DIFICULDADES NA DEFINIÇÃO DE ALTITUDE

Documentos relacionados
CARTOGRAFIA. Sistemas de Coordenadas. Prof. Luiz Rotta

Geografia. Aula 02. Projeções Cartográficas A arte na construção de mapas. 2. Projeções cartográficas

Capítulo I GENERALIDADES

POSICIONAMENTOS PLANIMÉTRICO E ALTIMÉTRICO UD 1 - INTRODUÇÃO

AVALIAÇÃO DO EARTH GRAVITY MODEL 2008 (EGM2008) NO CONTEXTO DAS ALTITUDES DO SISTEMA GEODÉSICO BRASILEIRO: ESTUDO DE CASO NO PIAUÍ

Aula 2 Sistemas de Coordenadas & Projeções Cartográficas. Flávia F. Feitosa

Resolução Comentada Unesp

Gerenciamento do Escopo do Projeto (PMBoK 5ª ed.)

4/12/2013 ELEMENTOS DE GEODÉSIA E CARTOGRAFIA SISTEMAS DE REFERÊNCIA. Geóide -Gauss Modelo esférico Astronomia

Aula 01 Período

GEOMETRIA. sólidos geométricos, regiões planas e contornos PRISMAS SÓLIDOS GEOMÉTRICOS REGIÕES PLANAS CONTORNOS

Aula 03. Processadores. Prof. Ricardo Palma

DISTRIBUIÇÕES ESPECIAIS DE PROBABILIDADE DISCRETAS

Desenho Topográfico. Conceitos de Projeções Cotadas Conceitos Planimetria e Altimetria Curvas de Nível Interpolação Exercício

CONCEITOS DE CARTOGRAFIA ENG. CARTÓGRAFA ANNA CAROLINA CAVALHEIRO

Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. PTR 2202 Informações Espaciais

AULA 4 DELINEAMENTO EM QUADRADO LATINO (DQL)

4. DIMENSIONAMENTO DE ESCADAS EM CONCRETO ARMADO

Tecnologia da Construção Civil - I Fundações. Roberto dos Santos Monteiro

Figura 4.1: Diagrama de representação de uma função de 2 variáveis

Inteligência Artificial

Matrizes de Transferência de Forças e Deslocamentos para Seções Intermediárias de Elementos de Barra

Sumário. Da Terra à Lua. Movimentos no espaço 02/11/2015

Modelo Entidade Relacionamento (MER) Professor : Esp. Hiarly Alves

Por Gravimetria (grave= peso, metria= medição) entendese medição da gravidade, i.e., a medição da magnitude do vector da aceleração da gravidade g.

8 -SISTEMA DE PROJEÇÃO UNIVERSAL TRANSVERSA DE MERCATOR - UTM

Aula 4-Movimentos,Grandezas e Processos

ANÁLISE DA COMPONENTE SISTEMÁTICA DA ONDULAÇÃO GEOIDAL DOS MODELOS EGM2008 E MAPGEO2010 PARA O MUNICÍPIO DE PORTO ALEGRE-RS - ANÁLISE POR BAIRROS

Programação para Web HTML - Parte 2

ASPECTOS CONSTRUTIVOS DE ROBÔS

Introdução à Geodésia

Pesquisador em Informações Geográficas e Estatísticas A I GEOMORFOLOGIA LEIA ATENTAMENTE AS INSTRUÇÕES ABAIXO.


Instituto Federal Fluminense Campus Campos Centro Programa Tecnologia Comunicação Educação (PTCE)

A ARTE DA EAD NA BAHIA

SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA DO CAFÉ TORRADO E MOÍDO

Autoria: Fernanda Maria Villela Reis Orientadora: Tereza G. Kirner Coordenador do Projeto: Claudio Kirner. Projeto AIPRA (Processo CNPq /2010-2)


Custo de Oportunidade do Capital

Redes Sem Fio (Wireless) Prof. Fred Sauer. Redes Sem Fio (Wireless) 1

Circuitos Digitais Contadores. Orivaldo Santana Jr.

