Requisitos de Projeto para o Desenvolvimento de Produtos Sustentáveis: uma Proposta de Framework

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Transcrição:

Requisitos de Projeto para o Desenvolvimento de Produtos Sustentáveis: uma Proposta de Framework FERNANDES, P. T. a*, MATTIODA, R. A. A. a a. Programa de pós-graduação em Engenharia de Produção e Sistemas, Escola Politécnica, Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Curitiba *Autor correspondente: pamela.fernandes@pucpr.br Resumo No processo de desenvolvimento integrado de produtos (PDIP) a sustentabilidade requer um enfoque contextual cada vez mais amplo. Processos de projetos sustentáveis, organizações comprometidas com o desenvolvimento sustentável e gerentes treinados em sustentabilidade são todos elementos necessários, ainda que talvez insuficientes, para a concepção de produtos sustentáveis. Para uma empresa ser sustentável ela deve adotar a sustentabilidade de forma sistêmica, onde todas as partes da organização e as fases do projeto são consideradas. Seu produto final devem incluir aspectos que considerem questões relacionadas à sustentabilidade a nível estratégico, principalmente nas fases relacionadas ao planejamento e o projeto conceitual dos produtos. Neste contexto, este estudo busca identificar quais são os requisitos de projeto necessários para a implementação de atividades direcionadas às questões da sustentabilidade no desenvolvimento de produtos. Para tal investigação, foram realizadas duas etapas de revisão de literatura e análise de conteúdo, gerando um total de 82 artigos examinados. Como resultado, sete novas atividades de projeto são apresentadas: (a) Identificação da categoria do produto, (b) Definição da estratégia End-of-life (EOL), (c) Identificação das melhores práticas sustentáveis, (d) Análise do contexto do produto, (e) Análise do ciclo de vida, (f) Avaliação de questões legais, e (g) Verificação das recomendações de projeto para a categoria do produto. A partir dessas, os autores propõem um framework preliminar para o desenvolvimento futuro de um modelo de referência de PDIP sustentável. Palavras-chave: desenvolvimento de produto, sustentabilidade, ecodesign, produtos sustentáveis, requisitos de projeto. 1. Introdução A preocupação sobre as práticas sustentáveis no desenvolvimento de produtos é uma questão que constantemente aparece em nosso dia-a-dia. Embora inúmeros avanços já tenham ocorrido nas diversas áreas que envolvem os processos de produção, é fato que sempre haverá um limite físico para o desenvolvimento, que implicará em menor ou maior grau em algum tipo de impacto, seja no ambiente ou na sociedade. Partindo desse ponto, pode-se dizer que as empresas são em grande parte responsáveis pela busca do equilíbrio dos pilares da sustentabilidade (aspectos econômicos, ambientais e sociais), uma vez que elas são as principais articuladoras do mercado, desenvolvendo, lançando e promovendo os produtos para a sociedade. Suas estratégias de negócios devem considerar os aspectos relativos à sustentabilidade de forma sistemática e englobar todas as partes da empresa, de modo que as ações estratégicas adotadas ao longo dos processos apoiem seus esforços em ser rentável e satisfazer as exigências do mercado, os quais são condicionados a novos padrões de consumo e restrições legais, especialmente aqueles relacionados com aos aspectos do Triple Bottom Line (Elkington, 1994). São Paulo Brazil May 24 th to 26 th - 2017

2 O objetivo do desenvolvimento de produtos sustentáveis é atender à necessidade dos consumidores envolvendo o seu ciclo de vida tanto quanto possível, visto que a necessidade de produtos duráveis, reutilizáveis e remanufaturados já estão identificadas como uma tendência por muitos autores (Mulder, 2007). Neste contexto, a consciência ambiental é considerada como um conceito vital para a sobrevivência das empresas no mercado global competitivo e o desenvolvimento de produtos deve ser focado não só na satisfação das necessidades dos consumidores, mas também considerar todos os aspectos que permeiam a sua produção, consumo e eliminação (Vinodh e Rathod, 2011). A sustentabilidade precisa ser reconhecida como um requisito funcional antes da delineação do conceito, como uma proposição fundamental inerente à criação de potenciais soluções de design, caso contrário, há o risco de se tornar apenas mais um critério de projeto (Chou, 2014). Alblas et al. (2014) acrescentam ainda que a sustentabilidade nos projetos de produtos requer um enfoque contextual mais amplo, com atividades como benchmarking ambiental, coordenação interfuncional, apoio da alta gerência, política ambiental, envolvimento do fornecedor e coordenação ambiental. As organizações podem refletir esses aspectos e outros requisitos e implicações relativos à sustentabilidade na definição de metas estratégicas que orientem explicitamente os vários departamentos, unidades funcionais e partes interessadas sobre os resultados desejados. O processo de desenvolvimento integrado de produtos (PDIP) representa uma das tendências contemporâneas que mais cresce na gestão de desenvolvimento de produtos sustentáveis. É uma abordagem originária do conceito inicialmente utilizado pela engenharia simultânea, que propõe o envolvimento multidisciplinar das equipes de trabalho das diversas áreas inclusas no processo, como marketing, design, P&D, engenharia de produção, operações, logística e pós-venda (Rozenfeld et al., 2006). O PDIP é caracterizado pela elaboração de um conjunto de especificações de um produto, partindo das necessidades dos consumidores e oportunidades de mercado, seguido pelo processo de desenvolvimento conceitual e técnico até o seu encaminhamento à manufatura e comercialização (Fernandes, 2013). Essas atividades dentro das organizações podem ser bem definidas e seguir um processo de desenvolvimento preciso e detalhado, ou podem apresentar uma estrutura flexível e adaptável a diferentes tipos de projeto (Ulrich e Eppinger, 2012). De acordo com Ulrich e Eppinger, (2012), as seguintes características frequentemente ocorrem nas diferentes estruturas de PDIP: a) É um processo realizado de maneira sistemática ao longo de uma série de atividades, que podem ocorrer de maneira sequencial e simultânea. b) Desenvolve-se ao longo de fases dentro do projeto. c) Tem como base para o seu desenvolvimento a identificação das necessidades dos consumidores e as oportunidades do mercado. d) Busca o desenvolvimento do produto para atender a essas necessidades, considerando a viabilidade comercial e técnica para a sua produção. e) Envolve o trabalho de equipes de diferentes áreas da empresa atividade interdisciplinar. No PDIP é fundamental compreender como ocorre o fluxo de informações ao longo de seus processos, uma vez que este trabalha com entradas e saídas de informações entre suas atividades, interagindo com diversas fontes de dados e áreas funcionais da empresa (Rozenfeld et al., 2006). Amigo (2013) sugere que duas perspectivas devem ser adotadas na estrutura de apresentação de metodologias de projeto: o fluxo de informações e a documentação. Ambas as estruturas são métodos de modelagem simples e flexíveis e amplamente aplicados, entretanto, apresentam limitações para atender aos vários propósitos do PDIP. Segundo Amigo (2013), a estrutura tradicional de um fluxograma representa apenas atividades e pontos de decisão e não há objetos para entregas, papéis, ferramentas, etc.; já a documentação possui um maior número de informações disponíveis, mas não oferece de forma rápida e fácil a visualização dessas informações para o usuário. Quanto ao desenvolvimento de metodologias para projeto de produtos, Maribondo (2000) propõe cinco diretrizes básicas: I. Estabelecimento da forma de apresentação da metodologia de projeto por meio de fluxo ou diagrama das atividades. II. Estabelecimento do nível de desdobramento do processo de projeto fases, etapas, tarefas. III. Definição das ferramentas e documentos básicos de apoio ao processo de projeto e suas respectivas orientações para aplicação dentro da metodologia proposta. IV. Definição dos mecanismos de avaliação dos resultados do processo de projeto. V. Definição da forma de apresentação dos resultados do processo de projeto.

3 Essa formalização do processo de gestão e de estruturação do PDIP permite que todos os indivíduos, da alta administração às áreas funcionais da empresa, tenham uma visão comum de seus processos e atividades (Rozenfeld et al., 2006). Browning et al. (2006) sugerem que listar as atividades a serem realizadas e seus respectivos responsáveis melhora a compreensão dos envolvidos em relação aos rumos do projeto e possibilita que os gerentes obtenham uma visão mais clara sobre os caminhos e desafios que serão enfrentados. Neste sentido, duas abordagens podem ser consideradas essenciais para a identificação dos requisitos de projeto necessários para o desenvolvimento de produtos sustentáveis: o planejamento do ciclo de vida do produto e a identificação dos atores dos processos. 1.1 Ciclo de vida do produto A norma International Organization for Standardization (ISO) 14040:2006 (ISO, 2006) define o ciclo de vida do produto como as fases consecutivas e interligadas de um sistema de produto, desde a aquisição de matéria-prima até a sua disposição final. Tipicamente no PDIP, esse conceito de ciclo de vida envolve a relação de trocas (inputs e outputs) entre o ambiente e o conjunto de atividades e processos que acompanham o produto desde o seu nascimento até o seu descarte (Manzini e Vezzoli, 2002). Para alcançar melhores resultados de sustentabilidade nos produtos é inevitável que os princípios da integralidade do ciclo de vida e suas perspectivas sejam aplicados. O planejamento sistemático e estratégico do ciclo de vida deve incluir a análise integrada de aspectos tanto do projeto do produto quanto dos processos necessários à sua produção, uma vez que estes determinam a direção do seu desenvolvimento e afetam diretamente os recursos consumidos e as cargas ambientais que os produtos irão carregar (Umeda et al., 2012). O conceito de Life Cycle Design (Projeto do Ciclo de Vida) institui uma ideia sistêmica do produto durante seu processo de criação para minimizar a entrada de matérias-primas e energia, e reduzir o impacto de todas suas emissões e resíduos, tanto de forma qualitativa quanto de forma quantitativa (Vezzoli e Manzini, 2008). Essa perspectiva considera todas as fases do ciclo de vida dos produtos, incluindo sua cadeia de valor, desde a extração e aquisição da matéria-prima, manufatura, utilização, tratamento end-of-life e disposição final. Também conhecido pelo termo Design for Life Cycle, essa visão macro do projeto é um meio proativo de melhoria do ambiente de concepção dos produtos. Nele, o sistema no qual o produto é criado, usado e descartado é considerado durante o processo de tomada de decisão a fim de reduzir os impactos ocasionados ao longo de sua vida (Go et al., 2015). Umeda et al. (2012) sugerem três atividades do planejamento do ciclo de vida que devem ser empreendidas pela equipe de desenvolvimento repetidamente: a) Análise do cenário do problema: aspectos como legislação, necessidades dos clientes, estratégias corporativas e prioridades de negócios, tendências tecnológicas e de mercado, bem como as considerações ambientais, econômicas e sociais devem ser incluídas nos objetivos do ciclo de vida do produto que será desenvolvido. É importante que a equipe de desenvolvimento também determine indicadores para avaliar o desempenho do ciclo de vida do produto. b) Planejamento estratégico do ciclo de vida: deve propor um conjunto de estratégias com foco nas inter-relações entre as metas, o produto e o fluxo do ciclo de vida. Essas estratégias devem fundamentar-se no conceito do produto, nas opções de ciclo de vida para o produto, nos componentes e materiais, e nas opções de negócios. c) Avaliação: as estratégias do ciclo de vida propostas devem ser avaliadas sob vários aspectos, incluindo as avaliações ambientais e econômicas, utilizando os indicadores estabelecidos anteriormente. O processo deve avaliar os diferentes aspectos e detalhes das etapas do projeto e pode ocorrer em todas as fases do ciclo de vida do produto. 1.2 Definição dos atores e suas atividades no PDIP O PDIP é uma atividade interdisciplinar que requer a contribuição de praticamente todas as funções existentes em uma empresa. Segundo Ulrich e Eppinger (2012) três funções podem ser consideradas centrais para o projeto de produtos:

4 a) O marketing, responsável por mediar às interações entre a empresa e seus clientes, ele investiga o estilo de vida que os consumidores relatam e desejam, facilitando a identificação de oportunidades e segmento de mercado, e identificando as necessidades dos consumidores; b) O design, responsável por definir a forma física dos produtos que melhor atendam as necessidades dos consumidores. Suas funções incluem uma equipe de design, responsável pelo desenvolvimento das características ergonômicas, estéticas, de interface com usuário, etc., e uma equipe de projeto de engenharia, responsável pelo desenvolvimento das funções mecânicas, elétricas, de software, etc., e; c) A manufatura, responsável por projetar e operar o sistema de produção para fabricar o produto, incluindo setores como compras, distribuição, instalação, etc. Especialmente no desenvolvimento de produtos sustentáveis o design atua na atividade de projeto como um elemento conciliador entre a tecnologia, a produção, o mercado e todo o contexto que envolve a vida de um produto. Para Luchs e Swan (2011) além da perspectiva que abrange a forma e a função, o design também pode ser visto como um processo que é integrante do desenvolvimento da estratégia, tanto sob a perspectiva dos consumidores como da própria empresa. Com um importante papel de investigador e desenvolvedor de ideias dentro das organizações, a equipe de design atua em todos os níveis da sociedade e precisa considerar relações mútuas e complexas durante toda a atividade de projeto, desempenhando um papel fundamental na construção de uma sociedade sustentável através da busca de projetos com soluções inovadoras (Joore e Brezet, 2015). Hallstedt et al. (2013) complementam que essa inovação em busca de um caminho verde nas empresas deve ir além da simples redução de emissões poluentes e consumo de energia, que na maioria dos casos não exige mudanças significativas nos projetos de produtos. Os produtos sustentáveis devem incluir como metas em seus projetos inovações que busquem a redução do consumo de insumos como um todo, incluindo matérias-primas, energia e todos os processos necessários ao longo do seu ciclo de vida. Sob essa perspectiva, as questões inicialmente do contexto ambiental rapidamente se fundem às questões econômicas e sociais atingindo a sustentabilidade de uma forma mais ampla, pois refletem na escassez dos recursos que ao longo do tempo se tornarão mais caros para produzir e processar, e na responsabilidade dos produtos sobre os impactos gerados na sociedade ao longo de sua vida. Dessa forma, o objetivo deste artigo é identificar os requisitos de projeto necessários para o desenvolvimento de produtos sustentáveis e propor um framework preliminar para um modelo de referência de PDIP sustentável. 2. Metodologia Esta pesquisa procura identificar na literatura através de uma análise de conteúdo, realizada em duas etapas, quais requisitos de projeto são discutidos pelos autores no contexto do desenvolvimento de produtos sustentáveis. A análise de conteúdo é uma técnica potencial para o tratamento de dados constituídos de texto, imagens e expressões que precisam ser vistos, lidos e compreendidos (Krippendorff, 2004). Este método permite que o pesquisador construa o conhecimento através da análise do discurso do locutor, e assim interprete o seu conteúdo (Bardin, 2011). De acordo com Bardin (2011) e Goodall (2014) esse processo de análise é organizado em três grandes fases: (a) préanálise, fase de seleção dos documentos a serem analisados; (b) investigação material, fase onde ocorre a leitura dos documentos selecionados, a definição da codificação de referência, a decomposição em unidades de análise e a agregação de unidades em tópicos (categorização); e (c) resultados do tratamento inferência e interpretação, fase onde os resultados brutos são tratados e submetidos a testes de validação e a proposição de inferências e interpretações. A Fig. 1 apresenta o resumo da metodologia desenvolvida.

5 Fig. 1. Procedimentos metodológicos adotados na pesquisa. A Etapa 1 foi desenvolvida para investigar como a abordagem da sustentabilidade é aplicada nos modelos de PDIP. Essa investigação inicial foi utilizada como a base conceitual para a construção framework proposto. Os resultados desta pesquisa revelaram que a inserção de práticas direcionadas à sustentabilidade nos modelos começaram a surgir com maior concentração na literatura a partir de 2010, e tem condensado a sua atuação nas fases iniciais do projeto, principalmente a nível estratégico (Mattioda et al., 2014). A principal dificuldade encontrada para a adoção dessas práticas nos projetos de produtos ainda parece ser a integração dos três pilares da sustentabilidade aspectos econômico, social e ambiental. Tendo em vista os resultados da Etapa 1, que indicaram uma tendência de desenvolvimento de atividades e ações de sustentabilidade como estratégias que devem ser abordadas nas etapas inicias do PDIP, uma nova pesquisa para atualizar as questões referentes ao tema foi realizada. Dessa forma, o objetivo da pesquisa realizada na Etapa 2 foi complementar as suposições discutidas anteriormente, investigando na literatura quais os principais tópicos para o desenvolvimento de produtos sustentáveis discutidos pelos autores. A análise dos artigos selecionados resultou na identificação de um conjunto de tópicos-chave que contribuíram para a formulação de novos requisitos de projeto para o desenvolvimento de produtos sustentáveis (apresentados na Fig. 2).

