Calcular a derivada e a integral da função exponencial.

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Transcrição:

Aula 2 A função exponencial e a função logarítmica Objetivos Estudar a função exponencial. Calcular a derivada e a integral da função exponencial. Como vimos na aula, a função logarítmica ln : 0, ) R é injetiva e sobrejetiva. Portanto, existe a sua função inversa ln : R 0, ). Esta aula é dedicada ao estudo dessa função, chamada função exponencial. A função exponencial Comecemos com a seguinte definição. Definição 3. Definimos a função exponencial exp : R 0, ) como sendo a inversa da função logaritmo natural ln : 0, ) R. Como as funções logaritmo e exponencial são inversas uma da outra, os seus gráficos são simétricos com relação à primeira bissetriz y = x, como mostra a figura 2.. Listaremos as propriedades da função exponencial que são, essencialmente, decorrentes das propriedades da função logarítmica. Propriedade. exp x>0 para todo x R. Isto se segue da própria definição de exponencial pois, já que ln : 0, ) R, a imagem da exponencial é exatamente o domínio do logaritmo que é o intervalo 0, ). 249

250 Cálculo - aula 2 UFPA Fig. 2. Propriedade 2. lnexp x) =x para todo x R. Esse fato é decorrência da própria definição de função inversa e do fato de exp ser a inversa de ln. Propriedade 3. expln x) = x para todo x > 0. Justifica-se essa propriedade como no caso anterior. Propriedade 4. exp : R 0, ) é uma função crescente. Deve-se mostrar que se u<ventão exp u<exp v. Suponhamos que u<v. Como u = lnexp u) ev = lnexp v), tem-se lnexp u) < lnexp v) e como ln é crescente concluímos que exp u<exp v. d Propriedade 5. dx exp x) = exp x ou exp x) = exp x. Inicialmente, observemos que se y = exp x então ln y = x. Derivando ambos os membros desta última igualdade com relação a x, observando que y é uma função de x, obtemos edaí donde concluímos que d ln y) = dx y y =, y = exp x) =y = exp x. Propriedade 6. Se fx) for uma função derivável, então a função y = exp fx) é derivável e y = f x) exp fx). Essa propriedade segue-se imediatamente da regra da cadeia. À guisa de exemplo, a derivada da função y = expcos x) é dada por y = cos x) expcos x) = sen x expcos x).

UFPA Cálculo - aula 2 25 Propriedade 7. exp xdx = exp x + C. Esta propriedade é decorrência do fato de que exp x = exp x, ou seja, exp é uma primitiva dela mesma. Propriedade 8. exp 0 = Como a função exp e a função ln são inversas uma da outra, tem-se = exp ln = exp 0 Propriedade 9. expu + v) = exp u exp v. É suficiente observar que ln expu + v) =u + v = ln exp u + ln exp v = lnexp u exp v) e como ln é uma função injetiva, obtemos Propriedade 0. expu v) = exp u exp v Observemos que expu + v) = exp u exp v expu v) exp v = exp[u v)+v] = exp u e agora dividindo-se ambos os membros da igualdade acima por exp v obteremos a igualdade acima. Propriedade. exp v) = exp v Esta propriedade é imediata a partir da anterior. Propriedade 2. lim exp x =+ x + Observemos que, tomando y =2 k, em que k N, teremos ln y = ln 2 k, donde ln y = k ln 2 e desde que ln 2 > 0 tem-se que ln y + se k +. Conseqüentemente y = exp x + se x +. Propriedade 3. lim exp x =0 x Neste caso tomemos y =2 k para k N. Daí, ln y =ln2 k de onde ln y = k ln 2 e como k ln 2 deveremos ter ln y e então y = exp x 0.

