJ RESP 654745 RS 5ª T. Rel. Min. Felix Fischer DJU 08.11.2004 p. 00292) (grifei); RECURSOS ESPECIAIS ADMINISTRATIVO PROCESSUAL CIVIL EMBARGOS DE DECLARAÇÃO OFENSA AO ART. 535 DO CPC OMISSÃO INEXISTENTE SERVIDOR PÚBLICO REAJUSTE DE 3, 17% MP Nº 2.225-45/2001 INCORPORAÇÃO JANEIRO DE 2002 VANTAGEM ANUÊNIO MODIFICAÇÃO MP Nº 1.480/96 QÜINQÜÊNIO PERÍODO AQUISITIVO NÃO COMPLETADO EXTINÇÃO MP Nº 1.815/99 JUROS DE MORA PERCENTUAL DE 1% A.M. NATUREZA ALIMENTAR DO DÉBITO INÍCIO DO PROCESSO ANTES DA EDIÇÃO DA MP Nº 2.180-35/2001 NÃO INCIDÊNCIA DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO CARACTERIZADO (...). VII - Proposta a ação após o início da vigência da Medida Provisória nº 2.180-35, de 24 de agosto de 2001, que acrescentou o art. 1º-F ao texto da Lei nº 9.494/97, os juros de mora devem ser fixados no percentual de 6% ao ano. Precedentes. VIII - A situação que os acórdãos paradigmas tratam deixa de cogitar a aplicação da Medida Provisória nº 2.180-35/2001, não restando demonstrada a divergência jurisprudencial. Recursos especiais não conhecidos. (STJ RESP 572429 RS 5ª T. Rel. Min. Felix Fischer DJU 19.12.2003 p. 00619) (grifei). Observa-se que a redação do art. 1º-F da Lei 9.494/97 dada pela Medida Provisória nº 2.180-35/2001, apenas impunha a limitação dos juros de mora a 0,5% (meio por cento) ao mês às verbas remuneratórias devidas a servidores e empregados públicos. Deste modo, na hipótese de beneficio previdenciário, os juros de mora são devidos no percentual de 1% ao mês, a partir da citação, conforme reiteradamente já decidiu este egrégio Tribunal Regional Federal. No entanto, este dispositivo de lei sofreu alteração em junho de 2009, quando foi fixado um novo critério de reajuste e incidência de juros de mora, como preceitua o art. 5º, da Lei 11.260/09. Vale a transcrição do referido dispositivo legal, com a nova redação: (JMCDA) AC-473056 - CE 4
Art. 1º-F. Nas condenações impostas à Fazenda Pública, independentemente de sua natureza e para fins de atualização monetária, remuneração do capital e compensação da mora, haverá a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança Perfilho o entendimento do STF no sentido de que em se tratando de juros de mora se aplica a legislação em vigor nas épocas de incidências próprias, aos processos pendentes, in verbis: JUROS DE MORA. DÉBITO TRABALHISTA. REGÊNCIA. COISA JULGADA. DECRETO-LEI Nº 2.322/87. Os juros da mora são regidos pela legislação em vigor nas épocas de incidências próprias. A aplicação imediata da legislação aos processos pendentes não se confunde com a retroativa e pressupõe a fase de conhecimento. Os efeitos ocorrem a partir da respectiva vigência, sendo que o trânsito em julgado de sentença prolatada à luz da legislação pretérita obstaculiza totalmente a observância da lei nova. Decisão em sentido contrário conflita com a garantia constitucional relativa ao direito adquirido e à coisa julgada, ensejando o conhecimento do extraordinário e acolhida do pedido nele formulado. Precedente: Recurso Extraordinário nº 135.193/RJ, Pleno, RTJ 147, página 673 à 680. (Segunda Turma, RE 142104 / RJ; Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO Julg. 26/10/1998,publ. DJ 05-02-1999 PP-00027). EMENTA: - CONSTITUCIONAL. TRABALHO. PROCESSO TRABALHISTA. JUROS DE MORA: Decreto-lei nº 2322, de 26.02.87. PROCESSOS EM CURSO: INCIDÊNCIA. I. - O Decreto-lei nº 2322, de 26.02.87, que contém norma processual, aplica-se aos processos em curso, conforme, aliás, determinado no 2º do seu art. 3º. Ele não se aplicaria, conforme decidiu o Supremo Tribunal Federal, no RE 135.193-RJ, se houvesse coisa julgada em sentido diferente. No caso, o processo encontra- se, ainda, na fase de conhecimento. Inocorrência de ofensa aos princípios do direito adquirido e do ato jurídico perfeito (C.F., art. 5º, XXXVI). II. - R.E. não conhecido. (Segunda Turma, RE 162874 / SP, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO. julg. 19/12/1996, publ. DJ 04-04-1997 PP- 10540). Neste caso, os juros de mora e a correção monetária devem incidir nos termos do art. 1º-F, da Lei nº. 9.494/97 com a redação dada pelo art. 5º, da Lei 11.960/09, a partir de 30 de junho de 2009, data em que entrou em vigor este diploma legal. A hipótese é de se dar parcial provimento aos embargos de declaração para fixar os juros de mora no percentual de 1%, a contar da citação, (JMCDA) AC-473056 - CE 5
ressaltando que, a partir da vigência da Lei nº. 11.260/09 que alterou a redação do art1º-f da Lei nº. 9494/97, o calculo dos referidos juros de mora e da correção monetária deverão observar os critérios definidos no referido dispositivo legal. declaração. Ante o exposto, conheço e dou parcial provimento aos embargos de É como voto. (JMCDA) AC-473056 - CE 6
