Relações Comerciais e de Preços no Mercado Nacional de Combustíveis 1



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Transcrição:

1 Relações Comerciais e de Preços no Mercado Nacional de Combusíveis 1 Mara Crisina Marjoa-Maisro 2 Geraldo San Ana de Camargo Barros 3 Arigo elaborado em fevereiro/2002 Aprovado para o XL Congresso Brasileiro de Economia e Sociologia Rural (Sober) Resumo: Em janeiro de 2002 o seor de combusíveis enrou definiivamene no livre mercado, os preços da refinaria deixaram de ser regulados e permiiu-se a imporação de derivados de peróleo por empresas privadas. Os preços do álcool foram liberados desde o final da década de 1990. Os objeivos dese esudo são: caracerizar o funcionameno do mercado de combusíveis idenificando os principais faores que inerferem na omada de decisão dos seus agenes; esimar equações de demanda por gasolina C, ofera de álcool anidro e gasolina A e; calcular as elasicidades de ransmissão de preços. Os resulados mosraram inelasicidade com relação à renda e ao preço da demanda de gasolina e inelasicidade-preço das oferas de anidro e gasolina A. Considerando as elasicidades de ransmissão, concluiu-se que um aumeno na demanda de gasolina C ende a aumenar o preço do álcool anidro mais que proporcionalmene ao preço da gasolina C; o preço do álcool anidro enderá a variar mais que proporcionalmene ao preço da gasolina C caso haja choques de ofera de álcool anidro e, no caso de variações na ofera de gasolina A, os preços do álcool e da gasolina C endem a variar em direções oposas. Palavras-chave: álcool anidro; gasolina; desregulamenação 1 Ese arigo é resulado do rabalho de ese da primeira auora. 2 Pesquisadora do CEPEA/ESALQ/USP); e-mail: mcmarjo@esalq.usp.br 3 Professor Tiular do Deparameno de Economia, Adminisração e Sociologia, ESALQ/USP; Coordenador Cienífico do CEPEA/ESALQ/USP e-mail: gscbarro@esalq.usp.br

2 1. Inrodução 1.1 Caracerização do Mercado de Combusíveis A esruura de preços dos derivados de peróleo vinha se mosrando basane complexa devido à maneira como o governo conduzia a formação do preço dos combusíveis nacionais, ou seja, manendo em alguns níveis de mercado os preços sob regulamenação e em ouros, liberados. Os preços praicados nas refinarias (iso é, pagos pelas disribuidoras) eram regulados (ajusados) sob decreos. Já os preços de venda das disribuidoras e de revenda dos posos (preços ao consumidor final) eram liberados, inclusive do óleo diesel (úlimo preço a ser liberado). O álcool hidraado e o álcool anidro, ambém uilizados como combusível, iveram seus preços liberados durane a década de 1990. A parir de janeiro de 2002 o seor de combusíveis passou a operar oalmene sob livre mercado, sendo que os preços da refinaria deixaram de ser regulados e permiiu-se a imporação de derivados de peróleo por empresas privadas. Nesse senido, ornam-se relevanes discussões que procurem deecar quais os possíveis impacos dessas mudanças sobre os preços e o abasecimeno de combusíveis. Nesse novo conexo, de mercado desregulamenado, ficam as seguines quesões: como se formavam os preços dos combusíveis e como passarão a ser formados? Como essas mudanças afeam o consumidor final? Quais os principais faores que impulsionam a demanda pelo consumidor final de combusíveis? Em primeiro lugar, procura-se caracerizar o funcionameno desses mercados e idenificar os principais faores que inerferem na omada de decisão dos seus agenes. Em uma segunda eapa, são esimadas equações de ofera e demanda que levem em cona a inerrelação enre os mercados de gasolina e álcool anidro combusível. O período abrangido pela análise compreende os anos de 1995 a 2000, um período marcado por inensas mudanças seja

3 na comercialização de álcool, ou na de gasolina. Consideram-se dados mensais para a região Cenro-Sul. Tano o seor de derivados de peróleo nacional como o sucroalcooleiro hisoricamene caracerizaram-se pelo elevado grau de inervenção governamenal. Fernandes e Casro (1984) ressalam que a políica de conrole dos preços de combusíveis buscava simulaneamene alcançar múliplos objeivos sendo eses de caráer econômico, energéico, social e ribuário. Nesse senido, exisiam complexos sisemas de adminisração cenralizados. Para Fanini e al (1993), os preços dos derivados de peróleo no País eriam dupla finalidade: remunerar as empresas (públicas e privadas) que operam na produção, disribuição e comercialização dos produos e servir como insrumeno de políicas governamenais de caráer econômico e energéico. Durane os anos de 1938 a 1990, as direrizes da políica de preços dos derivados de peróleo comercializados no mercado inerno foram: abelameno dos preços em função dos ineresses da economia nacional; garania de êxio para a indúsria nacional do refino de peróleo e a práica, quando possível, de preços uniformes em odo o País. Após 1990, a esruura de preços desses derivados foi esabelecida de forma a propiciar a coberura dos cusos dos diversos agenes econômicos envolvidos na produção, disribuição e comercialização desses produos (refinaria, companhias de disribuição e posos de revenda). No enano, nesse mesmo período foram adoadas algumas medidas de caráer liberalizane, al como a liberação dos preços dos combusíveis líquidos nos posos de revenda, fixando-se apenas, seus valores máximos; liberação dos preços praicados por disribuidores e/ou revendedores para produos como óleos lubrificanes; liberação dos preços praicados pelas refinarias para produos especiais ou experimenais, de reduzida paricipação no mercado inerno de derivados de peróleo.

