Direito do Trabalho. Henrique Correia QUESTÕES 1. FONTES. Direito do Trabalho 387

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Transcrição:

Direito do Trabalho 387 Direito do Trabalho Henrique Correia QUESTÕES 1. FONTES 01. (FCC Analista Judiciário Área Judiciária TRT 16/2014) No tocante as fontes do Direito do Trabalho considere: I. As fontes formais traduzem a exteriorização dos fatos por meio da regra jurídica. II. São fontes formais do Direito do Trabalho as porta rias ministeriais e a Constituição Federal brasileira. III. A sentença normativa e as leis são fontes materiais autônomas. Está correto o que se afirma APENAS em A) I e II. B) I e III. C) II e III. D) III. E) II. Nota do autor: A questão aborda o tema das fontes do Direito do Trabalho. Lembre-se que a fonte do direito do trabalho é o meio pelo qual nasce a norma jurídica. Algumas fontes são obrigatórias, ou seja, os membros da sociedade devem respeitá-las (são normas cogentes e imperativas). Outras fontes, porém, atuam como fase preliminar das normas obrigatórias, são os movimentos sociais. Alternativa correta: A. Está correto o que se afirma nas assertivas I e II. Assertiva I. Correta. As fontes formais são a exteriorização das normas jurídicas, ou seja, as fontes formais são normas de observância obrigatória pela sociedade. Todos devem cumpri-las, pois são imperativas. Exemplo: convenção, acordo coletivo e leis. As fontes formais podem ser elaboradas pelo Estado ou pelos próprios destinatários da norma, sem a participação do Estado. São divididas em fontes formais autônomas e fontes formais heterônomas. Assertiva II. Correta. As portarias ministeriais e a Constituição Federal são fontes heterônomas em que não há participação direta dos destinatários, ou seja, essas fontes possuem origem estatal (Executivo e Legislativo respectivamente). Assertiva III. Incorreta. As sentenças normativas e as leis são fontes formais heterônomas, uma vez que compreendem a exteriorização das normas jurídicas gerais e abstratas em que não há participação direta dos destinatários, ou seja, possuem origem estatal (Judiciário e Legislativo respectivamente). 02. (FCC Técnico Judiciário Área Administrativa TRT 16/2014) A Consolidação das Leis do Trabalho e a Constituição Fe deral são fontes A) autônomas. B) heterônimas. C) heterônima e autônoma, respectivamente. D) autônoma e heterônima, respectivamente. E) extraestatais. Nota do autor: A questão aborda o tema das fontes do Direito do Trabalho. Ressalta-se que as fontes formais são a exteriorização das normas jurídicas, ou seja, são normas de observância obrigatória pela sociedade. Todos devem cumpri-las, pois são imperativas. Exemplo: convenção, acordo coletivo e leis.

388 Henrique Correia Alternativa correta: B. Comentário serve para as demais alternativas. Nas fontes heterônomas não há participação direta dos destinatários, ou seja, essas fontes possuem origem estatal (Legislativo, Executivo ou Judiciário). A Constituição Federal, lei fundamental e suprema que estabelece o funcionamento do Estado e direitos e garantias fundamentais, é uma espécie de fonte formal heterônoma. Por sua vez, a lei, nesse caso representada pela CLT, é fonte heterônima, uma vez que é elaborada pelo Poder Legislativo. As leis trabalhistas são elaboradas pelo Congresso Nacional, art. 22, I, da CF/88. 03. (FCC Técnico Judiciário Administrativa TRT 5/2013) Conforme previsão expressa contida na Consolidação das Leis do Trabalho, a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirá conforme o caso, NÃO podendo utilizar como fonte supletiva do Direito do Trabalho A) a jurisprudência. B) os usos e costumes. C) valores sociais da livre iniciativa. D) os princípios gerais do Direito. E) a analogia e equidade. Nota do autor: A questão aborda o tema das fontes do Direito do Trabalho, que são o meio pelo qual nasce a norma jurídica. Algumas fontes são obrigatórias, ou seja, os membros da sociedade devem respeitá-las (são normas cogentes e imperativas). Outras fontes, porém, atuam como fase preliminar das normas obrigatórias (movimentos sociais). Alternativa correta: C. Comentário serve para as demais alternativas, uma vez que versam sobre o mesmo assunto. O legislador não tem condições de prever todos os acontecimentos sociais e editar lei específica para todos os eventos que venham a ocorrer na sociedade. Assim, se houver um caso ainda não previsto em lei, o juiz deverá julgá-lo, pois a função do magistrado é pacificar os conflitos. Para isso, poderá se valer de técnicas de integração: As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por eqüidade e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público. (art. 8º, caput, CLT). Os valores sociais da livre iniciativa não são fontes supletivas do Direito do Trabalho, mas estão inseridos como fundamento da República Federativa do Brasil: Art. 1º, inciso IV, CF/88: A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. 04. (FCC Técnico Judiciário Administrativa TRT 15/2013) No tocante às fontes do Direito, considere: I. Fontes formais são as formas de exteriorização do direito, como por exemplo, as leis e costumes. II. A sentença normativa é uma fonte heterônoma do Direito do Trabalho, assim como regulamento unilateral de empresa. III. A Convenção Coletiva de Trabalho, quanto à origem, classifica-se como uma fonte estatal. IV. A Convenção Coletiva de Trabalho, quanto à vontade das partes, classifica-se como imperativa. Está correto o que se afirma APENAS em A) I e IV. B) I, II e III. C) II, III e IV. D) I e II. E) II e IV. Nota do autor: A questão aborda o tema das fontes do Direito do Trabalho. Lembre-se que as fontes materiais são fatores ou acontecimentos sociais, políticos, econômicos e filosóficos que inspiram o legislador (deputados e senadores) na elaboração das leis. Esses movimentos influenciam diretamente o surgimento ou a modificação das leis. Alternativa correta: D. Está correto o que se afirma nas assertivas I e II. Assertiva I. Correta. As fontes formais são a exteriorização das normas jurídicas, ou seja, as fontes formais são normas de observância obrigatória pela sociedade. Todos devem cumpri-las, pois são imperativas. Exemplo: convenção, acordo coletivo e leis. As fontes formais podem ser elaboradas pelo Estado ou pelos próprios destinatários da norma, sem a participação do Estado. São divididas em fontes formais autônomas e fontes formais heterônomas. Assertiva II. Correta. Nas fontes heterônomas não há participação direta dos destinatários, ou seja, essas fontes possuem origem estatal (Legislativo, Executivo ou Judiciário). Por meio da sentença normativa, os tribunais colocam fim ao conflito coletivo, criando novas condições de trabalho. É o chamado Poder Normativo da Justiça do Trabalho. Por sua vez, Há discussão, na doutrina, acerca do regulamento

