BOLETIM ANUAL DE ESTATÍSTICAS DO ORÇAMENTO GERAL DO ESTADO



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Transcrição:

REPÚBLICA DE ANGOLA MINISTÉRIO DAS FINANÇAS GABINETE DE ESTUDOS E RELAÇÕES ECONÓMICAS INTERNACIONAIS (GEREI) BOLETIM ANUAL DE ESTATÍSTICAS DO ORÇAMENTO GERAL DO ESTADO 2008 Luanda, Dezembro de 2009

Boletim de Estatísticas do Orçamento Geral do Estado Publicação do Gabinete de Estudos e Relações Económicas Internacionais Ministério das Finanças Largo da Mutamba Palácio das Finanças C. P. 1 235, Luanda - Angola Tel.: + (244) 222 33 52 50 Fax: + (244) 222 33 52 50 Email: gerei@minfin.gv.ao URL: http://www.minfin.gv.ao Edição e Distribuição (gratuita) pelo Centro de Documentação e Informação (cdi@minfin.gv.ao) Ficha técnica: Manuel Neto da Costa, Director do GEREI e Coordenador da UPF Arlete de Sousa, Chefe de Departamento de Estatística do GEREI e Responsável pela área de Estatísticas da UPF Gardiana Melo, Técnica Superior do GEREI e Responsável pela área de Acompanhamento da UPF Alexandre Manuel, Técnico Superior do GEREI e da UPF Cláudio Amaral, Técnico Superior do Departamento de Estatística do GEREI e da UPF Nsimba Simão, Técnica Superior da Direcção Nacional de Contabilidade e da UPF 2

APRESENTAÇÃO A presente publicação constitui a edição referente ao ano de 2008 dos Boletins de Estatísticas do Orçamento Geral do Estado Anuais, cuja publicação iniciou em 2007 com a edição referente ao ano de 2006. Com o conjunto de dados sobre o Orçamento Geral do Estado que aqui são disponibilizados, esperamos continuar a satisfazer com as limitações que reconhecemos ainda existirem as necessidades de informação de vários utilizadores relativamente às Finanças Públicas. Entretanto, porque ainda se mantêm os constrangimentos que nos impediram até agora de publicar edições trimestrais, reiteramos o nosso empenho em tornar tal facto realidade, tão logo as condições o permitam. Luanda, Dezembro de 2009. 3

ÍNDICE ÍNDICE... 4 NOTA METODOLÓGICA... 6 ABREVIATURAS E ACRÓNIMOS... 8 SÍNTESE DE INDICADORES ECONÓMICOS DE ANGOLA... 9 RESUMO... 10 CAPÍTULO 1. CENÁRIO INTERNACIONAL... 12 1.1. CONJUNTURA ECONÓMICA... 12 1.1.1. Produto Mundial... 12 1.1.2. Inflação... 13 1.1.3. Taxas de Juro... 14 1.2. COMÉRCIO INTERNACIONAL... 15 1.3. ECONOMIA PETROLÍFERA... 16 1.3.1. Produção... 16 1.3.2. Preço... 16 CAPÍTULO 2. CENÁRIO NACIONAL... 18 2.1. SECTOR REAL... 18 2.1.1. Produto Interno Bruto... 18 2.1.2. Composição Sectorial do PIB... 19 2.1.3. Produção Petrolífera... 20 2.2. NÍVEL GERAL DE PREÇOS... 21 2.3. SECTOR MONETÁRIO... 22 2.3.1. Agregados Monetários... 22 2.3.2. Taxas de Juro... 23 2.4. SECTOR EXTERNO... 24 2.4.1. Balança de Pagamentos... 24 2.4.2. Reservas Internacionais Líquidas... 25 2.4.3. Endividamento Externo... 25 2.4.4. Taxas de Câmbio... 25 CAPÍTULO 3. QUADRO FISCAL... 26 3.1. RECEITA E DESPESA DO ESTADO POR NATUREZA ECONÓMICA... 26 3.2. DESPESA DO ESTADO POR FUNÇÃO... 34 CAPÍTULO 4. ESTATÍSTICAS DO ORÇAMENTO GERAL DO ESTADO... 40 1. Resumo das Receitas e Despesas por Natureza Económica... 41 2. Resumo das Despesas por Função... 46 3. Receitas por Natureza Económica... 49 4. Despesas por Natureza Económica... 58 5. Despesas por Função... 65 6. Despesas por Local... 72 7. Despesas por Unidade Orçamental... 74 4

TABELAS TABELA 1. PRODUTO INTERNO BRUTO MUNDIAL, 2006-2008... 12 TABELA 2. INFLAÇÃO MUNDIAL, 2006-2008... 13 TABELA 3. TAXAS DE JURO MUNDIAIS, 2006-2008... 14 TABELA 4. COMÉRCIO MUNDIAL, 2006-2008... 15 TABELA 5. PRODUÇÃO PETROLÍFERA MUNDIAL, 2006-2008... 16 TABELA 6. PREÇOS INTERNACIONAIS DO PETRÓLEO BRUTO, 2006-2008... 17 TABELA 7: ANGOLA: PRODUTO INTERNO BRUTO, 2006-2008... 18 TABELA 8: PRODUÇÃO PETROLÍFERA DE ANGOLA, 2006-2008... 20 TABELA 9: ANGOLA: SECTOR MONETÁRIO, 2006-2008... 22 TABELA 10: ANGOLA: BALANÇA DE PAGAMENTOS, 2006-2008... 24 TABELA 11: RECEITA E DESPESA DO ESTADO POR NATUREZA ECONÓMICA, 2006-2008 (PREÇOS CORRENTES)... 30 TABELA 12: RECEITA E DESPESA DO ESTADO POR NATUREZA ECONÓMICA, 2006-2008 (A PREÇOS CONSTANTES DE 2006)... 31 TABELA 13: VARIAÇÃO ANUAL DA RECEITA E DA DESPESA DO ESTADO POR NATUREZA ECONÓMICA, 2006-2008... 31 TABELA 14: ESTRUTURA DA RECEITA E DA DESPESA DO ESTADO POR NATUREZA ECONÓMICA, 2006-2008... 32 TABELA 15: RECEITA E DESPESA DO ESTADO POR NATUREZA ECONÓMICA, 2006-2008 (EM PERCENTAGEM DO PIB)... 32 TABELA 16. GRAU DE EXECUÇÃO DAS RECEITAS E DESPESAS DO ESTADO POR NATUREZA ECONÓMICA, 2006-2008 (EM PERCENTAGEM)... 33 TABELA 17: DESPESA DO ESTADO POR FUNÇÃO, 2006-2008... 36 TABELA 18: DESPESA DO ESTADO POR FUNÇÃO, 2006-2008 (A PREÇOS CONSTANTES DE 2006)... 37 TABELA 19: VARIAÇÃO ANUAL DA DESPESA DO ESTADO POR FUNÇÃO, 2006-2008 (A PREÇOS CONSTANTES DE 2006)... 37 TABELA 20: ESTRUTURA DA DESPESA DO ESTADO POR FUNÇÃO, 2006-2008 (EM PERCENTAGEM DO TOTAL)... 38 TABELA 21: DESPESA DO ESTADO, 2006-2008... 38 TABELA 22: GRAU DE EXECUÇÃO DA DESPESA DO ESTADO POR FUNÇÃO, 2006-2008 (EM PERCENTAGEM)... 39 GRÁFICO 1. TAXA DE CRESCIMENTO REAL DO PIB POR SECTORES, 2008 (EM PERCENTAGEM)... 19 GRÁFICO 2. COMPOSIÇÃO SECTORIAL DO PIB, 2008... 19 GRÁFICO 3. ANGOLA: PRODUÇÃO PETROLÍFERA MENSAL... 20 GRÁFICO 4: TAXA DE INFLAÇÃO DEZEMBRO 1991 - DEZEMBRO 2008... 21 GRÁFICO 5: RECEITA E DESPESA DO ESTADO, 2006-2008... 26 GRÁFICO 6: EVOLUÇÃO DA RECEITA PETROLÍFERA E NÃO-PETROLÍFERA DO ESTADO, 2006-2008... 27 GRÁFICO 7: COMPOSIÇÃO DA RECEITA NÃO-PETROLÍFERA DO ESTADO, 2006-2008 (EM PERCENTAGEM DO PIB)... 27 GRÁFICO 8. COMPOSIÇÃO DAS DESPESAS DO ESTADO, 2006-2008... 28 GRÁFICO 9: SALDOS DAS CONTAS FISCAIS, 2006-2008... 29 GRÁFICO 10: VARIAÇÃO ANUAL DAS DESPESAS DO ESTADO POR FUNÇÃO, 2006-2008 (A PREÇOS CONSTANTES DE 2006)... 34 GRÁFICO 11: ESTRUTURA DA DESPESA DO ESTADO POR FUNÇÃO EM 2008... 35 5

