INFORME INFRA-ESTRUTURA



Documentos relacionados
JUSTIFICATIVA: Rodovia classificada como ruim/péssima (característica pavimento) na Pesquisa Rodoviária CNT 2007

A NAVEGAÇÃO FLUVIAL NA AMAZÔNIA AMAZONAV LTDA

PORTO MEARIM AESA UM PORTO NÃO É GRANDE APENAS POR SEU CAIS, SUA INFRAESTRUTURA OU CAPACIDADE LOGÍSTICA

Visão dos armadores sobre potencial, investimentos e obstáculos no corredor Centro Norte SINDARPA

Usinas termelétricas em Manaus, capital do Amazonas

Comercialização de grãos. Frota fluvial. Geração. Terminal flutuante. Terminal. Grupo André Maggi. Fundação André Maggi. Originação.

Aspectos operacionais e ambientais dos portos das cidades Amazônicas

As atuais condições da infraestrutura de transporte e logística do Brasil têm

Desafio Logístico 2013

CADASTRO DE VISTORIA

Usina de Balbina(grande degradação ambiental)

PROGRAMA PRÓ CABOTAGEM POTENCIAL DA CABOTAGEM PARA O AGRONEGÓCIO

LOGÍSTICA DA REGIÃO NORTE PARA O AGRONEGÓCIO

Comentários sobre o. Plano Decenal de Expansão. de Energia (PDE )

Navegação de Cabotagem

A IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA PARA O DESENVOLVIMENTO REGIONAL

A Importância da Logística para o Desenvolvimento Regional Wagner Cardoso

Caracterização da Oferta e da Demanda do Transporte Fluvial de Passageiros na Região Amazônica

Bruno Batista Diretor Executivo da CNT Brasília, Abril de 2009

Hermasa e o Corredor Noroeste de Exportação de Grãos

CAPÍTULO III MEIOS DE TRANSPORTE TRANSPORTE HIDROVIÁRIO

Hidrovia Tapajós Teles Pires A hidrovia do agronegócio

Reunião APIMEC - 3T15 dri@santosbrasil.com.br

II Seminário Portos e vias navegáveis

AS REDES DE TRANSPORTE NO TERRITÓRIO PORTUGUÊS

PROGRAMAS REGIONAIS PROGRAMAS REGIONAIS NORTE FRONTEIRA NORTE NORDESTE ARAGUAIA- TOCANTINS FRONTEIRA NORTE OESTE NORTE SÃO FRANCISCO SUDOESTE LESTE

E S T A D O D O P A R A N Á SECRETARIA DE ESTADO DE INFRAESTRUTURA E LOGÍSTICA. Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina Superintendência

Armazenagem, Controle e Distribuição. Aula 6. Contextualização. Modais de Transporte. Instrumentalização. Modais de Transporte

Seminário Internacional sobre Hidrovias

A logística de transportes e telecomunicações no noroeste do Mato Grosso: entrave ao desenvolvimento ou oportunidade de negócios.

PESQUISA CNT DA NAVEGAÇÃO INTERIOR 2013

Visão Ser o porto de referência para as cadeias logísticas da costa leste de África.

Aimplementação da estratégia Caminhos da Bahia fundamenta-se no aporte de infraestrutura

Plano de Expansão e Melhorias do Setor Elétrico do Estado do Amazonas MME. Ministério de Minas e Energia. Ministro Eduardo Braga 10 de Abril de 2015

Colégio Policial Militar Feliciano Nunes Pires

Capacidade dos Portos Brasileiros Soja e Milho

CP/CAEM/2004 2ª AVALIAÇÃO SOMATIVA FICHA AUXILIAR DE CORREÇÃO

Ângelo Monteiro GERENCIAMENTO DE RISCOS EM TRANSPORTES

2º Fórum Sobre Hidrovias As Hidrovias como fator de desenvolvimento.

