Superior Tribunal de Justiça

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1 AgRg no AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº RS (2009/ ) RELATOR : MINISTRO CASTRO MEIRA EMENTA PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. AGRAVO REGIMENTAL. VIOLAÇÃO DO ART. 535, INCISO I, DO CPC. NÃO COMPROVAÇÃO. ALEGAÇÕES DEFICIENTES. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 284/STF. ACÓRDÃO RECORRIDO. PRÁTICA DE ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. DEMONSTRAÇÃO DE PREJUÍZO AO ERÁRIO. MATÉRIA FÁTICA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. 1. Não merece conhecimento o recurso especial fundado em alegação genérica ao artigo 535, II, do CPC, nos termos da Súmula 284/STF: "É inadmissível o recurso extraordinário, quando a deficiência na sua fundamentação não permitir a exata compreensão da controvérsia". 2. Conclusão adversa acerca da existência da prática de atos de improbidade administrativa, que ocasionaram prejuízo ao erário, reconhecidos pelo Tribunal de origem, demandaria o reexame do suporte fático-probatório, o que é inadmissível na via do recurso especial, em face da Súmula 7/STJ. 3. Agravo regimental não provido. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Humberto Martins, Herman Benjamin, Mauro Campbell Marques e Eliana Calmon votaram com o Sr. Ministro Relator. Brasília, 1º de dezembro de 2009(data do julgamento). Ministro Castro Meira Relator Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 15/12/2009 Página 1 de 6

2 AgRg no AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº RS (2009/ ) RELATOR : MINISTRO CASTRO MEIRA RELATÓRIO O EXMO. SR. MINISTRO CASTRO MEIRA (Relator): Cuida-se de agravo regimental interposto contra decisão resumida na seguinte ementa: PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. AGRAVO DE INSTRUMENTO. VIOLAÇÃO DO ART. 535, INCISO I, DO CPC. NÃO COMPROVAÇÃO. ALEGAÇÕES DEFICIENTES. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 284/STF. ACÓRDÃO RECORRIDO. PRÁTICA DE ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. DEMONSTRAÇÃO DE PREJUÍZO AO ERÁRIO. MATÉRIA FÁTICA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. 1. Não merece conhecimento o recurso especial fundado em alegação genérica ao artigo 535, II, do CPC, nos termos da Súmula 284/STF: "É inadmissível o recurso extraordinário, quando a deficiência na sua fundamentação não permitir a exata compreensão da controvérsia". 2. Conclusão adversa acerca da prática de atos de improbidade administrativa que ocasionaram prejuízo ao erário, demandaria o reexame do suporte fático-probatório (Súmula 7/STJ). 3. Agravo de instrumento não provido (fl. 528). Irresignados com a decisão que negou provimento ao agravo, os agravantes aduzem que a argumentação tecida na alegação de violação do art. 535 do Código de Processo Civil se deu claramente, na medida em que o Tribunal recorrido omitiu pronunciamento sobre a prova de que os agravantes não haviam retirado indevidamente a quantia de 103 toneladas, conforme documento de fls. 186/187. Argumentam que: (...) houve omissão por parte da Corte Gaúcha a partir do momento em que com base em fatos incontroversos, há prova certa de que os agravantes não tiraram mais trigo do que possuíam, mas que, na verdade, eram credores da CESA. Assim, com base nessa omissão e contradição é que o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul proferiu decisão que não foi corrigida mesmo após a interposição de embargos de declaração, o que configura a ofensa ao art. 535 do Código de Processo Civil (fl. 544). Além disso, sustentam que não há que se falar em óbice da Súmula 7/STJ, uma vez que os pontos contestados são lastreados somente nos fatos incontroversos dos autos. Portanto, prelecionam os agravantes que deverá ser reconsiderada a decisão que negou seguimento ao recurso especial, tendo em conta ser evidente, com base nos elementos Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 15/12/2009 Página 2 de 6

3 incontroversos do feito, haver notável omissão e contradição na decisão questionada proferida pelo Tribunal a quo. É o relatório. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 15/12/2009 Página 3 de 6