4 Segundo Fernandes e Casro (1984), a esruura de preços de derivados de peróleo conemplava, em primeiro lugar, o esabelecimeno do preço médio dos produos derivados do processameno de 1 barril de peróleo, procurando garanir a coberura dos cusos envolvidos e a renabilidade da refinaria. A apuração dos cusos se dava por inermédio de 4 grupos de despesas: grupo I) cusos em função do preço do peróleo no mercado inernacional e ouros maeriais de consumo imporados e da axa de câmbio; grupo II) cusos decorrenes de despesas com pessoal; grupo III) cusos variáveis de acordo com a conjunura inerna do país e; grupo IV) depreciação, amorização e remuneração dos capiais invesidos no seor de refino. A esruura geral dos cusos descria na lieraura não em se alerado; no enano, as formulações para a correção dos preços da gasolina A na refinaria e a sisemáica de recolhimeno dos imposos incidenes sobre os combusíveis sofreram mudanças ao longo do empo. A úlima fórmula de correção dos preços passou a vigorar em 2001, endo em visa a liberação do mercado a parir de 2002. A correção do preço na refinaria era feia da seguine forma. O preço de realização era formado pelo preço de realização do mês anerior, pela variação das coações do mercado inernacional de peróleo (ipo Bren e WTI) e pela variação da axa de câmbio. Esse preço irá compor, junamene com os imposos o preço diado pelo governo, o chamado preço de poraria. O preço de poraria era acrescenado no preço pago pelas disribuidoras na refinaria pela Gasolina A. Na formação do preço de faurameno da gasolina A exisia uma parcela chamada de Parcela de Preço Específica, que gerava recursos de responsabilidade do Tesouro Nacional e era definida como sendo a diferença enre o preço de faurameno dos derivados enregues às empresas disribuidoras de combusíveis e o preço de realização; essa parcela funcionava como

5 colchão amorecedor pois não permiia que variações repeninas no preço do peróleo no mercado inernacional e no câmbio fossem repassados de imediao aos preços inernos. De posse da gasolina A, a disribuidora iria compor o preço da gasolina C vendida aos posos, considerando os percenuais de misura de álcool anidro diados pelo governo. As proporções de álcool anidro adicionadas na gasolina A para compor a gasolina C vêm se alerando ao longo do empo. Aé 1992 a proporção de anidro na gasolina era de 14%. A parir desse ano aé 1998, a proporção passou para 22%. Em 1998, houve nova aleração para 24% e em 2000 para 20%. A expecaiva de aumeno na produção de álcool na safra 2001/02 levou novamene à aleração do percenual de misura para 22%, a parir de maio de 2001 e, a parir de janeiro de 2002, novamene esse percenual foi alerado para 24%. Percebe-se que as decisões relaivas a alerações desses percenuais são omadas levando em cona ou a expecaiva da produção de álcool ou da disponibilidade do produo, endo em visa a esabilidade do preço. Noa-se, porano, que, por meio do mecanismo de formação do preço da gasolina na refinaria, o governo era responsável pelo diferencial de cusos enre o peróleo imporado pela Perobrás para ser refinado no País e os preços pelos quais a gasolina A e C eram vendidas. Os aumenos no preço do barril de peróleo imporado não eram ineiramene repassados para o consumidor final de gasolina, e nesse senido, buscava-se maner o mercado da gasolina esável para o consumidor. A Figura 1 mosra a evolução dos índices de preços do peróleo imporado e da gasolina C no varejo o que permie visualizar essa suavização. Em períodos em que a variação no preço do peróleo foi basane acenuada, como enre os meses de janeiro e abril de 1999 e enre os meses de maio e seembro de 2000 (com menor inensidade), não se verificou o mesmo comporameno nos preços da gasolina C. É ineressane observar que a diferença enre os preços diminuiu sendo que o preço da gasolina C passou a ser reajusado com maior freqüência, possivelmene como forma de eliminar, gradualmene, os cusos

6 absorvidos pelo governo em virude da defasagem enre o preço do peróleo imporado e o preço da gasolina praicado inernamene. Com o inuio de viabilizar a aberura do seor de combusíveis, após 2002, foram implemenadas novas sisemáicas de ribuação dos derivados do peróleo e do álcool combusível, ano para a comercialização no mercado inerno como dos produos imporados. A Lei nº 10.336 de 19 de dezembro de 2001 que insiuiu a Conribuição de Inervenção sobre o Domínio Econômico (CIDE), em subsiuição a Parcela de Preços Específica, e incidene sobre a imporação e a comercialização de combusíveis, insiuiu ambém que o monane arrecadado com a nova conribuição deveria ser desinado, enre ouros fins, ao pagameno de subsídios a preços ou ranspore de álcool combusível, gás naural e derivados de peróleo; ao financiameno de projeos ambienais relacionados com a indúsria do peróleo e do gás; e ao financiameno de programas de infra-esruura de ranspores. Com a liberação das imporações de combusíveis e o fim do abelameno da gasolina nas refinarias, o governo esperava que uma redução de 25% nas refinarias levasse a uma queda de 20% no preço de bomba. A redução foi bem menor, enreano, cabendo indagar, nas condições vigenes, como a redução do preço na refinaria inerferiria nas oferas e nos preços da gasolina A e de álcool anidro. É ineressane verificar, ambém, como o consumidor responde a uma queda do preço dos combusíveis. Quais os ouros faores que inerferem na omada de decisão do consumidor?

7 350 300 250 200 150 100 50 0 Jan/95 Mar/95 Mai/95 Jul/95 Se/95 Nov/95 Jan/96 Mar/96 Mai/96 Jul/96 Se/96 Nov/96 Jan/97 Mar/97 Mai/97 Jul/97 Se/97 Nov/97 Jan/98 Mar/98 Mai/98 Jul/98 Se/98 Nov/98 Jan/99 Mar/99 Mai/99 Jul/99 Se/99 Nov/99 Jan/00 Mar/00 Mai/00 Jul/00 Se/00 Nov/00 Jan/01 Mar/01 Mai/01 Jul/01 Se/01 Nov/01 IndPGCc IndPPI Figura 1 - Evolução do índice de preço do barril de peróleo imporado (IndPPI) e do preço da gasolina C ao consumidor do município de São Paulo (IndPGCc). (janeiro 1995 = 100). Fones: SECEX, ANP, FIPE Para se avaliar os impacos no mercado de álcool é ineressane considerar a esruura do mercado e da formação do preço desse combusível. No período em que os preços do álcool combusível eram fixados, como ambém os da cana e do açúcar, o Insiuo do Açúcar e do Álcool uilizava-se de uma meodologia que paria, basicamene, do levanameno dos cusos de produção desses produos. A parir dos preços do açúcar crisal sandard eram deerminados os preços básicos do álcool procurando esabelecer um valor de paridade enre açúcar e álcool em uma usina com desilaria anexa. A paridade era fixada por porarias do enão Minisério da Indúsria e do Comércio e das Minas e Energia. A parir desse valor, derivavam-se os valores de paridade dos alcoóis anidro e hidraado, em função de seus eores alcoólicos. Os preços ao consumidor final de álcool eram formados a parir dos preços pagos aos produores acrescidos dos cusos de free, de misura (no caso do álcool anidro) e imposos. Especificamene no caso do álcool anidro, o preço ao consumidor final esava embuido no preço da gasolina. Dessa forma, haveria um diferencial enre o cuso do álcool anidro poso no cenro de misura e o seu preço de faurameno nesse cenro. Esse diferencial era recolhido pela Perobrás (responsável por oda a aquisição de anidro) e uilizado para a manuenção de esoques esraégicos de álcool.

