DIABETES MELLITUS OBSTETRÍCIA

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Transcrição:

DIABETES MELLITUS Rotinas Assistenciais da Maternidade-Escola da Universidade Federal do Rio de Janeiro 39 OBSTETRÍCIA É definido como a intolerância a carboidratos, de gravidade variável, com início ou primeiro reconhecimento durante a gravidez. No entanto, pelos novos critérios preconizados pelo International Association of Diabetes and Pregnancy Study Group (IADPSG, 2010), o diabetes diagnosticado durante a gravidez pode ser classificado como prévio ou gestacional. A forma gestacional da doença é responsável por 90% dos casos de diabetes, e sua prevalência varia de acordo com o critério diagnóstico utilizado, podendo chegar a 18%. A gestação é um período caracterizado por resistência a insulina em consequência da produção placentária de determinados hormônios que se contrapõem a sua ação. Exemplos destes hormônios diabetogênicos são o hormônio de crescimento, o hormônio liberador de corticotropina, o lactogênio placentário e a progesterona. Associa-se ainda o aumento do aporte calórico e da deposição de gordura materna, assim como a diminuição da prática de exercícios físicos. Todos estes fatores predispõem algumas mulheres a desenvolverem diabetes. FATORES DE RISCO História familiar de diabetes, principalmente em parentes de 1 0 grau; Índice de massa corporal (IMC) pré-gestacional > 30, ou ganho ponderal excessivo durante a gravidez; Idade superior a 25 anos; História de feto com peso superior a 4000g; História de intolerância à glicose; História de perda fetal inexplicada ou malformação fetal; Peso de nascimento da mãe superior a 4000g ou inferior a 2700g; Glicosúria na primeira visita pré-natal; Síndrome dos ovários policísticos Uso regular de glicocorticóides; Hipertensão essencial ou relacionada à gravidez. RASTREAMENTO Objetiva identificar as gestantes assintomáticas que tenham alta probabilidade de desenvolverem diabetes. Como 90% das mulheres grávidas apresentam algum fator de risco para intolerância à glicose, atualmente o rastreio universal parece ser a melhor abordagem. O método ideal de rastreio ainda é controverso, sendo a abordagem proposta pelo American College of Obstetricians and Gynecologists diferente daquela defendida pelo IADPSG e pela American Diabetes Association. Em nosso Serviço, adaptamos a metodologia proposta pelo IADPSG (2010) - ver Figura 1.

Glicemia de jejum (8 a 12h) < 92 mg Normal Entre 92 e 125 mg, repetir imediatamente a glicemia de jejum > 126 mg, repetir imediatamente a glicemia de jejum > 200 mg em glicemia ao acaso < 92 mg Caso confirme: Diabetes Gestacional Entre 92 e 125 mg Caso confirme: Diabetes Mellitus * TOTG com 75g entre 24 e 28 semanas 92 / 180 / 153 1 ponto > Diabetes gestacional * Teste feito após 3 dias de dieta livre e em jejum (jejum / 1h / 2h). Nas pacientes de risco, com TOTG normal, repeti-lo em 4 semanas. Diabetes Mellitus Figura 1 Rastreio do diabetes gestacional INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS O diagnóstico de diabetes prévio pode ser feito em mulheres que preencham um dos seguintes critérios na primeira consulta pré-natal: Glicemia plasmática de jejum 126 mg/dl, ou Hemoglobina glicosilada 6,5%, ou Glicemia plasmática aleatória 200 mg/dl, confirmada subsequentemente por elevação da glicemia de jejum ou da hemoglobina glicosilada. O diagnóstico de diabetes gestacional pode ser feito em mulheres que preencham um dos seguintes critérios: Glicemia plasmática de jejum 92 mg/dl, mas <126 mg/dl, em qualquer idade gestacional, ou Entre 24-28 semanas de gestação: teste oral de tolerância a glicose de 2 horas com 75g de glicose anidra, apresentando pelo menos 1 dos valores alterados glicemia de jejum 92 mg/dl, mas <126 mg/dl; ou glicemia com 1 hora 180 mg/dl; ou glicemia com 2 horas 153 mg/dl. DIABETES MELLITUS PRÉ-GESTACIONAL Trata-se de doença sistêmica crônica e progressiva, caracterizada por alteração do metabolismo de carboidratos, gorduras e proteínas. Pode evoluir com alterações morfológicas e funcionais dos vasos sanguíneos (microangiopatia), acometendo a retina e os glomérulos renais.

