OBESIDADE TRATAMENTO MÉDICO COMO? Joana Saraiva

Documentos relacionados
Cynthia Melissa Valerio. Coordenadora do ambulatório de lipodistrofias do Ins8tuto Estadual de Diabetes e Endocrinologia (IEDE) Mestre pela UFRJ

Farmacologia das Dislipidemias

19/04/2016. Profª. Drª. Andréa Fontes Garcia E -mail:

Atualização farmacoterápica

Modernos Antidepressivos. Profa.Vilma Aparecida da Silva Fonseca

NOVOS TRATAMENTOS NA DIABETES TIPO 2: PRÓS E CONTRAS CARTAS Agonistas GLP-1. Gustavo Rocha

COMPORTAMENTO ALIMENTAR

XXXV Congresso Português de Cardiologia Abril ú ç

ORLISTATE SINTÉTICO. Agente antiobesidade de ação periférica

TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DA ANOREXIA NERVOSA E DA BULIMIA NERVOSA

Debater a decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária- ANVISA que veda a comercialização de medicamentos inibidores de apetite".

C a ro l i n a Te r ra D i re tor de serviço: Pro f. D r. Pa u l o D o n ato

Que dados foram apresentados sobre agonistas do recetor de GLP-1?

Lorcaserina HCL. Auxílio na perda de peso. 1ª droga contra obesidade aprovada nos últimos 13 anos pelo FDA

Medicamentos Utilizados no Tratamento da Obesidade. Lucia Rossetti Lopes

Geovani Carvalho de Jesus. Perspectivas em farmacoterapia da obesidade. Orientador: Érica Soares Martins Co-orientador: Leonardo Batista Silva

TERAPÊUTICA DA OBESIDADE NO DOENTE DIABÉTICO

Avaliação do Risco Cardiovascular

MAPA DE REVISÕES. Revisão Página Motivo Data Responsável

Sessão Televoter Diabetes

Anotadas do ano anterior (Nutrição Clínica; Critérios de diagnóstico da Síndrome Metabólica);

TRATAMENTO DO EXCESSO DE PESO CONDUTA DIETÉTICA PARTE 1

DOR PROTOCOLO DO TRATAMENTO CLÍNICO PARA O NEUROLOGISTA. Laura Sousa Castro Peixoto

Acompanhamento farmacoterapêutico do paciente portador de Diabetes mellitus tipo 2 em uso de insulina. Georgiane de Castro Oliveira

OBESIDADE MAPA DE REVISÕES PROTOCOLO CLINICO. Destinatários. Data Dr. Bilhota Xavier

Progressos recentes e novas perspectivas em farmacoterapia da obesidade

OBESIDADE E DISLIPIDEMIA NA INFANCIA E ADOLESCENCIA

PROJETO DIRETRIZES RISCO AUMENTADO PARA CA DE ENDOMÉTRIO ALTERAÇÕES NO METABOLISMO DA GLICOSE RISCO DESENVOLVIMENTO PRECOCE DE DIABETES

Agenda. Controle neuroendócrino do apetite. Fisiologia do sistema neuroendócrino do apetite e saciedade. Dra. Aline Barbosa Moraes

LINHA DE CUIDADO GERAL EM DIABETE

Cloridrato de Lorcaserina Hemihidratada

EXTRATO PROTEICO VEGANO BLOQUEADOR DE CARBOIDRATOS TRATAMENTO DE OBESIDADE

2010 ENDOCRINOLOGIA CLÍNICA ASPECTOS PRÁTICOS EM ENDOCRINOLOGIA O

ENDORECIFE 2018 PROGRAMA PRELIMINAR

Uso de antidepressivos na clínica ginecológica

Síndrome Metabólica e Risco Cardiovascular

IMPLICAÇÕES DA CLASSE DE ÍNDICE DE MASSA CORPORAL E OBESIDADE ABDOMINAL NO RISCO E GRAVIDADE DA HIPERTENSÃO ARTERIAL EM PORTUGAL