6 3. Resultados 3.1 Processo de desenvolvimento do framework De acordo com as considerações sugeridas por Amigo (2013), Maribondo (2000) e Browning et al. (2006) a construção da estrutura do framework baseou-se na ideia de fluxo de atividades e informações, incluindo o desdobramento do processo em fases e tarefas, e na documentação, que inclui o desenvolvimento de pontos de revisão de projeto e uso de ferramentas. Para dar início a construção do framework três questões foram investigadas: a) Quais são as atividades desenvolvidas pelos experts das diferentes áreas funcionais no processo? b) Quais requisitos/atividades-chave devem ser inclusas nos projetos para desenvolver um produto orientado para a sustentabilidade? c) Quais marcos de projeto podem ser usados para gerenciar e revisar o processo de desenvolvimento ao longo de suas fases? O primeiro passo para o desenvolvimento do framework foi determinar quais seriam os atores incluídos nas atividades do processo. Como o foco do modelo de referência que será proposto a partir deste estudo é o processo criativo, apenas os atores envolvidos diretamente com a concepção do produto foram selecionados, neste caso, os representantes são das áreas de marketing, design e engenharia. Assim, para a construção do framework foi estabelecida uma estrutura que permitisse a visualização simultânea das atividades dessas três áreas de desenvolvimento. O segundo passo foi identificar através das duas revisões de literatura realizadas quais os requisitos de projeto deveriam ser inseridos nas atividades do framework. Como o PDIP possui uma vasta literatura, muitas das atividades selecionadas são práticas conhecidas já aplicadas em diversos modelos de desenvolvimento de produtos, outras foram desenvolvidas para inserir questões ligadas à sustentabilidade. Neste ponto também foi identificado como ocorre o fluxo das informações entre as atividades e todos os processos ao longo do ciclo de vida do produto. O terceiro passo foi estabelecer ao longo das atividades onde poderiam ocorrer os marcos de revisão do projeto. Este aspecto é importante para o gerenciamento do projeto uma vez que permite à equipe revisar se o desenvolvimento do produto está atendendo as metas inicialmente estabelecidas, e assim, propor possíveis mudanças ou correções em tempo hábil e com menores custos. A Fig. 2 apresenta a estrutura desenvolvida para o framework, na qual a distribuição das atividades se dá em relação aos atores responsáveis pelo seu desenvolvimento e em relação às etapas do ciclo de vida do produto onde são geradas as informações para tais atividades. 3.2 Definição dos requisitos de projeto Durante a fase de planejamento do produto as atividades que envolvem a pesquisa de mercado são de domínio da área de marketing. Entretanto, essas questões afetam diretamente o design, e quando somadas as suas atividades irão direcionar os rumos do projeto. Além das informações relacionadas à pesquisa de mercado, durante a fase de planejamento as atividades de design envolvem outras considerações. É nessa etapa do projeto que a pesquisa sobre as questões ligadas a sustentabilidade devem ser iniciadas. A Fig. 2 apresenta os novos requisitos de projeto identificados para o desenvolvimento de produtos sustentáveis alinhados as tradicionais atividades do PDIP. De acordo com Fernandes (2013), sob a perspectiva do design, a Identificação da categoria do produto é ponto crucial para o desenvolvimento de produtos sustentáveis. Segundo a autora, os produtos podem ser classificados em quatro categorias: bens consumíveis, bens de uso rápido, bens multiuso não consumidores e bens multiuso consumidores (Fernandes, 2013). Essa classificação também determina para cada uma das categorias de produtos as prioridades de estratégias DFE (Design for Environment) que irão direcionar as Estratégias de sustentabilidade mais indicadas para o produto em desenvolvimento. A Definição da estratégia End-of-life (EOL) que será adotado para o produto é um dos principais requisitos apontados na literatura para garantir o sucesso de um projeto de produto sustentável (Gehin et al., 2008; Go et al., 2015; Hatcher et al., 2011). Quando a estratégia EOL é antecipada para atividades iniciais de desenvolvimento possibilita que os processos subsequentes sejam mais eficientes e direcionados às ações que serão necessárias ao final da vida útil do produto. As principais estratégias

