BAIXA VISÃO (parte 2)



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Transcrição:

BAIXA VISÃO (parte 2) Juliana Moraes Almeida Silva O terapeuta Ocupacional tem um importante papel no processo de inclusão do aluno com baixa visão no ensino regular, pois além de confeccionar e se preocupar com todas essas adequações abaixo é ele quem vai treinar as AVDs (atividades de vida diária) com o aluno para que o mesmo tenha uma vida mais autônoma e independente, bem como trabalhar os sentidos remanescentes como tato e audição, para que os mesmos compensem a falta da visão. Como foi ressaltado anteriormente, de nada adianta materiais pedagógicos adequados se o ambiente escolar e o mobiliário escolar não se adequarem as necessidades do aluno. Para que aconteça essa adequação vários aspectos têm que ser levados em consideração e o ambiente escolar necessita de modificação, estão entre elas: NOÇÃO ESPACIAL DO AMBIENTE: Com o auxílio do professor o aluno vai ter que se familiarizar com o ambiente, através de caminhadas pela escola, verificando detalhes de cada ambiente para que registre através do tato ou até mesmo da visão peculiaridades de cada lugar para que tenha uma locomoção independente dentro da escola, essa identificação vai desde o portão até a localização da carteira escolar, uma questão importante é o fato de que nenhum móvel pode ser modificado várias

vezes, porque o aluno com baixa visão vai registrar a posição de cada um deles para se localizar. Essa caminhada pode ser marcada também por faixas em alto relevo, para que o aluno se localize pelo chão, ou até mesmo através de guia e bengala. Cabe ressaltar que objetos espalhados pelo chão dificultam a locomoção do aluno e o melhor local para que ele participe da aula é na primeira carteira e em frente a lousa, para que assim ele tenha a liberdade de sair para ir até a lousa a hora que necessitar, geralmente textos longos e manuscritos são difíceis de seguir, dessa forma cabe ao professor digitar esse conteúdo e entregar ao aluno em uma folha separada para que o mesmo tenha mais facilidade e esteja mais próximo do conteúdo abordado em sala de aula, outra estratégia é colocar esses alunos sentados com outros colegas, para que os mesmos os auxiliem diante de alguma dúvida ou dificuldade. É importante que o professor tenha preocupações em relação a distância que o aluno consegue enxergar a lousa, qual é a melhor cor de giz que o aluno consegue visualizar, qual posição da sala ele se sente mais a vontade para enxergar a lousa, entender que muitas vezes eles necessitam de um tempo maior para realizar as atividades, permitir que se levantem a hora que julgarem necessário e que se mesmo com todos esses cuidados o aluno não enxergar o conteúdo que está na lousa, que o professor digite ou escreva o conteúdo da aula em letra de forma e de ao aluno em uma folha para que ele copie na sua carteira. ILUMINAÇÃO ADEQUADA: as crianças com baixa visão necessitam de boa iluminação para que consigam executar tarefas escolares e atividades da vida diária.

Quando falo boa iluminação, quero dizer luz muitas vezes artificial, pois a luz natural quase sempre não é suficiente para que o aluno tenha conforto e boa resolução visual nas atividades, é preciso tomar cuidado com reflexos na lousa, os quais prejudicam ainda mais a percepção visual do aluno, se a claridade do sol der reflexos, é necessário fechar as cortinas e ligar a luz artificial, se esta ainda não for suficiente pode ser colocada uma luminária, posicionado atrás do aluno para que a luz seja direcionada ao caderno e material. O aluno com baixa visão tem baixa tolerância a claridade e ao contraste, dessa forma é interessante orientar o aluno que utilize um óculos de sol e boné quando for realizar atividades ao ar livre. AUXÍLIOS AUTONOMIA DE MATERIAIS E MAIOR QUE FAVORECEM INDEPENDÊNCIA REALIZAÇÃO DAS ATIVIDADES: NA São materiais modificados as necessidades de cada aluno, como : MESA INCLINADA, OU PRANCHA DE LEITURA Essa adaptação permite que o aluno posicione melhor o tronco e cabeça na hora de realizar as tarefas, bem como permite que faça uma melhor acomodação visual. Ela serve para que o aluno realize exercícios em sala, pintura de desenhos e leituras de textos. Como pode ser observado logo abaixo, tem quatro modelos de prancha inclinada, sendo que uma delas foi

confeccionada com caixinha de leite e a outra foi feita na própria carteira, essa prancha também pode ser feita de madeira e papelão. Prancha de Caixinha de leite Prancha na própria carteira Prancha de Papelão Prancha de Madeira

