Política creditícia no Brasil: o sertão vai virar mar?



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Transcrição:

Políica crediícia no Brasil: o serão vai virar mar? Abril, 2013 Paulo Maos Joyciane Vasconcelos Chrisiano Penna CAEN/ UFC UFC/Sobral CAEN/ UFC paulomaos@caen.ufc.br ciany_vasconcelos@homail.com cmp@caen.ufc.br Absrac The Brazilian norheas region characerized by he lowes per capia gross domesic produc, he highes raes of povery and inequaliy and lowes human developmen and social welfare indices would need almos 35 years o be able o achieve he same oal real credi per capia level of Souh and Souheas regions, ceeris paribus, based on daa up o December 2009. In his conex of dispariy, his aricle inends o address empirically he issues abou he relaionship beween he credi mare, growh, income disribuion and social welfare. The main evidence obained beween January 2004 and December 2009, using he Phillips and Sul (2007) mehodology, suggess ha here is no a global and unique convergence for he rajecory of credi, bu he formaion of wo clubs srongly characerized by he regional aspec, where he second club is composed by saes of he norheas region, in addiion o some saes of he norh one. In addiion o he regional aspec, he defaul raes, he per capia gross domesic produc, he proporion of poor people and he human developmen index are variables ha characerize clearly he differences beween he wo clubs, suggesing ha hey can be used in sudies of discriminan analysis. This evidence confirms he realiy already repored in relaed papers regarding he exisence of wo economies in he same naional erriory, aing ino accoun he income, social infrasrucure, or credi allocaion. I is possible o infer ha he curren credi policy, divergen and exclusionary of he poorer classes, is no an efficien social vecor capable of reducing inequaliies of Brazil. Keywords: Credi Policy; Convergence clubs formaion; Social inequaliy. JEL Codes: D31, O43 Resumo A região Nordese do Brasil caracerizada pelo menor Produo Inerno Bruo per capia, pelos maiores índices de pobreza e desigualdade e menores de desenvolvimeno humano e bem esar necessiaria de quase 35 anos para poder aingir o mesmo nível do esoque de crédio oal real per capia das regiões Sul e Sudese, ceeris paribus, com base nos dados aé dezembro de 2009. Nese conexo de disparidade, ese arigo se posiciona ao abordar empiricamene as quesões associadas à relação enre o mercado de crédio e crescimeno aliado à disribuição de renda e geração de bem esar. As principais evidências obidas enre janeiro de 2004 e dezembro de 2009, a parir do uso da écnica de Phillips e Sul (2007), sugerem não haver uma convergência global da rajeória de crédio, sendo a formação dos dois clubes foremene caracerizados pelo aspeco regional, com represenaiva presença das unidades federaivas da região Nordese no segundo clube, além de esados da região Nore. Além do aspeco regional, a inadimplência, o Produo Inerno Bruo per capia, a proporção de pobres e o Índice de Desenvolvimeno Humano são variáveis que caracerizam as diferenças enre os dois clubes, sugerindo que as mesmas possam ser usadas em esudos de análise discriminane. Esa evidência corrobora a realidade já reraada em arigos correlaos da exisência de duas economias em um mesmo erriório nacional, em ermos de renda, infraesruura social, ou alocação de crédio. É possível inferir que a aual políica crediícia, divergene e excludene das classes mais pobres, não consise em um veor social eficiene capaz de agregar na redução das desigualdades do Brasil. Palavras-chave: Políica crediícia; Formação de clubes de convergência; Desigualdade social. Códigos JEL: D31, O43 Endereço do auor para correspondência: Avenida da Universidade, 2700, CEP 60.020.181, Bairro Benfica, Foraleza, Ceará, Brasil.

2 1. Inrodução Em uma sociedade desigual como a brasileira, cujo índice de Gini aingiu o nível de 0,53 em 2010, as meas em desenvolvimeno econômico não podem prescindir do esforço visando uma redisribuição mais eficiene de renda, além da redução dos auais e elevados níveis dos índices associados à pobreza, segundo os quais aproximadamene 8,5% da população brasileira viveriam em siuação de exrema pobreza. 1 A despeio de o ema ser um dos mais discuidos nas úlimas décadas, não parece haver ainda um consenso de quais são as caracerísicas, ais como direção e mensuração da causalidade, nas relações enre pobreza, crescimeno econômico e desigualdade, nem quano o sisema financeiro pode influenciar nesas relações. 2 Sob a perspeciva defendida por Alesina e Peroi (1996), sociedades alamene desiguais criariam incenivos aos indivíduos se engajarem em aividades fora do mercado formal, além da insabilidade sociopolíica desencorajadora da acumulação de capial endo em visa o aumeno de incereza. Segundo Glaeser, Sheinman e Schleifer (1995), em um esudo que analisa de forma desagregada as caracerísicas possuem relação significaiva com aumeno de renda e populacional, há evidências sobre o impaco posiivo do nível de escolaridade e do nível de emprego formal, além da insignificância da maioria das rubricas dos gasos públicos no crescimeno de renda, para uma amosra composa por mais de 200 cidades americanas enre o período de 1960 a 1990. Especificamene sobre o papel desempenhado pelo sisema financeiro, em-se uma exensa lieraura iniciada possivelmene por Schumpeer (1911) e revisa empiricamene em Goldsmih (1969) e Shaw (1973), denre ouros. Sob a premissa de que o processo de desenvolvimeno econômico seja caracerizado pela complemenaridade enre o capial físico e capial humano, Galor e Zeira (1993) argumenam que a resrição de crédio passaria a ser prejudicial, principalmene para os indivíduos mais desassisidos e com menor nível de renda, os quais possuem menos opções de acesso ao crédio, seja com fins de educação ou reinameno, desinado para gesão de negócios, ou apoiando o processo de inovação ecnológica. Porém, a recene análise eórica desenvolvida em Tsuru (2000) sugere que o impaco das finanças sobre o crescimeno pode ser ambíguo, havendo rês possíveis canais enre o sisema financeiro e desenvolvimeno: mudanças na produividade do capial, na eficiência do sisema financeiro ou na axa de poupança. Não havendo conclusões consensuais sobre esas relações, orna-se necessário analisar empiricamene o caso de cada coninene, de cada economia. Nesa verene, Guiso e al. (2002), por exemplo, evidenciam que um maior grau de desenvolvimeno financeiro das províncias ialianas aumena a probabilidade de um indivíduo começar seu próprio negócio, favorecendo a enrada, esimulando a compeição e assim, promovendo o crescimeno econômico. Os auores observam que ese efeio é mais relevane no caso de pequenas firmas, uma vez que grandes empresas podem adquirir financiameno em ouras praças. Aendo-se aos recenes esudos empíricos aplicados ao Brasil, Cabral (2008) e Penna e Linhares (2009) reraam o cenário de desigualdade em ermos de convergência de renda. Nesa úlima ciação, por exemplo, os auores evidenciam a formação de dois grupos de convergência composos por esados de diferenes regiões geográficas. O primeiro grupo, com renda média de aproximadamene R$15.360,00, é composo por esados das regiões Sul, Sudese e Cenro-Oese, enquano odos os esados das regiões Nore e Nordese acrescidos do esado de Minas Gerais compõem o segundo grupo, com renda média de 1 Valore obidos pelo Laboraório do Esudo da Pobreza e divulgados em Barreo e al. (2011), a parir do Censo de 2010. Segundo os criérios do Insiuo Brasileiro de Geografia e Esaísicas (IBGE), considera-se exremamene pobre a pessoa que vive com aé 1/8 do salário mínimo em valores de 2009, o que corresponde a R$ 58,13 por mês. 2 Para uma abordagem acessível, didáica e descriiva sobre esas relações, ver Barreo (2005).