DISTÚRBIOS ALIMENTARES. Msc. Roberpaulo Anacleto

Relevância Clínica da Síndrome Metabólica nos Indivíduos Não Obesos

PREVENÇÃO DE DOENÇAS CARDIOVASCULARES

Avaliação nutricional do paciente

TRATAMENTO DIETÉTICO DO DIABETES MELLITUS. Profa. Dra. Maria Cristina Foss-Freitas

GRANDES PERDAS DE PESO E SEU EFEITO NA SAÚDE CARDIOVASCULAR. Os fármacos: que efeitos e qual a evidência de manutenção a longo prazo?

Jornadas de Endocrinologia e Diabetologia de Coimbra

CLIMATÉRIO E AUMENTO DE PESO

HIPERGLICEMIA INTERMÉDIA

A Pessoa com alterações nos valores da Tensão Arterial

ÍNDICE. Página. Resumo. 2. Abstract Introdução.. 4

O &D OBESITY & DIABETIC

Os Benefícios da Atividade Física no Tratamento do Transtorno no Uso de Drogas

AGENDA. Actualizações sobre a terapêutica na diabetes tipo 2 módulo 1 16 de Outubro de 2018 Drª. Susana Heitor WEB 2

Redução de peso corporal, do índice de massa corporal, melhorando a qualidade de vida de pacientes com sobrepeso ou obesos 1.

AULA: 5 - Assíncrona TEMA: Cultura- A pluralidade na expressão humana.

TERAPÊUTICA DA OBESIDADE GRAU I: ALGUMA EVIDÊNCIA PARA O TRATAMENTO CIRÚRGICO? Elodie Raquel Moreira dos Santos 1

Hiperglicemia Hospitalar: Tratamento Atual

ESTUDO COMENTADO TOPIRAMATO II

Diabetes Gestacional O que há de novo?

CICLO DA VIDA CONCEPÇÃO

GLINIDAS E INIBIDORES DA ALFA GLICOSIDASE

Eficácia e Segurança dos Medicamentos Inibidores de Apetite

PERÍODO ABSORTIVO E PÓS-ABSORTIVO

PANCREAS A eliminação do suco pancreático é regulada, principalmente, pelo sistema nervoso. Quando uma pessoa alimenta-se, vários fatores geram

Lema do congresso Data Local Obesidade: todos juntos por uma causa 22 a 24 novembro 2019 Mélia Braga Hotel

SÍNDROME DE INSULINO-RESISTÊNCIA, SÍNDROME METABÓLICA: DEFINIÇÕES

Coração Outono/Inverno

PREVALÊNCIA DE SOBREPESO E OBESIDADE EM PACIENTES COM DIABETES MELLITUS TIPO II

ENFERMAGEM ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PROCESSO NUTRICIONAL. DIETAS Aula 7. Profª. Tatiane da Silva Campos

DIABETES MELLITUS. Jejum mínimo. de 8h. Tolerância à glicose diminuída 100 a a 199 -

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NA PRÁTICA CLÍNICA

LITERATURA LOWAT PERCA PESO 2X MAIS RÁPIDO

Baixa Dose de Naltrexona Trata a Dor Crônica. Apresenta Eficácia e Tolerabilidade em Mais de 93% dos Pacientes com Fibromialgia

TPC Módulo 3 As respostas obtidas

Malnutrição Conceitos gerais

Plano de Cuidados Integrados (ICP)

Programa. 19º Curso Avançado em Tratamento do Diabetes. Hotel Sheraton São Paulo WTC São Paulo - Brasil 10 e 11 de Março de 2017

Nota Técnica sobre Eficácia e Segurança dos Medicamentos Inibidores de Apetite

Insulino-resistência e infecção por VIH IR DA SÍNDROME DE LIPODISTROFIA DA INFECÇÃO POR VIH INSULINO RESISTÊNCIA

Tratamento da Doença de Parkinson

ENFRENTAMENTO DA OBESIDADE ABORDAGEM TERAPÊUTICA

Mecanismos reguladores da fome e saciedade. Luiz Guilherme Kraemer de Aguiar FCM - UERJ

É uma campanha em que os estudantes de farmácia vão à luta pela VALORIZAÇÃO do profissional farmacêutico demonstrando à população a importância deste

Importante: escolha uma só resposta para cada pergunta. Cada resposta correta será contabilizada com 0,4 valores.