4 AgRg no AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº RS (2009/ ) EMENTA PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. AGRAVO REGIMENTAL. VIOLAÇÃO DO ART. 535, INCISO I, DO CPC. NÃO COMPROVAÇÃO. ALEGAÇÕES DEFICIENTES. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 284/STF. ACÓRDÃO RECORRIDO. PRÁTICA DE ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. DEMONSTRAÇÃO DE PREJUÍZO AO ERÁRIO. MATÉRIA FÁTICA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. 1. Não merece conhecimento o recurso especial fundado em alegação genérica ao artigo 535, II, do CPC, nos termos da Súmula 284/STF: "É inadmissível o recurso extraordinário, quando a deficiência na sua fundamentação não permitir a exata compreensão da controvérsia". 2. Conclusão adversa acerca da existência da prática de atos de improbidade administrativa, que ocasionaram prejuízo ao erário, reconhecidos pelo Tribunal de origem, demandaria o reexame do suporte fático-probatório, o que é inadmissível na via do recurso especial, em face da Súmula 7/STJ. 3. Agravo regimental não provido. VOTO O EXMO. SR. MINISTRO CASTRO MEIRA (Relator): Não há fundamentos para se modificar a decisão agravada. Na espécie, insurgem-se os agravantes contra a decisão impugnada, ao fundamento de que o seu apelo especial não foi deficiente, na medida em que apontou como razões recursais a circunstância de que o Tribunal a quo não se pronunciou sobre o fato de que os agravantes não haviam retirado indevidamente a quantia de 103 toneladas, conforme documento de fls. 186/187. Todavia, o que se extrai dos autos é justamente o contrário, pois a imputação de responsabilização em decorrência do cometimento de atos de improbidade administrativa foi consubstanciado pela Corte estadual com base no conjunto de provas colacionado ao feito e, com isso, não há que se falar em omissão existente no acórdão recorrido. É o que se observa no seguinte trecho do acórdão recorrido: Efetivamente, existem elementos de prova capaz de evidenciar que os agravantes efetivamente tiveram participação no desvio do cereal, uma vez que realizaram o transporte do trigo ilegalmente retirado do estoque da CESA. A alegação dos agravantes de que estariam autorizados a retirar o cereal, na medida de que eram depositantes de parte do trigo, bem como, por se tratar de compra e venda do excedente contabilizado pela Companhia não restou demonstrado (grifei) (fls ). Deste modo, para que se caracterize violação do disposto no art. 535 do Código de Processo Civil, necessário se faz que sejam indicados de modo inequívoco nas razões do apelo especial os artigos infraconstitucionais ou as matérias sobre as quais o acórdão de origem teria Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 15/12/2009 Página 4 de 6

5 incorrido em uma das hipóteses previstas no aludido artigo, ou seja, omissão, contradição ou obscuridade, sob pena de não conhecimento da preliminar de negativa de jurisdição por deficiência argumentativa, situação que não representa a hipótese dos autos. Assim, cumpre ressaltar que os agravantes não apontaram de modo efetivo proposições que poderiam influenciar no julgamento do apelo, o que impede o acolhimento do presente instrumento. Com efeito, esta Corte tem reconhecido a impossibilidade de conhecer-se do apelo especial pela alegada violação ao artigo 535, I, do CPC nos casos em que a arguição é deficiente, por incidir a Súmula 284/STF. Por outro lado, o Tribunal de origem se valeu do conjunto probatório acostado aos autos para o fim de posicionar-se no sentido de que houve a prática de atos de improbidade administrativa que ocasionaram prejuízo à Administração Pública. É o que se observa nos seguintes trechos do acórdão combatido: No caso, a prova produzida não-permite a rejeição liminar, comprovada a existência de indícios da improbidade dos atos realizados. A prova documental que consta do processo é farta, abrangendo o procedimento investigatório e parte substancial do feito que tramitou no Tribunal de Contas do Estado (fl. 427). E ainda: Efetivamente, existem elementos de prova capaz de evidenciar que os agravantes efetivamente tiveram participação no desvio do cereal, uma vez que realizaram o transporte do trigo ilegalmente retirado do estoque da CESA. A alegação dos agravantes de que estariam autorizados a retirar o cereal, na medida de que eram depositantes de parte do trigo, bem como, por se tratar de compra e venda do excedente contabilizado pela Companhia não restou comprovado. A prova dos autos não possui o condão de demonstrar, neste momento processual, a veracidade dos fatos elencados na defesa, pois a documentação juntada demonstra que os agravantes transportaram aproximadamente 103 toneladas de trigo (fl. 216) e só comprovaram que possuíam depositados kg do cereal (fl. 187). Assim, resta evidenciado que o transporte do cereal se deu em quantidades muito maiores daquela depositada pelos agravantes na Companhia (fls ). Da análise do acórdão a quo, além de outros elementos de convicção acostados aos autos, afigura-se que o objeto do recurso dos agravantes versa sobre matéria fática, necessitando de um reexame das provas acostadas ao feito principal para que se possa adentrar no petitório e, com isso, proceder-se a uma eventual reforma da decisão recorrida. Nesse sentido, segue enunciado da súmula 7/STJ, in verbis: "A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial". Ante o exposto, nego provimento ao agravo regimental. É como voto. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 15/12/2009 Página 5 de 6

6 CERTIDÃO DE JULGAMENTO SEGUNDA TURMA AgRg no Número Registro: 2009/ Ag / RS Números Origem: PAUTA: 01/12/2009 JULGADO: 01/12/2009 Relator Exmo. Sr. Ministro CASTRO MEIRA Presidente da Sessão Exmo. Sr. Ministro HUMBERTO MARTINS Subprocurador-Geral da República Exmo. Sr. Dr. EUGÊNIO JOSÉ GUILHERME DE ARAGÃO Secretária Bela. VALÉRIA ALVIM DUSI AUTUAÇÃO ASSUNTO: DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO - Atos Administrativos - Improbidade Administrativa - Dano ao Erário AGRAVO REGIMENTAL CERTIDÃO Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: "A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)." Os Srs. Ministros Humberto Martins, Herman Benjamin, Mauro Campbell Marques e Eliana Calmon votaram com o Sr. Ministro Relator. Brasília, 01 de dezembro de 2009 VALÉRIA ALVIM DUSI Secretária Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 15/12/2009 Página 6 de 6