A Importância da Logística no Âmbito das Organizações de Saúde

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Transcrição:

A Importância da Logística no Âmbito das Organizações de Saúde O enfoque da logística empresarial é orientado para estudar como a administração pode prover melhor nível de rentabilidade nos serviços de distribuição aos clientes e consumidores. Assim, a logística se apresenta como uma atividade fundamental para garantir a sobrevivência de qualquer empresa, em qualquer segmento que esteja atuando. É perceptível, no mundo atual, que as empresas para se manterem competitivas devem se preocupar em obter uma maior padronização de qualquer processo, seja esta de procedimento ou de produto. É preciso alertar, porém, que esta não é uma preocupação recente do mundo empresarial. Desde o início do século 20, a necessidade de administrar as diferenças espaciais entre produção e consumo está presente na base das políticas dos governos e de algumas instituições privadas preocupadas em estimular a educação formal em logística. Assim, as variáveis de tempo e lugar passam a ser consideradas em conjunto, como instrumentos de marketing e distribuição em massa. O processo de globalização da economia e a criação de grandes blocos econômicos, nas últimas décadas, contribuíram para o aperfeiçoamento das técnicas de logísticas no mundo. A busca de inovações no campo da logística visou tornar efetivas a utilização de tempo e de lugar como forma racional de criar valor agregado às transações de mercado. Tem sido pelas inovações nas práticas logísticas que as empresas de qualquer categoria estão obtendo e mantendo suas vantagens diferenciais competitivas no mercado. Isto se efetiva pelos efeitos positivos que as atividades de logísticas

provocam nos índices de preços, custos financeiros, produtividade, custo de energia e, em particular, na satisfação dos clientes [1]. Assim, pressupõe-se que a gestão eficiente do fluxo de bens e serviços do ponto de origem a ponto de consumo ou uso ao nível micro requer de maneira seqüencial, o planejamento, a programação e o controle de um conjunto amplo de atividades que reúnem: matérias-primas, estoques em processamento, produtos acabados, e serviços e informações disponíveis. O esforço resultante da administração destas atividades permite que os produtos e serviços cheguem de forma eficiente e eficaz aos consumidores e usuários, gerando assim, as denominadas utilidades de tempo ou de lugar, que por decorrência são fatores essenciais para as atividades de marketing. Deve-se ressaltar que a sinergia entre logística e marketing permite aumentar o nível de satisfação dos consumidores e os lucros das empresas. Feitas essas observações, se torna possível formular a seguinte pergunte: existem segmentos industriais que deveriam se preocupar mais com a logística? Podemos afirmar, pelas suas características e peculariedades, que no conjunto dessas atividades empresariais sensíveis à logística se encontra a indústria médico-hospitalar. A partir desta percepção é que nos propomos a debater neste artigo, a questão da logística hospitalar. É perceptível para a sociedade, e especialmente para os usuários do serviço médico-hospitalar, que os hospitais precisam estar sempre preparados para cuidar de demandas externas. É nas situações críticas que a competência da empresa hospitalar é testada. Assim, a área de gerenciamento de estoque deve estar preparada para responder às necessidades de todos pacientes, em especial dos que ingressam pela porta de emergência, sem marcar hora. Essa demanda impalpável é que coloca a indústria médico-hospitalar no rol

das atividades mais complexas do mercado preservar a saúde e a vida dos pacientes. Essa responsabilidade vital é que torna a eficiência e eficácia do gerenciamento de estoque essencial para o sucesso dos objetivos do hospital. Fica evidente, assim, que a necessidade de se adotar inovações no sistema de logística de qualquer hospital, em última instância, está relacionado com um fato extremamente sensível: da eficiência e da eficácia dessa atividade depende, muitas vezes, a própria vida do paciente. É indispensável para o sucesso da logística hospitalar especialmente para os hospitais de médio e grande porte -, a existência de um eficiente sistema informatizado em toda a cadeia de abastecimento hospitalar que é composta por planejamento de materiais, almoxarifado, farmácia e suprimentos do centro cirúrgico. Por sua vez, as práticas logísticas para que os objetivos da atividade médico-hospitalar sejam alcançados devem estar apoiadas em estratégias [2] que colaborem para que as metas dessas empresas de saúde sejam alcançadas. Entre elas, destaca-se a circulação eficiente de produtos; coleta eficiente e comum das informações; e gestão eficiente das prescrições. Essas estratégias se sustentam em um conjunto de tecnologias e na relação com os fornecedores, como por exemplo, a troca eletrônica de dados, uniformidade de banco de dados, captura da informação no ponto de utilização, código de barras, catálogo eletrônico, ressuprimento automático de mercadorias, entre outras. Verifica-se, nos hospitais que possuem sistemas de gerenciamento de estoque mais avançados, como por exemplo, o Hospital das Clínicas, em São Paulo, que existe uma crescente preocupação com a questão da padronização de custos, de materiais e de medicamentos. Essa preocupação está relacionada, entre outros fatores, com o custo de materiais e medicamentos nas contas

médicas, a variedade dos itens que segundo estimativas dos profissionais da área são cerca de cinqüenta mil itens diferentes à disposição do profissional médico - e produtos com prazo curto de validade (cerca de dois anos). Isso está induzindo uma crescente interação entre as áreas de gerenciamento de estoques e o profissional de saúde, visto que este último deve se preocupar em estabelecer uma cesta personalizada básica, que contenha um percentual significativo de medicamentos e materiais específicos para sua unidade Tendo como referência as características da especialidade médica. Finalmente é importante ressaltar que, a principal preocupação deste artigo foi analisar os pontos mais sensíveis de logística hospitalar. Levando-se em consideração a importância e complexidade dessa atividade, tanto para a empresa de saúde como para os pacientes, se torna válido reafirmar que é preciso mudar a cultura de logística nos hospitais brasileiros, que em sua maioria ainda desconfiam da importância da área de gerenciamento de estoques. Pode-se afirmar, sem nenhuma dúvida, que a desatenção desses gestores está provocando sérias perdas na qualidade de prestação dos serviços médico-hospitalar, bem como provocando prejuízos financeiros para essas organizações, que poderiam ser revertidos em favor dos pacientes e da própria consolidação da empresa no mercado. Notas 1. A logística é uma atividade que trespassa toda a cadeia de valor das organizações nos aspectos relacionados com o planejamento, manuseamento, armazenagem e movimentação de materiais, ao longo de todo o ciclo de produção e comercialização de qualquer bem ou serviço. Pelas suas características específicas, a atividade de

gerenciamento de estoque tornou-se essencial ao desenvolvimento sustentado das organizações, tanto em nível do emprego quanto do volume de negócios, e dela dependem, em grande parte, a rentabilidade que essa empresa se propõe alcançar. 2. Argumenta Wanke (2001:54) que, o sucesso de uma estratégia, em seu sentido escrito, depende do grau de integração e reforço mútuo das diversas decisões, ações e correções de rumo tomadas num determinado horizonte de tempo. José Matias Pereira Professor-pesquisador de Mestrado em Administração da Universidade de Brasília (UnB). Fonte: Revista Notícias Hospitalares EXERCÍCIOS 01. Analise o texto acima. 02. Descreva a importância da logística para as organizações de saúde dos componentes do seu grupo.