A classificação do diabetes mellitus (DM) e as complicações maternas associadas não são objetivo específico deste capítulo. No entanto, cabe ressaltar que a associação desta patologia à gravidez implica fundamentalmente em acompanhamento pré-natal multidisciplinar, com estreita integração entre as equipes obstétrica, endocrinológica, de nutricionistas e de enfermagem. É importante destacar ainda que a gestação pode levar a piora de retinopatia, nefropatia, neuropatia, hipertensão arterial crônica, e dificuldade no controle glicêmico. COMPLICAÇÕES MAIS FREQUENTES DO DMG Macrossomia - esta condição aumenta o risco de parto operatório e desfechos neonatais adversos, tais como distócia de ombro, lesão de plexo braquial e fratura de clavícula. Pré-eclâmpsia - gestantes portadoras de DMG apresentam maior risco de desenvolver pré-eclâmpsia, possivelmente devido à resistência insulínica. Polidramnia - embora seja mais comum em pacientes portadoras de DMG, não parece estar associada à maior morbidade e mortalidade perinatal. Óbito fetal intrauterino - fetos de mulheres com DMG parecem apresentar maior risco para este evento, sendo este risco relacionado ao pior controle glicêmico. Morbidade neonatal - risco aumentado para hipoglicemia, hipocalcemia, policitemia, e síndrome de angústia respiratória. Ao contrário do que se observa nas pacientes com DM pré-gestacional, gestantes portadoras de DMG geralmente não apresentam vasculopatia ou risco aumentado de malformações congênitas. Por outro lado, existem riscos associados ao DMG que vão além do período gestacional e neonatal. As mulheres que apresentaram DMG têm maior risco de desenvolverem diabetes tipo 2, incluindo doença vascular associada. Os filhos de mulheres que apresentaram DMG têm maior risco de se tornarem obesos ou de desenvolverem resistência à insulina ou síndrome metabólica. ACOMPANHAMENTO PRÉ-NATAL O acompanhamento da gestante portadora de DM, gestacional ou prévio, inclui o conhecimento dos riscos maternos e fetais associados a esta patologia, o uso da ultrassonografia para avaliação do crescimento e bem-estar do feto, a monitorização materna e fetal intraparto, a tomada de decisão sobre o momento e a via de parto, e a abordagem pós-parto. É importante destacar que nestas gestantes, além de seguir toda a rotina pré-natal habitual, deve-se ter sempre como objetivo a identificação precoce das principais complicações. A manutenção adequada do controle glicêmico é o aspecto fundamental nesse processo, pois reduz a frequência e a gravidade das complicações. A abordagem multidisciplinar durante o pré-natal é mandatória, sendo a equipe constituída por obstetras, nutrólogos, nutricionistas, enfermeiros, psicólogos. Os objetivos são: o instituir dieta adequada; o implementar modificações de estilo de vida, com a prática regular de atividade física; o iniciar tratamento com insulina, quando necessário. Quanto à monitorização fetal anteparto, não há consenso a respeito do melhor método a ser utilizado. Do ponto de vista prático, deve-se levar em consideração a gravidade do DM, ou seja, avaliar como o controle glicêmico foi obtido (às custas de dieta/exercícios ou pelo uso de insulina) e também a presença ou não de outros fatores de risco para um desfecho desfavorável (idade materna avançada, história de perda fetal, associação de outras comorbidades como hipertensão).

De forma geral, recomenda-se que pacientes portadoras de DMG que necessitem de insulina devam ser monitoradas da mesma forma que aquelas que são diabéticas pré-gestacionais. O momento de iniciar a avaliação no 3 o trimestre, a frequência de exames, e os testes mais adequados e utilizados variam entre as diversas instituições. Em nosso serviço, propõe-se a rotina de avaliação fetal descrita a seguir. o Na 1 a consulta pré-natal, deve-se: ter avaliação conjunta com a equipe de Nutrologia; iniciar monitorização da glicemia em jejum e 1h pós-prandial; suspender hipoglicemiantes orais e iniciar insulina, se necessário; solicitar avaliação retiniana (fundoscopia) e avaliação da função renal, nos casos de diabéticas pré-gestacionais. A fundoscopia será repetida com 16 semanas se a primeira for alterada ou com 28 semanas se a primeira for normal. solicitar ultrassonografia para avaliação da viabilidade e idade da gestação. o Após esta consulta, além dos exames de rotina do pré-natal, serão realizadas as avaliações descritas na tabela 1. 1 o trimestre 2 o trimestre 3 o trimestre Entre 11 sem e 13 sem 6 dias US para estimativa da idade gestacional e rastreio de 1 o trimestre. Entre 22 e 24 semanas US morfológica Doppler obstétrico USTV (medida do colo). ] Entre 24 e 26 semanas Ecocardiografia fetal somente para pacientes portadoras de DM prévio. US para avaliar crescimento fetal e volume de líquido amniótico com 28 / 32 / 36 / 38 / 39 semanas. CTG semanal a partir de 32 semanas - para pacientes em uso de insulina. CTG no termo - para pacientes em dieta. Doppler fetal com 32 semanas. Individualizar seguimento na presença de vasculopatia ou outro fator de risco para CIUR. Tabela 1 Propedêutica fetal para acompanhamento do DMG APRAZAMENTO DE CONSULTAS SUBSEQUENTES Consultas com Nutrologista a cada 1-2 semanas ao longo de toda a gestação nos casos de DM prévio, e de acordo com a necessidade nos casos de DMG. Consultas de pré-natal nos casos de DM prévio e DMG em uso de insulina: o mensal até 20 semanas o quinzenal até 32 semanas o semanal após 32 semanas Consultas de pré-natal nos casos de DMG em controle com dieta: o mensal até 28 semanas o quinzenal até 34 semanas o semanal após 34 semanas ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL Quanto à composição: o 40 a 50% de carboidratos

