Formulação de Programação Linear Inteira para o Problema de Particionamento em Conjuntos Convexos

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Transcrição:

Formulação de Programação Linear Inteira para o Problema de Particionamento em Conjuntos Convexos Teobaldo L. Bulhões Júnior a a Instituto de Computação, Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, Brazil tbulhoes@ic.uff.br Resumo Dado um grafo G = (V, E), um conjunto S V é dito convexo se, para quaisquer dois vértices u, v S, todo vértice w que está contido em algum caminho mínimo entre u e v também pertence a S. Este trabalho trata do Problema de Particionamento em Conjuntos Convexos, o qual consiste em particionar o conjunto de vértices de um grafo G em um número mínimo de conjuntos convexos. A solução com apenas um conjunto convexo não é válida, do contrário o problema seria trivial. É apresentada uma formulação de programação linear inteira para o problema, bem como experimentos preliminares com grafos aleatórios.. Introdução Seja G = (V, E) um grafo simples. Um conjunto S V é dito convexo se, para quaisquer dois vértices u, v S, todo vértice w que está contido em algum caminho mínimo entre u e v também pertence a S. Este trabalho trata do Problema de Particionamento em Conjuntos Convexos (PPCC), o qual consiste em particionar o conjunto de vértices de um grafo G em um número mínimo de conjuntos convexos. A solução com apenas um conjunto convexo não é válida, do contrário o problema seria trivial. Um grafo é dito p-convexo se ele pode ser particionado em exatamente p conjuntos convexos. Em [], é mostrado que é NP-Completo decidir se um grafo simples G é p-convexo, para um p fixo. Além disso, dentre outros resultados teóricos, os autores mostraram que: (i) todo grafo cordal é Email: tbulhoes@ci.ufpb.br (Teobaldo L. Bulhões Júnior) June 9, 0

p-convexo, para qualquer valor de p; (ii) é possível verificar em tempo linear se um cografo é p-convexo, para qualquer valor de p. Este trabalho propõe uma formulação de programação linear inteira para o PPCC, a qual é apresentada na Seção. A Seção apresenta alguns resultados obtidos em grafos aleatórios.. Formulação Matemática Seja G = (V, E) o grafo de entrada. Para cada par de vértices i, j V com i < j, seja P (i, j) = {w V \ {i, j} w pertence a algum caminho mínimo entre i e j}. Observe que os conjuntos P (i, j) podem ser computados em tempo O( V ) através do algoritmo de Floyd-Warshall. Ainda para os vértices i e j, defina uma variável binária x ij, a qual assume o valor caso eles pertençam ao mesmo conjunto convexo da solução. Além disso, defina uma variável binária y j para cada vértice j V, a qual assume o valor caso o vértice j seja o representante do seu conjunto convexo na solução. O representante de um conjunto convexo C é o vértice de C que possui o menor índice. As variáveis y j servem apenas para contar o número de conjuntos convexos da solução. Considere a seguinte formulação, denotada por F. (F ) min j V y j () s.a. x wi x ij, i, j V, i < j, w P (i, j) () x wj x ij, i, j V, i < j, w P (i, j) () y j x ij, i, j V, i < j () y j x ij, j V, () i<j y j, () j V x ij {0, }, i, j V, i < j, (7) y j {0, }, j V. (8) A função objetivo () minimiza o número de conjuntos convexos da solução. As restrições () e () determinam que, se os vértices i e j estão em

um mesmo conjunto convexo C da solução (i.e., x ij = ), então todo vértice w que pertence a algum caminho mínimo entre i e j também pertence a C ou seja, x iw = x jw =. As restrições () e () determinam quando um vértice j é o representante de seu conjunto convexo. Se algum vértice i V tal que i < j pertence ao mesmo conjunto convexo que j, então j não é o representante de seu conjunto convexo (restrições ()). Por outro lado, se nenhum vértice i V tal que i < j pertence ao mesmo conjunto convexo que j, então j é o representante de seu conjunto convexo (restrições ()). A restrição () proíbe a solução trivial, que é a solução com apenas um conjunto convexo. Por fim, (7) e (8) definem os domínios das variáveis. A formulação (F ) produz uma particionamento em conjuntos convexos do grafo G, sendo cada partição definida por uma componente conexa do grafo solução Ḡ = (V, E), onde V = V e E = {(i, j) i, j V, i < j, x ij = }. Porém, essa formulação não é correta, pois nela não há a correspondência entre representante e conjunto convexo. Isto é, em uma solução da formulação F, é possível que dois vértices que pertencem a um mesmo conjunto convexo sejam representantes de conjunto. A Figura mostra um exemplo de um solução com apenas um conjunto convexo, mas com duas variáveis y j iguais a. (a) (b) Figura : (a) Instância do problema. (b) Solução obtida por F com apenas um conjunto convexo, mas com dois representantes (destacados em cinza). Devemos garantir então que cada componente conexa do grafo solução possua exatamente um representante. Uma maneira é transformar o grafo solução em uma união disjunta de cliques através da adição das desigualdades triangulares:

x ij + x ik + x jk, i, j, k V, i < j < k, (9) x ij x ik + x jk, i, j, k V, i < j < k, (0) x ij + x ik x jk, i, j, k V, i < j < k, () Observe que as desigualdades (9)-() garantem que a solução não contém P como subgrafo induzido, ou seja, cada componente do grafo solução é uma clique. Claramente, uma clique possui apenas um representante. A Figura exibe a solução obtida por F para a instância da Figura (a) após a adição das desigualdades triangulares. Figura : Nova solução obtida por F para a instância ilustrada na Figura (a) após a adição das desigualdades triangulares. Outra forma de garantir que os representantes pertencem a componentes distintas do grafo solução é através da adição das desigualdades de árvore. Seja T uma árvore tal que V (T ) V (G). Então: x ij V (T ) y j () (i,j) E(T ) j V (T ) Observe que, como qualquer aresta (i, j) pode existir na solução (independente dela existir no grafo de entrada ou não), as arestas da árvore T não estão necessariamente contidas no grafo de entrada.. Experimentos Esta seção reporta alguns resultados obtidos com a formulação descrita na Seção. A forma adotada para garantir que os representantes estão desconectados no grafo solução foi através das desigualdades triangulares, que são mais fáceis de serem implementadas. A formulação foi implementada em C++, utilizando o CPLEX. como resolvedor de problemas de programação inteira.

.. Geração de instâncias As instâncias geradas seguem o modelo aleatório de Gilbert []. Nesse modelo, obtemos um grafo G(n, p) com n vértices no qual cada possível aresta existe com uma probabilidade p. Dessa forma, o parâmetro p pode ser visto como a densidade esperada para o grafo G(n, p)... Impacto da densidade Esta seção discute brevemente o impacto da densidade no tamanho mínimo de um particionamento em conjuntos convexos de um grafo G. Para isso, foram gerados 0 grafos G(0, p), com p {0., 0.,..., }. Vale ressaltar que a pesquisa em questão é muito incipiente. O objetivo desta seção não é apresentar conclusões sólidas a respeito do impacto da densidade na dificuldade das instâncias, mas sim gerar uma discussão em sala sobre o assunto. A Figura apresenta os custos ótimos das 0 instâncias em questão. Se considerarmos a métrica de dificuldade como sendo número mínimo de conjuntos convexos, podemos perceber que os grafos de densidade moderada (em torno de 0.) são os mais difíceis. Também podemos perceber que a dificuldade da instância diminui a medida que a densidade se aproxima de. 9 Número de conjuntos convexos 8 7 0 0. 0. 0. 0. 0. 0. 0.7 0.8 0.9 Densidade Figura : Custos ótimos para 0 instâncias com 0 vértices e densidades d {0., 0.,..., }

Referências [] D. Artigas, S. Dantas, M. Dourado, J. Szwarcfiter, Partitioning a graph into convex sets, Discrete Mathematics (7) (0) 98 977. [] E. N. Gilbert, Random graphs, in: Annals of Mathematical Statistics, vol., 99, pp..