252 Cálculo - aula 2 UFPA 2 A função exp eonúmero e A partir de agora o fato de chamarmos a função exp de exponencial começará a ser esclarecido. Definição 4. Definimos o número e como sendo aquele que satisfaz ln e = Onúmero e está bem definido, pois a função ln : 0, + ) R é injetora e sobrejetora. Portanto, dado o número R, existe um único número positivo, que designaremos por e, tal que ln e =. Propriedade 4. exp x = e x para todo x R. Comecemos observando que a propriedade éválida para x =. De fato, e = expln e) = exp. Por indução, mostraremos que a propriedade se verifica para todo n N. Para n = isto foi exatamente o que acabou de ser demonstrado. Suponhamos que e n = exp n, para n N. Assim expn + ) = exp n exp = e n e = e n+, o que mostra que a propriedade éválida para n + e, conseqüentemente, válida para todo n N Se n for inteiro positivo, teremos e assim exp0) = = expn + n)) = expn) exp n) exp n) = exp n = e n = e n Suponhamos que r = m em que m e n são números inteiros e n 0. n Daí, m ) exp r = exp = exp n n + + ) = n }{{} m vezes ) ) = exp exp = e m n e n = e n n n em que usamos o fato de que exp ) n = e n. Mostremos este fato: Seja y = exp ) n, ou seja, ln y = o que implica n ln y =edaí n ln y n ==lneepela injetividade da função ln tem-se y n = e e então y = exp ) n = e n.

UFPA Cálculo - aula 2 253 Desse modo temos exp r = e r, para todo r Q. Assim, é natural definir a potência e x, para qualquer número real x, como feito a seguir. Definição 5. Dado qualquer número x R, define-se e x = exp x. De agora em diante trabalharemos com a função exponencial apresentando-a mais na forma y = e x do que na forma y = exp x. Cabem algumas observações sobre o número e, que é a base do sistema de logaritmos naturais. Onúmero e éumnúmero irracional, ou seja, ele não pode ser escrito na forma de uma fração p, em que p, q Z, com q 0, e seu valor aproximado q é2, 782882845... Na verdade, e éumnúmero transcendente, isto é, ele não é raiz de nenhum polinômio da forma P x) =a n x n + a n x n + + a x + a 0,a n 0 em que os coeficientes a 0,a,...,a n sejam inteiros. Os números que não são transcendentes são chamados algébricos. Deve-se ressaltar que todo número racional p, p, q Z, com q 0,é q algébrico. Basta observar que p q é raiz do polinômio de grau P x) =qx p. No entanto, existem números irracionais que são algébricos, como é o caso de 2, que é raiz do polinômio P x) =x 2 2. Para mais informações sobre tais classes de números, o leitor pode consultar D.G. de Figueiredo Uma maneira de calcular e x é por meio de uma entidade matemática chamada série numérica que é, grosso modo, uma soma com uma infinidade de parcelas. Detalhes sobre estas séries serão vistas nas aulas referentes à Análise. Apenas como uma informação adicional observemos que e x pode ser escrita como e x =+ x! + x2 2! + sendo que uma boa aproximação para e x, qualquer que seja x R, é dada por e x x = +! + x2 2! xn + +, n =, 2,... n! Djairo G. de Figueiredo, Números Irracionais e Transcendentes, coleção Iniciação Científica, Sociedade Brasileira de Matemática, 2002.