8 Os preços do álcool anidro e do hidraado ao produor foram liberados a parir de maio de 1997 e fevereiro de 1999, respecivamene. A iner-relação enre os preços da gasolina A, da gasolina C e do álcool anidro é mosrada na Figura 2. Noa-se que os preços desses produos evoluíram de maneira basane similar, com exceção do ano de 1998 quando o recém liberado mercado de álcool anidro apresenou-se mais insável. 250 200 150 Índices 100 50 0 Mai/98 Jun/98 Jul/98 Ago/98 Se/98 Ou/98 Nov/98 Dez/98 Jan/99 Fev/99 Mar/99 Abr/99 Mai/99 Jun/99 Jul/99 Ago/99 Se/99 Ou/99 Nov/99 Dez/99 Jan/00 Fev/00 Mar/00 Abr/00 Mai/00 Jun/00 Jul/00 Ago/00 Se/00 Ou/00 Nov/00 Dez/00 Jan/01 Fev/01 Mar/01 Abr/01 Mai/01 Jun/01 Jul/01 Ago/01 Se/01 Ou/01 Nov/01 Dez/01 meses IndPAAp IndPGAfa IndPGCc Figura 2 - Evolução das Variações de Preços do Álcool Anidro ao Produor do Esado de São Paulo (IndPAAp), da Gasolina C ao consumidor no Município de São Paulo (IndPGCc) e do Preço de Faurameno da Gasolina A na Refinaria (IndPGAfa). (Maio 1998 = 1000) Fones: CEPEA; ANP; FIPE No mercado de álcool verifica-se um cero grau de concenração na comercialização. Na safra 2000/01 da região Cenro-Sul, os cinco maiores grupos comercializaram 63% do álcool hidraado e 56% do álcool anidro produzido. Esses grupos se foraleceram a parir da safra 1998/99 em um momeno em que havia grandes excedenes de álcool no mercado, que reduziram os preços do produo. No enano, a concenração nas vendas de álcool já chegou a ser maior. No final da safra 1998/99, a Bolsa Brasileira de Álcool, criada com o objeivo de comercializar com exclusividade e por meio de convênios o álcool produzido por 181 unidades auanes na região Cenro-Sul, era responsável por 85% da comercialização do álcool combusível produzido. A Brasil Álcool S.A (B.A) foi criada em março de 1999 com a

9 finalidade de organizar as vendas de álcool para o mercado exerno. Ambas empresas, BA e BBA, foram exinas. Pelo lado da compra de combusíveis, as disribuidoras de combusível associadas ao Sindicao Nacional das Empresas Disribuidoras de Combusíveis e de Lubrificanes (SINDICOM) são as que apresenam a maior paricipação na comercialização de álcool combusível no mercado inerno. O SINDICOM possui 82 bases coleoras de gasolina e álcool espalhadas por odo o erriório nacional, sendo que 12 enconram-se no Esado de São Paulo (o que represena 15% do oal). Essas bases conam com uma infraesruura e valem-se de uma logísica que permiem a uilização do ranspore rodoviário, ferroviário e hidroviário para a colea e para a disribuição de combusíveis, permiindo assim, vanagens comerciais frene às ouras empresas. Aé meados dos anos 1990, essas empresas eram as únicas a operar no país, ou seja, exisiam 8 grandes disribuidoras comercializando álcool. No enano, a parir de 1995, quando o seor dos combusíveis passou a ser gradaivamene liberado, surgiram inúmeras novas disribuidoras pequenas e médias, o que resulou no número superior a 200 empresas (de acordo com regisro na Agência Nacional de Peróleo). No enano, 5 maiores disribuidoras foram responsáveis pela comercialização de aproximadamene 63% do álcool anidro e 53% do álcool hidraado da região e as 30 maiores disribuidoras comercializam quase que a oalização do produo: mais de 90% do álcool anidro e 86% do álcool hidraado, ao longo do ano de 1999. A paricipação na comercialização de álcool, principalmene de hidraado, das grandes disribuidoras vem diminuindo ao longo do empo. De acordo com o Sindicom (2001), 40% de hidraado foram negociados pelas empresas associadas, em 2000. Aé o final do ano de 2001, esse percenual enderia a se reduzir para 10%. Esse comporameno esaria relacionado à fala

10 de organização e fiscalização, por pare do governo, da sisemáica que vem sendo adoada para o recolhimeno dos imposos incidenes sobre o álcool combusível. Os posos de revenda de combusíveis esão disribuídos por odo o erriório nacional, oalizando cerca de 29.000 esabelecimenos. Desde de 1999, o governo ambém em paricipado da comercialização por meio dos leilões (de compra e venda) que foram realizados pela da Perobrás, ano na região Cenro- Sul, como Nore-Nordese. O volume oal de álcool combusível vendido pelo governo enre dezembro de 1999 e fevereiro de 2001 foi de cerca de 660 mil meros cúbicos. 1.2 Evidências Empíricas no Mercado de Combusíveis Na lieraura nacional e inernacional é possível enconrar diversos esudos que raaram de quesões relaivas ao mercado de combusíveis. Enre eles pode-se ciar Assis & Lopes (1980) e Dahl & Serner (1991). Esses esudos, de maneira geral, procuraram relacionar o consumo dos derivados de peróleo com variáveis macroeconômicas e idenificar quais os deerminanes dese consumo. As principais discussões se basearam em esimaivas de elasicidades-preço e renda da demanda por combusíveis, ano no curo como no longo prazos. Assis e Lopes (1980) iveram como objeivos avaliar o comporameno do consumo de gasolina e do óleo diesel enre 1970 e 1977 e ober esimaivas de elasicidade renda e preço para o curo e longo prazos, para o Brasil. As esimaivas foram obidas uilizando-se dados anuais e empregando a écnica economérica de pooled regressions. Os resulados obidos indicaram ano baixas elasicidades preço da demanda de gasolina e óleo diesel (-0,2 e 0, respecivamene), como baixa sensibilidade a variações na renda para o consumo de gasolina (0,9). Para o óleo diesel, o consumo mosrou-se sensível à variação na renda, com exceção da região Nore. Frene a esses resulados, os auores concluíram que havia a necessidade da

11 elaboração de políicas mais eficazes de conenção do consumo de gasolina e óleo diesel do que a políica de preços. Dahl e Serner (1991) pesquisaram aproximadamene uma cenena de rabalhos sobre demanda de gasolina e noaram que há diferenes esudos que parecem er enconrado resulados conradiórios. No enano, esses resulados, na verdade, foram gerados pelo emprego de diferenes formas de modelagem e diferenes conjunos de dados. Os auores classificaram os esudos em diferenes caegorias disinguindo-as enre os modelos que empregaram (ou não) a variável esoque de veículo como explicaiva e enre modelos esáico e dinâmico. Nesses modelos ambém exisiram combinações enre esoques de veículos e defasagens. De acordo com esses criérios foi possível idenificar nove caegorias, ou ipos de modelagem, para a função de demanda por gasolina. Segundo os auores, após essa esraificação, apesar dos diferenes ipos de modelos, exise um cero grau de consisência enre os resulados. Para realizar comparações, os auores cenraram-se nas esimaivas das elasicidades preço e renda para o curo e longo prazos. Os ipos de dados uilizados foram séries emporais (ST) ou cores seccionais (CS), sendo que, para as séries emporais, observaram-se várias periodicidades, ou seja, dados mensais, anuais, quadrimesrais. Para a esimação dos modelos, foram empregadas diferenes écnicas, endo sido idenificado que a esimaiva de equações únicas foi a mais comumene verificada. O Quadro 1 mosra a nomenclaura e os resulados médios para as elasicidades preço e renda da demanda de gasolina (curo - CP e longo prazos - LP) analisados pelos auores, bem como a caegoria a que perence o modelo, os ipos de dados e suas periodicidades. Apesar das diferenes magniudes nos valores das elasicidades preço e renda da demanda, na maioria dos casos, a demanda é inelásica ano no curo como no longo prazos.

12 Quadro 1: Sumário das elasicidades médias preço e renda da demanda por caegorias Tipos de Modelos Dados Elasicidade Preço Elasicidade Renda CP LP CP LP STAT (Saic Model) ST -0,53-0,53 1,16 1,16 STAT ST -0,29-0,29 0,52 0,52 LE (Lagged Endogenous) CSST/ST -0,24-0,80 0,45 1,31 LE1q CSST/ST -0,13-0,28 0,44 1,02 LE4q ST -0,14-0,59 0,20 0,75 LE1m ST -0,20-0,23 0,58 0,85 LE12m ST -0,19-0,88 0,22 0,64 VEH (Simple Vehicle Model) CSST/ST -0,31-0,31 0,52 0,52 VEH ST -0,42-0,42 0,18 0,18 VCHAR CSST/ST -0,16-0,16 0,29 0,29 (Vehicle Characeriss Model) VCHAR CSST/ST -0,32-0,32 0,17 0,17 VCHAR PAINEL -0,52-0,52 0,41 0,41 VCHAR ST -1,01-1,01 0,76 0,76 V-LE CSST/ST -0,12-0,29 0,38 0,60 (Vehicle/Lagged Endogenous) VU-LE CSST -0,17-1,05 0,14 0,87 (Vehicle Use Lagged Endogenous) V-OL (Vehicle/Oher Lag) CSST/ST -0,08-0,97 0,57 0,57 LE-OL ST -0,22-0,94 0,39 1,09 (Lagged Endogenous/Oher Lagged) VU-LE ST -0,41-0,77 0,42 1,11 Fone: Adapado de Dahl e Serner (1991), p. 206 2. Meodologia O modelo eórico dese esudo esá baseado em Gardner (1975), que pressupõe concorrência perfeia e equilíbrio insanâneo ano no mercado de insumos como no de produo final. Para a análise do mercado de álcool anidro, vale-se de uma adapação dese modelo e das análises de Barros (1987). Assim, o produo final x é a gasolina C, o álcool anidro é a maéria-prima a, e a gasolina A é o insumo de comercialização b. Embora se saiba que o mercado de álcool não é propriamene compeiivo, numa aproximação preliminar da análise faz-se essa pressuposição. As seguines funções represenam o modelo: x = f(a, b) (1) x= D(P x, N) (2) P b =P x f b (3)

13 P a = P x f a (4) P b = g(b, T) (5) P a = h(a,w) (6) Onde: (1) represena a função de produção do produo final (da gasolina C), a qual pressupõese possuir reornos consanes à escala; (2) represena a função de demanda do produo final (da gasolina C no varejo), sendo P x o preço de varejo e N uma variável exógena (renda, por exemplo); (3) e (4) represenam as igualdades do preço dos insumos (da gasolina A e álcool anidro) ao seus valores do produo marginal, condição necessária para a maximização do lucro das firmas; (5) e (6) represenam as oferas de gasolina A e de álcool anidro, respecivamene. T e W represenam variáveis exógenas (por exemplo, T = imposo fixo; W = clima). Por simplicidade, ignora-se os demais cusos ao consumidor, ais como, mão-de-obra, capial ec. Para possibiliar a análise gráfica do mercado, a elasicidade de subsiuição enre a gasolina A e o álcool anidro é considerada igual a zero, ou seja, o produo final é produzido em proporções fixas do dois insumos. As curvas de ofera da gasolina C (S x ), das demandas derivadas pelo álcool anidro (D a ) e pela gasolina A (D b ) podem ser obidas graficamene, conforme demonsrado em Barros (1987). Suponha que cada unidade de gasolina C possa ser produzida usando-se 0,2 unidade de álcool anidro e 0,8 unidade de gasolina A, ou seja, álcool anidro e gasolina A são usados na proporção 1 para 4. Na Figura 3 esão represenadas as curvas referenes à demanda por gasolina C (D x ) e demanda de álcool anidro (D a ) e as curvas de ofera de álcool anidro (S a ) e ofera de gasolina A (S b ) e gasolina C (S x ), separadamene. O eixo verical deve indicar o preço de 0,2 unidade de álcool anidro e de 0,8 unidade de gasolina A. Sob compeição e dada a proporção fixa enre os insumos, o preço de ofera da gasolina C, para qualquer quanidade produzida, será igual à soma do preço correspondene de 0,2 unidade de álcool anidro mais o preço das 0,8 unidade de gasolina A. Desse modo, a curva de ofera de gasolina C (S x ) será a soma verical das duas curvas de oferas dos insumos.