Nota Metodológica 01. Do ponto de vista da metodologia de Estatísticas das Finanças Públicas a sub-sectorização do Sector Público obedece à seguinte estrutura: 1. Administrações Públicas 1.1. Administração Central 1.1.1. Estado 1 1.1.1.1. Governo Central 1.1.1.2. Governos Locais 1.1.2. Fundos e Serviços Autónomos 1.1.3. Instituições sem fins lucrativos financiadas principalmente pela Administração Central 1.2. Fundos de Segurança Social 2. Sociedades Não-Financeiras Públicas 2.1. Com capitais exclusivamente públicos 2.2. Participadas maioritariamente pelo sector público 3. Sociedades Financeiras Públicas 3.1. Com capitais exclusivamente públicos 3.1.1. Banco Central 3.1.2. Outras sociedades financeiras exclusivamente públicas 3.2. Participadas maioritariamente pelo Sector Público 02. As estatísticas do Orçamento Geral do Estado que aqui se apresentam correspondem apenas ao Estado (Governo Central e Governos Locais) e às transacções deste com outros subsectores do Sector Público, conforme este se apresenta estruturado, pois a Contabilidade Pública ainda não consolida os dados do Sector Público ou mesmo das Administrações Públicas, por incorporação de outros sub-sectores além do Estado. 03. Importa referir que os Governos Locais (Governos Provinciais e Administrações Municipais) figuram na Administração Central em razão de, do ponto de vista jurídico-legal e factual, eles constituírem poderes desconcentrados da Administração Central, pelo que são considerados, do ponto de vista metodológico do tratamento estatístico, como uma extensão do Governo Central. 04. A maior parte dos dados de execução orçamental que se apresentam no Capítulo 4- Estatísticas do OGE corresponde a dados contabilísticos que têm por fonte o Sistema Integrado de Gestão das Finanças Públicas (SIGFE), estando contabilizados na perspectiva de Fluxos de Entrada e de Saída; já os dados que se apresentam no Capítulo 3-Quadro Fiscal têm uma perspectiva macroeconómica, tendo sido aí agregados aos dados do SIGFE outros dados estatísticos não registados no SIGFE. Daí que existirão algumas diferenças entre os totais de um e doutro capítulo. 1 Estado como pessoa colectiva pública que, no seio da comunidade nacional, desempenha a actividade administrativa, sob a direcção do Governo. Para além do Estado existem outras pessoas colectivas públicas integradas no sub-sector dos Fundos e Serviços Autónomos e Fundos de Segurança Social. 6

05. Há ainda a referir o seguinte: a) As tabelas a preços constantes expressam os valores correntes de cada ano, convertidos em kwanzas do ano base (2006), tendo como deflactor o Índice de Preços no Consumidor de Luanda, apurado pelo Instituto Nacional de Estatística; b) As tabelas com valores em USD têm como referência o dólar dos E.U.A. e expressam os dados de cada ano nos valores correntes nessa moeda; c) As tabelas expressas em percentagem do PIB referem-se ao rácio dos valores em relação ao Produto Interno Bruto para o ano em referência; e d) As séries representadas abrangem 3 anos e referem-se aos anos de 2006, 2007 e 2008. 7

Abreviaturas e Acrónimos B.N.A. B.T. E.U.A. F.M.I. F.O.B. G.E.R.E.I. I.N.E. I.P.C. Kz ME MINFIN MN OT OGE OPEP PIB SADC SIGFE TBC UPF US$ Banco Nacional de Angola Bilhetes do Tesouro Estados Unidos da América Fundo Monetário Internacional Free-on-board (Incoterm) Gabinete de Estudos e Relações Económicas Internacionais Instituto Nacional de Estatística Índice de Preços ao Consumidor Kwanza (moeda nacional angolana) Moeda Estrangeira Ministério das Finanças Moeda Nacional Obrigações do Tesouro Orçamento Geral do Estado Organização dos Países Exportadores de Petróleo Produto Interno Bruto Southern African Development Community (Comunidade para Desenvolvimento da África Austral) Sistema Integrado de Gestão Financeira do Estado Títulos do Banco Central Unidade de Programação Fiscal (Projecto de Capacitação do GEREI) Dólar dos Estados Unidos da América 8

Síntese de Indicadores Económicos de Angola 2006 2007 2008 Sector Real PIB preços correntes de mercado (mil milhões de Kz)* 3.990,3 4.637,7 6.373,7 PIB a preços correntes de mercado (mil milhões de US$) * $49,7 $60,5 $81,8 Taxa de crescimento real do PIB * (%) 18,6% 23,3% 13,8% Taxa de crescimento real do Sector petrolífero (%) 13,1% 20,4% 12,3% Taxa de crescimento real do Sector não-petrolífero (%) 25,7% 25,7% 20,5% Composição do PIB * (%) 100% 100% 100% Agricultura, Pecuária e Pescas 7,3% 7,7% 8,2% Petróleo Bruto e Gás 55,7% 55,8% 58,3% Diamantes e outras extractivas 2,3% 1,8% 1,2% Indústria Transformadora 4,8% 5,3% 6,6% Energia Eléctrica 0,1% 0,1% 0,1% Construção 4,3% 4,9% 4,4% Serviços 25,1% 24,1% 21,4% Sector Fiscal (em percentagem do PIB * ) Receita total 42,2% 45,8% 50,5% Impostos 39,8% 44,3% 48,2% Petrolíferos 33,8% 37,1% 40,8% Não-petrolíferos 6,0% 7,1% 7,3% Outras Receitas 2,4% 1,6% 2,3% Despesa total 32,3% 34,5% 41,6% Despesa corrente 21,4% 23,0% 27,6% Aquisição líquida de activos não financeiros 10,9% 11,5% 14,0% Saldo Corrente 20,9% 22,8% 22,8% Saldo Global (óptica do compromisso) 9,9% 11,3% 8,8% Sector Monetário Meios de pagamento: M3 (taxas de crescimento) 59,5% 49,3% 104,3% Moeda e quase-moeda: M2 (taxas de crescimento) 57,3% 38,6% 66,2% Moeda: M1 (taxas de crescimento) 51,1% 49,6% 74,2% Taxa de inflação anual acumulada (%) 12,2% 11,8% 13,2% Taxas de juro dos bancos comerciais (depósitos a 90 dias) 3,8% 7,4% 4,5% Taxas de juro títulos do Banco Central a 91 dias (%) 6,3% 14,9% 14,6% Obrigações do Tesouro em MN (regul. da dívida interna) 4,0% 4,0% 4,0% Activos internos líquidos (em mil milhões de kwanzas) -235,1 7,7 620,7 Taxa de câmbio oficial Kz/US$ (média anual) 80,4 76,7 77,9 Sector Externo (em mil milhões de dólares) Balança Global 7,0 3,1 5,6 Conta corrente 10,7 9,4 6,4 Conta Comercial 23,1 30,7 42,9 Exportações, f.o.b. 31,9 44,4 63,9 Sector petrolífero 30,5 43,0 62,5 Importações, f.o.b. -8,8-13,7-21,0 Conta de capital e financeira -5,6-5,9 0,6 Activos externos líquidos 11,5 13,6 19,5 Stock de Reservas Internacionais Líquidas 8,2 11,2 17,5 Stock da dívida externa 7,5 9,8 13,9 Stock da dívida externa (em percentagem do PIB) 15,1% 16,2% 17,0% Produção petrolífera anual (em milhões de barris) 514,6 618,9 695,7 Preço médio ponderado do barril de petróleo angolano (em US$) $61,4 $70,8 $93,7 Fonte: Ministério das Finanças, Instituto Nacional de Estatística, Ministério do Planeamento e Banco Nacional de Angola. * Nota: Os dados do Produto Interno Bruto de Angola, são provisórios e estão sujeitos a revisão. 9