254 Cálculo - aula 2 UFPA de sorte que quanto maior o valor de n melhor será a aproximação obtida. Deve-se enfatizar que as funções exponencial e logarítmica são aplicáveis em vários problemas oriundos não só da Matemática como também do mundo físico. Uma classe desses problemas está relacionada com os chamados crescimento ou decaimento exponencial. Tornemos isso mais preciso. Suponhamos que y = yt) represente o valor de uma certa quantidade, no tempo t, cujo crescimento ou decrescimento seja expresso pela igualdade dy dt = ky, em que k é uma certa constante não-nula. Tal expressão traduz o fato de que a taxa de variação derivada) da quantidade y é proporcional ao valor de y em cada instante t. Façamos gt) = y e calculemos sua derivada, usando a regra do e kt quociente: dy dg dt t) =ekt dt ykekt = ekt ky yke kt =0, e 2kt e 2kt qualquer que seja t em um certo intervalo, normalmente 0, + ). Portanto, gt) deve ser constante, de modo que yt) = C, e kt para alguma constante C e para todo t 0, ou seja, yt) =Ce kt. Suponhamos que no fenômeno que estejamos a estudar, conheça-se o valor de y em t = 0, digamos y0) = y 0. Assim, podemos determinar o valor de C: y 0 = y0) = Ce k 0 = C eentão yt) =y 0 e kt. Se k>0, diz-se que y cresce exponencialmente e, se k<0, diz-se que y decresce exponencialmente. Esse tipo de problema será estudado detalhadamente nas aulas referentes às equações diferenciais. Nos exercícios resolvidos mostraremos várias propriedades importantes das funções exponencial e logarítmica e que o leitor deve estudar com cuidado. Um problema importante em Biologia, que já foi citado an passant, é o do crescimento populacional de bactérias. Designemos por N = Nt) o

UFPA Cálculo - aula 2 255 número de bactérias em uma certa colônia de um experimento científico. Um modelo razoável para descrever tal fenômeno, caso não haja inibição ao crescimento das bactérias, é o descrito pela relação dn dt = kn, em que dn é a derivada de N, que representa a taxa de crescimento populacional, e k é uma constante positiva, sendo que esta última relação éo dt que chamamos de equação diferencial, a qual expressa o fato de que a taxa de crescimento da cultura de bactérias, em cada instante t, é proporcional à quantidade de bactérias neste mesmo instante. Reescrevamos tal equação diferencial na forma N t) Nt) = k e observemos que d dt lnnt)) = N t), ou seja, Nt) d dt lnnt)) = k o que nos diz que ln Nt) é uma primitiva da função constante k, isto é, ln Nt) = kdt + C Portanto, ln Nt) =kt + C e usando o fato conhecido de que as funções logarítmica e exponencial são inversas uma da outra, teremos e chamando e c = A, obtemos Nt) =e kt+c = c c e kt Nt) =Ae kt que é a chamada solução geral da equação diferencial dn = kn, e diz dt então que a população de bactérias possui crescimento exponencial. Admitindo que saibamos calcular o número de bactérias no início do experimento, isto é, n0) = N 0 é um valor conhecido, obteremos N0) = Ae 0 = A = N 0.Daí, Nt) =N 0 e kt. Vejamos uma situação concreta.

256 Cálculo - aula 2 UFPA Suponhamos que em um experimento científico um pesquisador dispõe de uma colônia de bactérias para ser observada. Admitamos que no dia de abril existam milhão de bactérias e no dia de maio elas tenham crescido e atingido a marca de 7,5 milhões. Observemos que a função que rege tal fenômeno é Nt) =N 0 e kt. Considerando t = 0 no dia de abril, teremos N0) = 000000 = N 0 edaí Nt) =0 6 e kt. Como calcular k? Ora, N30) = 75 0 5, e daí N30) = 0 6 e k 30, donde se conclui que ln 7, 5 k = = 0, 0672. 30 Assim Nt) = 0 6 e 0,0672t. Quando a colônia de bactérias atingiria a formidável marca de 0 9 elementos? Simples: 0 9 = 06 e 0,0672t edaí t ln 000 = 0, 0672 = 02, 8 dias. Essa marca será alcançada no dia de julho. 3 A função exponencial de base a Observe que, muito embora a função e x tenha sido introduzida no ensino médio, expressões como π x ou 3, 2 entre outras, ainda não foram rigorosamente definidas. Ora, como já sabemos calcular e x, para qualquer valor real de x, a definição seguinte deverá soar bastante natural. Definição 6. Dado qualquer número real a>0,a, define-se a função exponencial de base a por a x = e x ln a. Essa função, como era de esperar, herda todas as propriedades da função exp x = e x.façamos alguns casos, à guisa de exemplo. a 0 = e x ln a = e 0 =, a = e ln a = e ln a = a, pois, como já foi observado, as funções exponencial e logarítmica são inversas uma da outra. a x = e x ln a = e ln a x = a x,