14 A demanda derivada por um dos insumos (álcool anidro, por exemplo) é obida subraindo-se vericalmene da demanda pelo produo final a ofera do ouro insumo (no caso, da gasolina A). Assim, para se ober a demanda derivada de álcool anidro (D a ), deve-se omar a disância verical enre D x e S b, como o preço de demanda correspondene a cada quanidade de álcool anidro, conforme esá represenado na Figura 3. A inerseção enre S x e D x deermina o preço e a quanidade de equilíbrio da gasolina C. Vericalmene, abaixo desse pono em-se o equilíbrio para o mercado da maéria-prima. Barros (1987) ressala que a pressuposição da presença de compeição no modelo de Gardner e a limiação causada por essa pressuposição devem ser examinadas. No caso do álcool, em-se um mercado razoavelmene concenrado, no enano, o modelo de Gardner emse mosrado suficienemene robuso para prever adequadamene mudanças em preços e quanidades mesmo em mercados não-compeiivos. A análise poderia, evidenemene, ao cuso de maior complexidade, ser esendida formalmene para siuações não-concorrenciais. Figura 3 - Análise gráfica do modelo proposo para o mercado de combusíveis Fone: Adapado de Barros (1987) À luz desse modelo ambém é possível avaliar o que ocorre com os preços relaivos do álcool anidro, da gasolina A e da gasolina C, quando ocorre variações na demanda da gasolina C ou nas oferas de álcool anidro ou gasolina A.

15 Suponha 4 um aumeno na demanda por gasolina C em resposa a uma variação na renda. Graficamene ocorrerá um deslocameno de D x e de D a para a direia, manendo a disância verical enre elas, uma vez que S b não se alerou. Nessas condições os preços da gasolina C e do álcool anidro irão aumenar. Para avaliar qual preço irá aumenar mais que proporcionalmene que o ouro deve-se considerar as elasicidades de ofera do álcool anidro (e a ) e da gasolina A (e b ). Se, por exemplo, e a for menor que e b, a relação enre o preço da gasolina C e do álcool anidro irá reduzir, dado que o aumeno no preço do álcool anidro será mais que proporcional ao aumeno no preço da gasolina C. No enano, se as elasicidades-preço da ofera forem iguais a relação enre os preços ficará inalerada. As elasicidades de ransmissão de preços ambém foram esabelecidas por Gardner. Nesse conexo, enende-se como elasicidade de ransmissão a variação relaiva do preço ao produor de álcool anidro com a variação relaiva no preço da gasolina C no varejo. Essa elasicidade irá apresenar valores diferenes conforme ocorra uma variação na demanda de gasolina C ou na ofera de álcool anidro ou, ainda, na ofera de gasolina A. A fórmula de elasicidade para variações na demanda de gasolina C é dada por (7): E PxPa (σ + k aeb + kbea ) = σ + e b (7) onde: e a represena a elasicidade preço da ofera de álcool anidro; e b represena a elasicidade preço da ofera de gasolina A; K a = ap a /xp x represena a parcela do seor alcooleiro nas despesas do consumidor; K b = bp b /xp x represena a parcela da ofera de gasolina A nas despesas do consumidor; σ represena a elasicidade de subsiuição enre a e b 5. A fórmula de elasicidade para variações na ofera de álcool anidro é dada por (8): 4 Ese iem esá baseado em Barros (1987) 5 Nese rabalho esá se assumindo que a elasicidade de subsiuição enre o álcool anidro e a gasolina A é igual a zero durane os períodos de vigência dos percenuais fixos de misura proposo por lei. Nesse senido, apesar de ser ecnicamene possível a uilização de diferenes percenuais de misura, irá

16 E PxPa [ ka ( σ + eb )] = (8) [ e + k σ k η] b a b Onde: η represena a elasicidade preço da demanda por gasolina C. A fórmula de elasicidade para variações na ofera de gasolina A é dada por (9) : ( σ + ea ) E PxPa = (9) ( σ + η) Normalmene e a é menor que e b, 6 logo E PxPa será menor que a unidade para siuações de variação na demanda de gasolina C. Nese esudo foram considerados rês períodos disinos para o cálculo das elasicidades de ransmissão de preço a parir dos parâmeros esimados no modelo economérico. O período 1 abrange os meses de janeiro de 1995 a maio de 1998, quando o percenual de anidro na gasolina era de 22%. O período 2 abrange os meses de junho de 1998 a agoso de 2000 e o percenual passou para 24% e, por fim, o período 3 abrange os meses de seembro a dezembro de 2000 com percenual de 20% de misura. 2.1 Modelo Empírico O modelo proposo é represenado por rês funções: a de demanda da gasolina C ao varejo e duas funções de ofera, uma represenando a ofera de álcool anidro e oura a ofera de gasolina A, conforme segue abaixo: 7 Dx = θ 0 + θ1px + θ 2 RM + θ 3TD + θ 4 POD + θ 5FR + ε (10) = α 0 + α1pa + α 2 PAC + α 3PAH + α 4 PC + (11) = γ 0 + γ 1Pb + γ 2TC + γ 3PPI + ξ (12) Sa µ Sb Onde: D x represena a quanidade demandada de gasolina C; P x o preço da gasolina C no varejo; RM a renda média; TD a axa de desemprego; POD o preço do óleo diesel ao consumidor (varejo); FR a froa de veículos movidos a gasolina; S a a quanidade oferada de prevalecer a regra oficial, mesmo em siuações que ocorram variações nos preços do álcool anidro ou da gasolina A. 6 Por ser o álcool anidro de origem agrícola. Ver Barros (1987) para análise e implicações do uso de parâmeros com valores diferenes.