Manual de preenchimento da planilha de cálculo do índice de nacionalização

Acionamento de Motores: PWM e Ponte H

Métodos para o estudo do interior da geosfera Biologia e Geologia 10º ano

Banco de Dados. Modelo Entidade - Relacionamento. João Eduardo Ferreira Osvaldo Kotaro Takai jef@ime.usp.br DCC-IME-USP

CIÊNCIAS 9 ANO PROF.ª GISELLE PALMEIRA PROF.ª MÁRCIA MACIEL ENSINO FUNDAMENTAL

MODULAÇÃO DE UM SINAL ANALÓGICO

AVALIAÇÃO DE UM TANQUE DE DECANTAÇÃO DE SÓLIDOS UTILIZANDO FLUIDODINÂMICA COMPUTACIONAL

5838 Maquinação Introdução ao CNC

Hoje adota novas tecnologias no posicionamento geodésico, como por exemplo o Sistema de Posicionamento Global (GPS)

REGULAMENTO ESPECÍFICO XADREZ

Pressuposições à ANOVA

Teoria dos erros em medições

Universidade Federal do Paraná - Setor de Ciências da Terra

Fundamentos de Teste de Software

EDITAL DA III COMPETIÇÃO PONTE DE MACARRÃO

7. A importância do aterramento na Qualidade da Energia.

Aula 5. Uma partícula evolui na reta. A trajetória é uma função que dá a sua posição em função do tempo:

Chavetas. Agora você já tem uma noção dos elementos

FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA. Redes de Telecomunicações (2006/2007)

GEOMETRIA DO TAXISTA. (a -b )² + (a -b )²

Disciplina: Eletrificação Rural

ECONOMIA DA EDUCAÇÃO Módulo 1 Princípios de Economia

DETERMINAÇÃO DO MODELO GEOIDAL LOCAL DA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE (RMR) E PARTE DO AGRESTE DE PERNAMBUCO POR MEIO DE MEDIÇÕES GRAVIMÉTRICAS

Sistemas de Movimentação e Transporte

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA ENG 008 Fenômenos de Transporte I A Profª Fátima Lopes

Nota Técnica sobre centrais de GLP, com operação de sistema Pit Stop

Ondas EM no Espaço Livre (Vácuo)

2.0 O PROJETO DE LAJES PROTENDIDAS - SÍNTESE

Recuperação de Geografia. Roteiro 7 ano

Microsoft Word - DTec_05_-_Escalas-exercicios_2-questoes - V. 01.doc

OPERAÇÕES COM FRAÇÕES

Tipologia dos Escritórios de Projeto

MODELOS INTUITIVOS DE VIGAS VIERENDEEL PARA O ESTUDO DO DESEMPENHO ESTRUTURAL QUANDO SUJEITAS A APLICAÇÃO DE CARREGAMENTOS

RESONSABILIDADES DO ENGENHEIRO E CERTIFICAÇÃO

Álgebra Linear Aplicada à Compressão de Imagens. Universidade de Lisboa Instituto Superior Técnico. Mestrado em Engenharia Aeroespacial

Fundamentos de Bancos de Dados 3 a Prova Caderno de Questões

Exercícios cinemática Conceitos básicos e Velocidade média

IFRN - Campus Parnamirim Curso de eletricidade turma de redes de Computadores Figura 35 Relé eletromecânico

Métricas de Software

Geometria Descritiva A

a) a inclinação do eixo da Terra em 23º.27 e o seu movimento de translação.

QUESTIONAMENTO ACERCA DO EDITAL DO PREGÃO ELETRÔNICO AA Nº 03/ BNDES

Ceará e o eclipse que ajudou Einstein

O Desenvolvimento Sustentável na Ótica da Agricultura Familiar Agroecológica: Uma Opção Inovadora no Assentamento Chico Mendes Pombos - PE Brasil

Aula 6 Corrente Alternada e Corrente Contínua

Aula 8 21/09/ Microeconomia. Demanda Individual e Demanda de Mercado. Bibliografia: PINDYCK (2007) Capítulo 4

Conceitos de Gestão de Estoques. Prof. Ruy Alexandre Generoso

No caso de existência no BDG, surgirá a seguinte mensagem: Visualize o resultado da pesquisa no final da página. Clicar sobre o botão OK.