Plano Hidroviário Estratégico - PHE. Imagine o resultado

HIDROVIA SOLIMÕES - AMAZONAS

Acompanhamento de Preços e Desempenho Operacional dos Serviços. Portuárias e Hidroviárias ENEPh

PORTO FLUVIAL DE PORTO DE PORTO ALEGRE

REGULAMENTAÇÃO Importação, Exportação e Transporte de Petróleo e seus Derivados

VI CONGRESSO INTERNACIONAL DE TRANSPORTES NA AMAZÔNIA II SEMINÁRIO INTERNACIONAL BRASIL/HOLANDA

NOVEMBRO 2011 IMPORTÂNCIA ESTRATÉGICA PORTO HOJE PLANO ESTRATÉGICO

COMISSÃO DA AMAZÔNIA, INTEGRAÇÃO NACIONAL E DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL

Intermodal 2015 CABOTAGEM NO BRASIL

PORTO DE PELOTAS PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO

Ângelo Monteiro GERENCIAMENTO DE RISCOS EM TRANSPORTES

TARIFA DO PORTO DE SUAPE

Os Sistemas de Agendamento como Ferramenta de Gestão. - Sistema PAMPA. Guillermo Dawson Jr. Porto Alegre, 27 de maio de 2014.

Av. Mauá, nº Centro Porto Alegre CEP Telefone:

Transporte na Região Amazônica

Eixo de integração Centro-Oeste - Logística ABDE

2. OBJETIVOS 3. ÁREA DE INTERESSE

SÚMULA DAS NORMAS REGULAMENTADORAS NR S. Objetivo: Instruir quanto ao campo de aplicação das NR s e direitos e obrigações das partes.

O PAPEL DA MATRIZ DE TRANSPORTES DE CARGAS NA EFICIÊNCIA DA CADEIA DE LOGÍSTICA DO ESTADO DE SÃO PAULO

QUESTÕES FUNDAMENTAIS DA LOGÍSTICA NO BRASIL. Agosto de 2013

No geral, a Hamburg Süd alcançou um resultado positivo nos serviços marítimos mesmo com as adversidades verificadas no mercado.

OS BIOCOMBUSTÍVEIS E A

A Importância do Porto Brasileiro no Desenvolvimento da Cabotagem. Fabrízio Pierdomenico

AGENDA. A Vale. O Maior Projeto de Logística da America Latina. - Exportação de Minério. - Logística da Vale de Carga Geral

ESTUDO DA ANTAQ REVELA A UTILIZAÇÃO ECONÔMICA DE MAIS DE 20 MIL KM DE HIDROVIAS BRASILEIRAS

CONDOMINIO INDUSTRIAL MARITIMO

Navegação de Cabotagem no Brasil. João Guilherme Araujo. Novembro/2013

Hidrovia Tapajós s / Teles Pires

Perspectivas e Desafios ao Desenvolvimento de Infra-estrutura de Transportes no Brasil

BR 163 Divisa de MT/PA - Santarém. Figura 01: Mapa da BR 163.

Objetivo 3.2. Melhorar a infra-estrutura de transporte e logística do Estado. As prioridades estaduais, segundo a visão da indústria, estão na

POR QUE EMBARCAR COM A LOG-IN? Soluções logísticas que integram Brasil e MERCOSUL

ANEXO Nº 1 - A UTILIZAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO DOS SISTEMAS HIDROVIÁRIOS AMAZÔNICOS

REVITALIZAÇÃO DO CAIS COMERCIAL DO PORTO DE VITÓRIA

Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Notas sobre o balanço de um ano do PAC

CARACTERIZAÇÃO DO TRANSPORTE FLUVIAL DE PASSAGEIROS NA AMAZÔNIA

IMPORTÂNCIA DOS TRANSPORTES

A NAVEGAÇÃO DE CABOTAGEM COMO SOLUÇÃO DE LOGÍSTICA COSTEIRA PARA O BRASIL Thiago Gonçalves Maio de 2014

PORTO ORGANIZADO DE PORTO VELHO TARIFA PORTUÁRIA VIGÊNCIA: 07/05/2015.

PIC. Projeto de Incentivo à CABOTAGEM. Projeto de Incentivo à Cabotagem PIC

A CLASSIFICAÇÃO DO TRANSPORTE DE SAL NA COSTA DO ESTADO DO RN COMO ATIVIDADE DE NAVEGAÇÃO DE APOIO PORTUÁRIO E A RESOLUÇÃO Nº 1.766, DE 23 DE JULHO

PETCON PLANEJAMENTO EM TRANSPORTE E CONSULTORIA LTDA. SBS Qd. 02, Ed. Empire Center, Sala 1303 (Cobertura) Brasília - DF Tel.


A Região Autónoma dos Açores é composta por nove ilhas localizadas no Atlântico Norte, entre a América do Norte e a Europa;

COSAN DAY Julio Fontana

Ministério dos Transportes

ORÇAMENTO DE INVESTIMENTO DAS EMPRESAS ESTATAIS Principais Grupos

Comercialização de grãos. Frota fluvial. Geração. Terminal flutuante. Terminal. Grupo André Maggi. Fundação André Maggi. Originação.

O Afretamento de Embarcações Estrangeiras Operadas por EBN

COMISSÃO DE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

NORMAM-12 - ANEXO 4-A - RELAÇÃO DAS ZONAS DE PRATICAGEM

Navegação Interior. Entraves para suas atividades

WORKSHOP PERSPECTIVAS E DESAFIOS DA ENERGIA NUCLEAR NA MATRIZ ELÉTRICA DO BRASIL

Agência Nacional de Transportes Aquaviários ANTAQ Relação de Serviços

COLÉGIO SALESIANO SÃO JOSÉ Geografia 9º Ano Prof.º Daniel Fonseca. Produção energética no Brasil: Etanol, Petróleo e Hidreletricidade

COMPANHIA DOCAS DO ESTADO DE SÃO PAULO - CODESP AUTORIDADE PORTUÁRIA DE SANTOS

Superintendência de Navegação SNA Navegação de Cabotagem

GOVERNO FEDERAL MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES PORTO DE SANTOS A PORTA DO BRASIL. Março/2004

MRS, uma Ferrovia com Selo ISO de Qualidade

A Modernização dos Portos Brasileiros para a Copa do Mundo de 2014

P R O J E T O D E P E S Q U IS A IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO. Título: Projeto de Portos no Amazonas. Aluno Pesquisador:Ricardo Almeida Sanches

Transcrição:

INFORME INFRA-ESTRUTURA ÁREA DE PROJETOS DE INFRA-ESTRUTURA Nº 22 MAIO/98 Transportes na Amazônia Os principais rios navegáveis da região amazônica são o Solimões/Amazonas, o Negro, o Branco, o Madeira, o Purus e o Juruá, e a navegação hidroviária é o único meio de acesso a quase totalidade dos municípios da região. A calha principal da bacia amazônica, que compreende o rio Solimões/Amazonas, possui capacidade para receber desde embarcações fluviais até navios oceânicos. A Bacia Amazônica - Principais Rios Navegáveis (798Km -1,1m ) Cruzeiro do Sul ACRE Benjam in Constant Eurinepe Cucuí Rio Japurá (721Km -1,5m ) Vila Bitencourt Rio Juruá Rio Acre (285Km -0,8m ) Rio Negro (1.600Km -2,4m ) Tam aniqua (1.644Km -2,1m ) Rio Branco RORAIMABoa Vista Caracaraí Rio Solimões (1.620Km -4,5m ) Boca do Acre AMAZONAS Tefé Rio Purus (1.688Km -2,1m ) Coari Porto Velho Rio Branco (440Km -0,9m ) Rio M adeira (1.100Km -2,1m ) Manaus RONDÔNIA Itacoatiara Porteiro Rio Trom betas (236Km -1,5m ) Rio Amazonas (1.488Km -6,9m ) Itaituba Cachoeira Chacarão Rio Teles Pires Rio Tapajós (280Km -2,5m ) MATO GROSSO AMAPÁ PARÁ Macapá Altamira Ilha de Marajó Rio Xingu (236Km -1,5m ) Belém PRINCIPAIS PORTOS Os principais portos públicos são: Manaus; Belém; Porto Velho; Macapá; e. O tráfego entre os municípios de Manaus, Porto Velho e Belém responde por cerca de 70% da movimentação total de cargas hidroviárias na Amazônia. Em Porto Velho, toda a movimentação de cargas é realizada na área do porto público; já em Manaus e Belém, a movimentação está concentrada em terminais privativos de propriedade das empresas armadoras, localizados fora da área dos portos públicos. Por esse motivo, a movimentação dessas cargas não aparece nas estatísticas oficiais dos portos, induzindo à subestimação sobre o tráfego efetivo da região. TABELA 1 - Movimentação dos Principais Portos da Região Amazônica - 1996 (em toneladas)

PORTO Movimento Total (a) Navegação Interior (b) b/ a ( em %) Macapá(AP) 1.456.094 133.368 9,16 Porto Velho (RO) 1.365.294 1.365.294 100,00 (PA) 268.824 209.324 77,87 Manaus(AM) 4.364.632 552.904 12,67 V. do Conde (PA) 3.270.210 158.503 4,85 Belém(PA) 12.219.881 850.035 6,97 Total 22.946.931 3.269.428 14,25 Fonte: Geipot - Anuário Estatístico Portuário 1996 Gráfico 1 -Propriedade dos Portos Utilizados na N avegação Interior -Belém e M anaus -1996 100% 80% 60% 40% 20% 0% Belém P ú b lic o Fonte:AHIM OC/U FPA/FAD ESP M anaus Privado Em 1996, os portos públicos movimentaram 1,8 milhão de toneladas de carga geral (56%), 1 milhão de toneladas de granéis líquidos (32%) e 380 mil toneladas de granéis sólidos (12%), totalizando 3,2 milhões de toneladas de cargas. Para os terminais privativos, o movimento estimado é 80% maior, atingindo cerca de 5 milhões de toneladas anuais. A Tabela 2 apresenta um resumo das principais estatísticas referentes à navegação interior na bacia amazônica.

TABELA 2 - PRINCIPAIS LINHAS DE NAVEGAÇÃO NA REGIÃO AMAZÔNICA BELÉM/MACAPÁ BELÉM/MANAUS BELÉM/SANTARÉM MANAUS/SANTARÉM MANAUS/P. VELHO 1) Características extensão Km milhas 574 379 1.646 889 932 503 756 408 1.350 728 total de empresas 24 26 8 16 27 2) Embarcações Mistas (Passageiros + Cargas) tempo de viagem (horas) 24 120 / 83 60 / 36 45 / 30 87 / 77 nº de empresas 13 7 3 10 7 frota total 17 11 3 14 7 casco em aço 5 6 1 2 0 casco em madeira 12 5 2 12 7 capacidade passageiros 3.074 3.609 792 1.758 874 carga (ton.) 2.213 1.552 620 1.322 960 3) Embarcações de Carga (Comboio de Empurra) tempo de viagem (horas) 40 168 / 96 95 / 62 77 / 50 137 / 90 número de empresas 11 19 5 6 20 frota total de chatas 44 91 9 14 129 3.1) Embarcações de Carga no Transporte de Carga Geral nº de empresas 7 17 2 3 8 frota total de chatas 17 89 5 6 54 oferta anual total (ton.) 804.000 2.690.320 183.500 126.000 3.075.000 principais empresas Reicon (34%) Silanve (20%) Sanave (12%) Equatorial (19%) Bertoline (17%) Tecnocargo (11%) Sanave (11%) Reicon (70%) Unirios (25%) M. Pinto (5%) C.Sobrinho (37%) Mubarac (34%) M. Pinto (29%) Equatorial (35%) F. Oliveira (25%) Amazonav (17%) L.J. Veiga (10%) 3.2) Embarcações de Carga no Transporte de Granéis Líquidos número de empresas 4 2 3 3 16 frota total de chatas 27 2 4 8 73 volume transportado (ton.) 154.000 2.487 8.500 84.000 940.000 principais produtos óleo diesel (80%) gas. avião (70%) quer. avião (85%) óleo diesel (75%) óleo diesel (80%) gasolina (14%) principais empresas CNA (60%) Belnave (22%) Transmar (11%) Fonte: AHIMOC / UFPA / FADESP Manaus 26% 3% 9% 12% Macapá 50% quer. Avião(30%) CNA (67%) J.Rogério (33%) gas. avião (15%) W. Freire (69%) J.Rogério (25%) CNA (6%) gasolina (15%) A M Freire (46%) CNA (44%) Conasa (10%) gasolina (13%) CNA (25%) Conasa (22%) Equatorial (13%) Passageiros G ranéis Líquidos G ranéis Sólidos P.Velho Macapá Manaus Macapá 1% 13% 0% 3% 13% 7% Fonte:AH IM O C/U FPA/FAD ESP PARTICIPAÇÃO DAS PRINCIPAIS LINHAS -1996 P. Velho 79% P. Velho 42% 3% Manaus 39% TRANSPORTE DE CARGAS Granéis Agrícolas A movimentação de grãos na região amazônica é recente e está associada a projetos integrados de plantio. Apenas o sojicultor Blairo Maggi, através de sua transportadora Hermasa, realiza a exportação de soja pelo rio Madeira. O governo do Amazonas está incentivando a produção de soja no município de Humaitá, na

margem do rio Madeira, embora, de acordo com a Embrapa, existam dúvidas quanto à sustentabilidade e à amplitude dessa exploração. As 12 balsas em operação e as 18 a serem construídas asseguram à Hermasa, em curto e médio prazo, plena capacidade de transportar a produção de soja da região da chapada dos Parecis a ser exportada através do rio Madeira. Granéis Líquidos O transporte hidroviário de granéis líquidos assegura a distribuição de derivados de petróleo para consumo e para geração de eletricidade na quase totalidade dos municípios da Amazônia. Os embarques são realizados no pólo de Belém, que recebe derivados de petróleo por cabotagem, e na Reman, refinaria de Manaus. Com relação aos desembarques, merece especial destaque o tráfego entre Manaus e Porto Velho, que responde por 80% da movimentação de combustíveis da região (tabela 2). O projeto Urucu, da Petrobrás, no município de Coari (AM) irá se transformar em um novo pólo gerador de embarques de petróleo e de gás natural. Entretanto, a correta avaliação do seu alcance depende da conclusão de estudos de viabilidade econômica e de impacto ambiental do projeto de se transportar o gás natural desse campo petrolífero até Manaus e até Porto Velho através de dois gasodutos (figura 1). Com a implantação desses gasodutos haverá uma redução nas necessidades de transporte de combustível na rota Porto Velho para o abastecimento das usinas termelétricas de Rondônia e outras a serem implantadas na região Centro- Oeste, que usariam gás natural. Cerca de 50 chatas que operam nessa rota seriam sucateadas ou teriam que ser readaptadas para o transporte de granéis alimentares ou de carga geral, o que é técnica e economicamente viável. Figura 1 -Pólos de Em barque de Derivados de Petróleo e G asodutos projetados Coari Porto Velho Carga Geral Para se analisar corretamente as necessidades de transporte hidroviário da região é preciso, inicialmente, considerar que Manaus (o único centro gerador de carga geral na Amazônia) é uma ilha, ou seja, toda a movimentação com o resto do Brasil somente é possível através da água ou do ar. Os produtos de Manaus são colocados em carretas que seguem em balsas (ro-ro caboclo) até Porto Velho ou Belém, e depois por via rodoviária até o seu destino. O custo dessa operação é altíssimo, envolvendo a formação de comboios e a organização de escolta armada etc., o que resulta em fretes de R$ 6 mil, em média. A figura 2 apresenta sinteticamente o esquema de transporte terrestre entre Manaus e o resto do Brasil. Além desses custos diretos, têm-se os custos indiretos, suportados por toda a sociedade, tais como o alto dispêndio energético do transporte rodoviário e os gastos com ampliação e manutenção de estradas. Por exemplo, a conclusão da BR- 163/ Cuiabá- exigiria a pavimentação de 600 km e a implantação de outros 1.200 km de rodovia em plena floresta amazônica (R$ 500milhões). Esse investimento reduziria apenas o percurso hidroviário, o mais econômico, já que as distâncias de, de Belém ou de Porto Velho até São Paulo, são equivalentes.

Figura 2 -Transporte de Carga Geral M anaus-brasil Porto Velho Finalmente, com o processo de privatização dos portos, espera-se não só a redução de seus custos, mas, principalmente, o aumento de sua eficiência operacional, o que viabilizaria a retomada da navegação de cabotagem entre Manaus e o resto do Brasil. Já existem dois navios operando na cabotagem com contêineres, e está sendo analisada a viabilidade econômica da introdução de navios ro-ro para o transporte de carretas. Com dois navios ro-ro para 200 carretas cada um, seria possível conquistar imediatamente 10% do mercado atual, que é de oito mil carretas mensais. As estimativas com essa operação intermodal com cabotagem são de uma redução de 50% no frete total, porta-a-porta. 1 TRANSPORTE DE PASSAGEIROS Cerca de 320 mil passageiros por ano são transportados entre os principais portos da região amazônica. Metade desses passageiros é transportada entre Belém e Macapá, e outros 26% entre Belém e Manaus. O embarque dos passageiros é realizado em condições precárias, na maioria das vezes, junto aos cais destinados à movimentação de cargas. Além disso, é grande o número de embarcações com casco de madeira, que navegam em péssimas condições. Estima-se que 100 mil embarcações transportem passageiros, sendo que há apenas 48 barcos operando em linhas regulares, dos quais somente 14 são construídos com casco de aço. A precariedade das embarcações e a ausência de fiscalização (excesso de passageiros embarcados) explicam a maior parte dos acidentes, quase todos com elevado número de mortes. NOVOS PROJETOS PORTUÁRIOS Os governos federal, através da Companhia Docas, estadual e municipal estão estudando um projeto para o porto de Belém, visando a modernização das atividades de movimentação de cargas e passageiros e a revitalização de áreas ociosas e degradadas. Para o porto de Manaus, recém estadualizado, os governos estadual e municipal têm um projeto básico de reestruturação que prevê a transferência da movimentação 1 A operação de cabotagem até a Amazônia é bastante prejudicada pela regulamentação marítima. Por exemplo, a entrada de um navio no rio Amazonas exige a contratação de dois serviços de praticagem: o primeiro entre Macapá e o encontro dos rios Negro e Amazonas (R$ 16 mil), e o segundo, até a atracação do navio no cais (R$ 11mil). Além disso, há as despesas com contratação de um agente marítimo (R$ 3 mil) e com rebocagem obrigatória (R$ 5 mil). Tais custos representam, para um navio de 200 contêineres, R$100 por unidade, metade da tarifa cobrado para a movimentação pelo porto de Manaus. Para um navio ro-ro com 200 carretas, as despesas com praticagem e rebocagem representam cerca de 10% do preço final cobrado aos usuários para o transporte porta-a-porta entre Manaus e São Paulo. A eliminação do monopólio da praticagem e a revisão dos critérios sobre a obrigatoriedade de rebocagem (questões que também afetam todos os portos do país) são prioritárias para o ressurgimento da cabotagem e para a redução do Custo-Brasil.

de cargas para um novo terminal no distrito industrial, o que eliminará as restrições técnicas e operacionais existentes (área de estocagem reduzida, operação mista e caótica de passageiros, de cargas e do tráfego local etc.), e a construção de um moderno terminal de passageiros. CONCLUSÕES A elaboração de cenários prospectivos sobre o transporte hidroviário na bacia amazônica apresenta elevada complexidade dadas as inúmeras variáveis existentes. Por exemplo, a conversão de chatas de transporte de combustível para uso nos segmentos de granéis alimentares e de carga geral (ro-ro caboclo) é de fácil implementação e já vem sendo realizada. O aproveitamento das 50 balsas que deverão ser liberadas em médio prazo do tráfego Porto Velho, com a construção do gasoduto, afetará especialmente o segmento de carga geral, uma vez que a entrada de novas empresas de trans-porte de granéis alimentares será bastante difícil, pois a Hermasa, única operadora, tem seu mercado assegurado por controlar a produção e a comercialização da soja de Mato Grosso exportada através do rio Madeira. Esse aumento na oferta de balsas deverá ocorrer simultaneamente à retomada das operações de cabotagem, tornando ainda mais imprecisa a elaboração de cenários de médio e longo prazo para o segmento de carga geral na Amazônia. Ressalte-se que, como decorrência disso, as maiores transportadoras rodo-fluviais, que respondem por mais de 70% do mercado, estão restringindo seus investimentos exclusivamente a readaptação e a requalificação de balsas e a reforma de empurradores, sendo todos eles realizados com recursos próprios. Figura 3 -Cenário de M édio Prazo para o Transporte de Carga Geralna rota M anausresto do Brasil Porto Velho Cuiabá Já para o mercado de transporte de passageiros as perspectivas são bastante otimistas, uma vez que as intervenções governamentais, além de modernizar os terminais portuários, irão disciplinar esse serviço obrigando as empresas a modernizarem suas frotas, o que eliminará a insegurança operacional existente. Esses investimentos são apoiáveis pelo BNDES, tanto por serem projetos viáveis, como por estarem priorizando o bem-estar social. Equipe Responsável:Geset3/AI Luciano Otávio Marques de Velasco -Gerente Eriksom Teixeira Lima -Econom ista Ana Lúcia de Avellar-A ssistente Técnico Andrea Rodrigues Dell Arm i-econom ista Estag Fone:(021)277.7321 FAX:(021)220.6433 e-mail:navegar@ bndes.gov.br