EFEITOS NA OBESIDADE: PERGUNTE AO ESPECIALISTA Compostos bioativos

INFORMAÇÕES ESSENCIAIS COMPATÍVEIS COM O RCM

OBESIDADE E ATIVIDADE FÍSICA

SÍNDROME METABÓLICA E ADOLESCÊNCIA

DIABETES: ABORDAGEM MULTIDISCIPLINAR (NOV 2016) - PORTO

Combater a obesidade com novas terapias de incretina: da ciência à prática clínica

09/11/2011. Tratamento dietoterápico, como fazer? Considerações iniciais. Helena Sampaio Manzoni et al., 2011; Duncan et al., 2011

Diagnóstico de Síndrome Metabólica

LEPTINA E SUA FUNÇÃO COMO HORMÔNIO

Atividade Científica do Serviço de Endocrinologia_CHBV Ano 2017

BEANBLOCK. Inibição enzimática (alfa-amilase) - U/g: % em complexo de proteínas inibidoras da alfa-amilase

Novos Estudos Comprovam. Lorcaserina Estimula a Perda de Peso e Previne a Progressão do Diabetes em Pacientes Obesos/Sobrepesados

Faculdade Maurício de Nassau. Disciplina: Farmacologia

Visão clínica: desregulação epigenética. Há como reverter o fenótipo (obesidade e crescimento)?

O USO OFF LABEL DE MEDICAMENTOS PARA OBESIDADE

Insulino-resistência e obesidade

Anexo. Conclusões científicas e fundamentos para a recusa apresentados pela Agência Europeia de Medicamentos

Transcrição:

VI JORNADAS DE ENDOCRINOLOGIA, DIABETES E NUTRIÇÃO DE AVEIRO III SIMPÓSIO DE NUTRIÇÃO OBESIDADE TRATAMENTO MÉDICO COMO? Joana Saraiva Serviço de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo do CHUC Dir.: Dr Francisco Carrilho Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra

SUMÁRIO Introdução Definição Etiopatogenia e fisiopatologia Tratamento da obesidade: abordagem geral Tratamento médico: indicações Fármacos aprovados Fármacos que causam ganho ponderal e alternativas Considerações finais

INTRODUÇÃO O tratamento adequado da obesidade envolve uma abordagem multidisciplinar Mesmo com alterações significativas do estilo de vida a perda ponderal é difícil A manutenção a longo prazo da perda ponderal também é difícil Os fármacos aprovados para o tratamento crónico da obesidade podem ser um complemento às alterações do estilo de vida Outros fármacos usados no tratamento de outras patologias podem contribuir para (ou exacerbar) o ganho ponderal em pessoas suscetíveis Existem ainda múltiplas barreiras ao início do tratamento farmacológico e adesão a longo prazo

DEFINIÇÃO Doença em que o excesso de gordura corporal acumulada pode atingir graus capazes de afetar a saúde IMC 30kg/m2 Obesidade Adiposity-based Chronic Disease (ABCD) Novo termo diagnóstico Doença crónica Mecanismos fisiopatológicos Abordagem centrada nas complicações Mechanic JI. Endoc Pract 2012; 18: 642-648 Mechanick JI. Endoc Pract. Published online 14, 2016