UFPA Cálculo - aula 2 257 a x+y = a x a y. Esta propriedade segue-se dos cálculos a seguir: a x+y = e x+y)lna = e x ln a+y ln a = e x ln a e x ln a = a x a y. Estabeleceremos, em seguida, um teorema que nos fornecerá uma propriedade básica da função a x. Teorema 8. Seja a um número positivo e sejam x e y números reais arbitrários. Então a x ) y = a xy. Demonstração. Usando a definição de exponencial, tem-se e x ) y = e y ln ex = e yx = e xy, e assim a propriedade éválida para a = e. Portanto, a x ) y =e x ln a ) y = e xy ln a = a xy. o que completa a demonstração. Vejamos outras propriedades da função a x. derivada. Comecemos com a sua d Propriedade 5. dx ax )=a x ln a. De fato, considerando que a x cadeia, para obter = e x ln a, podemos usar a regra da d dx ax )= d dx x ln a)ex ln a = a x ln a. Decorre daí que, se a>, então a x é crescente e, se 0 <a<, tal função é decrescente. Propriedade 6. Se a>, então lim x + ax =+. Com efeito, a x = e x ln a e sendo a >, segue-se que ln a > 0e assim x ln a + se x +, o que implica que e x ln a +, mostrando a propriedade. Propriedade 7. Se 0 <a<, então lim x + ax =0. Realmente, a x = e x ln a e como 0 <a< tem-se que ln a<0 e daí x ln a se x +, donde se conclui que e x ln a 0. De maneira análoga mostram-se as duas propriedades seguintes. Propriedade 8. Se a>, então lim =0. x

258 Cálculo - aula 2 UFPA Propriedade 9. Se 0 <a<então lim =+. x Destas propriedades, segue-se que a função exponencial a x, definida em x R, é injetora e sobrejetora tendo como imagem o intervalo 0, + ), de modo que seus gráficos, conforme sejam 0 <a<ou a> estão esboçados nas figuras 2.2a) e 2.2b) dadas a seguir. Fig. 2.2a) Fig. 2.2b) Observemos que a x ) =lna e x ln a a x ) = ln a) 2 e x ln a > 0 que foram usadas para traçar os gráficos representados nas figuras 2.2a) e 2.2b). 4 A função logarítmica de base a Até agora estudamos a função logarítmica ln, definida como sendo a inversa da função exponencial de base e. Introduziremos agora outras funções logarítmicas que são definidas como inversas de funções exponenciais de outras bases. Definição 7. Seja a>0, a. Define-se a função logarítmica de base a, log a :0, + ) R, como sendo a inversa da função R 0, + ) x a x, Portanto, temos que y = log a x se, e somente se, x = a y.daí, segue-se que ln a y =lnx se, e somente se, y ln a =lnx, donde y = ln x ln a o que nos fornece log a x = ln x ln a.

UFPA Cálculo - aula 2 259 Resulta, também, da definição que a log a x = x e log a a x )=x. Como exercício, prove as seguintes propriedades: i) log a =0; ii) log a a =; iii) log a uv) = log a u + log a v; iv) log a u v ) = loga u log a v; v) log a v) = loga v; vi) log a u r )=r log a u. Estas propriedades decorrem daquelas mostradas para o logaritmo natural. 5 Exercícios resolvidos. Mostre que Solução. Escreva e x = lim + x n. n + n) ft) = + x ) t t de onde ln ft) =t ln + x ) = x t [ ln + x t ) ln x t ]. Fixado x teremos que t + implica x t 0 e observe que ln + x/t) ln x t é o quociente de Newton da função ln no ponto em que o acréscimo h = x tende a zero quando t +. Assim, t ln + x/t) ln lim ln ft) =x lim t + t + x = x ln ) = x. t Desse modo, ln ft) x se t +

