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INE5403 - Fundamentos de Matemática Discreta para a Computação 5) Relações 5.1) Relações e Dígrafos 5.2) Propriedades de Relações 5.3) Relações de Equivalência 5.4) Manipulação de Relações 5.5) Fecho de Relações

Relações de equivalência Suponha que a matrícula dos estudantes em uma dada universidade siga o esquema: Inicial do nome : Horário de matrícula : A G 8 :00 11 :00 H N 11 :00 14 :00 O Z 14 :00 17 :00 Seja R a relação que contém (x,y) se x e y são estudantes com nomes começando com letras do mesmo bloco. Consequentemente, x e y podem se matricular na mesma hora se e somente se (x,y) R. Pode-se notar que R é reflexiva, simétrica e transitiva. Além disto, R divide os estudantes em 3 classes ( (equivalentes).

Relações de equivalência Suponha dois horários (inteiros) a=20:00 e b=68:00. Estes horários estão relacionados pela relação congruência módulo 24, pois: 24 (68-20) ou 68=20 + k.24 Um inteiro a está relacionado a um inteiro b se ambos tiverem o mesmo resto quando divididos por 24. pode-se mostrar que esta relação é reflexiva, simétrica e transitiva. Conclui-se que esta relação subdivide o conjunto dos inteiros em 24 classes diferentes. Como o que nos interessa realmente é só o momento do dia, só precisamos saber a que classe pertence um valor dado.

Relações de equivalência Definição: : Uma relação R sobre um conjunto A é chamada uma relação de equivalência se ela for uma relação reflexiva, simétrica e transitiva. Dois elementos relacionados por uma relação de equivalência são ditos equivalentes.

Relações de equivalência Exemplo1: : Sejam A={1,2,3,4} e R={(1,1),(1,2),(2,1),(2,2),(3,4),(4,3),(3,3),(4,4)}. R é uma relação de equivalência, pois satisfaz às 3 propriedades: Reflexividade: : R é reflexiva, pois {(1,1),(2,2),(3,3),(4,4)} R Simetria: : nota-se que a R(b) a b R(a) Transitividade: : nota-se que: b R(a) b e c R(b) c c R(a) Exemplo2: : Seja A=Z o conjunto dos inteiros e seja R={(a,b) A A a A a b}. R não é uma relação de equivalência, pois: Reflexividade: : R é reflexiva, pois a a, a, a A Simetria: : b a b a não segue de a b a R não é simétrica Transitividade: : se a b a b e b c b a c, portanto se arb e brc então arc. Assim, R é transitiva.

Relações de equivalência Exemplo3: : Seja m um inteiro positivo > 1. Mostre que a relação R={ (a,b) a b a b (mod( m) } é uma relação de equivalência sobre o conjunto dos inteiros. Lembre que: a b a b (mod( m) m (a-b) Reflexividade: : a a a a (mod( m) pois a-a=0 a a=0 e m 0 ara Simetria: se a b a b (mod( m), então a-b=k.m a b-a=( a=(-k).m b a a (mod( m) assim: arb bra Transitividade: : suponha que a b a b (mod( m) e b c b c (mod( m) m divide tanto (b-a) como (c-b) a-b=k.m e b-c=l.mb a-c c = (a-b)+(b b)+(b-c) = (k+l).m a c c (mod( m) portanto, arb e brc arc e R é transitiva.

Relações de equivalência e partições Definição: Uma partição ou conjunto quociente de um conjunto não vazio A é uma coleção P de subconjuntos não vazios de A tal que: 1. Cada elemento de A pertence a algum dos conjuntos em P 2. Se A 1 e A 2 são elementos distintos em P,, então A 1 A 2 =. Os conjuntos em P são chamados de blocos ou células da partição.

Relações de equivalência e partições Exemplo: : A={1,2,3,5,7,9,11,13} 1 2 3 A 1 5 9 7 A 2 A 3 A 4 11 13 A 1 ={1,2,3} A 2 ={5,9} A 3 ={7} A 4 ={11,13} P={A 1, A 2, A 3, A 4 } é uma partição do conjunto A em 4 blocos.

Relações de equivalência e partições Uma partição P pode ser usada para construir uma relação de equivalência sobre A. Teorema: : Seja P uma partição sobre um conjunto A. Defina uma relação R sobre A como: arb se e somente se a e b são membros do mesmo bloco. Então R é uma relação de equivalência sobre A (determin( determin.. por P). Prova: (1) Se a A, a então a está no mesmo bloco que ele mesmo, de modo que ara R é reflexiva (2) Se arb então a e b estão no mesmo bloco, logo bra R é simétrica (3) Se arb e brc,, então a, b e c estão no mesmo bloco P,, logo arc. Portanto: arb e brc arc (R é transitiva).

Relações de equivalência e partições Exemplo: : Seja A={1,2,3,4} e considere uma partição P={{1,2,3}, {4}}. Ache a relação de equivalência determinada por P. Solução: : Os blocos de P são {1,2,3} e {4}. Para construir esta relação, cada elemento do bloco deve estar relacionado com todos os outros elementos no mesmo bloco e somente estes elementos. Assim: R={(1,1),(1,2),(1,3),(2,1),(2,2),(2,3),(3,1),(3,2),(3,3),(4,4)}

Relações de equivalência e partições Teorema: : Seja R uma relação de equivalência sobre A e seja P a coleção de todos os conjuntos relativos R(a), para todo a A. Então P é uma partição de A, e R é a relação de equivalência determinada por P. Se R é uma relação de equivalência sobre A, então os conjuntos R(a) são chamados de classes de equivalência de R. A partição P construída no teorema acima consiste portanto de todas as classes de equivalência de R e esta partição é denotada por A/R. Partições de um conjunto A também são chamadas de conjuntos quocientes de A, e a notação A/R lembra que P é o conjunto quociente de A que é construído e determinado por R.

Relações de equivalência e partições Exemplo1: Seja A={1,2,3,4} e seja a relação de equivalência R sobre A definida por R={(1,1), (1,2), (2,1), (2,2), (3,4), (4,3), (3,3), (4,4)}. Determine A/R (todas as classes de equivalência de R). Solução: R(1) = {1,2} R(2) = {1,2} R(3) = {3,4} R(4) = {3,4} A/R = {{1,2}, {3,4}}

Relações de equivalência e partições Exemplo2: : Seja A=Z e seja R={(a,b) A A A 2 (a-b)} (como já visto, R é uma relação de equivalência). Determinar A/R. Solução: R(0)={ -6, -4, -2, 0, 2, 4, 6, }} (O conjunto dos inteiros pares, pois 2 divide a diferença entre quaisquer dois inteiros pares.) R(1)={ -5, -3, -1, 0, 1, 3, 5, }} (O conjunto dos inteiros ímpares, pois 2 divide a diferença entre quaisquer dois inteiros ímpares.) Assim, A/R consiste do conjunto dos inteiros pares e do conjuto dos inteiros ímpares, isto é, A/R={R(0), R(1)}.

Procedimento geral para determinar partições A/R Passo 1. 1 Escolha um elemento qualquer de A, digamos a, e calcule a classe de equivalência R(a). Passo 2. 2 Se R(a) A, escolha um elemento b não incluído em R(a) e calcule a classe de equivalência R(b). Passo 3. 3 Se A não é igual a união das classes de equivalência previamente calculadas, então escolha um elemento x de A que não esteja em nenhuma dessas classes de equivalência e calcule R(x). Passo 4. 4 Repita o passo 3 até que todos os elementos de A estejam em classes de equivalência já calculadas. Se A é infinito este processo pode continuar indefinidamente. Neste caso, continue até que apareça um padrão que permita descrever ou dar uma fórmula para todas as classes de equivalência

Relações de equivalência - Exercícios Exercício 1: Seja A={a,b,c}. Determine se a relação R cuja matriz é dada abaixo é uma relação de equivalência. M R = 1 0 0 0 1 1 0 1 1 Resp.: : SIM. (Por quê?)

Relações de equivalência - Exercícios Exercício 2: Determine se a relação R cujo dígrafo é dado abaixo é uma relação de equivalência. 2 6 1 3 5 4 Resp.: : SIM. (Por quê?)

Relações de equivalência - Exercícios Exercício 3: Se {{1,3,5}, {2,4}} é uma partição do conjunto A={1,2,3,4,5}, determine a relação de equivalência R correspondente. Resp.: R={(1,1),(1,3),(1,5),(3,1),(3,3),(3,5),(5,1),(5,3),(5,5), (2,2),(2,4),(4,2),(4,4)}