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8 EOL adotados nos projetos de produtos sustentáveis são o reuso, a reciclagem e a remanufatura, mas podem ainda incluir processos de recuperação da energia dos materiais através da incineração e em alguns casos descarte em aterros sanitários. Outras questões pertinentes ao desenvolvimento de produtos sustentáveis também devem ser inseridas nos requisitos do projeto. Identificar as melhores práticas sustentáveis permite analisar os casos de excelência de práticas sustentáveis, mesmo aquelas não diretamente relacionadas à área de investigação, que podem influenciar o processo de geração de ideias, como interações relativas aos usuários, produtos e fornecedores (Vezzoli et al., 2014). Também são válidas práticas relativas ao uso de ferramentas de apoio ao processo de desenvolvimento, experiências de países que tem maiores incentivos ao desenvolvimento sustentável em geral, práticas relacionadas aos processos de manufatura, etc. A Análise do contexto do produto tem como objetivo identificar detalhes que podem passar despercebidos ou não ter uma relação direta com o produto, apesar de interferir sobre a experiência de uso pelos usuários (MacDonald e She 2015). Nesse processo de investigação, a equipe de projeto deve inserir-se no contexto de utilização do produto e buscar essas necessidades potenciais que podem surgir a qualquer momento, como por exemplo: (a) em situações de uso diferentes das previstas no projeto, que podem levar a falta de segurança; (b) em percepções sobre o ambiente de utilização a nível geográfico ou de ambiente, que podem apresentar diferentes índices de umidade, temperatura, radiação, pragas, etc.; (c) na relação existente entre o momento de utilização x usuário x outras pessoas inseridas no ambiente ; (d) na relação do produto com o próprio ambiente, por exemplo, onde ele é guardado, se fica exposto ou protegido, etc., entre outros. Para produtos em desenvolvimento que possuam similares disponíveis no mercado é válido inclusive realizar testes de análise da tarefa e análise das funções do produto em busca da identificação de necessidades potenciais e oportunidades para inovação e diferenciação frente aos concorrentes. Complementarmente, a Análise do ciclo de vida tem como objetivo construir o cenário de todas as fases do ciclo de vida do produto, gerando uma visão global para os seus diferentes momentos (Bakker et al., 2014). Neste ponto é possível incluir as observações sobre as necessidades potenciais identificadas pela Análise do contexto do produto a fim de ampliar as percepções sobre as oportunidades de melhorias já identificadas. A Avaliação de questões legais está relacionada à responsabilidade legal e aos riscos de projeto relacionados a defeitos e vícios dos produtos (Camargo Sobrinho, 2007). As questões legais no desenvolvimento de produto englobam informações de diferentes fontes, que podem ser: padrões e normas internas da organização, padrões industriais, leis de responsabilidade civil dos fornecedores (como o Código de Defesa do Consumidor Brasil), regulamentos estrangeiros, normas internacionais, patentes, marcas, direitos autorais, políticas ambientais, políticas de restrição de materiais, etc. Uma vez avaliadas essas questões, é possível transformar uma restrição identificada em uma possibilidade de melhoria ou mesmo de inovação para o projeto. Ulrich e Eppinger (2012) sugerem, por exemplo, que a avaliação de patentes pode ser útil por dois motivos: primeiro, para que ideias já patenteada sejam evitadas ou licenciadas; e segundo, como uma oportunidade de analisar estruturas detalhadas de projetos que podem conter informações úteis para o desenvolvimento de um novo produto ou mecanismo. Essas atividades somadas às outras apresentadas na etapa de planejamento (Fig. 2) que formarão os requisitos de projeto iniciais para o desenvolvimento de produtos sustentáveis. A partir das informações geradas anteriormente começam as atividades da fase de desenvolvimento do produto. Neste momento, as atividades de design iniciam o processo de geração de ideias e concepção do produto, direcionando-se aos processos de engenharia. Já as atividades de marketing passam a trabalhar as questões ligadas ao planejamento das ações de marketing que serão desenvolvidas para o lançamento do produto no mercado. Um segundo momento importante neste processo de criação do produto passa a ser a Verificação das recomendações de projeto para a categoria do produto. Essas recomendações propostas por Fernandes (2013) têm como objetivo auxiliar a equipe de design e engenharia a adotar práticas sustentáveis diretamente relacionadas ao tipo de produto em desenvolvimento no momento onde o processo de Geração de ideias é iniciado. Dessa forma, após o processo criativo é possível verificar entre as alternativas desenvolvidas qual delas melhor atende as recomendações inicialmente verificadas e então determinar a Seleção do melhor conceito para o produto. Após a avaliação e a seleção do melhor