260 Cálculo - aula 2 UFPA e assim ou seja, Conseqüentemente, e ln ft) e x se t +, ft) e x se t + e x = lim + x ) t. t + t Fazendo x = temos uma maneira de calcular aproximações para o número e: e = lim + ) t. t + t 2. Calcule a integral a x dx em que a éumnúmero real positivo e diferente de. Solução. Sabemos que edaí Segue-se que 3. Calcule a integral d dx ax )=a x ln a a x = d dx ln a ax ). ln a ax é uma primitiva de a x. Portanto, a x dx = ln a ax + C. x ln xdx. Solução. Usaremos a fórmula de integração por partes, introduzida na aula 0, ou seja, udv = uv vdu. Chamemos u =lnxedv = xdx para obter du = x2 dx e v = x 2 donde x ln xdx = x2 x 2 2 ln x 2 x dx = 2 x2 ln x 4 x + C.

UFPA Cálculo - aula 2 26 4. Calcule a integral ln xdx. Solução. Façamos u =lnx e dv = dx e usemos a fórmula da integração por partes. Assim, du = dx e v = x, o que nos fornece x ln xdx = x ln x xdx = x ln x x + C. x 5. Encontre a equação da reta tangente ao gráfico da função y =lnx no ponto, 0). Solução. A inclinação da reta tangente ao gráfico da função y =lnx em um ponto de abscissa x>0é dada por dy dx =. Fazendo x =, x teremos a inclinação dy dx =edaía reta tangente solicitada no x= problema é y = x. 6. Calcule o limite ) x+ x lim. x + x + Solução. Observemos que lim x + x x + ) x+ = lim x + = lim x + = e x + x + + x + ) x+ ) x+ 6 Exercícios propostos. Calcule e 2 e 2. Mostre que x ln x dx. lim x n = e n + n) x. 3. Encontre todas as funções fx) que satisfazem à igualdade f x) = fx). 4. Encontre a área da região plana limitada pelos gráficos das funções y = x 2,y = e pela reta vertical x = x 2. 5. Mostre que a reta tangente ao gráfico de y =lnx, passando pelo ponto de abscissa e passa pela origem.

262 Cálculo - aula 2 UFPA 6. Encontre a área da região limitada pelo eixo ox, a reta x = e eo gráfico de y =lnx. Fig. 2.3 7. Calcule a derivada de cada uma das funções abaixo: a) x8 x b) 0 x2 c) 0 x x 0. 8. Calcule as derivadas das funções abaixo: a) y = e 5x b) y = e x c) y = e x 3 d) y = e cos x e) y = e x f) y = ex x 2 g) y =3 sen x h) y =0 x cos x i) y = x ex j) y = e 2x 9. Esboce o gráfico da função y = e x. 0. Esboce o gráfico da função y = e x+k em que k é uma constante.. Esboce o gráfico da função y = e x +k. 2. Determine a reta normal ao gráfico da função y = e x2 quando x =. 3. Mostre que as funções y x) =e x, y 2 x) =e 2x e y 3 x) =Ae x + Be 2x satisfazem à igualdade y 3y +2y =0.

UFPA Cálculo - aula 2 263 7 Respostas dos exercícios propostos. ln 2 2. Sugestão: Verifique inicialmente que e x = lim + x n. A seguir, n n) no limite lim x n = e n + n) x, faça a mudança de variável u = n. 3. fx) =Ae x em que A é uma constante. 4. ln 2 7 24 5. A equação da reta procurada é y = e x 6. 7. a) 8 x +8 x x ln x b) 2 0 x2 x ln 0) c) 0 x x 0 ln x +0 0 x x 9 8. a) y =5e 5x b) y = e 2 x c) y = 3 e x 3 d) y = e cos x sen x { e e) y x se x>0 = e x se x<0 f) y = ex x ) x 3 g) y =ln33 sen x cos x) h) y =0 x cos x cos x xsen x)ln0 i) y = x ex e x ln x + ) x j) y = e 2x 2 x ln x 9.

264 Cálculo - aula 2 UFPA 0. Fig. 2.4. Fig. 2.5 Fig. 2.6 2. y = x ) + e 2e 3. Basta mostrar que a função y e suas primeira e segunda derivadas satisfazem y 3y +2y = 0 fazendo substituição de y, y e y

UFPA Cálculo - aula 2 265 nessa fórmula. O mesmo deve ser feito para y 2 e y 3. Nesta aula você aprendeu: a definição e as propriedades da função exponencial. a calcular a derivada e a integral da função exponencial.

266 Cálculo - aula 2 UFPA 8 Apêndice Como construir uma tábua de logaritmos Este Apêndice é baseado, parcialmente, em um artigo do Prof. Geraldo Ávila 2 Como vimos na Definição 7 desta aula, dado um número positivo a, o logaritmo de um número positivo x, na base a, é dado por log a x = ln x ln a e a função log a :0, + ) R é a inversa da função exponencial R 0, + ) x a x. Antes do advento e popularização das calculadoras eletrônicas, os valores dos logaritmos vinham listados em tabelas incluídas nos textos utilizados no Curso Científico, um dos precursores do atual ensino médio. Veja o livro de Bezerra 3, bastante popular há algumas décadas, que contém uma tábua de logaritmos. Como, então, tais tábuas eram construídas? Os logaritmos que mais se popularizaram foram os decimais, que são aqueles calculados na base 0. Tais logaritmos, foram introduzidos por Henry Briggs 56-63), e por isso são também chamados logaritmos de Briggs, tiveram sua tábua publicada pela primeira vez em 67 e, depois, em uma versão mais ampliada, em 624. Comecemos lembrando o que vem a ser o logaritmo de um número na base 0: O logaritmo de um número N na base 0, designado por log 0 N,é o expoente r a que se deve elevar 0 a fim de obter N, isto é, N =0 r. De agora em diante designaremos o logaritmo na base 0 simplesmente por log. Observemos, inicialmente, que qualquer número positivo pode ser escrito na forma de uma potência de 0 vezes um número α pertencente ao intervalo [0, 0). Por exemplo, 7749 =, 7749 0 4 0, 0003 = 3, 0 4 2 Geraldo Ávila, Como se Constrói uma Tábua de Logaritmos, Revista do Professor de Matemática 26994)-7. 3 Manoel Jairo Bezerra, Curso de Matemática, Companhia Editora Nacional, São Paulo, 970.

UFPA Cálculo - aula 2 267 Portanto, é suficiente conhecer os logaritmos dos números do intervalo, 0). Tais logaritmos são chamados mantissas. Se quisermos calcular log 7749, basta saber o valor de log, 7749 pois log 7749 = log, 7749 0 4 ) = log, 7749 + log 0 4 = log, 7749 + 4. Briggs procedeu da seguinte maneira. Inicialmente ele extraiu a raiz quadrada de 0, seguida das extrações sucessivas das raízes quadradas dos resultados obtidos em cada extração. Isto é equivalente a calcular Assim, 0 2, 0 4, 0 8, 0 6,... 0 2 =3, 622 log 3, 622 = 0, 5; 0 4 =, 7783 log, 7783 = 0, 25; 0 8 =, 3352 log, 3352 = 0, 25. Prosseguindo desta maneira ele obtinha uma tabela na qual estava incluída a seguinte tabelinha: x log x 0 /2 =3, 6228 0,50000 0 /4 =, 77828 0,25000 0 /8 =, 33352 0,2500 0 /6 =, 5478 0,06250 0 /32 =, 0746 0,0325 0 /64 =, 03663 0,0563 0 /28 =, 085 0,0078 0 /256 =, 00904 0,0039