Poética e processo de criação 1 Carolina COELHO 2 Sonia Chamon 3 Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio, Salto, SP RESUMO Elemento O presente projeto é uma investigação teórico-prática sobre a importância do processo criativo para a arte aprendizagem, tendo como escopo o tema Poética e processos de criação. Realizado na escola estadual Tancredo do Amaral no município de Salto, com estudantes do 9º Ano. Tendo como foco na arte contemporânea, o referido projeto teve como objetivo trabalhar a passagem que se dá no campo artístico do bidimensional para o tridimensional através do fazer artístico em desenho, pintura, modelagem e escultura, articulado e complementado com as vivências e apreciações estéticas da ambiência cultural, na possibilidade de trabalhar o próprio processo criativo como meio de aprendizagem e experimentação. PALAVRAS-CHAVE: Processo criativo; Arte educação; Criação; Poética; Arte Contemporânea. Texto do Trabalho O presente projeto teve como principio o interesse desenvolvido durante o curso de artes visuais em especial por parte da abrangência da arte contemporânea e pelo processo criativo; onde coexistem uma sobreposição de contextos em contraposição a um momento atual no qual algumas vezes é deixado de lado o contato com o material artístico, o tempo de parar, experimentar e viver o momento de criação. Surgindo o objetivo de explorar e verificar o grau de importância do processo de criação artístico e sua dinâmica dentro do ensino de artes em um campo artístico que se expande para além das tradicionais artes plásticas, buscando na presença da arte uma forma de expansão dos conhecimentos, assim elucidando e justificando a importância do processo de criação artística para a aprendizagem não somente das artes, como para o desenvolvimento do aluno dentro e fora da sala de aula. 1 Trabalho apresentado no I Congresso CEUNSP de Educação. 2 Estudante de Graduação 5º. semestre do Curso de Artes Visuais do CEUNSP, email cah.c.ramos@gmail.com 3 Orientador do trabalho. Professor de Artes Visuais do CEUNSP, email chamon.sonia@gmail.com
Alfredo Bosi aborda em seu livro Reflexões sobre a Arte a definição de Luigi Pareyson sobre a arte como três caminhos: Fazer, Exprimir e Conhecer. Ele ao retomar a discussão dos temas centrais da Estética, considera como decisivos do processo artístico três momentos que podem dar-se simultaneamente: o fazer, o conhecer e o exprimir. ( BOSI, Alfredo, 2010, p.8.) Estas dimensões estariam presentes e vivas em todas as obras de arte, sendo objetos de uma longa tradição teórica e crítica, posicionando assim como Fayga Ostrower a ideia de arte como um processo formativo. O projeto foi dividido em um conjunto de 4 aulas desenvolvendo uma metodologia a partir do multiculturalismo, os conhecimentos dos alunos passam a ser cruzados, promovendo dialogo entre diversas culturas, Todas as atividades foram desenvolvidas a partir da abordagem triangular de Ana Mae Barbosa que consiste em três eixos: Contextualização; Produção e Leitura, dos processos de criação apontados por Fayga Ostrower no livro Criatividade e processos de criação e das Três vias de reflexão estética de Pareyson baseado em 3 etapas: conhecimento, construção e expressão, tendo como foco a arte contemporânea. No início dos anos 60 ainda era possível pensar nas obras de arte como pertencentes a uma de duas amplas categorias: a pintura e a escultura. As colagens cubistas e outras, a performance futurista e os eventos dadaístas já haviam começado a desafiar este " duopólio ", e a fotografia reivindicava, cada vez mais, seu reconhecimento como expressão artística (ARCHER, Michael, 2008). Formar, elaborar e desenvolver implica em um processo de transformação da material, nesse processo de criação ao seguir certos rumos a fim de configurar uma matéria o próprio homem se configura, se afirma. A pintura deixa de ser puramente bidimensional, se expandindo, alcançando uma realização de suas qualidades essenciais resta estender-se para a terceira dimensão, algo que até então fora propriedade exclusiva da forma escultural. Para Archer as fronteiras se tornavam nebulosas, a arte agora existia, num "campo complexo e expandido". Às vezes basta ver um processo para compreender como ele funciona, em outras situações, ver um objeto já nos proporciona um conhecimento suficiente para que possamos avalia-lo e compreendê-lo. Essa experiência da observação serve não apenas como um recurso que nos permite aprender, mas também atua como nossa mais estreita ligação com a realidade de nosso meio ambiente. Confiamos em nossos olhos, e deles
dependemos. (Dondis, 1997, p.21 apud Editora IBPEX (org.) Por Dentro da Arte, 2013). Agora, a Arte Contemporânea trata de interdisciplinarizar, isto é; pessoas com suas competências específicas interagem com outras pessoas de diferentes competências e criam, transcendendo cada um seus próprios limites ou, simplesmente, estabelecem diálogos. (BARBOSA, Ana Mae, 1894) Seguindo o mesmo caminho da história da arte as atividades iniciais tiveram foco apenas nas criações bidimensionais, seguindo o objetivo de aumentar a familiaridade com essa dimensão, em atividades como a observação através de uma câmara escura caseira e a criação de painéis a partir de tintas spray. Na segunda parte das atividades foi conversado sobre o que eram obras tridimensionais, aproveitando o fato deles terem visitado recentemente uma exposição no teatro da cidade. Em seguida foi apresentado a todos os grupos a mesma proposta, transformar o painel bidimensional feito na primeira aula em algo tridimensional, eles estavam livres para discutir, experimentar, usando os matérias e as formas que desejassem, ficando livres para criar. Enquanto eles discutiam e começavam o processo de criação de suas obras era possível observar nuances na capacidade de poetizar e achar soluções de cada grupo.
Buscando uma ação avaliativa dentro das novas perspectivas de educação e de ensino da arte, se procura constatar os percursos do aluno além da observação dos materiais produzidos na ultima aula. Preocupando-se mais com os indicadores de mudanças como a autonomia e a formação sensível e critica do educando, avaliando seu percurso criativo de modo a poder-se verificar o processo pessoal e a aprendizagem através da produção artística. Para que as novas vivencias expressivas realmente se concretizassem o foco ficou na transformação do painel bidimensional em um meio tridimensional, observando como a atividade expressiva é desenvolvida e como se dá aprendizagem junto a produção artistica, notando o seu alto grau de experimentalismo em busca de uma solução para o objetivo proposto, através da pesquisa, das tentativas e troca de informações entre os proprios alunos e da importancia de ter o professor como mediador e articulador das vivências dos estudantes com os novos saberes a serem aprendidos, dosando os novos conceitos e técnicas. Possibilitando uma experiência única que valida a hipótese inicial de que a produção artística exerça significativa influencia, trazendo aos estudantes sensibilidade na produção e apreciação artística, estimulando a interpretação, expressão, criatividade e a abertura de novas perspectivas, indo além, chegando a questão do tempo no processo criativo e sua grande atuação neste processo no qual justamente essa noção de tempo não existe, é perdida, se é levado para uma outra qualidade temporal em que ao trazer os alunos de volta ao tempo presente, alertando-os que o tempo está se esgotando e teriam
que terminar os trabalhos o fluxo é interrompido, se pode observar a influência sobre as obras finais, evidenciando a importancia e necessidade do processo, do percurso para a criação artistica....quando as pessoas participam ativamente da feitura de formas, vendo-as nascer sob suas mãos nem que sejam poucos traços não só se cria uma situação afetiva imediatamente carregada de associações, como também o exemplo concreto é sempre mais eloquente do que explicações abstratas. (OSTROWER, Fayga, 2004, p.3)
REFERÊNCIAS ARCHER, Michael. Arte contemporânea uma história concisa. Martins Fontes, 2008. BARBOSA, Ana Mae. Arte-Educação: conflitos/acertos. São Paulo: Max Limonad, 1984, p. 68-115. (Arte na educação: interterritorialidade, interdisciplinaridade e outros inter Visualidades, Revista do Programa de Mestrado em Cultura Visual FAV/UFG). BOSI, Alfredo. Reflexões sobre a arte. EBook. Ática, 2010 Editora IBPEX (org.) Por Dentro da Arte. E.Book, Editora IBPEX, 2013 FERRAZ, Maria Heloísa C. de T. e Maria F. de Rezende e Fuzari. Metodologia do ensino de arte: fundamentos e proposições. 2. ed. São Paulo : Cortez, 2009. OSTROWER, Fayga. Criatividade e processos de criação. 16.ed. Petrópolis: Vozes, 2002. OSTROWER, Fayga. Universos da arte. Rio de Janeiro: Elsevier/Campus, 2004. PETRY KEHRWALD, Isabel. Processo criativo: para quê? para quem?. Disponivel em <http://artenaescola.org.br/sala-de-leitura/artigos/artigo.php?id=69372> Acesso em: 09 ago. 2016, 14:30. Prefeitura da Estância Turística de Salto. Escola Estadual Tancredo do Amaral <http://salto.sp.gov.br/site/?page_id=742> Acesso em: 19 nov. 2016, 08:30. ZAGONEL, Bernadete (Org.). Metodologia do ensino de arte. E.Book, IBPEX, 2013. ZAMBONI, Silvio. A pesquisa em arte um paralelo entre arte e ciência. Autores Associados, 1998