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM APELAÇÃO CÍVEL Nº 473056/CE (2009.05.99.001069-1/01) APTE : ISABEL NILCE MAGALHÃES ADV/PROC : VALÉRIA MESQUITA MAGALHÃES APDO : INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL REPTE : PROCURADORIA REPRESENTANTE DA ENTIDADE EMBTE : INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL ORIGEM: 1ª VARA DA COMARCA DE SANTA QUITÉRIA RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO BARROS DIAS - Segunda Turma EMENTA PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIARIO. EMBARGOS DECLARATÓRIOS.TRABALHADOR RURAL. APOSENTADORIA. REDISCUSSÃO DA MATERIA. IMPOSSIBILIDADE. JUROS DE MORA NÃO FIXADOS NO ACÓRDÃO. EXISTÊNCIA DE OMISSÃO. 1.O recurso de Embargos Declaratórios, previsto nos arts. 535 a 538 do CPC possui a sua abrangência limitada aos casos em que haja obscuridade ou contradição na Sentença ou no Acórdão, ou quando for omisso ponto sobre o qual se devia pronunciar o Juiz ou o Tribunal. 2.Quanto a alegação da autarquia embargante que o v. acórdão incorreu em omissão quanto à identificação de documento idôneo à comprovação da atividade rural, pois os documentos elencados no v. acórdão: Carteira de Associado ao Sindicato de Trabalhadores Rurais de Santa Quitéria, recibo do aludido Sindicato, certidão de casamento, certidão de óbito do falecido esposo da autora, extrato de informações sobre a mesma, comprovam apenas o que eles contém, ou seja, o teor da declaração, mas não o fato declarado, não merece prosperar. 3.Observa-se que o v. acórdão apreciou os documentos acostados aos autos,quais sejam Carteria de Associado ao Sindicato de Trabalhadores Rurais de Santa Quitéria, recibo do aludido sindicato, certidão de casamento, certidão de óbito do falecido esposo da autora, comprovante de concessão da pensão por morte de trabalhador rural deixada pelo seu esposo extrato de informações sobre a mesma, reconhecendo que o inicio de tal prova material corroborada com a prova testemunhal colhida nos autos são suficientes para demonstrar o exercicio da atividade rural por parte da embargante e por conseguinte a qualidade de trabalhadora rural. 4.Na verdade, pretende a embargante rediscutir a matéria na via dos embargos de declação o que não cabível. (JMCDA) AC-473056 - CE 7
5. Em relação a omissão do acórdão embargado no que se refere ao art. 1º-F, da Lei nº. 9494/97, com a redação dada pela Lei nº. 11.960/2009, que trata dos criterios para o calculo dos juros de mora e da correção monetária, reconhece-se a omissão 6.Observa-se que a redação do art. 1º-F da Lei 9.494/97 dada pela Medida Provisória nº 2.180-35/2001, apenas impunha a limitação dos juros de mora a 0,5% (meio por cento) ao mês às verbas remuneratórias devidas a servidores e empregados públicos. 7. Deste modo, na hipótese de beneficio previdenciário, os juros de mora são devidos no percentual de 1% ao mês, a partir da citação, conforme reiteradamente já decidiu este egrégio Tribunal Regional Federal. 8.No entanto, o referido dispositivo de lei foi alterado, em junho de 2009, quando foi fixado um novo critério de reajuste e incidência de juros de mora e correção monetária, pelo art. 5º, da Lei 11.260/09. 9. Perfilha-se o entendimento do STF no sentido de que em se tratando de juros de mora se aplica a legislação em vigor nas épocas de incidências próprias, aos processos pendentes. 10. Precedentes do STF: Segunda Turma, RE 142104 / RJ; Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO Julg. 26/10/1998,publ. DJ 05-02-1999 PP-00027; Segunda Turma, RE 162874 / SP, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO. julg. 19/12/1996, publ. DJ 04-04-1997 PP-10540). 10 Neste caso, os juros de mora e a correção monetária devem incidir nos termos do art. 1º-F, da Lei nº. 9.494/97 com a redação dada pelo art. 5º, da Lei 11.960/09, a partir de 30 de junho de 2009, data em que entrou em vigor este diploma legal. 11. A hipótese é de se dar parcial provimento aos embargos de declaração para fixar os juros de mora no percentual de 1%, a contar da citação, ressaltando que, a partir da vigência da Lei nº. 11.260/09 que alterou a redação do art.1º-f da Lei nº. 9494/97, o calculo dos referidos juros de mora e da correção monetária deverão observar os critérios definidos no referido dispositivo legal. 12. Embargos declaratórios conhecidos e parcialmente providos. ACÓRDÃO (JMCDA) AC-473056 - CE 8
Vistos e relatados os autos em que são partes as acima indicadas, decide a Segunda Turma do Tribunal Regional Federal da 5a. Região, por unanimidade, conhecer e dar parcial provimento aos embargos de declaração, na forma do relatório, voto e notas taquigráficas constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. Recife/PE, 09 de fevereiro de 2010. (data do julgamento) Desembargador Federal FRANCISCO BARROS DIAS Relator (JMCDA) AC-473056 - CE 9