3 R$7.870,00. 3 Esa evidência sobre a acenuada e persisene heerogeneidade regional brasileira, onde não se há convergência de renda per capia enre as 26 unidades federaivas analisadas, caraceriza a exisência de duas disinas economias em um mesmo erriório nacional, em ermos de renda. Nese cenário, qual papel esaria sendo desempenhado pelo sisema financeiro? Seria possível idenificar alguma inerseção enre esados perencenes aos maiores níveis de riqueza, e os esados com maior nível de crédio per capia? Haveria desequilíbrios regionais ambém sob uma óica da disribuição de crédio ou ese esaria sendo alocado homogeneamene? Nese conexo, em que a disponibilidade de crédio consise em um faor imporane para que aquelas famílias com mais vulnerabilidades possam usufruir de alguns bens e empresas possam se endividar, ese arigo agrega à lieraura que associa sisema financeiro e desenvolvimeno econômico, analisando a relação enre mercado de crédio e desenvolvimeno no Brasil. O esudo visa abordar fundamenalmene a alocação de recursos denre as unidades federaivas, a parir da aual políica crediícia e que variáveis sociais, macroeconômicas e financeiras caracerizam os esados com diferenes níveis de crédio. Em suma, o arigo analisa o comporameno das rajeórias emporais mensais do esoque de volume oal de crédio per capia em cada uma 27 unidades federaivas, durane o período de janeiro de 2004 a dezembro de 2009, a parir da meodologia desenvolvida por Phillips e Sul (2007). Apesar de ser basane inuiivo que a alocação de crédio enha sido capaz de gerar melhorias significaivas em indicadores sociais absoluos em cada esado, ao se evidenciar nese rabalho a formação ambém de dois clubes foremene caracerizados pelo aspeco regional com represenaiva presença das unidades federaivas da região Nordese no segundo clube, além de esados da região Nore, é possível inferir que, em razão do caráer discriminaório da aual políica crediícia no país nas dimensões espacial e pessoal, sem uma reforma desa políica, não serão suficienes os esforços das insiuições financeiras no inuio de combaer as desigualdades exisenes. O arigo enconra-se esruurado de forma que a seção 2 aborda o mercado crediício brasileiro, enquano na seção 3 faz-se a revisão da lieraura em ermos de arcabouços eóricos e empíricos. A seção 4 descreve em dealhes a meodologia de idenificação dos clubes de convergência. A seção 5 apresena o exercício empírico, além da discussão dos resulados. As considerações finais são feias na sexa seção. 2. O Mercado de Crédio no Brasil Segundo Brigham, Gapensi e Ehrhard (2001), a ofera de crédio por pare de insiuições financeiras consise em um imporane impulsionador da aividade econômica, ao disponibilizar recursos financeiros às pessoas e empresas para que possam financiar suas necessidades permanenes e evenuais, propiciando a possibilidade de, em caso de necessidade de anecipação de consumo ou de se assegurar diane de incerezas, suavizar despesas ao longo do empo e denre os esados da naureza. A relevância dese mercado pode ser visa quando da evidência de que considerável pare do Produo Inerno Bruo (PIB) em quase odas as economias é financiada por insiuições de crédio. Observando a relação crédio oal/pib do Brasil na Figura 1, é possível perceber um avanço significaivo, endo passado de um nível inferior a 25% em janeiro de 2004, para quase 45% ao final de 2009, com um volume oal de crédio de R$ 1,4 rilhões, paamar mais elevado que o evidenciado nas economias vizinhas, como Argenina, Venezuela ou Paraguai, porém, inferior a Chile e Bolívia. Em relação aos BRICS, o país 3 Denre os rabalhos que invesigam a convergência regional no país, podem ser ciados Ferreira e Diniz (1995), Ferreira (1995, 1998), Zini Jr. (1998) e Azzoni, Menezes e Silveira Neo (2000). A maioria deses auores abordou o processo de convergência com base nas definições de Barro e Sala-i-Marin (1992) e, assim como esa referência, enconraram evidencias de uma axa de convergência relaivamene baixa ou aé mesmo inexisene para as regiões brasileiras.

4 ocupa uma posição próximo a da Índia, superando o crédio/pib da Russia, porém, com esa proporção sendo bem inferior à da China e da África do Sul, cujas razões excedem 100%, mesmo nível enconrado para economias como a americana e a japonesa. Figura 1: Evolução emporal da razão crédio/pib no Brasil (jan/2004 dez/2009) 45% a, b, c, d, e 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% jan/04 jul/04 jan/05 jul/05 jan/06 jul/06 jan/07 jul/07 jan/08 jul/08 jan/09 jul/09 a b c d e Crédio oal/pib Crédio privado/pib Crédio público/pib Crédio privado nacional/pib Crédio privado esrangeiro/pib Crédio oal do sisema financeiro brasileiro/pib (%). Fone: Banco Cenral do Brasil Crédio oal do sisema financeiro brasileiro privado/pib (%).Fone: Banco Cenral do Brasil Crédio oal do sisema financeiro brasileiro público/pib (%).Fone: Banco Cenral do Brasil Crédio oal do sisema financeiro brasileiro privado nacional/pib (%).Fone: Banco Cenral do Brasil Crédio oal do sisema financeiro brasileiro privado esrangeiro /PIB (%).Fone: Banco Cenral do Brasil Esa evolução, moivada em pares pela recene reforma microeconômica associada às operações de crédio consignado, em sido acompanhada por uma redução não gradual do nível médio das axas de juros em odas as modalidades, endo encerrado 2009 em 8,65% ao ano, sugerindo que a fore evolução do crédio experimenada nos úlimos seis anos em sido promovida pela ofera excessiva em relação à demanda. 4 Ainda observando a Figura 1, evidencia-se que a paricipação das insiuições privadas esrangeiras nese monane oferado em sido modesa, com endência de crescimeno, oscilando enre 5% a 8,5% do PIB, sendo maior a paricipação das insiuições financeiras privadas nacionais, responsáveis aualmene por quase 19% do PIB. Hisoricamene, a evolução da conribuição no mercado crediício por insiuições financeiras públicas em sido menor que promovida pelo seor privado nacional, no enano, em 2009 impulsionado pelo Banco Nacional do Desenvolvimeno (BNDES), pelo Banco do Brasil, pela Caixa Econômica Federal, pelo Banco do Nordese (BNB) e pelo Banco da Amazônia (BASA) esa paricipação aingiu o mesmo nível de aproximadamene 19% do PIB. Especificamene sobre eses bancos regionais de fomeno, ambos êm sido responsáveis por aproximadamene 24% e 7% do volume oal de crédio concedido nas regiões Nordese e Nore em 2009, respecivamene. 4 Há claramene uma evolução do crédio moivada pela demanda. Como exemplo, a ascensão de aproximadamene 30 milhões de brasileiros, os quais esavam há 10 anos na base da pirâmide social, à margem do acesso ao crédio e que aualmene desfruam dos serviços oferecidos pelo sisema financeiro.