17 álcool anidro pelo produor; P a o preço do álcool anidro ao produor; PAC o preço do açúcar no mercado inerno; PAH o preço do álcool hidraado ao produor; PC o preço da onelada de cana; S b a quanidade oferada da gasolina A na refinaria; PPI o preço do peróleo imporado; TC a axa de câmbio (R$/US$); P b o preço de faurameno da gasolina A na refinaria. A equação (10) represena a função de demanda por gasolina C ao varejo; (11) represena a função de ofera do álcool anidro do produor; (12) represena a função de ofera da gasolina A na refinaria. As equações (11) e (12) conjunamene dão origem a função de ofera da gasolina C pelas disribuidoras de combusíveis, e as equações (10) e (12) dão origem a função de demanda pelo álcool anidro. Espera-se que as variáveis renda, preço do óleo diesel ao consumidor e froa de veículos apresenem relações direas com a demanda de gasolina. As variáveis preço da gasolina C ao consumidor no varejo e axa de desemprego devem relacionar-se inversamene com a demanda de gasolina C no varejo. Na ofera de álcool anidro espera-se que os impacos relaivos às variáveis preço do açúcar no mercado inerno, preço do álcool hidraado ao produor e preço de cana sejam negaivos, enquano o impaco referene ao preço do álcool anidro deva ser posiivo. Considerando-se a ofera de gasolina A, espera-se que o preço do peróleo imporado e a axa de câmbio apresenem relações inversas com a ofera de gasolina A, enquano o preço da gasolina A na refinaria seja posiivamene relacionado a sua ofera. As equações de demanda de gasolina C ao varejo, ofera de gasolina A na refinaria e ofera de álcool anidro ao produor foram esimadas conjunamene pelo méodo SUR Seemingly Unrelaed Regression, admiindo-se que os erros das equações possam ser relacionados. Calculou-se o ese de Lagrange para verificar a exisência de correlação conemporânea enre as equações. Todas as variáveis foram consideradas na forma logarímica. 7 Noa-se que na Figura 3 as linhas cheias represenam as funções comporamenais do modelo e as linhas ponilhadas as funções derivadas.

18 A quanidade demandada da gasolina C consise nas vendas de gasolina C (em meros cúbicos) na região Cenro-Sul e foi obida juno a Agência Nacional de Peróleo (ANP). A série de preços da gasolina C provém do levanameno de preços desse produo na bomba efeuado pela Fundação Insiuo de Pesquisas Econômicas para o município de São Paulo. As séries relaivas a renda média (em R$) e axa de desemprego das pessoas ocupadas com 15 anos ou mais de idade nas regiões meropolianas de São Paulo e Rio de Janeiro foram obidas juno ao Insiuo Brasileiro de Geografia e Esaísica (IBGE). A série de preços do óleo diesel ao consumidor (R$/liro) foi obida juno a Fundação Geúlio Vargas. Aé 15/11/1997 a série de preços se refere à cidade do Rio de Janeiro, a parir dessa daa passa a se referir ao preço máximo permiido para a cidade de São Paulo. As informações mensais relaivas à froa de carros a gasolina (em unidades) foram consruídas de acordo com o seguine procedimeno: parindo-se de dados anuais da froa de carros nacionais por ipo de combusíveis, obidos juno ao GEIPOT 8 e de dados mensais sobre as vendas de nacionais obidos juno à Associação Nacional dos Fabricanes de Veículos Auomoores (ANFAVEA) foi possível calcular a axa de depreciação anual da froa de veículos. Por exemplo, para o ano de 1995, a axa de depreciação anual foi obida por meio do quociene da diferença enre as vendas anuais de 1995 e o aumeno relaivo da froa de auomóveis de 1994 para 1995, sobre a froa anual de 1994. De posse da depreciação anual esimou-se a depreciação da froa mensal. 9 Assim, em-se que: Froa mensal do mês i = froa do mês (i-1) + vendas do mês i (d m *froa do mês (i-1) ) (13) Para os anos de 1998, 1999 e 2000 uilizou-se uma axa de depreciação mensal média dos rês anos aneriores. Esse procedimeno foi necessário devido ao fao de que o aumeno 8 Para a froa anual de 1994 em alguns esados não havia disponível informações por ipo de combusível, enão uilizou-se da esruura da fria dos anos de 1995 ou de 1996 para complear a froa de 1994. 9 De acordo com a seguine fórmula d m = (1+d a ) 1/12 1 onde, d m represena a depreciação mensal, d a a depreciação anual.

19 observado na froa nos úlimos rês anos foi superior às vendas verificadas no mesmo período, o que enderia a indicar uma apreciação da froa. A série de dados que represena a ofera de álcool anidro consise na proporção de álcool anidro misurado com a gasolina A para a obenção da gasolina C (em meros cúbicos) na região Cenro-Sul e foi obida a parir dos percenuais de misura em vigência no período de análise. Assim, enre janeiro de 1995 a maio de 1998, o álcool anidro represenou 22% da gasolina C, enre junho de 1998 a agoso de 2000 esse percenual passou para 24% e enre seembro de 2000 aé dezembro de 2000, 20% da gasolina C se referia ao álcool anidro. As séries de preços do álcool anidro ao produor e do álcool hidraado (preços de faurameno em R$/liro) foram obidas juno à Perobrás para os períodos em que os preços dos dois ipos de álcoois eram abelados. Para o período enre maio de 1997 e dezembro de 2000 foi considerado o Indicador Mensal de Preço de Álcool Anidro e do álcool Hidraado para o produor do esado de São Paulo divulgado pelo Cenro de Esudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA/ESALQ/USP). A série de preço do açúcar ao produor no mercado inerno (R$/sc de 50 kg) foi consruída a parir de dados referenes ao Indicador de Preço do Açúcar Crisal para o produor do Esado de São Paulo divulgado pelo (CEPEA) para o período de abril de 1997 a dezembro de 2000. Para o período de janeiro de 1995 a março de 1997 uilizou-se o Indicador de Preços no Aacado Ofera Geral divulgados pela Fundação Geúlio Vargas para encadear a série de preços do açúcar. A série de preços da onelada de cana-de-açúcar (R$/) foi aquela divulgada pela Fundação Geúlio Vargas. A série de dados que represena a quanidade oferada da gasolina A consise na proporção de gasolina A que compõe a gasolina C (em meros cúbicos) na região Cenro-Sul e foi obida a parir dos percenuais de misura de álcool anidro e gasolina A para a obenção da

20 gasolina C em vigência no período de análise. Assim, enre janeiro de 1995 a maio de 1998, a gasolina A represenou 78% da gasolina C, enre junho de 1998 a agoso de 2000 esse percenual passou para 76% e enre seembro de 2000 aé dezembro de 2000, 80% da gasolina C se referia à gasolina A. Os preços de faurameno da gasolina A na refinaria (em R$/liro e sem considerar as alíquoas de ICMS) foram obidos juno a Agência Nacional de Peróleo (ANP). A série referene à axa de câmbio consise na coação média do dólar de venda (R$ por US$) divulgadas pelo Banco Cenral do Brasil. A série de preço do barril de peróleo imporado (R$/barril) foi obida juno a ANP para o período de janeiro de 1995 a dezembro de 1998 e juno à Secrearia de Comércio exerior (SECEX) para o período de janeiro de 1999 a dezembro de 2000. As séries relaivas aos preços da gasolina A na refinaria, da gasolina C ao consumidor, do álcool anidro ao produor, do álcool hidraado ao produor, da cana, do açúcar no mercado inerno, da axa de câmbio, do peróleo imporado, da renda média e do óleo diesel ao consumidor foram deflacionadas pelo Índice Geral de Preços Disponibilidade Inerna (IGP DI) calculado pela Fundação Geúlio Vargas, sendo assim, as séries de preços são de preços reais de dezembro de 2000. 3. Resulados e Discussão A seguir são apresenados os resulados obidos para as esimaivas das equações (10), (11) e (12). Os valores da esaísica esão enre parêneses abaixo dos coeficienes (elasicidades) esimados. Os coeficienes esimados para a demanda da gasolina C foram: D ˆ x = 3,110 0,155Px + 0,431RM 0,002TD + 0,072POD + 0, 867FR (14) (-1,810)** (-1,838)** (4,496)* (-0,075) (0,573) (7,790)* 10 10 * significaivo ao nível de 1%

21 R 2 = 77,61 d w = 2,35 Os resulados para a esimaiva da equação de ofera de álcool anidro foram: Sˆ a = 14,048 + 0,084Pa 0,312PAC 0,042PAH 0, 126PC (15) (27,516)* (0,48) (-3,021)* (-0,294) (-1,453) R 2 = 42,03 d w = 0,84 Os resulados para a esimaiva da equação de ofera de gasolina A foram: S ˆb (16) = 9,301 + 0,098Pb 0,022TC 0,046PPI + 0,350Sb 1 (9,639)* (1,782)** (-0,339) (-1,623)** (5,27)* R 2 = 40,76 d h = 1,08 O resulado do ese de Lagrange para verificar a exisência de correlação enre os erros das equações foi 147,88. Para 6 graus de liberdade e ao nível de significância de 1%, o valor críico da disribuição de χ 2 é 16,81. Porano, rejeia-se a hipóese nula e considera-se que exise correlação conemporânea enre os erros das equações do modelo, jusificando o uso do méodo SUR. Para a demanda de gasolina C, odos os coeficienes esimados apresenaram os sinais esperados. O resulado obido para a elasicidade-renda da demanda de gasolina esá de acordo com os esudos enconrados na lieraura, em que a demanda mosrou-se inelásica frene a variações na renda dos consumidores. A relação com o óleo diesel foi pouco expressiva, o que pode ser jusificado pelo fao de que o óleo diesel é mais usado para o ranspore de cargas, enquano a gasolina em veículos leves, logo não são combusíveis com elevado grau de subsiuibilidade enre si. Na equação esimada para a ofera de álcool anidro ambém odos os sinais dos coeficienes foram obidos conforme o esperado. A inelasicidade-preço da ofera de álcool ** significaivo ao nível de 10%

22 pode esar relacionada ao fao de que o produor de álcool, por um longo período, não eseve aeno aos sinais de mercado para alerar a sua ofera, pois o governo garania a compra de oda a produção a um preço previamene esabelecido. Porano, era de se esperar que os produores não respondessem imediaamene aos esímulos de preço. Noa-se ambém que os valores dos coeficienes relaivos ao preço do álcool hidraado ao produor e do açúcar são relaivamene pequenos, o que indica baixa sensibilidade do produor em alerar o mix de produção. Considerando o período de análise (pós 1995) como ransiório para a adapação às forças de mercado que influenciam o mercado de combusíveis em geral e de álcool em específico, ais resulados podem ser compreendidos. Os resulados das esimaivas para a função de ofera de gasolina A devem ser analisados com alguma cauela pois, esse mercado esava oalmene conrolado pelo governo. Com essas esimaivas, porano, procurou-se apreender qual era a sisemáica de ajuse dos preços. Assim, elas refleem a esraégia do governo para o produo. As relações enre as variáveis esão conforme se esperava, ou seja, relações direas enre o preço da gasolina A e inversas enre o preço do peróleo imporado e a axa de câmbio (R$/US$). Essas duas úlimas variáveis foram consideradas como cuso, logo, variações posiivas nas suas magniudes endem a impacar negaivamene sobre a ofera de gasolina A. Deve se ressalar ambém, que, aé janeiro de 1999, a axa de câmbio maneve-se praicamene esável. O governo brasileiro em adoado uma sisemáica de amorização das variações da axa de câmbio (e ambém dos preços inernacionais do peróleo) sobre os preços dos combusíveis inernamene. Essa sisemáica era manida pelo abelameno do preço de faurameno da gasolina A na refinaria e pelo diferencial com o preço de realização pago à Perobrás para cobrir os cusos com as imporações de peróleo. Nesse senido, novamene, em-se uma curva de ofera inelásica em relação ao preço da gasolina A e pouco influenciada por variações no preço do peróleo imporado.