9 conceito começa o desenvolvimento técnico do produto. Neste ponto do projeto as atividades de engenharia passam a ser protagonistas do processo, e todas as questões relacionadas à produção são desenvolvidas e testadas até a finalização do projeto técnico e o encaminhamento do produto desenvolvido a sua produção inicial. 4. Conclusão A necessidade de desenvolvimento de produtos sustentáveis tem sido principalmente estimulada pelas novas exigências globais do desenvolvimento sustentável, que cada vez mais são regidas por normas e regulamentações, e apoiadas por grupos de consumidores preocupados com os impactos gerados pelos produtos que utilizam. Diante disso, os projetos de produtos que buscam atender a essas aspirações devem incluir nas atividades de seu processo a investigação e o desenvolvimento de práticas que possibilitem a criação de produtos economicamente viáveis que gerem os menores impactos possíveis tanto sobre o meio ambiente quanto sobre a sociedade como um todo. Neste contexto, o presente estudo identifica quais requisitos de projeto devem ser inseridos nas atividades de desenvolvimento de produtos para que eles atendam as perspectivas da sustentabilidade durante o seu processo de criação, são eles: Identificação da categoria do produto, Definição da estratégia End-of-life (EOL), Identificação das melhores práticas sustentáveis, Análise do contexto do produto, Análise do ciclo de vida, Avaliação de questões legais, e Verificação das recomendações de projeto para a categoria do produto. A partir desses é sugerido um framework que ilustra as novas atividades de projeto, assim como uma série de outras atividades já amplamente conhecidas na literatura de modelos de PDIP. Complementarmente, a ideia apresentada no framework propõe a visualização dos atores do processo (equipes de marketing, design e engenharia) responsáveis pelo desenvolvimento das atividades e ilustra como ocorre o fluxo das informações ao longo dessas atividades. Como trabalhos futuros, os autores recomendam a ampliação do framework para um modelo de referência de PDIP que auxilie as equipes de projeto a desenvolver produtos orientados para a sustentabilidade. Referências Alblas, A.A., Peters, K., Wortmann, J.C. 2014. Fuzzy sustainability incentives in new product development: An empirical exploration of sustainability challenges in manufacturing companies. International Journal of Operations & Production Management, 34, 513 545. Amigo, C. 2013. Modelos de referência para o processo de desenvolvimento de produtos: novas possibilidades de representação. Dissertação de Mestrado. Universidade de São Paulo, São Carlos. Bakker, C., Wang, F., Huisman, J., Den Hollander, M. 2014. Products that go round: Exploring product life extension through design. Journal of Cleaner Production, 69, 10 16. Bardin, L. 2011. Análise de conteúdo. Edições 70, São Paulo. Browning, T.R., Fricke, E., Negele, H. 2006. Key concepts in modeling product development processes. Systems Engineering, 9(2), 104 128. Camargo Sobrinho, M. de. 2015. Aspectos da responsabilidade civil por defeitos e vícios dos produtos e serviços em face do Código de Defesa do Consumidor. Revista Âmbito Jurídico. http://www.ambitojuridico.com.br/site/?n_link=revista_ artigos_leitura &artigo_ id=2224. Acessado em julho/2015. Chou, J.R. 2014. An ARIZ-based life cycle engineering model for eco-design. Journal of Cleaner Production, 66, 210 223. Elkington, J. 1994. Towards the sustainable corporation: Win-win-win business strategies for sustainable development. California management review, 36(2), 90 100. Fernandes, P.T. 2013. Método de desenvolvimento integrado de produto orientado para a sustentabilidade. 2013. Dissertação Mestrado. Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Curitiba. Gehin, A., Zwolinski, P., Brissaud, D. 2008. A tool to implement sustainable end-of-life strategies in the product development phase. Journal of Cleaner Production, 16, 566-576.

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