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PUC-GO CURSO: ENGENHARIA CIVIL TOPOGRAFIA I

SISTEMA DE EQUAÇÕES DO 2º GRAU

O JOVEM COMERCIÁRIO: TRABALHO E ESTUDO

Aula 7. Relações básicas: volume, densidade e velocidade

O Ministério da Saúde da República Federativa do Brasil

CONSIDERAÇÕES BÁSICAS SOBRE PROJETO DE MUSEU DE ARTES VISUAIS 1

VIII CONGRESSO BRASILEIRO DE CARTOGRAFIA FORTALEZA 24 a 31 DE JULHO DE 1977 O DATUM GEODÉSICO DE CHUÁ ENGENHEIRO LYSANDRO VIANA RODRIGUEZ

Unidade 1: O Computador

ALTITUDES E GEOPOTENCIAL 1 S. R. C. de Freitas 1 & D. Blitzkow 2

Transcrição:

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA SUL DE MINAS GERAIS Câmpus Inconfidentes ALTITUDES Aula 12 Segundo MORITZ(2007) apud GEMAEL (2012) é altura medida a partir do geoide sobre uma linha de prumo de um ponto situado acima do nível do mar (também chamada de altura ortométrica). 1

Segundo GEMAEL (2012) o nível médio dos mares é definido por uma estação maregráfica, após um certo número de anos de observações, ou seja, o nível médio dos mares não só varia de um ponto para outro como no mesmo ponto em função do tempo. Ainda, segundo o mesmo autor, o geoide, como superfície equipotencial do campo de gravidade, apresenta suaves ondulações que dependem da variação de densidade do material no interior da Terra. Mesmo que o nivelamento geométrico seja feito associado à gravimetria, será necessário o conhecimento de g no interior da crosta; o que ainda não é possível. Portanto, a altitude ortométrica é apenas uma aproximação. 2

Nivelamento Geométrico De acordo com ARANA (2009) no nivelamento geométrico são realizadas as leituras das miras em pontos distintos, cuja diferença de leitura proporciona a diferença de altitude entre os dois pontos considerados; a repetição desta operação sucessivamente ao longo de um circuito de n estações proporciona a diferença de altitude entre os pontos extremos. O Nivelamento Geométrico é conduzido admitindo que as superfícies equipotenciais do campo de gravidade sejam paralelas. Porém, em função da forma acentuadamente elipsoidal e das demais irregularidades de distribuição de massa da Terra real, o paralelismo das superfícies equipotenciais não ocorre. Blitzkow, 2008. Nivelamento Geométrico Segundo BLITZKOW (2008), em suma, o que duas superfícies equipotenciais tem de comum é a diferença de potencial e não a distância entre elas. Isto faz com que o desnível entre duas referências de nível obtidas através do somatório dos desníveis observados em cada lance do nivelamento, seja distinto quando os trajetos percorridos no nivelamento forem distintos. 3

Não Paralelismo das Superfícies Equipotenciais. Fonte: BLITZKOW, 2008. O número geopotencial representa uma grandeza física, com dimensão específica (m 2.s -2 ), pouco usual nas aplicações onde a altitude é exigida. Daí a conveniência em trabalhar com uma grandeza compatível com a dimensão usualmente empregada na altitude (m). Isto é conseguido dividindo o número geopotencial por um determinado valor da aceleração de gravidade. Se este valor for a média g m entre a superfície física e o geóide, tem-se a altitude ortométrica (BLITZKOW, 2008). 4

Segundo Blitzkow (2008), uma alternativa é substituir o valor da gravidade real pela gravidade normal γ m obtendo a altitude normal. A altitude normal representa a separação entre o elipsóide e o teluróide ou entre o quase-geóide e a superfície física. A vantagem da altitude normal é que ela independe do trajeto percorrido. A desvantagem é que a superfície à qual ela é referida, o quase-geóide ou o teluróide, não são superfícies de nível. Logo, dois pontos com a mesma altitude normal não estarão necessariamente sobre a mesma superfície equipotencial. Outras possibilidades de escolha do denominador resultam em outros diferentes tipos de altitudes como: Helmert; Vignal; Normal; e Dinâmica. 5

ALTITUDES CIENTÍFICAS De acordo com ARANA (2008), as altitudes científicas possuem as seguintes propriedades: 1. é uma função unívoca, ou seja, independe do caminho percorrido no nivelamento; 2. tem dimensão de um comprimento; 3. difere pouco dos desníveis observados; e 4. pode, facilmente, ser convertido em número geopotencial. O geopotencial nos possibilitam a determinação das altitudes científicas, em função da gravidade γ utilizada na Equação: H c = (W 0 - W)/γ Altitude Científica. Fonte: ARANA, 2009. 6