Direito do Trabalho 389 de empresa como fonte formal. Regulamento de empresa é o conjunto de regras elaboradas pelo empregador para melhor organizar a empresa. O regulamento de empresa não é reconhecido, por alguns autores, como fonte formal do direito do trabalho, sob o argumento de que é elaborado de forma unilateral pelo empregador. Entretanto, se o regulamento da empresa atinge a todos os trabalhadores, de forma impessoal e genérica ou, ainda, que há a participação dos empregados na elaboração do regulamento, será fonte formal autônoma. Dessa forma, entendo que a assertiva está incorreta e, por isso, a questão devia ser anulada. Assertiva III. Incorreta. A Convenção Coletiva de Trabalho é discutida e confeccionada pelas partes diretamente interessadas pela norma, ou seja, sindicatos representativos das categorias profissionais e econômicas. Portanto, não se trata de fonte emanada pelo poder estatal. É fonte formal autônoma. Assertiva IV. Incorreta. Quando à vontade das partes, a Convenção Coletiva de Trabalho é facultativa, ou seja, as partes têm a liberdade de celebrarem ou não a convenção, bem como de acertar seu conteúdo. Não há qualquer obrigatoriedade na formulação de uma Convenção Coletiva. 05. (FCC Analista Judiciário Área Judiciária Oficial de Justiça TRT 12/2013) No estudo das fontes e princípios do Direito do Trabalho, A) a CLT relaciona expressamente a jurisprudência co mo fonte supletiva, a ser utilizada pelas autoridades administrativas e pela Justiça do Trabalho em caso de omissão da norma positivada. B) o direito comum será fonte primária e concorrente com o direito do trabalho quando houver alguma omissão da legislação trabalhista, conforme norma expressa da CLT. C) a sentença normativa não é considerada fonte for mal do direito do trabalho porque é produzida em dissídio coletivo e atinge apenas as categorias en volvidas no conflito. D) o princípio da aplicação da norma mais favorável aplica-se no direito do trabalho para garantia dos empregos, razão pela qual, independente de sua po sição hierárquica, deve ser aplicada a norma mais conveniente aos interesses da empresa. E) o princípio da primazia da realidade do direito do tra balho estabelece que os aspectos formais prevale cem sobre a realidade, ou seja, a verdade formal se sobrepõe à verdade real. Nota do autor: A questão aborda o tema das fontes e princípios do Direito do Trabalho. Ademais, não apresenta nível elevado de dificuldade, uma vez que exigia conhecimentos básicos sobre o assunto. Alternativa correta: A. As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por eqüidade e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público. (art. 8º, caput, CLT grifo acrescido). Alternativa B. O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho, naquilo em que não for incompatível com os princípios fundamentais deste. (art. 8º, parágrafo único, CLT). Alternativa C. Em caso de dissídio coletivo que tenha por motivo novas condições de trabalho e no qual figure como parte apenas uma fração de empregados de uma empresa, poderá o Tribunal competente, na própria decisão, estender tais condições de trabalho, se julgar justo e conveniente, aos demais empregados da empresa que forem da mesma profissão dos dissidentes. (art. 868, CLT). A sentença normativa é fonte formal do Direito do Trabalho, uma vez que expressa a própria criação de normas jurídicas gerais, abstratas, impessoais, obrigatórias, para incidência sobre relações ad futurum. 1 Alternativa D. O princípio da norma mais favorável estabelece que, entre duas ou mais normas possíveis de ser aplicadas, utiliza-se a mais favorável em relação ao trabalhador. Exemplo: há convenção coletiva e acordo coletivo que preveem cláusulas de férias. O intérprete (juiz, advogado, procurador do trabalho) deverá analisar qual desses instrumentos é mais favorável ao trabalhador, no tocante às férias, e aplicá-lo à relação empregatícia. Alternativa E. O princípio da primazia da realidade estabelece que a realidade se sobrepõe às disposições contratuais escritas. Deve-se, portanto, verificar se o conteúdo do documento coincide com os fatos. Exemplo: recibo assinado em branco no ato da contratação, posteriormente apresentado em juízo como prova de pagamento das verbas trabalhistas. É óbvio que esse documento não corresponde à verdade dos fatos. 06. (Cespe Analista Judiciário Área Judiciária TRT 8/2013) Assinale a opção correta no que diz respeito aos princípios e fontes do direito do trabalho. 1 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 13. ed. São Paulo: LTr, 2014. p. 154.

390 Henrique Correia A) Aplica-se o princípio da primazia da realidade à hipótese de admissão de trabalhador em emprego público sem concurso. B) Conforme expressa previsão na CLT, independentemente do período de tempo durante o qual o empregado perceba gratificação de função, sendo este revertido ao cargo efetivo de origem, ainda que sem justo motivo, ser-lhe-á retirada a gratificação, não cabendo a aplicação ao caso dos princípios da irredutibilidade salarial e da estabilidade financeira. C) As convenções coletivas de trabalho, embora sejam consideradas fontes do direito do trabalho, vinculam apenas os empregados sindicalizados, e não toda a categoria. D) A CLT proíbe expressamente que o direito comum seja fonte subsidiária do direito do trabalho, por incompatibilidade com os princípios fundamentais deste. E) De acordo com entendimento do TST, com fundamento no princípio da proteção, havendo a coexistência de dois regulamentos da empresa, a opção do empregado por um deles tem efeito jurídico de renúncia às regras do sistema do outro. Nota do autor: A questão aborda os temas das fontes e princípios do Direito do Trabalho. Lembre-se de que os princípios do Direito do Trabalho têm função integrativa, ou seja, são aplicados para suprir a lacuna deixada pelo legislador Alternativa correta: E. Havendo a coexistência de dois regulamentos da empresa, a opção do empregado por um deles tem efeito jurídico de renúncia às regras do sistema do outro. (Súmula nº 51, item II, TST) Alternativa A. A contratação de servidor público, após a CF/1988, sem prévia aprovação em concurso público, encontra óbice no respectivo art. 37, II e 2º, somente lhe conferindo direito ao pagamento da contraprestação pactuada, em relação ao número de horas trabalhadas, respeitado o valor da hora do salário-mínimo, e dos valores referentes aos depósitos do FGTS. (Súmula nº 363 do TST). Há casos em que, mesmo presentes os quatro requisitos necessários para o reconhecimento do vínculo (pessoalidade, onerosidade, não eventualidade e subordinação), o contrato será declarado nulo, consequentemente encerra-se a prestação de serviços ao empregador. No caso da contratação sem concurso, previsto nessa Súmula nº 363, trata-se de trabalho proibido. Alternativa B. Percebida a gratificação de função por dez ou mais anos pelo empregado, se o empregador, sem justo motivo, revertê-lo a seu cargo efetivo, não poderá retirar-lhe a gratificação tendo em vista o princípio da estabilidade financeira. (Súmula nº 372 do TST). Após o período de 10 anos, a gratificação incorpora definitivamente o salário do empregado. Embora não haja previsão legal específica nesse sentido, o TST entende que a conduta do empregador em retirar a gratificação afrontaria o princípio da estabilidade financeira do trabalhador. Caso o trabalhador cometa conduta que contrarie a confiança nele depositada, poderá ser retirada a gratificação, pois o empregador terá, nesse caso, justo motivo. Alternativa C. Os sindicatos são entidades representativas de toda a categoria, profissional ou econômica. Assim, o instrumento coletivo gerado a partir das negociações envolvendo o sindicato abrange não apenas os sindicalizados, mas todos os empregados da categoria. Alternativa D. O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho, naquilo em que não for incompatível com os princípios fundamentais deste. (art. 8º, parágrafo único, CLT). 07. (FCC Analista Judiciário Judiciária Oficial de Justiça Avaliador TRT 18/2013) Em relação aos princípios e fontes do Direito do Trabalho, é INCOR- RETO afirmar que A) a analogia, os usos e costumes não são considerados fontes do direito do trabalho, por falta de previsão legal. B) o princípio da primazia da realidade prevê a importância dos fatos em detrimento de informações contidas nos documentos. C) o direito do trabalho se orienta pelo princípio da continuidade da relação de emprego. D) o acordo coletivo e a convenção coletiva de trabalho são fontes formais do direito do trabalho. E) a Consolidação das Leis do Trabalho prevê que a jurisprudência é fonte subsidiária do Direito do Trabalho. Nota do autor: A questão aborda os temas dos princípios e das fontes do Direito do Trabalho. A inserção nesse tópico justifica-se pelo fato de que a alternativa correta versa sobre fontes do Direito do Trabalho. Ademais, o candidato deve estar atento para o fato de que a questão exige que seja assinalada a alternativa incorreta. Alternativa incorreta: A. O costume é a prática reiterada de uma conduta numa dada região ou empresa. Trata-se de fonte formal autônoma, pois é feita pelas próprias partes interessadas. Cumpre salientar que o costume é uma fonte prevista expressamente no art. 460 da CLT:

Direito do Trabalho 391 Art. 460 da CLT. Na falta de estipulação do salário ou não havendo prova sobre a importância ajustada, o empregado terá direito a perceber salário igual ao daquela que, na mesma empresa, fizer serviço equivalente ou do que for habitualmente pago para serviço semelhante. Cabe destacar que a analogia é uma técnica de integração utilizada para a supressão de eventuais lacunas na lei, não se confundindo com fontes do direito. O legislador não tem condições de prever todos os acontecimentos sociais e editar lei específica para todos os eventos que venham a ocorrer na sociedade. Há expressa previsão nesse sentido: Art. 8º As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por eqüidade e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público. Parágrafo único O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho, naquilo em que não for incompatível com os princípios fundamentais deste. Alternativa B. O princípio da primazia da realidade é aquele em que a realidade se sobrepõe às disposições escritas. Deve-se, portanto, verificar se o conteúdo do documento coincide com os fatos. Exemplo: recibo assinado em branco no ato da contratação, posteriormente apresentado em juízo como prova de pagamento das verbas trabalhistas. Alternativa C. O Direito do Trabalho é norteado pelo princípio da continuidade da relação de emprego. Em regra, o contrato de trabalho é firmado por tempo indeterminado, ou seja, não há prazo previamente fixado para seu fim. Aliás, é de interesse público que esses contratos sejam firmados para prazos de longa duração, pois, enquanto o empregado estiver trabalhando, haverá fonte de sustento, garantindo sua dignidade. Alternativa D. As fontes formais do Direito do Trabalho compreendem a exteriorização das normas jurídicas, ou seja, as fontes formais são normas de observância obrigatória pela sociedade. Dessa forma, o acordo coletivo e a convenção coletiva de trabalho são fontes autônomas de Direito do Trabalho, uma vez que são confeccionadas pelas partes diretamente interessadas pela norma. Há, portanto, a vontade expressa das partes em criar essas normas. Alternativa E. As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por equidade e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do Direito do Trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público. (art. 8º, CLT). Primeiramente, salienta-se que jurisprudência é a decisão reiterada no mesmo sentido sobre a mesma matéria. Assim, apenas se não houver disposições legais a respeito do tema, deverá ser utilizada a jurisprudência (subsidiária). Discute-se acerca de a jurisprudência ser entendida ou não como fonte formal do Direito do Trabalho, prevalecendo na doutrina e na jurisprudência apenas como forma de interpretação do direito. Entretanto, nos concursos de Técnico e Analista do TRT, recomenda-se a memorização nos exatos termos do art. 8º da CLT. 08. (FCC Técnico Judiciário TRT 16/ 2009) Considere: I. Lei ordinária. II. Medida provisória. III. Sentenças normativas. IV. Convenção Coletiva de Trabalho. V. Acordo Coletivo de Trabalho. São fontes de origem estatal as indicadas APE- NAS em A) IV e V. B) I, II e V. C) I e II. D) I, II, IV e V. E) I, II e III. Nota do autor: As fontes de origem estatal (fontes formais heterônomas) são aquelas em que não há participação direta dos destinatários em sua elaboração, sendo emanadas pelos Poderes Legislativo (ex.: Lei Ordinária), Executivo (ex.: medida provisória) ou Judiciário (ex.: sentença normativa). Alternativa correta: E. Apenas os itens I, II e III correspondem a fontes de origem estatal (fontes formais heterônomas). Item I. Trata-se de fonte formal heterônoma elaborada pelo Poder Legislativo (Congresso Nacional art. 22, inciso I, da CF/88). Item II. Ato editado pelo Presidente da República (Poder Executivo), que possui força de lei, expedido em situações de relevância e urgência (art. 59 e art. 62, CF/88). Item III. A sentença normativa é o meio pelo qual os tribunais (Poder Judiciário) colocam fim ao conflito coletivo (dissídio coletivo), criando novas condições de trabalho. Trata-se de manifestação do chamado Poder Normativo da Justiça do Trabalho.

392 Henrique Correia Item IV. É a norma coletiva, prevista no art. 611 da CLT, que é elaborada em acordo celebrado entre sindicato profissional (trabalhadores) e sindicato da categoria econômica (empregadores). Como a norma jurídica (acordo coletivo), é elaborado pelas próprias partes envolvidas; trata-se de fonte formal autônoma. Item V. É a norma coletiva, prevista no 1º do art. 611 da CLT, que é elaborada em acordo celebrado entre empresa e o sindicato representante da categoria profissional. Como a norma jurídica (convenção coletiva) é elaborada pelas próprias partes envolvidas; trata-se de fonte formal autônoma. 09. (FCC TRT 24 Analista Judiciário/2011) Maria, estudante de direito, está discutindo com o seu colega de classe, Denis, a respeito das Fontes do Direito do Trabalho. Para sanar a discussão, indagaram ao professor da turma sobre as fontes autônomas e heterônomas. O professor respondeu que as Convenções Coletivas de Trabalho, as Sentenças Normativas e os Acordos Coletivos são fontes A) autônomas. B) heterônomas, autônomas e heterônomas, respectivamente. C) autônomas, autônomas e heterônomas, respectivamente. D) autônomas, heterônomas e autônomas, respectivamente. E) heterônomas. Nota do autor: Para responder a essa questão, o candidato deveria saber a diferença entre fontes formais autônomas e heterônomas. As fontes formais autônomas são aquelas discutidas e confeccionadas pelas partes diretamente interessadas pela norma, ou seja, há a vontade expressa das partes em criar essas normas. Já nas fontes formais heterônomas não há participação direta dos destinatários, ou seja, possuem origem estatal como, por exemplo, a Constituição Federal, as leis, medidas provisórias e decretos. Alternativa correta: D. Os comentários dessa alternativa já abrangem as demais, porque todas tratam exatamente da mesma matéria. Dentre as principais fontes autônomas, pode-se destacar as quatro abaixo: Convenção Coletiva: acordo entre o sindicato dos trabalhadores e dos empregadores (art. 611, caput, CLT). Acordo Coletivo: acordo entre empresa e sindicato dos trabalhadores (art. 611, 1º, CLT). Costume: prática reiterada de uma conduta numa dada região ou empresa. Regulamento de empresa: será fonte formal autônoma se atingir a todos os trabalhadores da empresa de forma impessoal e genérica, e se ocorrer a participação dos trabalhadores em sua elaboração. As sentenças normativas (Poder Normativo da Justiça do Trabalho) configuram espécie de fonte heterônoma, pois são um meio de os tribunais do trabalho colocarem um fim ao conflito coletivo (dissídio coletivo), criando novas condições de trabalho. 2. PRINCÍPIOS Nota do autor sobre o tema princípios: Os princípios representam a base do ordenamento jurídico. O Direito do Trabalho possui princípios específicos, que desempenham funções essenciais para a interpretação e aplicação das normas trabalhistas. Esses princípios servem de orientação para os aplicadores do direito (juízes, procuradores do trabalho, advogados etc.) e têm, ainda, a função de inspirar e orientar os legisladores (deputados e senadores) na elaboração das leis. Além disso, os princípios do Direito do Trabalho têm função integrativa, ou seja, são aplicados para suprir a lacuna deixada pelo legislador. 10. (FCC Analista Judiciário Área Judiciária TRT 19/2014) A relação objetiva evidenciada pelos fatos define a verda deira relação jurídica estipulada pelos contratantes, ainda que prevista de forma diversa em documento firmado pelas partes. Trata-se do princípio A) in dubio pro operario. B) primazia da realidade. C) eventualidade. D) dispositivo. E) presunções favoráveis ao trabalhador. Nota do autor: A questão aborda o tema dos princípios do Direito do Trabalho. Lembre-se que os princípios representam a base do ordenamento jurídico. O Direito do Trabalho possui princípios específicos, que desempenham funções essenciais para a interpretação e aplicação das normas trabalhistas. Esses princípios servem de orientação para os aplicadores do direito (juízes, procuradores do trabalho, advogados etc.) e têm, ainda, a função de inspirar e orientar os legisladores (deputados e senadores) na elaboração das leis. Alternativa correta: B. Comentário serve para as demais alternativas, uma vez que versam sobre o mesmo assunto. O princípio da primazia da realidade estabelece que a realidade se sobrepõe às disposições contratuais escritas. Deve-se, portanto, verificar

Direito do Trabalho 393 se o conteúdo do documento coincide com os fatos. Exemplo: recibo assinado em branco no ato da contratação, posteriormente apresentado em juízo como prova de pagamento das verbas trabalhistas. É óbvio que esse documento não corresponde à verdade dos fatos. 11. (FCC Analista Judiciário Judicial TRT 5/2013) O artigo 620 da Consolidação das Leis do Trabalho prevê que as condições estabelecidas em Convenção Coletiva de Trabalho, quando mais favoráveis, prevalecerão sobre as estipuladas em Acordo Coletivo de Trabalho. Tal dispositivo consagra o princípio da A) continuidade da relação de emprego. B) primazia da realidade sobre a forma. C) imperatividade das normas trabalhistas. D) norma mais favorável ao empregado. E) irrenunciabilidade de direitos. Nota do autor: A questão aborda o tema dos princípios no Direito do Trabalho. Além disso, os princípios do Direito do Trabalho têm função integrativa, ou seja, são aplicados para suprir a lacuna deixada pelo legislador. Integrar o sistema jurídico significa completar, suprir a lacuna deixada pelo legislador. Lembre-se de que o juiz não pode deixar de julgar, devendo utilizar dos métodos de integração, previstos em lei (art. 8º da CLT). Alternativa correta: D. As condições estabelecidas em Convenção quando mais favoráveis, prevalecerão sôbre as estipuladas em Acôrdo. (art. 620, CLT). Entre duas ou mais normas possíveis de ser aplicadas, utiliza-se a mais favorável em relação ao trabalhador. Exemplo: há convenção coletiva e acordo coletivo que preveem cláusulas de férias. O intérprete (juiz, advogado, procurador do trabalho) deverá analisar qual desses instrumentos é mais favorável ao trabalhador, no tocante às férias, e aplicá-lo à relação empregatícia. Lembre-se de que o princípio da norma mais favorável ao trabalhador não é absoluto, isto é, não poderá ser aplicado quando existirem normas de ordem pública ou de caráter proibitivo. Essas normas não comportam interpretação ampliativa. Alternativa A. O princípio da continuidade da relação de emprego estabelece que, em regra, o contrato de trabalho é firmado por tempo indeterminado, ou seja, não há prazo previamente fixado para seu fim. Aliás, é de interesse público que esses contratos sejam firmados para prazos de longa duração, pois, enquanto o empregado estiver trabalhando, haverá fonte de sustento, garantindo sua dignidade. Em razão desse princípio, a obrigação de provar a ruptura do contrato de trabalho é do empregador, isto é, em regra presume-se que o empregado não deu causa ao término do contrato de trabalho. Alternativa B. De acordo com o princípio da primazia da realidade, a realidade se sobrepõe às disposições contratuais escritas. Deve-se, portanto, verificar se o conteúdo do documento coincide com os fatos. Exemplo: recibo assinado em branco no ato da contratação, posteriormente apresentado em juízo como prova de pagamento das verbas trabalhistas. É óbvio que esse documento não corresponde à verdade dos fatos. Alternativa C. No Direito do Trabalho prevalecem as regras cogentes, obrigatórias. Diante desse princípio, há restrição da autonomia das partes em modificar as cláusulas contratuais previstas no contrato de trabalho. Exemplo: as partes não poderão alterar a natureza do pagamento das horas extras, ou seja, essa parcela tem natureza salarial (reflete nas demais parcelas), não podendo ser paga a título indenizatório (sem que haja o reflexo). Alternativa E. Na vigência do contrato de trabalho, os direitos trabalhistas são, em regra, irrenunciáveis, porque há presença da subordinação do empregado frente ao empregador. Assim sendo, mesmo que o ato seja bilateral (comum acordo entre as partes), se houver prejuízo ao empregado, esse ato deverá ser declarado nulo, pois o empregado não pode renunciar aos direitos e vantagens assegurados em lei. Se houver tal renúncia, com base no princípio da irrenunciabilidade, o ato será nulo, invalidado. 12. (FCC Analista Judiciário Administrativa TRT 5/2013) O Direito do Trabalho possui princípios próprios que norteiam a sua aplicação. Assim, o postulado informando que na matéria trabalhista importa mais o que ocorre na prática do que o está inserido em documentos é conhecido como princípio da A) intangibilidade contratual. B) primazia da realidade. C) continuidade da relação de emprego. D) integralidade salarial. E) flexibilização. Nota do autor: A questão aborda o tema dos princípios no Direito do Trabalho. Os princípios representam a base do ordenamento jurídico. O Direito do Trabalho possui princípios específicos, que desempenham funções essenciais para a interpretação e aplicação das normas trabalhistas. Esses princípios servem de orientação para os aplicadores do direito (juízes, procuradores do trabalho, advogados etc.) e têm, ainda, a função de inspirar e orientar os legisladores na elaboração das leis.

394 Henrique Correia Alternativa correta: B. De acordo com o princípio da primazia da realidade, a realidade se sobrepõe às disposições contratuais escritas. Deve-se, portanto, verificar se o conteúdo do documento coincide com os fatos. Exemplo: recibo assinado em branco no ato da contratação, posteriormente apresentado em juízo como prova de pagamento das verbas trabalhistas. É óbvio que esse documento não corresponde à verdade dos fatos. Alternativa A. O princípio da intangibilidade contratual é um princípio específico do Direito do Trabalho que decorre da vedação à alteração lesiva do contrato de trabalho ao empregado. Assim, o conteúdo do contrato de trabalho não pode ser modificado ainda que ocorresse efetiva alteração no plano subjetivo da empresa2, ou seja, os contratos de trabalho permanecem sem sofrer qualquer alteração no caso sucessão de empregadores. (art. 10 e 448, CLT). Alternativa C. O princípio da continuidade da relação de emprego estabelece que, em regra, o contrato de trabalho é firmado por tempo indeterminado, ou seja, não há prazo previamente fixado para seu fim. Aliás, é de interesse público que esses contratos sejam firmados para prazos de longa duração, pois, enquanto o empregado estiver trabalhando, haverá fonte de sustento, garantindo sua dignidade. Em razão desse princípio, a obrigação de provar a ruptura do contrato de trabalho é do empregador, isto é, em regra presume-se que o empregado não deu causa ao término do contrato de trabalho. Alternativa D. O princípio da integralidade salarial, bem como a intangibilidade do salário do empregado, veda descontos no salário, exceto nos casos previstos em lei ou norma coletiva. Esses princípios protegem o trabalhador contra seus próprios credores, pois o salário é, em regra, impenhorável. Alternativa E. Flexibilizar é diminuir a rigidez das leis trabalhistas pela negociação coletiva, ou seja, é dar ênfase ao negociado em detrimento do legislado. Na flexibilização permanecem as normas básicas de proteção ao trabalhador, mas permite-se maior amplitude dos acordos e convenções para adaptação das cláusulas contratuais às realidades econômicas da empresa e às realidades regionais. 13. (FCC Analista Judiciário Área Judiciária TRT 12/2013) A doutrina clássica conceitua os princípios como sendo proposições que se colocam na base de uma ciência, in formando-a. Nesse contexto, é INCORRETO afirmar que o Direito Individual do Trabalho adota como regra o princí pio da A) norma mais favorável ao trabalhador. 2 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 11ª ed. São Paulo: LTr, 2012. p. 200 B) imperatividade das normas trabalhistas. C) intangibilidade salarial. D) disponibilidade dos direitos trabalhistas. E) continuidade da relação de emprego. Nota do autor: A questão aborda o tema dos princípios que norteiam o Direito do Trabalho. O candidato deve estar atento para o fato que a questão exige que seja assinalada a alternativa incorreta. Alternativa incorreta: D. Ao contrário do que sustenta a alternativa, vige no Direito do Trabalho o princípio da indisponibilidade ou irrenunciabilidade dos direitos trabalhistas. Na vigência do contrato de trabalho, os direitos trabalhistas são, em regra, irrenunciáveis, porque há presença da subordinação do empregado frente ao empregador. Assim sendo, mesmo que o ato seja bilateral (comum acordo entre as partes), se houver prejuízo ao empregado, esse ato deverá ser declarado nulo, pois o empregado não pode renunciar aos direitos e vantagens assegurados em lei. Alternativa A. O princípio da norma mais favorável estabelece que, entre duas ou mais normas possíveis de ser aplicadas, utiliza-se a mais favorável em relação ao trabalhador. Exemplo: há convenção coletiva e acordo coletivo que preveem cláusulas de férias. O intérprete (juiz, advogado, procurador do trabalho) deverá analisar qual desses instrumentos é mais favorável ao trabalhador, no tocante às férias, e aplicá-lo à relação empregatícia. Alternativa B. De acordo com o princípio da imperatividade das normas trabalhistas, prevalecem, no Direito do Trabalho, as regras cogentes, obrigatórias. Diante desse princípio, há restrição da autonomia das partes em modificar as cláusulas contratuais previstas no contrato de trabalho. Alternativa C. O princípio da intangibilidade salarial estabelece a vedação aos descontos no salário, exceto nos casos previstos em lei ou norma coletiva. Esse princípio protege o trabalhador contra seus próprios credores, pois o salário é, em regra, impenhorável. Alternativa E. O princípio da continuidade da relação de empregado determina que o contrato de trabalho deva ser firmado por tempo indeterminado, ou seja, não há prazo previamente fixado para seu fim. Aliás, é de interesse público que esses contratos sejam firmados para prazos de longa duração, pois, enquanto o empregado estiver trabalhando, haverá fonte de sustento, garantindo sua dignidade. 14. (Cespe Analista Judiciário Administrativa TRT 10/2013) Em relação ao direito do trabalho, julgue os itens a seguir.

Direito do Trabalho 671 De acordo com a Consolidação das Leis do Trabalho, está correto o que se afirma em A) I e II, apenas. B) I, II e III, apenas. C) II e III, apenas. D) I, III e IV, apenas. E) I, II, III e IV. Nota do autor: A questão aborda o tema da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes CIPA. Em regra, todos os empregadores, seja de natureza pública ou privada, estão obrigados a constituir a CIPA. Essa obrigatoriedade dependerá, entretanto, do número de empregados e do grau de risco da atividade desenvolvida, conforme previsão na NR 5 (empresas com menos de 20 empregados, em regra, não estão obrigadas a constituir esse órgão preventivo). Alternativa correta: B. De acordo com a CLT, está correto apenas o que se afirma nas assertivas I, II e III. Assertiva I. Correta. O mandato dos membros eleitos da CIPA terá a duração de 1 (um) ano, permitida uma reeleição. (art. 164, 3º, CLT) Assertiva II. Correta. O empregador designará, anualmente, dentre os seus representantes, o Presidente da CIPA e os empregados elegerão, dentre eles, o Vice-Presidente. (art. 164, 5º, CLT) Assertiva III. Correta. Os representantes dos empregados, titulares e suplentes, serão eleitos em escrutínio secreto, do qual participem, independentemente de filiação sindical, exclusivamente os empregados interessados. (art. 164, 5º, CLT) Assertiva IV. Incorreta. Os representantes dos empregadores, titulares e suplentes, serão por eles designados. (art. 164, 1º, CLT) 544. (FCC TRT 12 Analista Judiciário/2010) Na CIPA Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, os representantes dos empregados, titulares e suplentes serão eleitos em escrutínio secreto, do qual participem A) empregados obrigatoriamente com filiação sindical, que, se eleitos, terão mandato de dois anos, vedada a reeleição. B) empregados obrigatoriamente com filiação sindical, que, se eleitos, terão mandato de um ano, permitida uma reeleição. C) exclusivamente os empregados interessados, independentemente de filiação sindical, que, se eleitos, terão mandato de dois anos, vedada a reeleição. D) exclusivamente os empregados interessados, independentemente de filiação sindical, que, se eleitos, terão mandato de um ano, permitida uma reeleição. E) empregados obrigatoriamente com filiação sindical, que, se eleitos, terão mandato de um ano, vedada a reeleição. Nota do autor: Essa questão é bastante difícil, pois exige do candidato o conhecimento de aspectos muito específicos da CIPA. Alternativa correta: D. Comentário serve para as demais alternativas, pois todas elas tratam do mesmo assunto. Os representantes dos empregados, titulares e suplentes, serão eleitos em escrutínio secreto, do qual participem, independentemente de filiação sindical, exclusivamente os empregados interessados (art. 164, 2º, CLT). O mandato dos membros eleitos da CIPA terá a duração de 1 (um) ano, permitida uma reeleição. (art. 164, 3º, CLT) DICAS 1. PRINCÍPIOS Princípio da norma mais favorável: entre duas ou mais normas possíveis de ser aplicadas, utiliza- -se a mais favorável em relação ao trabalhador. A aplicação de uma norma leva a renúncia da outra. Nesse sentido: Súmula nº 202 do TST. Existindo, ao mesmo tempo, gratificação por tempo de serviço outorgada pelo empregador e outra da mesma natureza prevista em acordo coletivo, convenção coletiva ou sentença normativa, o empregado tem direito a receber, exclusivamente, a que lhe seja mais benéfica. Princípio da condição mais benéfica: esse princípio assegura ao empregado as vantagens conquistadas durante o contrato de trabalho, conforme previsto no art. 468 da CLT. Diante disso, essas conquistas não poderão ser alteradas para pior. Nesse sentido: Súmula nº 288 do TST. A I A complementação dos proventos da aposentadoria é regida pelas normas em vigor na data da admissão do empregado, observando-se as alterações posteriores desde que mais favoráveis ao beneficiário do direito. II Na hipótese de coexistência de dois regulamentos de planos de previdência complementar, instituídos pelo empregador ou por entidade de previdência privada, a opção do beneficiário por um deles tem efeito jurídico de renúncia às regras do outro. (grifos acrescidos) Súmula nº 51 do TST. I As cláusulas regulamentares, que revoguem ou alterem vantagens deferidas anteriormente, só atingirão os trabalhadores admiti-

672 Henrique Correia dos após a revogação ou alteração do regulamento. II Havendo a coexistência de dois regulamentos da empresa, a opção do empregado por um deles tem efeito jurídico de renúncia às regras do sistema do outro. Princípio da primazia da realidade: a realidade se sobrepõe às disposições contratuais escritas. Deve-se, portanto, verificar se o conteúdo do documento coincide com os fatos. Exemplo: recibo assinado em branco no ato da contratação, posteriormente apresentado em juízo como prova de pagamento das verbas trabalhistas. 2. FONTES DO DIREITO DO TRABALHO Fontes materiais: são fatores ou acontecimentos sociais, políticos, econômicos e filosóficos que inspiram o legislador (deputados e senadores) na elaboração das leis. Esses movimentos influenciam diretamente o surgimento ou a modificação das leis. Fontes formais: são a exteriorização das normas jurídicas, ou seja, as fontes formais são normas de observância obrigatória pela sociedade. Todos devem cumpri-las, pois são imperativas. Exemplo: convenção, acordo coletivo e leis. Há dois tipos de fontes formais: 1. Fontes formais autônomas: são discutidas e confeccionadas pelas partes diretamente interessadas pela norma. Há, portanto, a vontade expressa das partes em criar essas normas. Exemplo: uma determinada negociação coletiva entre sindicato e empresa resulta em um acordo coletivo. 2. Fontes formais heterônomas: nas fontes heterônomas não há participação direta dos destinatários, ou seja, essas fontes possuem origem estatal (Legislativo, Executivo ou Judiciário). 3. RENÚNCIA E TRANSAÇÃO Em razão do Princípio da Irrenunciabilidade e da Indisponibilidade que vigora no direito do trabalho, há restrição da autonomia da vontade, isto é, limita-se a possibilidade de negociação de direitos trabalhistas entre empregado e empregador. Ressalta-se que nesse tópico não será tratada a negociação coletiva (com participação do sindicato), pois nela há ampla possibilidade de transação, inclusive redução de direitos dos trabalhadores. Renúncia é um ato unilateral que recai sobre direito certo e atual, por exemplo, o empregado conquistou o direito de férias após um ano de trabalho e abriria mão (renunciaria) desse direito já conquistado, o que não é válido no direito do trabalho (conforme previsto no art. 9º da CLT). Em razão do Princípio da Irrenunciabilidade são raríssimos os casos de renúncia de direito na área trabalhista. Um exemplo de renúncia, prevista em lei, é o pedido de transferência para outra cidade, feito pelo dirigente sindical. Nesse caso, como ele foi eleito para desempenhar a função naquela localidade, perderia (renunciaria) o direito à estabilidade, conforme art. 543, 1º, da CLT39. Outro exemplo de renúncia, citado por alguns autores, ocorre na audiência judicial, na presença do juiz do trabalho. Nesse caso, diante das explicações do juiz, o empregado poderia renunciar a direitos já conquistados40. Por fim, a jurisprudência do TST prevê a possibilidade de o trabalhador renunciar ao aviso-prévio, se comprovar que já possui outro emprego, conforme transcrito a seguir: Súmula nº 276 do TST: O direito ao aviso-prévio é irrenunciável pelo empregado. O pedido de dispensa de cumprimento não exime o empregador de pagar o respectivo valor, salvo comprovação de haver o prestador dos serviços obtido novo emprego. A transação, por sua vez, recai sobre direito duvidoso e requer um ato bilateral das partes, concessões recíprocas. Na transação há direitos disponíveis, cujos interesses são meramente particulares. A única possibilidade de transação individual extrajudicial, prevista em lei, está no art. 625-E da CLT, que trata da Comissão de Conciliação Prévia. Nesse caso, é possível que o trabalhador, individualmente, transacione diretamente com seu empregador suas verbas trabalhistas. Fora essa hipótese da Comissão de Conciliação Prévia, nem mesmo com a presença de um representante sindical, a transação individual terá validade para o direito do trabalho. Importante ressaltar que não cabe transação de direitos trabalhistas individuais em Câmaras de Mediação e Arbitragem. A arbitragem ocorre quando as partes elegem um árbitro com poder de decisão, sendo permitida apenas para dissídios coletivos, conforme previsto no art. 114, 1º, da CF/88. O Programa de Demissão Voluntária PDV ou programa de incentivo à demissão voluntária também é tratado, por alguns autores, como hipótese de transação individual de direitos trabalhistas. O PDV tem por objetivo conceder uma vantagem pecuniária ao empregado que se desligar do tra- 39. Art. 543, 1º, da CLT: O empregado perderá o mandato se a transferência for por ele solicitada ou voluntariamente aceita. 40. Poderá, entretanto, o trabalhador renunciar a seus direitos se estiver em juízo, diante do juiz do trabalho, pois nesse caso não se pode dizer que o empregado esteja sendo forçado a fazê-lo. Estando o trabalhador ainda na empresa é que não se poderá falar em renúncia a direitos trabalhistas, pois poderia dar ensejo a fraudes. MAR- TINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 26. ed. São Paulo: Atlas, 2010. p. 69.

Direito do Trabalho 673 balho voluntariamente. É utilizado para reduzir os quadros da empresa e também para colocar fim ao contrato de trabalho. Importante destacar, entretanto, que o TST tem posicionamento no sentido de que a indenização paga no PDV não pode substituir as verbas trabalhistas decorrentes do contrato de trabalho. Aliás, o empregado que adere ao PDV não concede quitação geral do contrato41, podendo, no futuro, discutir parcelas que não foram devidamente quitadas. A seguir será transcrita a jurisprudência do TST: OJ nº 270 da SDI-I do TST. A transação extrajudicial que importa rescisão do contrato de trabalho ante a adesão do empregado a plano de demissão voluntária implica quitação exclusivamente das parcelas e valores constantes do recibo. OJ nº 356 da SDI-I do TST. Os créditos tipicamente trabalhistas reconhecidos em juízo não são suscetíveis de compensação com a indenização paga em decorrência de adesão do trabalhador a Programa de Incentivo à Demissão Voluntária (PDV). Posicionamento doutrinário sobre transação. O posicionamento doutrinário sobre a possibilidade de transação. De acordo com o professor Maurício Godinho Delgado, para as normas de indisponibilidade absoluta não cabe transação individual por atingirem o patamar mínimo civilizatório, por exemplo, o direito à anotação da CTPS, ao salário-mínimo, à incidência das normas de proteção à saúde e segurança do trabalhador42. As normas de indisponibilidade relativa, por sua vez, não atingem o patamar mínimo civilizatório, o interesse é meramente particular. Exemplo de possibilidade de transação individual: forma de pagamento do salário (salário fixo ou salário variável). As parcelas de indisponibilidade relativa não podem ser objeto de renúncia. 4. COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA Finalidade. As Comissões de Conciliação Prévia foram criadas como forma de tentar solucionar os 41. Nesse mesmo sentido, Súmula nº 330 do TST: QUITA- ÇÃO. VALIDADE. A quitação passada pelo empregado, com assistência de entidade sindical de sua categoria, ao empregador, com observância dos requisitos exigidos nos parágrafos do art. 477 da CLT, tem eficácia liberatória em relação às parcelas expressamente consignadas no recibo, salvo se oposta ressalva expressa e especificada ao valor dado à parcela ou parcelas impugnadas. I A quitação não abrange parcelas não consignadas no recibo de quitação e, consequentemente, seus reflexos em outras parcelas, ainda que estas constem desse recibo. II Quanto a direitos que deveriam ter sido satisfeitos durante a vigência do contrato de trabalho, a quitação é válida em relação ao período expressamente consignado no recibo de quitação. 42. DELGADO, Maurício Godinho. Curso do Direito do Trabalho. 9. ed. São Paulo: LTr, 2010. p. 201. conflitos existentes entre empregados e empregadores. Poderão ser criadas pelas empresas ou pelos sindicatos e, caso existam, na mesma localidade e para a mesma categoria, Comissão de Empresa e Comissão Sindical, o interessado deve optar por uma delas. De acordo com o art. 625-A da CLT: As empresas e os sindicatos podem instituir Comissões de Conciliação Prévia, de composição paritária, com representantes dos empregados e dos empregadores, com a atribuição de tentar conciliar os conflitos individuais do trabalho. Conflitos individuais. Essa Comissão poderá conciliar apenas conflitos individuais de trabalho, ou seja, não tem atribuição para firmar acordos em dissídios coletivos. Aliás, é a única forma, prevista em lei, de transação individual (entre empregado e empregador) de verbas trabalhistas. Composição e número de membros. A composição dos membros da Comissão de Conciliação Prévia será paritária, ou seja, o mesmo número de representantes dos trabalhadores e de representantes do empregador. A composição da Comissão em âmbito sindical terá sua constituição e normas definidas em acordo ou convenção coletiva. O número de membros, em âmbito empresarial, será de, no mínimo, 2 e, no máximo, 10 membros. Representante dos empregados. Importante destacar que os representantes dos trabalhadores serão eleitos em votação secreta. Em razão disso, para que não haja perseguição, titulares e suplentes possuirão garantia provisória de emprego (estabilidade), até um ano após o fim do mandato, salvo se cometerem falta grave. Nesse caso, o art. 625-B, 1º, da CLT não prevê a estabilidade dos representantes dos empregados a partir do registro da candidatura, portanto, nas provas objetivas, importante memorizar nos exatos termos da lei. Necessidade de submeter a demanda à Comissão de Conciliação Prévia. Nas localidades onde houver Comissão de Conciliação Prévia, a demanda será submetida à tentativa de conciliação antes de ingressar com a reclamação trabalhista na Justiça do Trabalho (art. 625-D da CLT). Entretanto, o Supremo Tribunal Federal STF entende que é facultativo ao trabalhador a tentativa de conciliação perante a CCP, ou seja, ele poderá ingressar diretamente na Justiça do Trabalho. Prazo e prescrição. Ao submeter a demanda à Comissão, há um prazo de dez dias para realizar a sessão de tentativa de conciliação. Durante esse prazo, a prescrição ficará suspensa. Se não houver conciliação, será fornecida às partes declaração da tentativa conciliatória frustrada, que deverá ser juntada à futura reclamação trabalhista. Termo de conciliação. Se as partes aceitarem a conciliação, será lavrado termo de conciliação. Esse termo terá eficácia liberatória geral, ou

674 Henrique Correia seja, o empregado não poderá rediscutir as matérias objeto de conciliação na Justiça do Trabalho, pois já houve acordo entre as partes. Há exceção, entretanto, no tocante às parcelas expressamente ressalvadas. Eficácia do termo de conciliação. Esse documento terá força de título executivo extrajudicial, isto é, poderá ser executado diretamente na Justiça do Trabalho. A título de exemplo, o termo de conciliação vale como cheque dado pelo empregador: se não for pago, será executado. Na reclamação trabalhista, há necessidade de juntar provas (documentos, testemunhas etc.), por isso o processo é mais demorado. Já na execução, o processo é rápido, pois a instrução é realizada com o título executivo. Para a semana antes da prova do TRT, segue o quadrinho de resumo sobre CCP: Comissão de Conciliação Prévia Objetivo de solucionar con flitos entre empregados e empregadores Podem ser criadas em âm bito empresarial ou sindical Composição da CCP: composição paritária a) Representantes dos empregados b) Representante dos empregadores mínimo 2 e máximo 10 eleição: representantes dos empregados estabilidade titulares e suplentes (representantes dos em pregados) mandato de 1 ano permitido uma recondução Submeter a demanda à CCP: Art. 625-D: demanda será submetida Posicionamento do STF: opção do trabalhador Prazo de 10 dias: tentativa de conciliação Termo de conciliação: a) Eficácia liberatória geral b) Título executivo extrajudicial 5. CARTEIRA DE TRABALHO E PREVIDÊN- CIA SOCIAL Documento obrigatório. Não há formalidade específica para contratar o empregado, pois o contrato de trabalho poderá ser celebrado, inclusive, de forma verbal. Há, entretanto, exigência de um documento obrigatório do empregado, chamado de Carteira de Trabalho e Previdência Social CTPS. Esse documento é utilizado para identificação do empregado, servindo como meio de prova na área trabalhista e previdenciária. A falta de anotação da CTPS não afasta o vínculo empregatício, mas possibilita que a empresa seja autuada pela fiscalização. Prazo para anotação na CTPS. O prazo para assinatura da carteira é de 48 horas, sob pena de pagamento de multa. Nas localidades onde não for emitida a CTPS, o empregado poderá ser admitido para exercer as atividades, pelo prazo de 30 dias. A empresa fica obrigada a permitir o comparecimento do empregado ao posto de emissão mais próximo. Emissão da CTPS. A CTPS será emitida pelas Delegacias Regionais do Trabalho ou, mediante convênio, por órgãos federais, estaduais e municipais. Não sendo firmados convênios com esses órgãos, poderão ser conveniados sindicatos para a emissão da CTPS. O sindicato não poderá cobrar remuneração pela entrega da CTPS, conforme previsto no art. 26 da CLT. Anotações obrigatórias na CTPS. Os acidentes de trabalho são obrigatoriamente anotados pelo INSS na carteira do acidentado, conforme previsto no art. 30 da CLT. Anotações desabonadoras. É proibido ao empregador efetuar anotações desabonadoras à conduta do empregado. Exemplo: empregado que é dispensado por justa causa, com suspeita de furto na empresa ou, ainda, o empregado que falta ao trabalho, injustificadamente. O empregador, mesmo diante dessas condutas, não poderá descrevê-las na CTPS do empregado. Prescrição e CTPS. Na anotação da CTPS, para fins de comprovação perante o INSS, não se aplica o prazo previsto da Constituição Federal, ou seja, o prazo de dois anos a partir do término do contrato de trabalho. Esse direito é imprescritível, conforme previsto no art. 11, 1º, da CLT. 6. EMPREGADO Importância de identificar o empregado. A relação de emprego tem como principal característica a presença do empregado, parte mais fraca da relação jurídica. O Direito do Trabalho foi pensado e criado exatamente para proteger a figura desse trabalhador. Há necessidade, entretanto, de diferenciar o trabalhador em sentido amplo e o trabalhador com vínculo empregatício. A CLT e as demais normas trabalhistas são voltadas apenas à proteção dos direitos do empregado, ou seja, jornada de trabalho, FGTS, férias, descanso semanal remunerado, dentre outros direitos, são direcionados aos empregados, por isso a importância de diferenciá-los dos trabalhadores autônomos, eventuais, estagiários etc. Veja o quadro a seguir, com os 4 requisitos para identificar o empregado:

Direito do Trabalho 675 Proteção Prevista na CF/88 e na CLt Princípios protetivos: Salário-mínimo Limitação da jornada (8 horas diárias) Intervalos Descanso semanal e férias Estabilidade Demais direitos trabalhistas empregado requisitos: Pessoa física (Pessoalidade) Não eventualidade Onerosidade Subordinação *Importante diferenciá-lo dos demais trabalhadores, porque os direitos trabalhistas são direcionados ao empregado. Exclusividade. Não há, na CLT, exigência de que o empregado preste serviços com exclusividade. Não é requisito para configurar o vínculo empregatício que ele trabalhe para apenas um único empregador. Há possibilidade de vários contratos de trabalho, com empresas diversas, simultaneamente. Local da prestação de serviços. O local da prestação de serviços também é irrelevante para configurar o vínculo empregatício. Veja, por exemplo, o trabalhador que presta serviços em domicílio desenvolvendo programas de computador; nessa situação, se houver a presença dos requisitos da relação empregatícia (habitualidade, onerosidade e subordinação), será configurada a relação de emprego, com o pagamento de todos os direitos trabalhistas. Teletrabalho. A CLT foi recentemente alterada, para prever o teletrabalho, ou seja, o trabalho executado a distância. Nesse caso, se as ordens são passadas pelo celular ou e-mail, configura a subordinação e, consequentemente, o vínculo empregatício. Observe a previsão expressa da nova redação do art. 6º da CLT: Art. 6º Não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento do empregador, o executado no domicílio do empregado e o realizado a distância, desde que estejam caracterizados os pressupostos da relação de emprego. Parágrafo único. Os meios telemáticos e informatizados de comando, controle e supervisão se equiparam, para fins de subordinação jurídica, aos meios pessoais e diretos de comando, controle e supervisão do trabalho alheio. Experiência prévia (art. 442-A da CLT). Recentemente, a CLT foi alterada para incentivar o ingresso de novos profissionais no mercado de trabalho. Como forma de proporcionar que trabalhadores, ainda sem experiência, possam ocupar novos postos de trabalho, o empregador está proibido de exigir do candidato comprovação de experiência prévia por tempo superior a 6 meses. 6.1. EMPREGADO RURAL (LEI Nº 5.889/73) Direitos equiparados. Inicialmente, o empregado rural não possuía os mesmos direitos dos empregados urbanos. Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, ocorreu a equiparação de direitos entre empregados urbanos e rurais. Prescrição para o empregado rural. Houve alteração do art. 7º, XXIX, da CF/88, e o prazo prescricional do trabalhador rural passou a ser o mesmo do urbano: dois anos para ingressar com a ação judicial, após a extinção do contrato, com possibilidade de pleitear os direitos trabalhistas, dos últimos cinco anos, a contar da propositura da ação. 6.1.1. PECULIARIDADES DOS EMPREGA- DOS RURAIS Aviso-prévio. O aviso-prévio é dado pela parte (empregado ou empregador) que decidir pôr fim à relação empregatícia. Se a iniciativa partir do empregador, a legislação trabalhista prevê a redução da jornada de trabalho, como forma de proporcionar ao trabalhador a busca por um outro emprego. O empregado rural notificado da dispensa sem justa causa tem direito à redução de 1 dia por semana para buscar novo emprego, sem prejuízo da sua remuneração. Intervalo intrajornada. O intervalo concedido ao empregado rural para descanso e refeição, na jornada superior a seis horas, será de acordo com os usos e costumes da região. Cabe frisar, entretanto, que o TST tem-se posicionado no sentido de que o empregado rural que tenha jornada superior a seis horas diárias possui o direito ao intervalo de, no mínimo, 1 hora. Caso não seja concedido esse intervalo mínimo, haverá o pagamento de horas extras, com base no art. 71, 4º, da CLT. Trabalho noturno. O ser humano não possui hábitos noturnos. Assim sendo, o trabalho noturno deve conter aspectos mais protetivos e possuir remuneração superior à do diurno. O horário noturno será de acordo com a atividade desenvolvida: a) na pecuária inicia-se às 20 horas e termina às 4 horas; b) na agricultura, a jornada será das 21 horas às 5 horas. A hora noturna rural, ao contrário do que acontece com o trabalhador urbano, não é reduzida, ou seja, a hora terá duração de 60 minutos. Durante a jornada noturna há