ETIOPATOGENIA Fatores GENÉTICOS Doença poligénica A sua influência na obesidade é cerca de 25 40% (em função do IMC) A sua influência na distribuição da gordura corporal é cerca de 50 60% Fatores NEUROENDÓCRINOS Neuropeptídeo Y, serotonina, leptina, POMC, Ghrelina... Fatores AMBIENTAIS Dietas ricas em açúcares simples e gorduras Sedentarismo Estes fatores atenuam ou exacerbam a influência genética no fenótipo da obesidade

FISIOPATOLOGIA ARC NÚCLEO ARQUEADO DO HIPOTÁLAMO Regulação do apetite Integra múltiplos sinais periféricos controlando a ingestão alimentar Neuropeptídeo Y (NPY) / agouti- related protein (AgRP) INGESTÃO ALIMENTAR Cocaine amphetamine related transcript (CART) / proopiomelanocortin (POMC) INIBE INGESTÃO ALIMENTAR LEPTINA sintetizada ++ pelo tecido adiposo, circula em quantidades proporcionais às reservas de gordura, informando o hipotálamo das reservas de gordura corporais Reduz a produção de NPY Activa os neurónios POMC anorexígenos INSULINA efeito anorexiante activa neurónios POMC GRELINA produzida no estômago, antes da refeição, estimula a ingestão de alimentos activa NPY Apovian et al. JCEM, 2015; 100(2):342-362

OBESIDADE Tratamento Tx dietético Todos Atividade física Tx comportamental IMC 40kg/m2 IMC 35kg/m2, com comorbilidades associadas Tx farmacológico Tx cirúrgico

OBESIDADE Alterações do estilo de vida Steven B. N Engl J Med 2017; 376; 3

TRATAMENTO MÉDICO - Indicações IMC 30kg/m2, persistindo apesar da dieta, exercício e tratamento comportamental IMC 27kg/m2, com comorbilidades associadas, persistindo apesar da dieta, exercício e tratamento comportamental HTA, DM tipo 2, dislipidemia, apneia do sono Ausência de contra indicações Decisão individualizada OBJECTIVO TERAPÊUTICO Perda de 5 10 % do peso inicial

FÁRMACOS critérios de aprovação Para que um fármaco seja aprovado para o tratamento da obesidade pela FDA, terá que demonstrar em estudos comparativos contra placebo uma perda significativa de peso > 5 % num ano ou 35 % dos doentes terão que perder > 5 % do peso inicial (a perda de peso terá que ser o dobro da induzida pelo placebo). Para aprovação na Europa, a EMA requer uma perda de peso > 10 % num ano, a qual deve ultrapassar em 5 % a perda induzida pelo placebo. Esta perda de peso deve manter-se após cessação da terapêutica. A medicação terá que mostrar evidência de melhoria das comorbilidades (FDA e EMA): TA, dislipidémia e hiperglicémia.

Valvulopatias Eventos CV Ef psiq Fármacos aprovados para o tx a curto prazo Powell AG. Clinical Pharmacology & Therapeutics 2011; 90(1):40-51

FÁRMACOS APROVADOS Fármaco Nome comercial Aprovação Estudos Fentermina FDA (1959) Orlistat Xenical, Alli FDA (1999) EMA (1998/2007) XENDOS Lorcaserina Belviq FDA (2012) BLOOM, BLOSSOM, BLOOM-D Fentermina/topiramato Qsymia FDA (2012) EQUIP, CONQUER, SEQUEL Naltrexona/bupropion Contrave Mysimba FDA (2014) EMA (2015) COR, COR-BMOD, COR-Diabetes Liraglutide 3mg Saxenda FDA (2014) EMA (2015) SCALE Saunders et al. Endocrinol Metab Clin N Am 45 (2016): 521-538