Resumo O ano de 2008 foi um dos mais conturbados para a economia mundial, tendo sido caracterizado pelo alastramento da crise do mercado hipotecário americano às bolsas e mercados mundiais e pela entrada em recessão das principais economias dos países avançados, dando início à maior crise desde a grande depressão ocorrida em finais da década de 20. Assistiu-se, nomeadamente, ao colapso de instituições bancárias de envergadura e a um congelamento generalizado do crédito. Em consequência, a economia mundial cresceu, em termos reais, 3,2%, substancialmente abaixo do seu potencial. O ano pode ser dividido em dois períodos: o primeiro, correspondente aos primeiros sete meses do ano, caracterizou-se pela alta do preço do petróleo, forte valorização dos valores mobiliários, pela acentuada desvalorização do dólar, por taxas de juros elevadas e por uma progressão considerável da inflação; a segunda fase, relativa aos restantes cinco meses, foi marcada por resultados negativos de companhias aéreas e de automóveis, pela falência de empresas do sector financeiro, imobiliário e da construção, pelo colapso do preço do petróleo, por quedas consideráveis das bolsas de valores, por vagas de supressão de empregos e pela adopção de planos governamentais de salvamento bilionários. No que se refere à economia nacional, o balanço foi bastante positivo pois o Produto Interno Bruto(PIB) aumentou, em termos reais, 13,8%, em 2008, para Kz 6.373,7 mil milhões (US$ 81,8 mil milhões), o seu valor mais elevado desde a independência. Porém, a taxa de crescimento registada foi inferior às taxas constatadas nos três anos anteriores. O produto do sector não-petrolífero progrediu 20,5%, e o do Sector Petrolífero cresceu 12,3%, o ritmo mais reduzido desde 2005. Os sectores mais dinâmicos da economia foram os Serviços Mercantis, Energia e Construção. Todavia, os sectores das Pescas e dos Diamantes assinalaram um recuo. A produção anual de petróleo bruto totalizou 695,7 milhões de barris, o que correspondeu a uma produção média diária de 1,901 milhões de barris e a um crescimento de cerca de 12,3% com relação a 2007. O preço médio de exportação do petróleo bruto angolano situouse em US$ 93,7. A inflação acumulada anual, medida pelo índice de preços ao consumidor de Luanda, foi de 13,2%, assinalando um aumento e estabelecendo-se acima da meta de 10%, devido a deficiências de índole estrutural, à forte expansão dos meios de pagamento, e à inflação importada. A taxa de câmbio do kwanza em relação ao dólar norte-americano registou uma ligeira depreciação nominal nos mercados formais e informais. A taxa de câmbio oficial média anual em relação ao dólar americano, designadamente, aumentou de Kz 76,7, em 2007, para Kz 77,9 em 2008. O Saldo da Conta Corrente da Balança de Pagamentos registou um excedente de US$ 6,4 mil milhões, o que contudo foi menor do que o superávit de US$ 9,4 mil milhões registado em 2007. As Reservas Internacionais Líquidas totalizaram US$ 17,5 mil milhões, o que representou um aumento de US$ 6,3 mil milhões com relação a 2007. O Stock da Dívida 10

externa do Governo cresceu de US$ 7,5 mil milhões, em 2007, para US$ 13,9 mil milhões, em 2008, o equivalente a 17,0% do PIB de 2008. Relativamente às finanças públicas, a Receita atingiu o valor de Kz 3.217,4 mil milhões (US$ 41,3 mil milhões), assinalando um crescimento de 33,8%, medido em valores de 2006. A Despesa aumentou 46,6%, em termos reais, perfazendo Kz 2.653,8 mil milhões (US$ 34,1 mil milhões). A Receita petrolífera representou 80,9% da Receita total e a Despesa corrente constituiu 65,0 % da despesa total. O Saldo Global na óptica de compromisso foi de um superávit de Kz 563,6 mil milhões (US$ 7,2 mil milhões), equivalente a 8,8% do PIB, o que representou uma redução de 2,5 pontos percentuais do PIB. No que se refere à execução do OGE, em 2008, o nível de realização da Receita fixou-se em 160,0% do valor orçamentado, com os Impostos Petrolíferos e os Impostos não-petrolíferos a assinalarem, respectivamente, uma execução de 165,4% e 129,8%. A execução global da Despesa, pela primeira vez desde 2004, não ficou aquém dos valores autorizados, em virtude da Despesa Corrente e a Aquisição líquida de activos não financeiros assinalarem um percentual de realização de 113,4% e de 95,9% do total orçamentado. 11

Capítulo 1. Cenário Internacional 1.1. Conjuntura Económica 1.1.1. Produto Mundial BOLETIM DE ESTATÍSTICAS DO OGE, 2008 Em 2008, a economia mundial cresceu, em termos reais, 3,2%, assinalando um abrandamento com relação às robustas taxas de crescimento, na ordem de 5,0%, verificadas desde 2004, em consequência da crise de sub-prime 2 no mercado imobiliário norteamericano, que se desencadeou no segundo semestre de 2007 e se estendeu, em 2008, aos sectores financeiros mundiais. No final do ano, as principais economias avançadas anunciaram uma contracção do seu produto em dois trimestres sucessivos referentes à última parte do ano. Tabela 1. Produto Interno Bruto Mundial, 2006-2008 2006 2007 2008 Produto Interno Bruto Mundial (taxas de crescimento em termos reais) Mundo 5,1% 5,2% Mundo 3,2% Economias avançadas 3,0% 2,7% 0,9% Estados Unidos 2,8% 2,0% 1,1% Área Euro 2,9% 2,7% 0,9% Outras economias 8,0% 8,3% 6,1% África 6,1% 6,2% 5,2% SADC 7,0% 7,2% 5,3% Angola 18,6% 23,3% 13,8% América Latina 5,7% 5,7% 4,2% Ásia em desenvolvimento 9,8% 10,6% 7,7% Comunidade de Países Independentes 8,4% 8,6% 5,5% Europa Central e de Leste 6,6% 5,4% 2,9% Médio Oriente 5,7% 6,3% 5,9% (em mil milhões de dólares dos E.U.A.) Produto mundial a taxas de câmbio de mercado $48.761 $54.841 $60.690 Produto de Angola a taxas de câmbio de mercado $49,7 $60,5 $81,8 Fonte: Fundo Monetário Internacional Nos Estados-Unidos e na Zona Euro, o crescimento do produto, em 2008, situou-se em 1,1 % e 0,9 %, respectivamente. O afrouxamento foi notável tendo em consideração que, em 2007, o produto havia aumentado 2,0% nos Estados Unidos e 2,7% na Zona Euro. Nas economias em desenvolvimento constatou-se, igualmente, um abrandamento mas de menor amplitude. As regiões do globo de maior crescimento foram a Ásia, o Médio Oriente e a Comunidade de Estados Independentes, que assinalaram um aumento do produto de 7,7%, 6,1% e 6,0%, respectivamente. A China e a Índia acusaram, contudo, uma diminuição considerável, em 2008, das suas taxas de crescimento reais, que se situaram em 9,0% e 7,3%, respectivamente. Apesar da redução registada, as taxas de progressão do Produto Interno Bruto dos dois gigantes asiáticos permaneceram elevadas. 2 Crédito hipotecário concedido a indivíduos com baixa capacidade de pagamento. 12