o 30 a 40% de gorduras o 15 a 25% de proteínas Quanto ao teor calórico: o IMC até 25: 30 a 32 Kcal/Kg/dia o IMC maior que 25: 25 Kcal/Kg/dia INSULINOTERAPIA Indicada para todas as gestantes com DM tipo 1 e para outras cujas glicemias não estão compensadas com dieta. Insulina NPH na dose diária total de 0,3 a 0,4 U/Kg/dia, fracionada conforme avaliação das glicemias capilares. Pode ser necessário usar insulina regular para controle da glicemia. A dose ideal de insulina NPH / insulina regular é individual e será alcançada pela observação da glicemia medida em diversos períodos do dia. Controle adequado: glicemia de jejum até 95mg% e glicemia pós-prandial até 140mg% (1h) ou 120mg% (2h). A monitorização com glicemia capilar é feita 6 vezes por dia, antes e após as refeições. Na eventualidade de internação da paciente diabética em uso de insulina, seja para tratamento clínico ou para procedimento, utilizar o modelo de prescrição constante na figura 2. USO DE CORTICÓIDE Utilizado com base em indicação obstétrica. Deve ser feito com a paciente internada e sob rigoroso controle da glicemia. INTERRUPÇÃO DA GESTAÇÃO Preferencialmente no termo da gestação. o Pacientes em dieta - 40 semanas. o Pacientes em uso de insulina - 38/39 semanas. Nas pacientes bem controladas, a indicação da via de parto é obstétrica. Cuidados durante a cirurgia: o Prescrever na véspera 1/3 a 1/2 da dose de insulina NPH em uso. o Manter perfusão venosa de solução glicosada isotônica durante todo o ato cirúrgico e no pósoperatório, enquanto em dieta zero. o Manter glicemia durante o parto entre 70 e 110mg%, verificando de 1/1 hora. Com o intuito de padronizar e facilitar a prescrição da insulinoterapia, na consulta pré-natal na qual for agendada a internação para o parto, a paciente receberá as orientações quanto ao uso da insulina no período periparto. O nutrólogo entregará a ela as prescrições programadas, conforme modelo da figura 3. ACOMPANHAMENTO PÓS-PARTO DM pré-gestacional: o retornar a 1/3 da dose de insulina de antes da gestação. o retornar 1 semana após a alta hospitalar ao ambulatório de Nutrologia. DMG: o prescrever dieta livre após o parto. o não usar, de rotina, insulina no pós-parto. o retornar ao ambulatório de Nutrologia 6 semanas após o parto para TOTG-75g. Anticoncepção: DIU, minipílula (AC à base de progesterona) ou métodos de barreira.

Figura 2 Modelo de ficha de prescrição para pacientes diabéticas no alojamento conjunto.

Figura 3 Modelo de ficha de prescrição para pacientes diabéticas no pré-parto. LEITURA SUGERIDA - AMERICAN COLLEGE OF OBSTETRICIANS AND GYNECOLOGISTS. ACOG Practice Bulletin, n.30. Gestational diabetes. Obstet. Gynecol., v.98, n.3, p.525-538, 2001. - AMERICAN COLLEGE OF OBSTETRICIANS AND GYNECOLOGISTS. ACOG Practice Bulletin, n.60. Pregestational diabetes mellitus. Obstet. Gynecol., v.105, n.3, p.675-685, 2005. - HAPO STUDY COOPERATIVE RESEARCH GROUP., et al. Hyperglycemia and adverse pregnancy outcomes. N. Engl. J. Med., v.358, n.19, p.1991-2002, 2008.. - INTERNATIONAL ASSOCIATION OF DIABETES AND PREGNANCY STUDY GROUPS CONSENSUS PANEL. et al. International association of diabetes and pregnancy study groups recommendations on the diagnosis and classification of hyperglycemia in pregnancy. Diabetes Care., v.33, n.3, p.676-682, 2010. - MONTENEGRO, C. A. B.; BRAGA, A.; REZENDE FILHO, J. Diabetes melito. In: MONTENEGRO, C. A. B.; REZENDE FILHO, J. Rezende obstetrícia. 12.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013. p.563-579. - NATIONAL COLLABORATING CENTRE FOR WOMEN S AND CHILDREN S HEALTH. Diabetes in pregnancy: management of diabetes and its complications from pre-conception to the postnatal period. Nice Clinical Guideline, n.63, jul. 2008. Disponível em: < http://www.nice.org.uk/nicemedia/live/11946/41320/41320.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2013.