Steven B. N Engl J Med 2017; 376; 3

ORLISTAT (Xenical, Alli ) Inibidor da Lipase Pancreática, necessária à hidrólise dos triglicerídeos Diminui a absorção das gorduras (30%) Posologia: 120mg às principais refeições (durante ou até 1h após) Efeitos secundários: gastrointestinais diarreia (15-30%), malabsorção vitaminas ADEK (multivitamínico) Contraindicações: gravidez, malabsorção crónica, colestase PA CT, LDL-C sensibilidade insulina glicose sérica Bray G, 2016 (www.uptodate.com) Saunders et al. Endocrinol Metab Clin N Am 45 (2016): 521-538

LIRAGLUTIDE (Saxenda ) Análogo de longa duração do GLP1 Aprovado no tratamento da DM2 nas dosagens de 0,6 e 1,8mg Posologia: 3mg/dia, administração SC (titulação progressiva) Efeitos secundários: diarreia/obstipação, cefaleias, diminuição apetite, dispepsia, fadiga, tonturas, dor abdominal, aumento lipase, aumento FC Contraindicações: gravidez, história pessoal ou familiar de carcinoma medular da tiroide ou MEN 2 PA e PC marcadores inflamatórios prevalência prediabetes FR cardiometabólicos Bray G, 2016 (www.uptodate.com) Saunders et al. Endocrinol Metab Clin N Am 45 (2016): 521-538 Pi-Sunyer et al. N Engl J Med 2015; 373;1

LIRAGLUTIDE (Saxenda ) Pi-Sunyer et al. N Engl J Med 2015; 373;1

LORCASERINA (Belviq ) Agonista serotoninérgico ingestão alimentar e saciedade Efeitos laterais: cefaleias, tonturas, fadiga, náuseas, boca seca, obstipação, hipoglicemia, tosse Contraindicações: gravidez, valvulopatias, associação a fármacos serotoninérgicos PA e FC CT e LDL-C A1C glicose jejum e insulinemia Bray G, 2016 (www.uptodate.com) Saunders et al. Endocrinol Metab Clin N Am 45 (2016): 521-538

FENTERMINA Agonista adrenérgico A libertação de noradrenalina provoca aumento do gasto energético e supressão do apetite Efeitos laterais: tonturas, boca seca, distúrbios sono, irritabilidade, náuseas/vómitos, diarreia, obstipação Contraindicações: gravidez/aleitamento, doença CV, HTA, glaucoma, alcoolismo crónico, estados de agitação Bray G, 2016 (www.uptodate.com) Saunders et al. Endocrinol Metab Clin N Am 45 (2016): 521-538

TERAPÊUTICA COMBINADA A ingestão alimentar é modulada por vários mecanismos que se regulam uns aos outros, funcionando em equilíbrio homeostático Usando vários fármacos, que actuam em vários destes mecanismos, poderemos conseguir maior perda ponderal A segurança será maior, devido ao uso de menores doses de cada fármaco em cada associação Fentermina + Topiramato Bupropiona + Naltrexona

FENTERMINA + TOPIRAMATO (Qsymia ) Simpaticomimético+antidepressivo Efeitos adversos: boca seca, obstipação, parestesias, tonturas, disgeusia, insónia Contraindicações: gravidez, glaucoma, hipertiroidismo Precaução especial: antecedentes de doença cardiovascular TA Melhoria da apneia do sono % massa gorda P. cintura Melhoria do perfil lipídico e glicémico Bray G, 2016 (www.uptodate.com) Saunders et al. Endocrinol Metab Clin N Am 45 (2016): 521-538

BUPROPIONA + NALTREXONA (Contrave, Mysimba ) Antidepressivo+antag opióides Efeitos adversos: náuseas/vómitos, obstipação, cefaleias, tonturas, insónia, boca seca, diarreia Contraindicações: gravidez, HTA não controlada, epilepsia, bulimia ou anorexia nervosa, história de comportamentos suicidas Segurança cardiovascular não totalmente estabelecida apetite/vontade de petiscar perímetro da cintura insulinoresistência Melhoria do perfil lipídico PCR Bray G, 2016 (www.uptodate.com) Saunders et al. Endocrinol Metab Clin N Am 45 (2016): 521-538