5 3. Lieraura Relacionada 3.1. Modelagem de crédio e políica moneária A maioria dos modelos que lidam com a ofera de crédio enconrados na lieraura nacional o faz com o objeivo de analisar o canal de crédio como um dos mecanismos de ransmissão da políica moneária, sob uma óica essencialmene macroeconômica. Um choque, por exemplo, no canal do crédio via apero da políica moneária provocaria uma posura mais cauelosa dos bancos na concessão de crédio, fazendo-os ender à busca da qualidade (fligh o qualiy) no processo de concessão de limies de crédio. 5 Uma informaiva aplicação desa lieraura para o Brasil consise em Graminho e Bonomo (2002). Eles analisam a exisência e a relevância do canal de emprésimos bancários no Brasil, uilizando dados de balancees de insiuições financeiras, sob a hipóese de que o Banco Cenral deva ser capaz de alerar a ofera de crédio dos bancos, aravés da políica moneária. Mais recenemene, Cosa e Maos (2010) analisam o impaco das classificações de risco no volume de crédio e as relações de longo prazo enre PIB, depósios e crédio para o mais relevane agene no mercado financeiro brasileiro, sob um arcabouço moneário esruural desenvolvido por Bernane e Blinder (1988). Os resulados obidos aravés do Méodo de Correção de Erros a la Engle e Ganger (1987) permiem evidenciar a relevância do canal de crédio como insrumeno de ransmissão da políica moneária, enfaizando a imporância de se acompanhar as rubricas bancárias. Independene, porém, da magniude do canal de crédio em ermos de políica moneária, uma premissa básica sobre o crédio consise na sua disponibilidade desinado para o consumo via emprésimos às famílias e para invesimeno via financiameno de empresas. Assim, quando da redução da demanda em razão de maiores resrições de crédio, em-se um impaco direo na redução do consumo, como exposo em Campbell e Maniw (1990), ou menor apore de invesimenos feios por empresas, conforme Fazzari, Hubbard e Peersen (1988). Em ambos os casos, espera-se observar o efeio corroborado empiricamene em Maos (2002), em que se evidencia para o Brasil a exisência de uma relação causal posiiva, unidirecional e significaiva enre desenvolvimeno financeiro e crescimeno econômico, com base nos dados enre 1947 e 2000. Maos (2003), uilizando dados de 1980 a 2002, enconrou efeios bidirecionais significaivos enre os dois elemenos. 3.2. O sisema financeiro e o desenvolvimeno A hipóese de convergência da renda per capia pode ser sineizada como uma endência de diminuição conínua ao longo do empo das diferenças de renda enre as economias mais avançadas e as menos avançadas, consisindo em um dos principais resulados do modelo neoclássico de crescimeno desenvolvido por Solow (1956) e Swan (1956). Inúmeras foram as conribuições empíricas no senido de evidenciar esa convergência, ou eóricas, expandindo o arcabouço original com a inrodução de novas variáveis, como a inserção de capial humano discuida por Maniw e al. (1992). A despeio da evolução eórica das modelagens e suas capacidades de se adequarem à realidade, a evidência da convergência de renda se maném como de difícil obenção. Denre os possíveis veores capazes de explicar parcialmene as divergências observadas nos mais diversos rabalhos empíricos, a aenção dispensada ao sisema financeiro e seus produos e serviços em sido crescene e basane jusificada. Uma referência recene desa verene consise em Apergis, Chrisou e Miller (2010). Eses auores evidenciam, para um painel conendo 50 economias com os mais diversos níveis de desenvolvimeno 5 Ese mecanismo foi denominado de acelerador financeiro por Ben Bernane, jusificando as siuações nas quais pequenas alerações na políica moneária conduzem às recessões. Ver Bernane e Gerler (1995).

6 durane o período de 1970 e 2003, não somene a divergência de renda per capia já obida em ouros esudos, mas uma ineressane e fore inerseção enre os países siuados nos clubes com maior nível de PIB per capia e siuados nos clubes com maior nível de crédio privado oal por PIB. Mais especificamene, 12 das 20 economias do primeiro clube de crédio compõem ambém o primeiro clube de PIB. Na oura exremidade, das 12 economias dos quaro, quino e sexo clubes de convergência de crédio, 6 perencem aos quaro e quino clubes de PIB. Nos clubes inermediários a inerseção é basane significaiva. Não se pode observar muias exceções, no senido de economias componenes dos clubes menos favorecidos em uma das variáveis perencerem aos primeiros clubes em oura variável. No caso brasileiro, alinhado ao rabalho de Azzoni (1997), Cabral (2008) faz uma análise da convergência de renda enre odas as unidades federaivas sob quaro diferenes óicas para o período de 1939 a 2004, com desaque especial na análise dos períodos pré e pós-milagre econômico. O rabalho evidenciou a exisência de dois clubes de convergência para grupos de esados brasileiros, um baseado no Nore e Nordese, regiões relaivamene mais pobres, e ouro no Cenro-Sul. Mais recenemene, Penna e Linhares (2009) analisam a exisência de endências de crescimeno comuns e a formação de clubes de convergência enre os esados do Brasil enre 1970 e 2006, admiindo a possibilidade de heerogeneidade no processo de desenvolvimeno ecnológico. Os auores evidenciam a formação de dois grupos de convergência com fore aspeco regional, sendo o primeiro grupo composo essencialmene por esados das regiões Sul, Sudese e Cenro-Oese, enquano odos os esados das regiões Nore e Nordese acrescidos do esado de Minas Gerais compõem o segundo grupo. Comum a odos eses esudos empíricos esá a uilização da mesma écnica economérica de convergência desenvolvida em Phillips e Sul (2007). Nese conexo da relação enre sisema financeiro e desenvolvimeno, é imporane que se aborde quesões, como a associação enre a evolução emporal do mercado de crédio nas unidades federaivas e as variáveis macroeconômicas e sociais desas unidades. Ou ainda, analisar se esariam as políicas públicas e privadas crediícias sendo correamene conduzidas e direcionadas, visando orná-las um mecanismo que consiga conribuir no aumeno da riqueza, em uma melhor disribuição de renda e redução da pobreza. 3.3. Ese arigo e a lieraura A parir das evidências sob as desigualdades enre os esados e regiões do Brasil e sob a premissa de que as oporunidades oriundas do mercado de crédio para as pessoas físicas e jurídicas consisiriam em um faor relevane no desenvolvimeno de uma economia e ambém como insrumenos de políica social, o objeivo dese arigo é observar o comporameno das rajeórias emporais mensais do esoque de volume oal de crédio per capia em cada uma das 27 unidades federaivas, durane o período de janeiro de 2004 a dezembro de 2009 com frequência mensal, seguindo meodologicamene Cabral (2008), Penna e Linhares (2009) e Apergis, Chrisou e Miller (2010). O inuio do rabalho não é simplesmene esudar o mercado de crédio, agrupando N esados em K grupos, sendo para al, o uso do arcabouço esaísico de análise de agrupamenos uma alernaiva versáil, apesar de não permiir inferências esaísicas. Assim, faz-se uso da écnica desenvolvida em Phillips e Sul (2007) um arcabouço de faores não lineares comuns varianes no empo adequado para modelar o comporameno heerogêneo de elemenos idiossincráico e ainda assim permiir uma evolução emporal dese comporameno. 6 6 A lieraura que uiliza a écnica semiparamérica Phillips e Sul (2007) é vasa e volada para diferenes fins, que não necessariamene o macroeconômico. Ver a aplicação volada para finanças inernacionais em Maos, Landim e Penna (2011).

7 Havendo uma convergência global, é possível inferir que esaisicamene os níveis de crédio per capia enderão a assumir valores próximos enre os esados, passando ese veor a poder ser viso como capaz de gerar um desenvolvimeno mais equilibrado, minimizando as divergências sociais. No enano, sendo evidenciada a divergência, o objeivo passa a ser caracerizar as unidades que convergem para um mesmo paamar. Além disso, abordar as seguines pergunas. O que caracerizaria os diferenes grupos? Seria possível idenificar alguma inerseção enre esados perencenes aos maiores níveis de riqueza e os esados com maior nível de crédio? Será que os esados mais pobres e desiguais podem er na aual políica crediícia uma ábua de salvação? 4. Meodologia Seja X um painel de dados conendo o crédio real oal per capia de odas as 27 unidades da i federação, onde i 1,..., N e 1,..., T denoam, respecivamene, as 27 unidades e o empo, de forma que X possa ser decomposo em dois componenes, um sisemáico, i a, e um ransiório, i g : i X i a g (1) i i A esraégia empírica de Phillips e Sul (2007) consise em modelar o painel de dados de modo que os componenes comuns e idiossincráicos pudessem ser disinguidos, ou seja, X a g bi,, (2) i, i, i, ai, gi, onde, é um componene que deermina a rajeória de longo prazo, ou seja, uma rajeória comum de crescimeno do crédio por unidade federaiva e capaz de mensurar os efeios individuais de ransição. 7 b i, é um elemeno idiossincráico que varia no empo, Neses ermos, será possível esar a convergência de longo prazo ( ) sempre que a heerogeneidade não observável se dissipe, ou seja, sempre que comporameno de g i, g. As inferências sobre o i b i, não são possíveis sem a imposição de alguma resrição em sua dinâmica, pois o número de parâmeros desconhecidos em b i, é igual ao número de observações. Assim, uma alernaiva para modelar os elemenos de ransição pode ser derivada a parir da consrução de um coeficiene de ransição relaivo, h i,, definido como: h i, N 1 xˆ i, N xˆ i1 i, N 1 b i, N b i1 i, (3) 7 O ermo b i, pode ser idealizado como a rajeória de ransição individual de i, dado o seu deslocameno em orno da rajeória comum,, sendo necessário ressalar que, embora exisa esa heerogeneidade enre os fundos, o mercado financeiro ainda guarda caracerísicas comuns que os compõem; ais caracerísicas comuns podem ser influencia de algum efeio conágio permanene ou de faores culurais, ecnológicos (ais como argumenam Phillips e Sul em modelos macroeconômicos), insiucionais, sócio-econômicos, governamenais e de ouros faores não observáveis, daí a suposição do componene comum.

8 onde, ˆ represena o crédio real per capia sem o componene de ciclos econômicos. 8 Assim sendo, as x i, curvas raçadas por h i, definem uma rajeória de ransição relaiva e, ao mesmo empo, mensuram o quano o crédio da unidade i se desloca em relação à rajeória de crescimeno comum,. Dessa forma, h i, pode diferir denre os fundos no curo prazo, mas admie convergência no longo prazo sempre que h i, 1 para odo i quando. Ressala-se ainda que, se isso ocorrer, no longo prazo a variância crosssecion de h i, irá convergir para zero, ou seja: 2 1 N N i ( h 1 i, 2 1) 0, quando. (4) Assim, com base nesa modelagem, Phillips e Sul (2007) desenvolveram uma análise de convergência baseada no que denominaram ese log. Os auores assumem que os coeficienes de ransição são endências esocásicas lineares e permiem heerogeneidade enre as rajeórias ao longo do empo de crédio em cada unidade. Para modelar ais coeficienes é proposa a seguine forma semiparamérica: b i i, b (5) i L( ) i, onde, L () é uma função slowly varing crescene e divergene no infinio (SV), ~ i. i. (0,1 ) i, d, governa a axa de queda da variação nas unidades ransversais ao longo do empo e 0 e 1, i. Noando que, L () quando, enão essa formulação assegura que convergência se bi, b e divergência caso conrário. i Com efeio, êm-se duas condições para convergência do modelo: i i b b 0, assegurando a i i) lim b, b b b e 0 i i e ii) lim b, b b b ou 0. i i É possível esabelecer um ese da hipóese nula de convergência conra hipóeses alernaivas de não-convergência. Tal ese é baseado nas seguines hipóeses: Hipóese nula: H : bi b & 0 (6) Hipóeses alernaivas: 0 H H A 1 A2 : : b b, i & 0 i b b, para algum i & 0 i ou 0 8 Na práica, a variável uilizada pode ser descria como log y i, bi,., onde i, represena um efeio de ciclo de negócios. A i, remoção do componene de ciclos pode ser realizada aravés da uilização do filro de Whiaer-Hodric-Presco (WHP). Esa abordagem não requer nenhuma especificação a priori para e é basane cômoda, pois requer um único parâmero de smooh como inpu.

9 Tal abordagem ambém permie esar a formação de clubes de convergência. Por exemplo, exisindo dois clubes G, }; G 1 G 2 N, a hipóese alernaiva pode ser descria da seguine maneira: { 1 G2 H A : b i b b 1 2 e 0 e 0 se i G 1 se i G 2 (6 ) Para se esar (6) supondo L( ) log, esima-se a seguine regressão: H1 log 2log[ L( )] 0 1 log u para T..., T 0, (7) H onde, h i H / H represena a relação de variância cross-secion enconrada aravés de 1 N 1 H N i 1 1 N i 1 wˆ / N wˆ. i i 2 ( h 1) e Sob a hipóese nula, pode se inferir sobre a significância dos coeficienes de (7) com base em um ese unilaeral, robuso à auocorrelação e heerocedasicidade. Para um nível de 5%, por exemplo, a hipóese nula de convergência deve ser rejeiada se <-1,65. ˆ 1 Para que as observações iniciais não exerçam fore influência sobre os resulados, Phillips e Sul sugerem que a regressão (7) seja esimada após se descarar uma fração amosral. Baseado em simulações de Mone Carlo, eses auores sugerem que, para que se ainjam propriedades ideais em ermo de amanho e poder, a relação (7) seja regredida após se corar, aproximadamene, um erço das observações iniciais. Por fim, a rejeição da hipóese nula de convergência para odo o painel pode esar indicando a exisência de ponos separados de equilíbrio ou múliplos esados esacionários. Quando isso ocorre, podese er a divergência de alguns membros do painel e/ou a formação de clubes de convergência. Nese conexo, um algorimo que aplique sequencialmene o ese log permie a idenificação de clubes de convergência sem que se recorra às usuais caracerísicas observáveis que condicionem o devido agrupameno dese clube. O algorimo descrio em dealhes enconra-se no apêndice. 5. Exercício Empírico 5.1. Base de dados Trabalhos empíricos lidam com o dilema ao definir a base de dados a ser usada, em razão da limiação das observações nas dimensões emporal (T) e em core ransversal (N). Traando-se de um arigo na área de macroeconomia, al escolha é ainda mais complicada, endo em visa a frequência dos dados associados a desenvolvimeno, ou crescimeno. Nese arigo, as séries mais imporanes são associadas ao saldo oal das operações de crédio desinado a pessoa física e jurídica por unidade da federação, as quais esão disponibilizadas desde janeiro de 2004 com frequência mensal no Banco Cenral do Brasil. Sendo o crédio uma variável ambém de caráer financeiro área de pesquisa em que o uso de dados com ala frequência é comum padrão, e aendo-se ao fao de que uma quanidade inferior de dados na série emporal não seria aconselhável em razão do aspeco assinóico da meodologia uilizada, opou-se pelo uso da evolução desa variável na maior frequência possível e durane o maior inersício possível, ou i

10 seja, janeiro de 2004 a dezembro de 2009, em um oal de 72 observações mensais. Com relação à dimensão do core ransversal, fez-se uso de odas as 27 unidades da federação. É imporane ainda que se observe que o arcabouço usado não se mosra robuso à presença de quebras esruurais, de forma que as séries usadas ao aenderem a qualquer ese economérico de esacionariedade esão devidamene apas a serem usadas. Para a consrução das séries reais do crédio per capia unidade federaiva, cujos valores esão em R$ de janeiro 2004, calculou-se a razão enre o saldo oal deflacionado pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) das operações de crédio e a população da respeciva unidade, cuja série mensal foi obida a parir de uma inerpolação linear dos dados anual de população oal, disponibilizados no Insiuo Brasileiro e Geografia e Esaísica (IBGE). 9 As esaísicas descriivas sobre o mercado de crédio por esados, assim como demais variáveis sociais, macroeconômicas e financeiras esão reporadas na Tabela 1, enquano na Tabela 2, esão reporadas as mesmas variáveis, porém por região. 5.2. Esaísicas Descriivas Já endo sido abordado na seção 3 o aspeco regional como possível fone de segregação das séries, passa a ser relevane a análise mais dealhada das esaísicas descriivas das séries de crédio em si, além da inadimplência, assim como de ouras variáveis macroeconômicas e sociais. Diane da Figura 2, em que se reraa a evolução emporal da série de crédio per capia por esado da federação brasileira no período de seis anos, é visível a endência invariavelmene crescene de odas as séries, sem caracerísicas de não esacionariedade e pouca volailidade coeficienes de variação que oscilam enre 0,47 no Amapá e 0,18 no Mao Grosso, como seria esperado em séries de naureza financeira-macroeconômica, mesmo em frequência mensal. De acordo com a Tabela 1, as séries de crédio apresenam fores discrepâncias no core ransversal. Enquano os esados da região Sul apresenam crédio real per capia médio mensal com valores superiores a R$3.700,00, os da região Sudese, acima de R$3.000,00, exceo Minas Gerais e os da região Cenro-Oese acima de R$3.400,00, com exceção de Goiás, a região Nordese, com exceção da Bahia e Pernambuco, apresena axas próximas ou inferiores a R$1.100,00. A região Nore apresena médias enre R$1.000,00 e R$ 2.000,00. Tais disparidades são ainda mais singulares se a análise for desagregada, com desaque para o Maranhão, com axa média de R$665,05 vis-à-vis Brasília com média superior a R$6.290,00 aproximadamene dez vezes a menor das médias. Apesar de ser necessário o uso de uma écnica que permia o arifício da inferência esaísica, al como a de Phillips e Sul (2007) aqui empregada, uma análise das axas de crescimeno pode subsidiar a discussão sobre os esados com menores volumes de crédio esarem sendo eficienes no senido de corrigir ou amenizar ais divergências. A superioridade no crescimeno médio da ordem de 1,74% do esado maranhense ou de 2,30% do Acre, comparado às axas próximas e inferiores a 1% para os esados com maior volume de crédio seria suficiene para a convergência do crédio per capia? Com base nos valores finais de 2009 e na média do crescimeno, o esado maranhense precisaria de quase 20 anos para aingir o paamar per capia do Disrio Federal. De acordo com os valores da Tabela 2, em ermos regionais, o Nordese precisaria coninuar crescendo ceeris paribus a uma axa de 1,36% ao mês por mais de 35 anos aproximadamene aé aingir o mesmo nível de crédio da região Sudese, cujo rimo de crescimeno é da ordem de 1,06%. 10 9 A inerpolação linear para a obenção de uma série mensal de população consise em uma aproximação comum e vasamene uilizada, parindo-se do pressuposo que não haja nenhum fenômeno associado a uma maior axa de naalidade em um dos 12 meses do ano. 10 O Nordese possui axa média de crescimeno mensal do esoque real de crédio per capia de 1,36%, enquano a região Sudese possui axa de 1,06%. A parir do esoque real observado em dezembro de 2009 para ambas as regiões e manendo-se esáveis as axas de evolução mensal, a região nordesina necessiaria de quase 35 anos para aingir o mesmo nível da região Sudese.

Figura 2: Evolução emporal do crédio real oal per capia das unidades da federação brasileira (jan/2004 dez/2009) a R$ 8.000,00 R$ 7.000,00 R$ 6.000,00 R$ 5.000,00 R$ 4.000,00 R$ 3.000,00 R$ 2.000,00 R$ 1.000,00 R$ 0,00 jan/04 jul/04 jan/05 jul/05 jan/06 jul/06 jan/07 jul/07 jan/08 jul/08 jan/09 jul/09 Pernambuco Paraíba Alagoas Rio Grande do Nore Sergipe Rio de Janeiro Espírio Sano São Paulo Bahia Mnas Gerais Goiás Mao Grosso Mao Grosso do Sul Disrio Federal Ceará Maranhão Piauí Rio Grande do Sul Acre Amapá Amazonas Pará Rondônia Roraima Tocanins Paraná Sana Caarina a Saldo oal per capia mensal das operações de crédio concedidas a pessoas físicas e jurídicas pelo sisema financeiro brasileiro. Fone: Banco Cenral do Brasil e Insiuo Brasileiro de Geografia e Esaísicas (IBGE)

Sul Sudese Cenro-Oese Nordese Nore 12 Tabela 1: Esaísicas descriivas anuais macroeconômicas, sociais e financeiras das unidades da federação brasileira (2004-2009) Região Esado PIB per capia Médio (R$) Riqueza Disribuição e Bem Esar Finanças Crescimeno médio do PIB per capia (%) Proporção de pobres (%) Variação do bem esar social de Sen (%) Índice de Desenvolvim. Humano (IDH) Índice de Gini Crédio oal per capia (R$) Crescimeno médio do crédio oal per capia (%) Inadimplência (%) a, b, c, d, e, f. g Paricpação do crédio pessoa física (%) Acre 9.109,60 5,29% 32,17% 11,16% 0,75 0,59 1.167,96 2,30% 3,06% 60,05% Amapá 10.407,89 5,03% 28,06% 10,74% 0,78 0,50 1.433,54 2,12% 3,91% 75,58% Amazonas 13.906,56 2,78% 29,90% 9,49% 0,77 0,52 1.683,47 1,34% 3,32% 32,45% Pará 7.558,32 4,25% 32,64% 16,88% 0,76 0,51 1.010,33 0,81% 3,49% 43,73% Rondônia 10.898,70 6,58% 24,40% 11,10% 0,76 0,52 1.490,08 1,90% 4,06% 63,76% Roraima 11.055,88 5,45% 31,70% 14,94% 0,76 0,54 2.099,55 1,20% 2,95% 44,46% Tocanins 9.391,42 4,89% 28,95% 20,27% 0,76 0,54 1.487,01 1,40% 3,77% 58,04% Alagoas 6.206,70 2,60% 45,69% 15,74% 0,68 0,59 996,69 1,28% 4,39% 44,59% Bahia 8.381,32 2,76% 37,04% 13,55% 0,74 0,56 1.360,04 1,02% 3,80% 39,09% Ceará 6.741,56 4,21% 38,29% 20,53% 0,73 0,56 985,85 1,16% 4,01% 39,23% Maranhão 5.561,02 6,85% 44,63% 22,50% 0,69 0,56 665,05 1,74% 7,18% 58,82% Paraíba 6.445,09 5,78% 38,54% 9,74% 0,72 0,59 852,46 1,51% 4,45% 59,16% Pernambuco 7.823,69 4,02% 41,21% 13,15% 0,72 0,58 1.250,57 1,90% 4,86% 40,22% Piauí 5.003,69 5,71% 42,09% 21,26% 0,71 0,58 667,21 1,76% 5,55% 56,68% Rio G. do Nore 7.964,73 4,64% 34,31% 15,43% 0,73 0,57 1.160,88 1,46% 4,21% 53,76% Sergipe 9.233,74 4,55% 33,81% 12,46% 0,74 0,56 1.141,95 1,30% 4,19% 49,71% Disrio Federal 44.839,46 3,26% 11,58% 9,20% 0,88 0,62 6.295,57 0,89% 2,65% 48,43% Goiás 12.296,80 3,30% 12,63% 15,28% 0,80 0,52 2.910,01 1,27% 3,87% 58,67% Mao Grosso 17.067,62 1,24% 13,25% 21,46% 0,79 0,52 4.982,02 0,83% 3,97% 58,40% Mao Grosso do Sul 13.261,05 3,75% 12,11% 10,66% 0,80 0,54 3.460,72 1,35% 3,08% 60,53% Espírio Sano 18.662,43 6,715% 12,35% 13,20% 0,80 0,54 3.005,31 0,84% 2,46% 34,90% Minas Gerais 13.477,91 4,02% 12,47% 13,39% 0,80 0,52 2.383,81 1,21% 4,06% 40,68% Rio de Janeiro 21.093,94 3,104% 13,17% 7,56% 0,83 0,55 4.036,51 1,45% 3,56% 28,16% São Paulo 23.792,83 3,897% 11,05% 9,82% 0,84 0,51 4.906,38 0,92% 2,57% 32,42% Paraná 16.600,75 2,075% 13,37% 16,80% 0,82 0,52 3.726,03 1,15% 2,63% 44,93% Sana Caarina 19.300,08 3,938% 6,72% 6,53% 0,84 0,46 4.531,97 1,22% 2,40% 36,73% Rio G. do Sul 17.847,07 2,484% 12,91% 12,48% 0,83 0,51 3.890,62 0,93% 2,49% 45,06% a PIB per capia ao ano da unidade federaiva a preços consanes (base: ano de 2000). Período compreendido: 2004-2008. Fone: Insiuo Brasileiro de Geografia e Esaísica (IBGE) b Taxa de crescimeno do PIB per capia ao ano da unidade federaiva a preços consanes (base: ano de 2000). Período compreendido: 2004-2008. Fone: Insiuo Brasileiro de Geografia e Esaísica (IBGE) c Proporção de pobres na população da unidade federaiva. Período compreendido: 2004-2009. Fone: Insiuo de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). d Variação do Índice de bem esar de Sen da unidade federaiva. Período compreendido: 2006-2008. Fone: Relaório nº 06 do LEP/CAEN, cujos dados primários são microdados da PNAD/IBGE. e Índice de de Desnvolvimeno Humano da unidade federaiva. Período compreendido: 2004-2008. Fone: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimeno (PNUD). f Índice de Gini da unidade federaiva. Período compreendido: 2004-2009. Fone: Insiuo de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). g Série real de crédio per capia mensal da unidade federaiva. Período compreendido: 2004-2009. Fone: Banco Cenral.

Ainda sobre o crédio, ao se observar as séries emporais disponíveis no Banco Cenral das axas de inadimplência em operações de crédio por esado, exceo para o Piauí e o Maranhão, ambos com axas de inadimplência no crédio oal em 2004 em orno de 8,4% e 12%, respecivamene, odas as demais unidades permaneceram durane o período analisado com axas enre 2% e 6,5% no começo, convergindo em uma suave endência de queda para uma menor ampliude, com valores enre 2% e 5%. Durane odo o ano de 2009, há uma endência geral e elevada de crescimeno desa variável. Ao final do período, o esado do Rio de Janeiro apresenou o menor índice de inadimplência, 2,57%, enquano Tocanins eve a maior axa, com aproximadamene 6,2%. Comum a odos os esados, exceo o Maranhão, é a evidência de que o crédio para pessoa física esá associado invariavelmene a maiores axas de inadimplência que o crédio desinado para pessoa jurídica. Ao final de 2009, as inadimplências do crédio para as famílias oscilavam denre os esados enre 4% e 8%, enquano o crédio para empresas, enre 1% e 6%. No período odo, moivado pelas alas axas de 2004, o Maranhão obeve a maior média, com 7,18%, enquano o Espírio Sano apresenou um valor inferior a 2,5%. Tal disparidade se reflee na análise por região, sendo a Nordese a mais inadimplene, com 4,41%. As regiões Sudese e Sul apresenam axas médias de 2,75% e 2,51%, respecivamene. A paricipação do crédio desinado à pessoa física apresena um comporameno crescene em odos os esados, já endo ulrapassado o crédio desinado à pessoa jurídica em alguns esados, com desaque para o Amapá, com cerca de 75% do crédio oal naquela modalidade, além de Acre, Rondônia, Tocanins, Maranhão, Piauí e praicamene odo o Cenro-Oese. Em ermos agregados, ainda há uma leve superioridade do crédio para pessoa jurídica no Brasil, considerando-se a série aé o final de 2009. Esa evolução da composição do crédio no país é preocupane principalmene nas regiões Nore, Nordese e Cenro-Oese, onde há uma maior paricipação relaiva do crédio para pessoa física, uma vez que ese além de vinculado a maiores axa de inadimplência, possui maiores axas de spread bancário, é ipicamene de curo prazo e pode influenciar as axas de inflação via aumeno de demanda. Em ermos de riqueza, com base no Produo Inerno Bruo per capia a preços consanes, ano base de 2000, evidencia-se fores disparidades desa variável em nível e em axas de crescimeno enre 2004 e 2008, inclusive enre esados de uma mesma região, com exceção da região Sul, onde o PIB per capia varia enre R$16.600,00 e R$19.300,00. Na região Sudese, excluindo-se o esado mineiro, onde o PIB per capia é bem abaixo dos demais, em-se produos oscilando enre R$18.600,00 e R$23.800,00. Nessas duas regiões, as axas de crescimeno variam enre 2% e 4% ao ano. 11 Na região Cenro-Oese, onde os níveis de riqueza são mais modesos, a disparidade se dá em razão do elevado PIB do Disrio Federal, superior aos R$40.000,00 per capia. Na região Nore, o Pará possui o menor PIB, da ordem de R$7.500,00, sendo o maior nível enconrado em Roraima, pouco maior que R$11.000,00, sendo os valores médios associados à axa de variação superiores a 4%, mesmo nível evidenciado para o Nordese, onde os níveis de PIB são ainda menores, variando enre R$5.000,00 e R$9.200,00. Aendo-se às variáveis sociais, ese quadro de disparidade em ermos de riqueza se repee ao se observar a proporção de pobres, a qual é da ordem de 11% a 12% nas regiões mais ricas, enquano no Nore al valor é de 30% e no Nordese quase 40%. Resulado igualmene preocupane quando da análise do Índice de Desenvolvimeno Humano (IDH), obido a parir dos dados do Programa das Nações Unidades para o Desenvolvimeno (PNUD) enre os anos de 2004 a 2008, em que Nordese e Nore apresenam valores de 0,72 e 0,76, respecivamene, ambos inferiores aos IDH s das demais regiões, na ordem de 0,82. Os desaques exremos ficam por cona do esado maranhense e do Disrio Federal, com IDH de 0,69 e 0,88, respecivamene. 11 O esado do Espírio Sano apresenou axa média de crescimeno superior a 6% ao ano.

a, b, c, d, e, f, g Tabela 2: Esaísicas descriivas anuais macroeconômicas, sociais e financeiras das regiões brasileiras (2004-2009) Riqueza Disribuição e Bem Esar Finanças Região PIB per capia Médio (R$) Crescimeno médio do PIB per capia (%) Proporção de pobres (%) Ampliude da Variação do bem esar social de Sen (%) Índice de Desenvolvimen o Humano (IDH) Índice de Gini Crédio oal per capia (R$) Crescimeno médio do crédio oal per capia (%) Inadimplência (%) Paricpação do crédio pessoa física (%) Nore 9.733,75 4,11% 30,53% 9,49% - 20,27% 0,76 0,53 1.294,24 1,24% 3,48% 46,39% Nordese 7.236,67 4,06% 39,37% 9,74% - 22,50% 0,72 0,57 1.098,93 1,36% 4,41% 44,20% Cenro-Oese 19.417,84 3,15% 12,49% 9,20% - 21,46% 0,82 0,57 4.050,08 1,06% 3,43% 56,02% Sudese 20.499,81 3,82% 11,89% 7,56% - 13,20% 0,82 0,53 4.013,92 1,06% 2,75% 32,86% Sul 17.688,28 2,66% 11,75% 6,53% - 16,80% 0,83 0,51 3.949,05 1,08% 2,51% 42,92% a PIB per capia ao ano da unidade federaiva a preços consanes (base: ano de 2000). Período compreendido: 2004-2008. Fone: Insiuo Brasileiro de Geografia e Esaísica (IBGE) b Taxa de crescimeno do PIB per capia ao ano da unidade federaiva a preços consanes (base: ano de 2000). Período compreendido: 2004-2008. Fone: Insiuo Brasileiro de Geografia e Esaísica (IBGE) c Proporção de pobres na população da unidade federaiva. Período compreendido: 2004-2009. Fone: Insiuo de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). d Variação do Índice de bem esar de Sen da unidade federaiva. Período compreendido: 2006-2008. Fone: Relaório nº 06 do LEP/CAEN, cujos dados primários são microdados da PNAD/IBGE. e Índice de de Desnvolvimeno Humano da unidade federaiva. Período compreendido: 2004-2008. Fone: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimeno (PNUD). f Índice de Gini da unidade federaiva. Período compreendido: 2004-2009. Fone: Insiuo de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). g Série real de crédio per capia mensal da unidade federaiva. Período compreendido: 2004-2009. Fone: Banco Cenral.

Por fim, em ermos de bem-esar e desigualdade, observa-se que, exceo algumas axas elevadas de variação do Índice de Bem Esar de Sen em esados como Pará, Tocanins, Ceará, Maranhão, Piauí e Mao Grosso, as regiões apresenam níveis com ordens de grandeza bem próximas. 12 Já o Índice de Gini assume valores mais elevados nas regiões Nordese e Cenro-Oese nesa úlima em razão do Disrio Federal, em orno de 0,57, valor aproximadamene 10% acima dos valores para as ouras regiões. Observando de forma consolidada odas esas esaísicas associadas à riqueza e bem esar, em que se evidencia uma desigualdade regional elevada e persisene ao longo dos úlimos seis anos, e endo em visa o relevane papel desempenhado pelo mercado de crédio em sociedades pobres e desiguais, seria suficiene ou ainda animadora, a expecaiva de quase 35 anos para que o Nordese aingisse o mesmo nível de crédio real per capia das regiões Sul e Sudese? Demasiadamene simples, esa esaísica não permie inferir sobre a evolução de odas as séries emporais de crédio envolvidas, além de somene poder ser considerada ceeris paribus. Seria possível, de forma análoga à desenvolvida em Penna e Linhares (2009), analisar a convergência das séries de crédio nos esados brasileiros visando evidenciar a convergência global do crédio, ou que unidades da federação compõem o grupo de elie do crédio? Haveria alguma inerseção na composição aqui evidenciada com a idenificada para o PIB? 5.3. Idenificação dos Clubes de Convergência e a Disposição de Transição Os procedimenos meodológicos descrios na seção 4 foram aplicados a um painel conendo o crédio real oal per capia de cada uma das 27 unidades da federação brasileira durane o período de janeiro de 2004 aé dezembro de 2009. Uma sínese das esimações obidas para os clubes de convergência idenificados esá na Tabela 3. Tabela 3: Clubes de convergência de crédio idenificados a Região Sul Sudese Cenro-Oese Nordese Nore 1 o Clube (14 unidades da federação) Paraná Minas Gerais Disrio Federal Pernambuco Acre Rio Grande do Sul Rio de Janeiro Goiás Amapá Sana Caarina São Paulo Mao Grosso Rondônia Mao Grosso do Sul Esaísicas relevanes CONST T-CONST LOGT T-LOGT -2,777-46,093 0,236 15,072* 2 o Clube (13 unidades da federação) - Espírio Sano - Alagoas Amazonas Bahia Pará Ceará Roraima Maranhão Tocanins Paraíba Piauí Rio Grande do Nore Sergipe -2,041-25,193-0,026-1,243* a Meodologia a la Phillips e Sul (2007), segundo a qual, a análise de convergência é baseada baseada em um ese unilaeral da hipóese nula de convergência conra hipóeses alernaivas de não-convergência ou convergência parcial enre subgrupos. * Não se pode rejeiar a hipóese nula de convergência a um nível de significância de 5% 12 Índice obido apenas enre 2006 e 2008.

16 Inicialmene, esou-se a convergência global da evolução do crédio para odas as unidades aravés da equação (7), cujo resulado para a esimação inicial para oda a amosra, com um 1 igual a -0,080 e respeciva esaísica de -10,425, valor inferior a -1,65, permie rejeiar a hipóese nula de convergência global para um nível comum. Esa primeira evidência consise, porano, na confirmação que não há convergência na evolução de crédio per capia denre os esados brasileiros. Não endo sido sendo validada esa hipóese de convergência absolua, deu-se coninuidade ao procedimeno descrio aneriormene para idenificação de possíveis clubes de convergência. 13 Em suma, evidenciou-se a formação de um primeiro núcleo de convergência composo por odos os esados da região Sul, da região Cenro-Oese e da região Sudese, exceo o Espírio Sano, além de Pernambuco, Acre, Amapá e Rondônia. O ese da hipóese de que os índices remanescenes formassem um segundo grupo de convergência não pode ser rejeiado, dada a esaísica de = -1,243 > -1, 65. ˆ 1 A sequência da análise sugeriu por fim, a formação final de apenas mais um clube de convergência. Observe ainda na Tabela 3 que o segundo clube é composo pelo Espírio Sano, sendo maciça a presença de 8 dos 9 esados da região Nordese, e dos esados do Amazonas, Pará, Roraima e Tocanins, odos na região Nore. As endências de longo prazo deses dois clubes são apresenadas na Figura 3, com desaque para o níido descolameno desde o início do período, o qual se maném praicamene consane em odo o inersício da análise, sinalizando que as políicas crediícias empregadas, por mais que enham sido responsáveis por axas de crescimeno mensais do crédio per capia maiores em esados com menor nível de crédio, não parecem esar sendo suficienes para eliminar a discrepane divergência, nem mesmo sequer para reduzir esa diferença. Esa é uma evidência preocupane ao mosrar que uma das mais relevanes ferramenas financeiras capazes de reduzir desigualdades sociais em economias em desenvolvimeno não parece esar sendo eficiene. Figura 3: Tendência de longo prazo dos dois clubes de convergência idenificados 3,75 3,5 3,25 3 2,75 jan-04 jul-04 jan-05 jul-05 jan-06 jul-06 jan-07 jul-07 jan-08 jul-08 jan-09 jul-09 Clube 1 Clube 2 13 Devido à exigüidade da amosra, buscou-se uma maior parcimônia na deerminação dos clubes fixando-se c * 0.

17 Para o primeiro clube, as dinâmicas dos componenes esão na Figura 4. É possível observar que, exceo o esado de Minas Gerais, as rajeórias de ransição relaiva que convergem por valores superiores ao uniário, ípicos de esados mais avançados na condução da políica de crédio, são odas associadas aos esados das regiões Sul, Sudese e Cenro-Oese. Figura 4: Dinâmica de ransição dos esados que compõem o 1º Clube 1,15 1,1 1,05 1 0,95 0,9 0,85 0,8 jan-04 jul-04 jan-05 jul-05 jan-06 jul-06 jan-07 jul-07 jan-08 jul-08 jan-09 jul-09 PE RJ SP MG GO MT MS DF RS AC AP RO PR SC Já as convergências que parem de baixos valores iniciais de crédio per capia são ípicas dos poucos esados da região Nore, havendo ainda o esado de Pernambuco, o qual possui um paamar inicial de crédio mais elevado que eses esados, mas sua rajeória de ransição relaiva envolve uma fase inicial de divergência do grupo seguida por um período de cach-up e mais arde convergência. Na Figura 5, em que foram reraadas as dinâmicas de ransição dos esados que compõem o segundo clube, chama aenção mais uma vez o aspeco regional muio influene, em que odos os componenes da região Nore convergem por valores superiores à unidade, e praicamene oda a região nordese converge a parir de valores inicias bem inferiores, exceo para o esado baiano. 5.4. Discussão de Resulados A discussão sobre os resulados apresenados pode ser fundamenada em dois diferenciais: a análise não se baseia apenas em observar as evoluções, sem ferramenas de inferência, visando idenificar padrões de semelhança e diferenças e o exercício não consise somene em segregar os esados, observando apenas os valores finais de crédio real per capia, mas sim oda a evolução emporal e as respecivas axas de crescimeno. 14 14 Os esados do Espírio Sano e Roraima, perencenes ao segundo clube, possuem níveis de crédio per capia em dezembro de 2009 da ordem de R$3.931,42 e R$3.261,00, respecivamene, enquano Pernambuco e Acre, ambos com níveis finais de R$2.655,79 e R$2.316,60 compõem o primeiro grupo.