É importante lembrar que a cor da mesa do aluno também influência no seu desempenho, esta não deve ser branca, pois ele terá dificuldade para enxergar as extremidades do caderno ou folha. CADERNOS COM LINHAS ESPAÇADAS Esses cadernos são feitos no computador, são maiores que os habituais, tem linhas mais escuras, espessas e com um espaço maior entre as linhas, pois dessa forma o aluno com baixa visão consegue discriminar melhor e organizar a escrita no espaço ampliado, ele pode ser confeccionado na horizontal ou vertical, a posição vai depender do aluno, se a família ou a escola não tiver um computador para confeccionar o caderno, pode se utilizar um caderno de desenho e fazer com canetinha azul ou preta as linhas que devem ter no mínimo um centímetro de distância, se aluno não aceitar esse caderno adaptado, o professor pode reforçar as linhas do próprio caderno, ou até mesmo introduzir tarefas em folhas avulsas com linha espaçadas e colar no caderno do aluno. Materiais como alfabeto móvel, figuras coloridas e números confeccionados em papel cartão, madeira ou EVA auxiliam o processo educacional, eles podem ser feitos nas cores preta e amarela, pois juntas formam um alto contraste e facilitam a discriminação do aluno.

TEXTOS, LÁPIS E RÉGUA UMAS DAS MELHOR FONTES DEFINIÇÃO MAIÚSCULO, QUE É TAMANHO TEM ARIAL, 24 E NEGRITO. QUANDO O PROFESSOR NÃO TIVER AO ALCANCE UM COMPUTADOR PODE FAZER OS

TEXTOS A MÃO EM LETRA DE FORMA E GRANDE. O material deve ser preparado com antecedência para que o aluno possa participar da aula, mimeógrafo não é recomendado por causa do seu baixo contraste e cores fracas. Outra questão importante é o lápis de escrever, ele dever de grafite espesso como o 6B e quando utilizar canetinha, esta deve ser de cor forte e com contraste. Os desenhos não podem ter muitos detalhes e de preferência que sejam coloridos, grandes e nomeados. JOANINHA

A régua (Tiposcópio) que serve para isolar o restante do texto pode ser confeccionada com papel cartão ou EVA, ela tem um importante papel na leitura do texto, pois ela faz com que o aluno discrimine com mais facilidade as palavras e siga o texto com mais facilidade. A FADA ERA LINDA, TINHA UM...

Outros materiais como lupa também são utilizados nesse processo.

COMPUTADOR A utilização de computador com aluno com baixa visão é eficaz, visto que hoje em dia já existem programas que ampliam as imagens e tem voz, dentre eles estão dois softwares que são distribuídos gratuitamente na internet: DOSVOX: - http://intervox.nce.ufrj.br/dosvox/programas/dv41-setup.exe JAWS: http:www.freedomscientific.com MATERIAIS PEDAGÓGICOS ADAPTADOS Conforme verificado acima muitas vezes a atividade pedagógica não pode ter muitos detalhes, quanto mais simples e objetiva ela for, melhor será o entendimento e o desempenho do aluno com baixa visão. EX: Atividade adaptada

Veja alguns exemplos de materiais que foram confeccionados pelas professoras Angelita, Sandra e Cristina Freitas da Apae de Quatiguá/PR para trabalhar com alunos com baixa visão:

FONTE: A inclusão do aluno com baixa visão no ensino regular, Siaulys, C.O.M., Ministério da Educação, Secretaria da Educação Especial, 2006. Organização Mundial da Saúde. Artigo: A terapia ocupacional na reabilitação de crianças com baixa visão, Maria Inês Rubo de Souza Nobre1, Mirela de Oliveira Figueiredo2, Uiara Cristina Viana Danelutti2, Rita de Cássia Letto Montilha 1, esse artigo pode ser encontrado no link: http://www.pediatriasaopaulo.usp.br/upload/pdf/1230.pdf