23 Os valores considerados para o cálculo das elasicidades de preço e os resulados para os rês períodos esão apresenados nas Tabelas 1 e 2, respecivamene. Os resulados da Tabela 2 foram obidos a parir das fórmulas (7), (8) e (9). É ineressane desacar que a evolução do preço relaivo enre álcool anidro e gasolina C em influenciado o percenual de misura adoada. Uma redução no preço relaivo levou ao aumeno de 22% para 24% na misura. Ou seja, quando o preço do álcool anidro diminuiu, uma maior quanidade desse produo passou a ser adicionada à gasolina, possivelmene com o inuio de reduzir o preço desse combusível ao consumidor final. Por ouro lado, com o aumeno do preço do álcool anidro a parir da safra 2000/01, o percenual de misura reduziuse para 20%. Ouro pono relevane é que as mudanças na misura êm sido uilizadas como forma de equilibrar a ofera e demanda de álcool em períodos de maior disponibilidade do produo no mercado inerno. Tabela 1. Valores considerados nos cálculos das elasicidades de ransmissão de preços Períodos Preço Relaivo (P a /P x ) 1 K a 2 1. jan/95 a mai/98 0,5964 0,1312 0,3658 2. jun/98 a ago/00 0,3714 0,0891 0,4003 3. se/00 a dez/00 0,4439 0,0888 0,4878 1.valores médios para os respecivos períodos. 2.valores médios para os respecivos períodos, considerando o percenual de misura vigene K b 2 Tabela 2. Elasicidades de ransmissão de preços (E PxPa ) considerando diferenes choques para os rês períodos. Períodos/ Variações em D x Variações em S a Variações em S b Causas Período 1 0,4447 0,0831-0,5419 Período 2 0,4322 0,0546-0,5419 Período 3 0,5069 0,0501-0,5419 Fone: Dados da pesquisa

24 Esses resulados mosram que dado um acréscimo na demanda de gasolina C enão para cada pono percenual de aumeno no preço do álcool anidro corresponderia um aumeno no preço da gasolina C de 0,4447% considerando o período 1; de 0,4322% no período 2 e 0,5069% no período 3. Esses resulados já eram esperados dado que e a foi menor que e b. Suponha uma redução na ofera de álcool anidro, enão para cada pono percenual de aumeno no preço do álcool anidro, o preço da gasolina C aumenará em 0,0831% considerando o período 1; 0,0546% no período 2 e 0,0501% no período 3. Por fim, suponha uma redução na ofera de gasolina A, al que eleve seu preço impacando os preços do álcool e da gasolina C. Assim, para cada pono percenual de queda no preço do álcool, o preço da gasolina C irá aumenar de 0,54%. O cuso de aquisição da gasolina A seria repassado para o consumidor final enquano se reduziriam as compras de anidro, diminuindo seu preço. Esse resulado foi enconrado para os rês períodos. 4. Conclusões Consaou-se que as oferas de álcool anidro e de gasolina A mosraram-se pouco sensíveis a variações nos preços, ou seja, foram enconradas curvas de ofera inelásicas. No caso do álcool anidro, esse resulado pode esar associado ao fao de que o preço ao produor somene foi liberado em meados de 1997. Aé enão, o produor inha a garania de venda de sua produção a um preço pré-esabelecido, logo os sinais de mercado via preço eram ineficazes. O mesmo ocorreu para a gasolina A, dado que o preço de faurameno dese combusível foi deerminado pelo governo aé o início de 2002, e desse modo conrolava ambém a ofera do produo.. Na ofera de álcool anidro, o coeficiene relaivo ao preço do açúcar foi significaivo e auou mais expressivamene se comparado ao preço do álcool hidraado. Esse resulado parece indicar que, frene às incerezas do mercado de álcool hidraado e a maior esabilidade relaiva

25 do mercado de açúcar, o produor esaria observando mais o mercado de açúcar para compor seu mix de produção. No que se refere à demanda de gasolina C, os resulados indicaram que a demanda não é muio sensível ano em relação a variações no preço como na renda. Esses resulados vêm ao enconro do que pôde ser consaado nos rabalhos aneriores. Já a froa de carros a gasolina mosrou possuir maior influência sobre a demanda, possivelmene o efeio de um aumeno na renda sobre o consumo de gasolina ocorre via aumeno (ou aquisição) da froa de veículos movidos à gasolina. Finalmene, considerando os resulados obidos, pode-se enar avaliar quais os impacos das primeiras medidas adoadas no mercado de combusível após sua aberura no início de 2002. Denre esas medidas eseve a redução do preço da gasolina A vendida nas refinarias em 25%. A gasolina A em represenado cerca de 47,5 % do preço médio da gasolina C, omando o caso do município de São Paulo e considerando uma proporção de 24% de álcool anidro na gasolina C. Não havendo aleração nos ouros componenes de cuso dessa gasolina, a redução ao varejo deveria esar em orno de 12% (0,475 x 25 = 11,88%). Essa redução no preço da gasolina C no varejo eria um pequeno efeio de aumeno em seu consumo: cerca de 2%, poso que se raa de produo que, a curo prazo, em uma demanda basane inelásica às mudanças de preço. Esse aumeno no consumo iria provocar um subsancial aumeno no preço do álcool anidro: cerca de 20%, porque ese produo em uma ofera que, ambém no curo prazo, é muiíssimo inelásica. Como o álcool anidro equivale a cerca de 10% do preço da gasolina, a redução de preço da gasolina C ficaria em cerca de 10%. Não se deve esquecer que, para al redução se concreizar, seria necessário se considerar as quesões ribuárias, já que a base de cobrança do ICMS sobre os combusíveis difere para cada esado e endem a ser maiores que os preços praicados no mercado consumidor.

26 5. Referências Bibliográficas ASSIS, A N.; LOPES, L de B. R. A ineficiência da políica de preços para coner o consumo de derivados de peróleo. Revisa Brasileira de Economia, v.34, n.3, p.417-428, jul/se. 1980. BARROS, G. S. A. C. Economia da comercialização agrícola. Piracicaba: FEALQ, 1987. 306p. DAHL, C. A; STERNER, T. Analysing gasoline demand elasiciies: a survey. Energy Economics, v.13, n.3, p.203-310, Jul.1991. FANTINE, J; CUNHA, O C. da; LEITE, R. C. de C.; UEKI, S. A esruura dos preços dos combusíveis derivados do peróleo e do gás naural. In: SEMINÁRIO TARIFAS PÚBLICAS E PREÇOS SUBSÍDIOS PARA DEBATES E FIXAÇÃO DE POLÍTICAS SETORIAIS, São Paulo, 1993. Anais. São Paulo: FIESP/CIESP, 1993. 143p. FERNANDES, M. de L.; CASTRO, R. de F. Comenários sobre as esruuras de preços de gasolina e de álcool. Brasília: CENAL, 1984. 29p. GARDNER, B. L. The farmo-reail price spread in a compeiive indusry. American Journal of Agriculural Economics, v.57, n.3, p.399-409, Aug.1975 Sindicao das Disribuidoras de Combusíveis e Lubrificanes (SINDICOM). As sombrias previsões para o comércio do álcool. hp://www.sindicom.com.br. Junho/2001