1.1.2. Inflação Registou-se, em 2008, um aumento global das pressões inflacionistas que impulsionaram a inflação para 3,5%, nas economias avançadas, e 9,2%, nas economias em desenvolvimento os níveis mais elevados numa década. Porém, na segunda metade de 2008, constatou-se uma desaceleração da inflação devido ao desencadear da crise e à subsequente queda da demanda de commodities 3. O aumento da taxa de inflação, em 2008, proveio do aumento considerável dos preços dos produtos agrícolas, petrolíferos e minerais, ocorrido no primeiro semestre. O preço do arroz, trigo e óleos vegetais, nomeadamente, mais do que duplicaram. O preço médio do arroz aumentou, no espaço de alguns meses, de US$ 373,0 para US$ 760,0 a tonelada, e o preço do barril de petróleo atingiu US$145,0. Tabela 2. Inflação mundial, 2006-2008 2006 2007 2008 Inflação mundial (taxa anual acumulada) Economias avançadas 2,4% 2,2% 3,4% Estados Unidos 3,2% 2,9% 3,8% Zona Euro 2,2% 2,1% 3,3% Outras Economias 5,4% 6,4% 9,3% África 6,3% 6,3% 10,1% SADC 14,6% 8,2% 0,0% Angola 12,2% 11,8% 13,2% América Latina 5,3% 5,4% 7,9% Ásia em desenvolvimento 4,2% 5,4% 7,4% Comunidade de Países Independentes (incl. Mongólia) 9,4% 9,7% 15,6% Europa Central e de Leste 5,7% 6,1% 8,0% Médio Oriente 6,8% 10,5% 15,6% (taxa de inflação média anual) Economias avançadas 2,2% 2,1% 3,8% Outras Economias 6,1% 6,3% 10,4% Fonte: Fundo Monetário Internacional Na origem da subida dos preços dos produtos de base estiveram o aumento da demanda designadamente em proveniência dos países emergentes, o acréscimo da produção de bio-combustíveis nos países desenvolvidos, o aumento do custo de exploração do petróleo bruto, o baixo rendimento das aplicações em dólares que induziu a transferência dos investimentos para os mercados de commodities e factores climáticos secas e inundações que afectaram negativamente a produção. Apesar do aumento da inflação ter sido constatado em praticamente todos os países do mundo, o impacto foi mais significativo nos países importadores líquidos de petróleo e de alimentos, que observaram, consequentemente, uma deterioração dos termos de troca e das suas contas correntes. Nos países exportadores de petróleo, como Angola, o aumento da inflação derivou do crescimento da demanda nacional e de constrangimentos infraestruturais. 3 Produtos de base. 13

1.1.3. Taxas de Juro No que respeita às taxas de juro, os Bancos Centrais mostraram-se bastante dinâmicos em 2008, dada a necessidade de intervenção nos mercados monetários para facilitar o acesso ao crédito e relançar a crescimento económico. A Reserva Federal dos Estados-Unidos e o Banco Central Europeu, nomeadamente, procederam a frequentes reduções das suas taxas directoras, sete vezes, no caso da Reserva Federal, e quatro vezes, no caso do Banco Central Europeu. A Reserva Federal, logo no início do ano, interveio fora do período das suas reuniões regulares, o que constituiu a primeira vez desde os ataques terroristas de 11 de Setembro de 2001. Em Outubro, num exemplo sem precedente de coordenação entre Bancos Centrais, a Reserva Federal norte-americana e o Banco Central Europeu, os Bancos Centrais do Reino Unido, Canadá, Suíça e Suécia, cortaram simultaneamente as suas taxas de referência em 0,5 pontos percentuais. No final do ano, a Reserva Federal reduziu a sua taxa de juros de entre 0,75% e 1,0%, para uma margem entre 0% e 0,25% ao ano, o menor patamar de sua história. Na sequência das reduções das taxas de base dos Bancos Centrais e da injecção de liquidez nas economias, por intermédio, nomeadamente, da adopção de planos de emergência de estabilização económica de grande escala, as taxas de juro de curto prazo, no final de 2008, foram substancialmente inferiores em cerca de 30%, à média do ano, e situaram-se significativamente abaixo dos níveis verificados nos anos anteriores (vide tabela baixo). Taxas de juro internacionais Tabela 3. Taxas de juro mundiais, 2006-2008 2006 2007 2008 Taxas de juro a curto prazo Estados Unidos 4,8% 4,3% 1,4% Zona Euro 3,1% 3,8% 2,9% Reino Unido 4,8% 5,4% 2,2% Angola 6,3% 14,9% 14,6% Taxas de juro a longo prazo Estados Unidos 4,8% 4,6% 1,8% Zona Euro 4,0% 4,3% 3,1% Reino Unido 4,5% 5,8% 2,8% Angola 4,54% + Libor 6,0% - Fonte: Bankrate.com e BNA. Angola. CP: Títulos do Banco Central a 91 dias; LP: (2006) Obrigações do Tesouro a 78 meses indexadas ao US$. (2007) Obrigações do Tesouro a 7 ano anos indexadas ao US$. (2008) Não houve emissão de Obrigações do Tesouro de maturidade compreendida entre 78 meses e 7 anos indexadas ao US$). Restantes regiões: CP, Taxas reitoras de bilhetes do Tesouro de 3 meses; LP, Taxas de rendimento das Obrigações do Tesouro de 10 anos de maturidade.) As descidas das taxas de juro foram especialmente acentuadas nos Estados-Unidos, onde as taxas de juro de curto prazo decresceram de 4,3% para 1,4% e as taxas de longo prazo reduziram-se de 4,6% para 1,8%. No Reino-Unido, observaram-se decréscimos de idêntica amplitude, com as taxas de juro de curto e longo prazo que, em 2007, se estabeleceram em 5,4% e 5,8%, respectivamente, a reduzirem-se para menos de metade: 2,2% e 2,8%. 14

1.2. Comércio Internacional Em 2008, o volume de transacções de bens e serviços assinalou um crescimento de 3,3%, o que representou menos de metade da progressão constatada em 2007. As exportações dos países desenvolvidos, nomeadamente, registaram uma evolução de 1,8%, o que corresponde a cerca de um terço do aumento observado em 2007, e as respectivas importações assinalaram uma variação próxima de zero. As importações dos Estados-Unidos, que correspondem a aproximadamente 15,0% das importações mundiais, registaram declínios em cada um dos trimestres de 2008. A redução no comercio mundial deveu-se inicialmente ao forte aumento dos preços dos produtos de base designadamente petróleo e bens alimentares, que atingiram níveis históricos, tratando-se do maior choque de preços de commodities desde os anos 70, e, posteriormente, ao decréscimo da actividade económica nos países desenvolvidos, devido à crise financeira e internacional que os afectou. As commodities alimentares que registaram os maiores aumentos de preços foram os cereais arroz, trigo e milho, óleos e lacticínios. O açúcar e a carne também assinalaram crescimentos notáveis. A partir de meados de 2008, apesar dos preços das principais commodities terem começado a moderar, mantiveram-se ainda elevados. Tabela 4. Comércio mundial, 2006-2008 Comércio mundial (taxas de crescimento anuais em volume) 2006 2007 2008 Bens e serviços 9,2% 7,2% 3,3% Exportações Economias avançadas 8,5% 6,1% 1,8% Outras Economias 10,9% 9,5% 6,0% Angola 32,2% 39,3% 44,0% Importações Economias avançadas 7,6% 4,7% 0,4% Outras Economias 13,2% 14,0% 10,9% Angola 5,1% 55,6% 53,6% Mercadorias 9,3% 6,6% 3,2% Preços de comércio (US$) Bens manufacturados 3,7% 8,8% 9,6% Petróleo bruto 20,5% 10,7% 36,4% Commodities não-petrolíferas 23,2% 14,1% 7,5% Fonte: Fundo Monetário Internacional A principal consequência da diminuição das transacções em volume de bens e serviços foram a deterioração da balança de pagamentos, o agravamento dos saldos fiscais e a diminuição do rendimento real médio, o que contribuiu para reforçar o abrandamento do crescimento económico. 15

1.3. Economia Petrolífera 1.3.1. Produção Em 2008, a produção petrolífera diária mundial registou um crescimento de 0,8%, de 71,5 milhões de barris para 72,0 milhões de barris. O aumento da produção petrolífera diária mundial deveu-se ao incremento da produção de 2,8% dos países do Médio Oriente e do continente Africano. Tabela 5. Produção petrolífera mundial, 2006-2008 Fonte: Annual Statistical Bulletin 2007, OPEP 2006 2007 2008 Produção petrolífera mundial (diária em milhares de baris) Médio Oriente 22.957 22.495 23.126 Arábia Saudita 9.208 8.816 9.198 Irão 4.073 4.031 4.056 Kuwait 2.665 2.575 2.676 Emirados Árabes Unidos 2.568 2.529 2.572 Iraque 2.020 2.184 2.281 Outros Países 2.424 2.361 2.343 África 8.993 9.066 9.324 Angola 1.410 1.695 1.901 Nigéria 2.234 2.059 2.017 Outros Países 5.349 5.311 5.406 América do Norte e América Latina 16.695 16.295 16.115 Ásia e Pacífico 7.321 7.309 7.398 Europa Ocidental e de Leste 16.030 16.317 16.067 Total Mundial 71.996 71.482 72.028 Total dos Países da OPEP 32.072 32.077 33.093 Total da OPEP (em percentagem) 45,0% 44,9% 45,9% 1.3.2. Preço O preço do petróleo esteve elevado e extremamente volátil durante 2008, como ilustra a tabela 6. O preço do barril de Brent oscilou entre US$ 33,7 e US$ 144,0, para se situar em média em US$ 96,9. O preço do barril de WTI variou entre US$ 30,3 e US$ 145,3, trocandose em média a US$ 99,7. Dando sequência a uma tendência iniciada em 2003, o ano iniciou com preços elevados: US$ 97,0 para o Brent, e US$ 99,6, para o WTI. Registou-se em seguida um aumento nos seis primeiros meses do ano. Em finais de Fevereiro, nomeadamente, o preço do barril ultrapassou a fasquia dos US$ 100,0, acima dos quais esteve sempre, entre finais de Março e inícios de Setembro. 16

Tabela 6. Preços Internacionais do Petróleo Bruto, 2006-2008 2006 2007 2008 Preços Internacionais do Barril de Petróleo (em dólares norte-americanos) América do Norte Estados Unidos West Texas Intermediate $66,0 $72,2 $99,7 Europa Reino Unido Brent Blend $65,1 $72,5 $97,4 Médio Oriente Arábia Saudita Arabian Light $50,8 $91,0 $95,2 Emirados Árabes Unidos Dubai $61,5 $68,3 $93,9 África Angola Média ponderada $61,4 $70,8 $93,7 Fonte: Angola: Ministério do Petróleo. Restantes países: OPEP, 2008. No início de Julho, foram atingidos os máximos históricos de US$ 144,0 para o Brent e de USD$145,3 para o WTI. A partir de Setembro, observaram-se descidas abruptas, tendo o preço médio mensal do barril Brent diminuído de US$ 104,1, em Setembro, para US$ 41,1, em Dezembro. Em meados de Dezembro de 2008, a cotação do barril de Brent decaiu para US$ 33,7, o nível baixo desde 2004. A Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP) tomou então a decisão de reduzir a sua produção até que os preços se estabilizassem. 17

Capítulo 2. Cenário Nacional BOLETIM DE ESTATÍSTICAS DO OGE, 2008 2.1. Sector Real À semelhança do que se vem observando desde 2004, a economia nacional registou, em 2008, uma taxa real de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de dois dígitos. Um contexto internacional de preços de petróleo excepcionalmente elevados, assim como condições internas favoráveis, permitiram elevada progressão do PIB. Porém, no quarto trimestre de 2008, a crise económica e financeira internacional atingiu a economia doméstica através da queda drástica dos preços do petróleo nos mercados internacionais, o que teve um impacto negativo sobre as receitas de exportação e sobre o produto petrolífero. 2.1.1. Produto Interno Bruto Em 2008, o PIB a preços de mercado aumentou, em termos reais 13,8%, de Kz 4.637,7 mil milhões (US$ 60,5 mil milhões) para Kz 6.737,7 mil milhões (US$ 81,8 mil milhões), o que representou o valor mais elevado do produto interno bruto desde a independência de Angola. O Sector Petrolífero registou uma progressão de 12,3% e o Sector não-petrolífero cresceu 20,5%. Tabela 7: Angola: Produto Interno Bruto, 2006-2008 2006 2007 2008 PIB a preços correntes de mercado* (mil milhões de kz) 3.990,3 4.637,7 6.373,7 Taxa de crescimento real (preços do ano anterior) (%) 18,6% 23,3% 13,8% Sector petrolífero 13,1% 20,4% 12,3% Sector não-petrolífero 25,7% 25,7% 20,5% Composição (%) 100% 100% 100% Agricultura, Pecuária e Pescas 7,3% 7,7% 8,2% Indústria extractivas 58,0% 57,6% 59,4% Petróleo Bruto e Gás 55,7% 55,8% 58,3% Diamantes e outras extractivas 2,3% 1,8% 1,2% Indústria transformadora 4,8% 5,3% 6,6% Energia eléctrica 0,1% 0,1% 0,1% Construção e Obras públicas 4,3% 4,9% 4,4% Serviços mercantis 16,8% 16,9% 15,3% Outros 8,3% 7,2% 6,1% Fonte: Ministério do Planeamento, INE e estimativas do GEREI/Ministério das Finanças. * Nota: Os dados do Produto Interno Bruto de Angola, são provisórios e estão sujeitos a revisão. Os Serviços Mercantis, com uma taxa de crescimento real de 26,9 %, a Energia, com 26,1%, e a Construção, com 25,6 %, destacaram-se como sendo os sectores que registaram o maior crescimento. Todavia, o Sector de Pescas e o Sector Diamantífero registaram um declínio dos seus produtos de 2,4%, e de 8,2%, respectivamente. 18

Gráfico 1. Taxa de crescimento real do PIB por Sectores, 2008 (em percentagem) 35,0% 30,0% 60% 25,0% 20,0% 40% 15,0% 10,0% 20% 5,0% 0,0% 0% -5,0% -10,0% Serviços mercantis Construção Energia Construção Indústria transformadora Agricultura Serviços mercantis Petroleo Petroleo Indústria Pescas e transformadora derivados Agricultura Energia Outros Outros Pescas e derivados Diamantes e outras Diamantes extractivas e outros 2.1.2. Composição Sectorial do PIB Em 2008, permaneceram como sectores de maior representatividade o Sector Petrolífero com 58,3% do produto total, os Serviços Mercantis com 17,8% e o Sector Agrícola com 6,5%. Exceptuando os Serviços Mercantis, os dois restantes sectores assinalaram uma ligeira redução da sua contribuição no Produto Interno Bruto. Em oposição, os sectores de menor expressão são Energia e Águas com 0,1% do PIB, Pescas e Derivados, com 0,2% e o Sector Diamantífero com 1,1%. Comparativamente a 2007, estas proporções mantiveram-se constantes, com a ressalva do Sector Diamantífero que viu a sua participação no PIB diminuir de 1,8% para 1,1%. Gráfico 2. Composição Sectorial do PIB, 2008 Indústria transformadora 4,9% Construção 5,1% Diamantes e outros 1,1% Pescas e derivados 0,2% Energia 0,1% Outros 6,0% Agricultura 6,5% Serviços mercantis 17,8% Petroleo 58,3% 19

2.1.3. Produção Petrolífera Em 2008, a produção petrolífera anual de Angola aumentou 12,3%, de 618,7 milhões de barris para 695,7 milhões de barris, o que corresponde a um crescimento da produção média diária de 1.695.005 barris para 1.900.797 barris. Tabela 8: Produção Petrolífera de Angola, 2006-2008 Angola: Produção petrolífera e preços (produção em milhões de barris) 2006 2007 2008 Produção total 514,63 618,86 695,7 Produção média mensal 42,89 51,57 57,98 Produção média diária 1,41 1,69 1,90 Preço médio ponderado do barril em US$ $61,38 $70,80 $93,69 Fonte: Ministério dos Petróleos. A produção nacional cresceu a um ritmo médio mensal de 0,77%, porém, assinalaram-se recuos da produção em 5 meses: Fevereiro, Junho, Agosto, Setembro e Novembro. Setembro foi o mês de menor produção e aquele em que a produção mais contraiu 8,8%, situando-se em 53,6 milhões de barris. Os meses de Maio e Julho, com uma produção de, respectivamente, 60,3 milhões de barris e 60,4 milhões de barris, foram os de maior produção, enquanto que Outubro e Dezembro foram os meses que registaram os maiores aumentos de produção, com 7,5% e 7,1%, respectivamente. Gráfico 3. Angola: Produção petrolífera mensal (em barris) Janeiro 2007 - Dezembro 2008 60.000.000 50.000.000 40.000.000 30.000.000 20.000.000 10.000.000 0 Jan-07 Abr-07 Jul-07 Out-07 Jan-08 Abr-08 Jul-08 Out-08 20

2.2. Nível Geral de Preços A taxa de inflação anual acumulada, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor da Cidade de Luanda foi, em 2008, de 13,2%, o que representou um aumento de cerca de 1,4 pontos percentuais em relação a 2007, estabelecendo-se mais uma vez acima da meta do Governo de 10%. Para o aumento do nível dos preços terão contribuído a expansão dos meios de pagamentos (104,3% para o M3, 66,2% para o M2 e 74,2% para o M1), a inflação importada e constrangimentos de índole estrutural existentes na economia nacional principalmente em matéria de transportes e logística que dificultam o escoamento da produção agrícola e influenciam negativamente na oferta de bens e serviços. Gráfico 4: Taxa de Inflação Dezembro 2002 - Dezembro 2008 TRAJECTÓRIA DA INFLAÇÃO ANUAL DEZEMBRO 2005 - DEZEMBRO 2008 Percentagem (Escala Logarítmica) 1000,00 100,00 10,00 1,00 Dez-02 Fev-03 Mecanismo de "Esterilização Ex- Ante" (Agosto 2003: 99,7%) Fonte de dados: Instituto Nacional de Estatísticas. Abr-03 Jun-03 Ago-03 Out-03 Dez-03 Fev-04 Abr-04 Jun-04 Ago-04 Out-04 Dez-04 Fev-05 Abr-05 Jun-05 Ago-05 Out-05 Dez-05 Fev-06 Abr-06 Jun-06 Ago-06 Out-06 Dez-06 Fev-07 Abr-07 Jun-07 Ago-07 Out-07 Dez-07 Fev-08 Abr-08 Jun-08 Ago-08 Out-08 Dez-08 Em 2008, o nível geral de preços registou uma variação média mensal de 1,04%, bastante acima de 0,93%, a média observada em 2007, e sobretudo bastante superior a 0,80%, a taxa média mensal de variação dos preços compatível com uma taxa de inflação anual de 10,0%. Os meses em que a variação da inflação foi mais elevada foram Julho, Novembro e Dezembro, em que a taxa de variação dos preços atingiu, respectivamente, os valores de 1,16%, 1,16% e 1,78%. Os meses em que a inflação foi mais reduzida foram Janeiro, Fevereiro e Setembro, com um crescimento dos preços de 0,85%, 0,86% e 0,86%, respectivamente. 21

2.3. Sector Monetário 2.3.1. Agregados Monetários Tabela 9: Angola: Sector Monetário, 2006-2008 2006 2007 2008 Indicadores Monetários (taxa de variação anual) Activos externos líquidos 138,6% 10,4% 45,0% Activos internos líquidos -630,2% -103,3% 7.996% Crédito líquido ao Governo 458,6% -16,0% -35,3% Crédito à economia 93,5% 74,4% 71,0% Outros activos e passivos 72,9% 180,3% -133,7% Agregados Monetários Meios de pagamento (M3) 59,6% 49,3% 104,3% Moeda e quase-moeda (M2) 57,3% 38,6% 66,2% Moeda (M1) 51,1% 49,6% 74,2% Quase-moeda 82,4% 1,7% 27,0% Títulos -30,8% 159,5% 313,0% Taxa de Inflação (%) Taxa acumulada anual 12,2% 11,8% 13,2% Taxa média anual 13,2% 12,3% 12,4% Taxas de câmbio médias (Kz/US$) Oficial (fim de período) 80,2 75,0 76,0 Oficial (média anual) 80,4 76,7 77,9 Paralela (fim de período) 81,5 76,0 76,0 Paralela (média anual) 81,9 77,9 77,9 Taxas de redesconto do Banco Central (%) 14,0% 19,6% 19,6% Taxas de juro títulos de curto prazo Banco Central e Tesouro Tesouro(%) -91 dias 6,3% 14,9% 14,6% Taxas de juro dos bancos comerciais (depósitos a 90 dias) 2,7% 7,7% 4,5% Taxas de juro médias de longo prazo do Tesouro OT em MN - regularização da dívida interna 1 4,0% 4,0% 4,0% OT em MN - captação de recursos em kwanzas 2 2,0% - 2,0% OT em ME - captação de recursos em dólares 3-3,2% 3,7% Fonte: BNA. OT: Obrigações do Tesouro. MN: Moeda Nacional. ME: Moeda Estrangeira. ( 1 ) ao ano (cupão semestral) + variação da taxa de câmbio Kz/US$. ( 2 ) ao ano (cupão semestral) + variação da taxa de câmbio Kz/US$ + Libor em usd a 6 meses. ( 3 ) ao ano (cupão semestral) + Libor em usd a 6 meses. ( 4 ) Desconto na colocação. : não houve emissão. Os meios de pagamento M3, M2 e M1 variaram respectivamente 104,3%, 66,2% e 74,2%, em 2008. O aumento substancial dos agregados monetários comparativamente aos valores observados no ano transacto resultou, em grande medida, do crescimento substancial dos Activos Internos Líquidos de 7.996%, mas igualmente da variação dos Activos Externos Líquidos de 45,0%. O aumento dos Activos Internos foi consequência do aumento do Crédito Interno Líquido de 2.866,6%, enquanto que o crescimento dos Activos Externos deveu-se ao aumento das Reservas Internacionais de 56,3% (correspondente a 7,7% do PIB de 2008). 22

2.3.2. Taxas de Juro Mercado interbancário e bancos comerciais As taxas de juros praticadas pelos bancos comerciais para os depósitos a 90 dias, que em 2007 se fixaram em 7,7%, assinalaram um decréscimo para 4,5%, em 2008, o que teve por efeito acrescer o diferencial entre as taxas de juros dos bancos comerciais e a remuneração dos títulos do Banco Central. A taxa de juros média dos bancos comerciais cobrada para créditos até 180 dias ao sector empresarial, registou uma ligeira queda, passando de 13,9%, em Dezembro de 2007, para 12,0%, em Dezembro de 2008. A taxa de redesconto manteve-se inalterada ao longo do ano de 2008 no seu nível de Dezembro de 2007: 19,57%. Títulos de curto prazo Em 2008, emitiram-se Títulos do Banco Central (TBC) no valor de Kz 231,6 mil milhões (US$ 3,0 mil milhões), o que representou uma diminuição comparativamente a 2007, ano em que foram ofertados TBC no montante de Kz 481,9 mil milhões (US$ 6,3 mil milhões). Embora se tenham emitido títulos com maturidades de 14, 28, 63, 91, 182 e 364 dias, a parte mais considerável das emissões foi relativa aos títulos de 28, 63, e 364 dias que representaram, cerca de 80,0% das emissões totais. A remuneração nominal dos TBC sofreu ligeiras reduções com a ressalva dos títulos de 28 dias, permanecendo porém elevada. Apesar da redução nominal das taxas de juros e do aumento da inflação, as taxas de juros reais mantiveram-se positivas para todas as maturidades. O montante de Bilhetes do Tesouro disponibilizados ascendeu a Kz 1.304,3 mil milhões (US$ 17,2 mil milhões), o que representou um forte contraste com 2007, ano em que não se emitiram Bilhetes do Tesouro. As maturidades dos títulos ofertados foram de 28, 63, 91, 182 e 364 dias, com os títulos de 91 dias e de 182 dias a representarem, respectivamente 47,3% e 46,0% do total das emissões. As taxas de juros médias mensais foram idênticas às dos TBC, e variaram entre 12,7% e 14,9%, consoante a maturidade dos títulos. Títulos de médio e longo prazo As emissões de Obrigações do Tesouro (OT) ascenderam a Kz 169,6 mil milhões (US$ 2,2 mil milhões), mantendo-se próximo do nível de 2007. Do total das OT colocadas, a proporção de títulos em moeda nacional situou-se em 25,4% e teve por finalidade regularizar dívidas detidas juntos dos credores do Estado (OT ordinárias), assim como financiar o Projecto Habitacional Nova Vida. Os restantes 74,6% disseram respeito à disponibilização de títulos em moeda estrangeira para financiar projectos do Programa de Investimentos Públicos e a constituição do património inicial do Fundo de Fomento de Empresarial. Os títulos emitidos tinham maturidades de 4, 6, 10 e 11 anos. No que se refere à remuneração, as OT ordinárias foram remuneradas a uma taxa fixa de 4,0%, mas indexada ao dólar americano, e as OT para investimento essencialmente as obrigações em moeda estrangeira beneficiaram de uma taxa de juro variável que oscilou entre a LIBOR de 6 meses mais 2,0 a 4,0 pontos percentuais. 23

2.4. Sector Externo 2.4.1. Balança de Pagamentos Tabela 10: Angola: Balança de Pagamentos, 2006-2008 2006 2007 2008 (valores expressos em mil milhões de US$, salvo indicação contrária) Conta corrente 10,7 9,4 6,4 Conta Comercial 23,1 30,7 42,9 Exportações, f.o.b. 31,9 44,4 63,9 Sector petrolífero 30,5 43,0 62,5 Sector diamantífero 1,2 1,2 1,2 Outros sectores 0,2 0,2 0,2 Importações, f.o.b. -8,8-13,7-21,0 Conta Serviços (líquido) -6,0-12,3-21,8 Conta Rendimentos (líquido) -6,2-8,8-14,5 Conta Transferências Correntes (líquido) -0,2-0,2-0,2 Conta de capital e financeira -5,6-5,9 0,6 Transferências de Capital (líquido) 0,0 0,0 0,0 Investimento Directo (líquido) -0,2-1,8-0,9 Investimento de Carteira (líquido) -1,4-2,0-1,8 Derivados Financeiros (líquido) 0,0 0,0 0,0 Outros investimentos -3,9-2,1 3,3 Activos -1,6-4,9-4,4 Créditos comerciais 0,1-2,8 2,8 Empréstimos 0,0 0,0 0,0 Moeda e Depósitos -1,8-2,1-7,1 Outros Activos 0,0 0,0-0,1 Passivos -2,3 2,7 7,6 Créditos Comerciais 0,4-0,2-0,4 Empréstimos -1,1 2,5 5,0 Moeda e Depósitos 0,0 0,5 2,0 Outros Passivos -1,6-0,1 1,0 Erros e omissões 0,3-0,5-0,4 Activos de reserva BNA -5,4-3,0-6,7 Aumento das Reservas Internacionais 4,9 3,0 6,3 Stock de Reservas Internacionais Líquidas 8,1 11,2 17,5 Dívida externa Stock da dívida externa 7,5 9,8 13,9 Dívida externa (em % PIB) 15,1% 16,2% 17,0% Memorando Taxa de câmbio média anual (oficial) 80,4 76,7 77,9 Fonte: Banco Nacional de Angola No que diz respeito ao sector externo, o saldo da Conta Corrente da Balança de Pagamentos registou uma redução significativa de US$ 9,4 mil milhões, em Dezembro de 2007, para US$ 6,4 mil milhões, em Dezembro de 2008. A diminuição de cerca de US$ 3 mil milhões do excedente da Conta Corrente, correspondente a 3,7% do PIB de 2008, é decorrente do crescimento das importações (53,6%) superior ao das exportações (44, %), e 24

do aumento dos défices das Contas de Serviços e de Rendimentos, de 76,8 % e 65,2%, respectivamente. 2.4.2. Reservas Internacionais Líquidas O stock das Reservas Internacionais Líquidas aumentou de US$ 11,2 mil milhões (18,5% do PIB de 2007), em 2007, para US$ 17,5 mil milhões (21,4% do PIB de 2008), em 2008, o que constituiu um record absoluto. Este crescimento substancial equivalente a 7,7% do PIB de 2008 esteve na base da progressão dos Activos Externos Líquidos que aumentaram 45,0%. 2.4.3. Endividamento Externo O portfolio da dívida externa do país cresceu de US$ 9,8 mil milhões, em 2007, para US$ 13,9 mil milhões, em 2008. A variação nominal observada do stock da dívida em 2008, de 41,8%, corresponde a 5,0% do PIB. Observou-se igualmente, um ligeiro aumento do rácio da divida externa em relação ao PIB, de 16,2%, em 2007 para 17,0 %, em 2008. 2.4.4. Taxas de Câmbio A taxa de câmbio do dólar dos Estados-Unidos em relação ao kwanza registou uma ténue apreciação nos mercados formal e informal. A moeda dos Estados-Unidos transaccionou-se, em média, no final de 2008, a Kz 76,0, enquanto que no ano anterior o câmbio se estabeleceu em Kz 75,0. 25

Capítulo 3. Quadro Fiscal 3.1. Receita e Despesa do Estado por Natureza Económica 4 Em 2008, as contas fiscais assinalaram uma Receita de Kz 3.217,4 mil milhões (US$ 41,3 mil milhões), uma Despesa de Kz 2.653,8 mil milhões (US$ 34,1 mil milhões) e um Saldo Global na óptica de compromisso de Kz 563,6 mil milhões (US$ 7,2 mil milhões). A Receita registou um crescimento, a preços constantes de 2006, de 33,8%, elevando o nível da Receita para 50,5% do PIB de 2008. As rubricas de Receita que mais progrediram foram as Contribuições Sociais, os Impostos Petrolíferos, e o Imposto sobre Bens e Serviços que aumentaram, a preços de 2006, 71,2%, 33,5% e 31,1%, respectivamente. Apenas um dos itens principais da Receita as Doações registou uma diminuição. A Despesa cresceu 41,6%, medida em valores de 2006, impulsionada designadamente por um acréscimo de 78,2% dos Subsídios, de 63,0%, dos Juros, e de 60,5% das Prestações Sociais. Gráfico 5: Receita e Despesa do Estado, 2006-2008 (em mil milhões de kwanzas correntes e em percentagem do PIB) 3.500 3.000 2.500 2.000 1.500 1.000 500 0 Receita Total 100% 80% 60% 40% 20% 0% 3.500 3.000 2.500 2.000 1.500 1.000 500 0 Despesa Total 100% 80% 60% 40% 20% 0% 2006 2007 2008 2006 2007 2008 Composição da Receita Em termos de estrutura, a Receita Petrolífera representou, em 2008, 80,9% da Receita Total e a Receita não-petrolífera 19,1%. Comparativamente a 2007, assinalou-se uma ligeira diminuição do peso da Receita Petrolífera na composição da Receita devido a um aumento da Receita não-petrolífera de 35,1% em termos reais, superior ao da Receita Petrolífera que perfez 33,5%. Em consequência, a Receita Petrolífera estabeleceu-se em Kz 2.601,9 mil milhões (US$ 33,4 mil milhões) o equivalente a 40,8% do PIB e a Receita não-petrolífera cifrou-se em Kz 615,5 mil milhões (US$ 7,9 mil milhões), o correspondente a 9,7% PIB. As variações constatadas na Receita não-petrolífera resultaram de uma melhoria da taxa efectiva de tributação. 4 Para mais informação, queira reportar-se à nota metodológica nº 4, página 7. 26

Estrutura da Receita não-petrolífera As categorias da Receita não-petrolífera de maior importância são, por ordem decrescente, o Imposto sobre o Rendimento, o Imposto sobre Bens e Serviços e o Imposto sobre o Comércio Internacional, que em 2008 representaram respectivamente 24,2%, 22,0% e 16,9% da Receita não-petrolífera. Todavia, estes três itens da Receita apenas constituíram 4,6%, 4,2% e 3,2% da Receita Total em 2008, e viram a sua contribuição diminuir, ainda que de forma ligeira, em benefício, nomeadamente, das Contribuições Sociais que cresceram em termos reais 71,2%. Em consequência a contribuição das Contribuições Sociais aumentou de 12,0% da Receita não-petrolífera em 2007, para 15,2% em 2008. As Doações diminuíram 27,2%, medidas em valores de 2006, tendo passado de 0,6%, em 2007, para 0,3%, em 2008, da Receita não-petrolífera. Gráfico 6: Evolução da Receita Petrolífera e não-petrolífera do Estado, 2006-2008 (em percentagem da Receita Total) 80,2% 19,8% 19,8% 81,0% 19,8% 80,9% Gráfico 7: Composição da Receita não-petrolífera do Estado, 2006-2008 (em percentagem do PIB) 100% 80% 60% 40% 20% 0% 2006 2007 2008 Imposto sobre o rendimento Impostos sobre o comércio internacional Contribuições sociais Outras receitas Impostos sobre bens e serviços Outros impostos Doações 27

Composição da Despesa A Despesa Corrente totalizou, em 2008, Kz 1.761,2 mil milhões (US$ 22,6 mil milhões), perfazendo 27,6% do PIB, e a Aquisição Líquida de Activos não-financeiros representou 14,0% do PIB, tendo atingido o montante de Kz 892,6 mil milhões (US$ 11,4 mil milhões). A Aquisição Líquida de Activos não-financeiros evidenciou, em 2008, um crescimento real de 48,4%, ligeiramente superior ao da Despesa Corrente que aumentou 45,7%. Porém, a repartição da Despesa manteve-se relativamente constante, com a Despesa Corrente a representar 66,4% e a Aquisição Líquida de Activos não-financeiros 33,6%. Em 2008, para além da Aquisição de Activos não-financeiros, a Despesa teve como principais aplicações de recursos, as Remunerações dos Funcionários com 20,5%, o Consumo de bens e serviços, com 20,3%, e os Subsídios com 16,7% do total dos gastos. A composição da Despesa Corrente sofreu, em 2008, sensíveis alterações comparativamente a 2007. Os Subsídios, designadamente, acresceram a sua representação de 13,7%, para 16,7%, da Despesa Total, e em contrapartida, as Remunerações e o Consumo de Bens e Serviços assinalaram diminuições da sua representatividade na Despesa. Gráfico 8. Composição das Despesas do Estado, 2006-2008 (em percentagem do PIB) 100% 80% 60% 40% 20% 0% 2006 2007 2008 Aquisição de activos não financeiros Consumo de bens e serviços Juros Donativos Outras despesas Remunerações Consumo de capital fixo Subsídios Prestações sociais 28

Saldos Orçamentais O Saldo Global na óptica do compromisso aumentou de Kz 525,1 mil milhões (US$ 6,8 mil milhões) em 2007, para Kz 563,6 mil milhões (US$ 7,2 mil milhões), em 2008. Contudo, tendo em conta que o crescimento nominal de 7,3% constatado para este saldo foi inferior à taxa de inflação, o superavit acusou uma diminuição, em termos reais, de 5,3%, tendo decrescido de 11,3% do PIB, em 2007, para 8,8% do PIB, em 2008. O Saldo Corrente fixou-se em Kz 1.456,2 mil milhões (US$ 18,7 mil milhões), assinalando um acréscimo de 21,6% em valores de 2006. O excedente do Saldo Corrente equivaleu, em 2008, a 22,8% do PIB, a mesma proporção que em 2007, em virtude da taxa de crescimento nominal do respectivo saldo ter sido idêntica à do PIB. Gráfico 9: Saldos das Contas Fiscais, 2006-2008 (em mil milhões de kwanzas e em percentagem do PIB) 1.500 Saldo Corrente 100% 1.500 Saldo Global 100% 1.000 80% 60% 1.000 80% 60% 500 40% 20% 500 40% 20% 0 0% 0 0% 2006 2007 2008 2006 2007 2008 Grau de execução do Orçamento Geral do Estado Em 2008, a Receita realizada correspondeu a 160,0% do montante estabelecido no Orçamento Geral do Estado (OGE). Este valor foi o mais elevado de execução da Receita desde 2004, em razão de todas as suas principais componentes, com a excepção do Imposto sobre o Rendimento, terem sido realizadas substancialmente acima de 100,0%. As Doações, as Contribuições Sociais, os Impostos sobre o Comércio Internacional e os Impostos Petrolíferos, registaram os maiores percentuais de execução, com respectivamente, 3.599,2%, 378,9% 190,1% e 165,4%, do valor orçamentado. A Despesa executada correspondeu a 106,8% do total orçamentado, atingindo pela primeira vez desde 2004, os valores autorizados. A Despesa Corrente foi a que mais contribuiu para este resultado, nomeadamente, os Subsídios cujo nível de execução se situou acima do dobro do previsto. As Prestações Sociais e o Consumo de Bens e Serviços também assinalaram um percentual elevado de realização da despesa com 132,8%, e 101,6% do total fixado no OGE, respectivamente. As menores execuções da Despesa disseram respeito ao Juros, com 69,3%, e às Remunerações, com 94,4%. A Despesa corrente teve um nível de desempenho de 113,4% e a Aquisição líquida de activos não financeiros de 95,9%. 29