18 Figura 5: Dinâmica de ransição dos esados que compõem o 2º Clube 1,2 1,15 1,1 1,05 1 0,95 0,9 0,85 jan-04 jul-04 jan-05 jul-05 jan-06 jul-06 jan-07 jul-07 jan-08 jul-08 jan-09 jul-09 PB AL RN SE ES BA CE MA PI AM PA RR TO Mais especificamene sobre a composição dos dois clubes, segundo a Tabela 4, além do considerável gap enre os valores mínimo, máximo ou médio de crédio enre os clubes, as axas de inadimplência observadas no clube com menores níveis de crédio, cujo valor médio é de 4,14%, oscilando enre 2,46% e 7,18%, são mais elevadas que no primeiro clube, onde a média é de 3,37% e o limie superior é de 4,86% no esado pernambucano. Sobre os indicadores sociais, a proporção de pobres em média é de 17% nos esados com mais crédio, aproximadamene meade dos quase 35% de pobres residindo nos esados menos favorecidos com crédio. Isso se reflee ambém nos índices de bem esar e desigualdade, onde se observa um IDH médio 10% maior nos esados com mais crédio em relação aos do segundo clube, onde ese índice oscila enre 0,68 e 0,80. As axas de variação do índice de bem esar de Sen e de desigualdade de Gini não apresenam disparidades ão acenuadas, havendo uma maior evolução em ambas nos esados componenes do segundo clube. 6. Conclusão A região Nordese do Brasil, caracerizada pelo menor PIB per capia, pelos maiores índices de pobreza e desigualdade, pelas menores axas de desenvolvimeno humano e bem esar e pelos piores indicadores de infraesruura social, necessiaria de aproximadamene 35 anos, ceeris paribus, para poder aingir o mesmo nível do esoque de crédio oal real per capia das regiões Sul ou Sudese, com base nos dados aé dezembro de 2009. Nese conexo de disparidade, ese arigo se posiciona ao abordar empiricamene as quesões associadas à evolução do crédio ao longo do empo e sua relação com indicadores de crescimeno, disribuição de renda e geração de bem esar, sem necessariamene esabelecer a relação de causalidade enre as variáveis. As principais evidências obidas enre 2004 e 2009 sugerem não haver uma convergência global da rajeória de crédio, sendo a formação dos dois clubes foremene caracerizados pelo aspeco regional, com represenaiva presença das unidades federaivas da região Nordese no segundo clube, além de esados da região Nore.

a, b, c, d, e, f, g Tabela 4: Esaísicas descriivas anuais macroeconômicas, sociais e financeiras dos clubes idenificados (2004-2009) Região 1 o Clube Mínimo Máximo PIB per capia Médio (R$) Riqueza Crescimeno médio do PIB per capia (%) Proporção de pobres (%) Disribuição e Bem Esar Variação do bem esar social de Sen (%) Índice de Desenvolvim. Humano (IDH) Índice de Gini Crédio oal per capia (R$) Crescimeno médio do crédio oal per capia (%) Finanças Inadimplência (%) Paricpação do crédio pessoa física (%) 7.823,69 1,24% 6,72% 6,53% 0,75 0,46 1.167,96 0,83% 2,40% 28,16% (Pernambuco) (Mao Grosso) (Sana Caarina) (Sana Caarina) (Acre) (Sana Caarina) (Acre) (Mao Grosso) (Sana Caarina) (Rio de Janeiro) 44.839,46 6,58% 41,21% 21,46% 0,88 0,62 6.295,57 2,30% 4,86% 75,58% (Disrio Federal) (Rondônia) (Pernambuco) (Mao Grosso) (Disrio Federal) (Disrio Federal) (Disrio Federal) (Acre) (Pernambuco) (Amapá) 2 o Clube Mínimo Máximo 5.003,69 2,60% 12,35% 9,49% 0,68 0,51 665,05 0,81% 2,46% 32,45% (Piauí) (Alagoas) (Espírio Sano) (Amazonas) (Alagoas) (Pará) (Maranhão) (Pará) (Espírio Sano) (Amazonas) 18.662,43 6,85% 45,69% 22,50% 0,80 0,59 3.005,31 1,76% 7,18% 59,16% (Espírio Sano) (Maranhão) (Alagoas) (Maranhão) (Espírio Sano) (Paraíba) (Espírio Sano) (Piauí) (Maranhão) (Paraíba) a PIB per capia ao ano da unidade federaiva a preços consanes (base: ano de 2000). Período compreendido: 2004-2008. Fone: Insiuo Brasileiro de Geografia e Esaísica (IBGE) b Taxa de crescimeno do PIB per capia ao ano da unidade federaiva a preços consanes (base: ano de 2000). Período compreendido: 2004-2008. Fone: Insiuo Brasileiro de Geografia e Esaísica (IBGE) c Proporção de pobres na população da unidade federaiva. Período compreendido: 2004-2009. Fone: Insiuo de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). d Variação do Índice de bem esar de Sen da unidade federaiva. Período compreendido: 2006-2008. Fone: Relaório nº 06 do LEP/CAEN, cujos dados primários são microdados da PNAD/IBGE. e Índice de de Desnvolvimeno Humano da unidade federaiva. Período compreendido: 2004-2008. Fone: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimeno (PNUD). f Índice de Gini da unidade federaiva. Período compreendido: 2004-2009. Fone: Insiuo de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). g Série real de crédio per capia mensal da unidade federaiva. Período compreendido: 2004-2009. Fone: Banco Cenral.

A divergência é al que, as regiões Nore e Nordese possuem crédio per capia abaixo de R$1.300,00 e relação crédio/pib abaixo de 40%, valores significaivamene inferiores aos R$4.000,00 per capia e aos percenuais próximos de 50% observado nas demais regiões. Esa evidência corrobora a realidade já reraada em arigos correlaos da exisência de duas economias em um mesmo erriório nacional, seja observando a renda, infraesruura social, ou alocação de crédio. Evidencia-se que 12 dos 13 esados componenes do segundo clube perencem ao segundo clube idenificado em Penna e Linhares (2009) a parir de dados de renda per capia enre 1970 e 2006 para as mesmas unidades federaivas. Da mesma forma, 9 das 14 unidades do primeiro clube de crédio esão no primeiro clube de renda evidenciado. Eses resulados corroboram os observados para o painel de economias em Apergis, Chrisou e Miller (2010). Esas regiões menos favorecidas possuem bancos específicos de fomeno, BASA e BNB, cujos volumes de crédio concedido em 2009 foram de aproximadamene R$3 bilhões e R$36 bilhões, respecivamene. Paradoxalmene, al iniciaiva de fomeno parece perder relevância, quando se evidencia que a região Nordese, com aproximadamene 28% de oda a população do país, recebe menos de 10% de odo o volume de crédio concedido aualmene pelo BNDES, cujo volume oal empresado em 2009 superou o paamar de R$280 bilhões. Assim, apesar de não ser possível inferir nese esudo que as auais disparidades em ermos de crédio enham sido as responsáveis direas das desigualdades de riqueza e sociais enre os esados e regiões, pode se sugerir sobre a necessidade de uma reforma da aual políica crediícia, sem a qual, não serão suficienes os esforços dos órgãos de fomeno e das demais insiuições financeiras, no inuio de combaer as desigualdades exisenes. Sob a premissa de que o sisema financeiro assume uma função insubsiuível ao proporcionar produos e serviços que ornem possível para odo cidadão e oda empresa uma alocação eficiene de recursos na dimensão ineremporal e denre os diversos cenários inceros, deve ser prioriário nesa reforma crediícia esimular a inclusão bancária e financeira de indivíduos que esão a esmo dese sisema, principalmene nas regiões mais desassisidas, em um oal esimado em aproximadamene 100 milhões de novos clienes do sisema bancário nos próximos 15 anos. Corroborando Imboden (2005), segundo o qual, as microfinanças merecem assim um desaque especial e diferenciado dos demais seores financeiros, devendo ser considerado como um mainsream, principalmene em sociedades desiguais e pobres, é preciso incenivar o sisema financeiro nese senido. Caso conrário, a sociedade haverá de coninuar se deparando com as evidências enconradas por Bemerguy e Luporini (2006), de que o desenvolvimeno financeiro no Brasil não em impacado significaivamene na axa de crescimeno da renda do quinil mais pobre. Por fim, é imporane ressalar que além do aspeco regional, a inadimplência, o PIB per capia, a proporção de pobres e o Índice de Desenvolvimeno Humano são variáveis que caracerizam niidamene as diferenças enre os dois clubes de convergência de crédio, sugerindo que as mesmas possam ser usadas em esudos de análise discriminane. Ouras exensões a ese arigo podem analisar a quesão de forma mais desagregada, por ipo de pessoa omadora do emprésimo, física ou jurídica, ou decompondo pelo seor da economia. Referências Bibliográficas [1] Alesina, A. e Peroi, R. (1996), Income disribuion, poliical insabiliy and invesmen. European Economic Review, 40.