ALTITUDE ORTOMÉTRICA No sistema de altitude ortométrica. γ é definido como sendo o valor médio da gravidade verdadeira ao longo de P P, ou seja é a média da gravidade observada na superfície física da Terra e na superfície do geóide. Diante do exposto, verifica-se a impossibilidade de se obter a altitude ortométrica de um ponto. Pois é impossível a determinação da gravidade no interior da crosta terrestre. Deduzse então que a altitude ortométrica possui apenas um cunho teórico. (ARANA, 2008) ALTITUDE DE HELMERT O sistema de altitude de Helmert, utiliza-se o γ como: Onde: h esta em metros; e g em m/s 2 γ = g + 0,0424h HELMERT valeu-se do gradiente da gravidade normal para estimar um valor médio da gravidade no interior da crosta, entre o geoide e o ponto na superfície física terrestre. 7

ALTITUDE DE VIGNAL A altitude de VIGNAL, utiliza-se o γ como: Onde: h esta em metros; e g em m/s 2 γ = g 0,154h ALTITUDE NORMAL Segundo Arana (2008), na definição de altitude normal, utiliza-se o valor de γ da como sendo igual ao valor médio da gravidade teórica do ponto, calculado na superfície do elipsóide Q 0 e a gravidade teórica calculada na superfície que possui esferopotencial igual ao geopotencial do ponto Q. O ponto Q, situado sobre a normal ao elipsóide relativo ao ponto P, possui esferopotencial igual ao geopotencial. A superfície do campo da gravidade que possui esferopotencial igual geopotencial do ponto é denominada de TELURÓIDE. 8

ALTITUDE NORMAL A distância do teluróide ao ponto, contada ao longo da normal do ponto, é definida como anomalia de altitude ζ. A superfície que esta afastada da superfície do elipsóide de referência de uma quantidade igual a anomalia de altitude é designada de guase-geóide de Molodensky. Altitude Normal. Fonte: ARANA, 2009. 9

ALTITUDE NORMAL De acordo com Gemael (2012), para definir a altitude normal ou de MOLODENSKI basta, na expressão geral das altitudes cientificas, fazer: A altitude normal, utiliza o γ da expressão das altitudes científicas como γ, uma expressão que permite o calculo iterativo e preciso. ALTITUDE DINÂMICA A altitude dinâmica é obtida utilizando, na equação das altitudes científicas, o valor constante de γ, usualmente adota-se o valor da gravidade teórica (normal) média da região, por exemplo, utilizar o valor médio da região de γ, ou seja, considera-se a latitude de 45º. γ 67 = 978031,846*(1 + 0,0053024*sen 2 (φ) 0,0000059*sen 2 (2φ)) γ 80 = 978032,7*(1 + 0,0053024*sen 2 (φ) 0,0000058*sen 2 (2φ)) 10

EXERCÍCIO Considerando o Datum SIRGAS2000, calcule as altitudes científicas para o ponto: g = 978516.80 mgal φ = 22º 19 22 S λ = 46º 19 39 W H = 866,21 m h = 863,37 m REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARANA, J. Introdução a Geodésia Física. FCT-UNESP Presidente Prudente, 2009. BLITZKOW, D. Geodésia Física e Gravimetria. Escola Politécnica da Universidade de São Paulo São Paulo, 2008. GEMAEL, C. Introdução à Geodesia Física. Ed. UFPR Curitiba, 2012. HOFMANN-WELLENHOF, B. e MORITZ, H. Physical Geodesy. Ed. SpringerWienNewYork Austria, 2005. MIRANDA, J. M., LUIS, J. F., COSTA, P. T. e SANTOS, F. M. Fundamentos de Geofísica. 2012. MOLINA, E. C. Gravimetria e Geomagnetismo - notas de aula. <disponível em: http:// www.iag.usp.br/~eder/agg0333/>, 2014. SNEEUW, N. Physical Geodesy. Institude of Geodesy Universität Stuttgart Stuttgart, 2006. 11

DÚVIDAS? e-mail: luciano.barbosa@ifsuldeminas.edu.br Fonte: BOLSTAD P., 2012. 12