TRATAMENTO MÉDICO - resumo Apovian et al. JCEM, 2015; 100(2):342-362

TRATAMENTO MÉDICO - resumo Para assegurar a manutenção da perda ponderal a longo prazo sugere-se o uso de fármacos aprovados Melhoram as comorbilidades Amplificam a adesão às alterações comportamentais Avaliação da eficácia e segurança pelo menos mensalmente nos primeiros 3 meses, posteriormente pelo menos 3/3 meses Se a resposta for considerada satisfatória (perda ponderal 5% aos 3 meses) continuar a terapêutica. Caso contrário descontinuar (eventualmente mudar para outra opção) Iniciar com a menor dose possível, aumentar de acordo com a eficácia e tolerabilidade. Não exceder a dose máxima recomendada Apovian et al. JCEM, 2015; 100(2):342-362

FÁRMACOS QUE CAUSAM GANHO PONDERAL E ALTERNATIVAS O aumento de peso induzido obesidade por fármacos é uma causa prevenível de Em doentes obesos com DM2 privilegiar antidiabéticos cujo efeito adicional seja a perda ponderal (análogos GLP1, inibidores SGLT2), para além da metformina Nos que necessitam de insulinoterapia sugere-se adicionar uma classe de fármacos (metformina, agonistas GLP1) que mitigue o aumento de peso decorrente do tratamento com insulina A insulina de 1ª linha deve ser a insulina basal Em doentes obesos com DM2 a terapêutica de 1ª linha para a HTA deve ser IECAs, ARAs e antagonistas dos canais de cálcio (em vez dos betabloqueantes) Apovian et al. JCEM, 2015; 100(2):342-362; Bray G, 2016 (www.uptodate.com)

FÁRMACOS QUE CAUSAM GANHO PONDERAL E ALTERNATIVAS Considerar o potencial efeito no peso na escolha de antidepressivos, antipsicóticos e anticonvulsivantes Paroxetina é IRSS associado a > aumento peso Nos antidepressivos tricíclicos a amitriptilina é o > indutor de ganho ponderal Mirtazapina também se associa a aumento de peso e longo prazo A fluoxetina e a sertralina associam-se a perda ponderal na fase aguda (4-12 sem) e efeito neutro a longo prazo (> 4 meses) Bupropion causa perda ponderal consistente ( apetite e compulsão alimentar) Apovian et al. JCEM, 2015; 100(2):342-362; Bray G, 2016 (www.uptodate.com)

FÁRMACOS OFF-LABEL Não se recomenda o uso de fármacos aprovados para o tratamento de outras doenças com o único objetivo de promover a perda de peso Ex. topiramato, metformina, agonistas GLP-1, bupropion, metilfenidato Apovian et al. JCEM, 2015; 100(2):342-362

CONSIDERAÇÕES FINAIS A prevalência da obesidade é alarmante A sua etipatogenia é complexa, resultando da interacção de factores genéticos, ambientais e neuroendócrinos Vários fármacos foram aprovados nos últimos anos Em Portugal orlistat é o único disponível Como múltiplos fármacos são por vezes necessários para se obter perdas ponderais clinicamente significativas o futuro provavelmente envolverá a combinação de vários agentes O sucesso da farmacoterapia depende da individualização e do seu ajuste aos comportamentos e comorbilidades dos doentes No tratamento de outras patologias a utilização de fármacos com efeito neutro no peso deve ser sempre considerada

VI JORNADAS DE ENDOCRINOLOGIA, DIABETES E NUTRIÇÃO DE AVEIRO III SIMPÓSIO DE NUTRIÇÃO OBESIDADE TRATAMENTO MÉDICO COMO? Obrigada pela atenção Joana Saraiva Serviço de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo do CHUC Dir.: Dr Francisco Carrilho Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra