SPREAD BANCÁRIO no Brasil: avaliação e propostas

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Transcrição:

SPREAD BANCÁRIO no Brasil: avaliação e propostas Reunião de Diretoria Plenária da ABINEE Flávio Castelo Branco Gerente-Executivo de Política Econômica Confederação Nacional da Indústria São Paulo, Outubro 2016

Spread Bancário O BRASIL TEM UMA DAS MAIORES TAXA DE JUROS DO MUNDO TAXA MÉDIA DE JUROS DAS OPERAÇÕES DE CRÉDITO DO SISTEMA FINANCEIRO É DE 33% O SPREAD BANCÁRIO ENCONTRA-SE ATUAMENTE EM 23,1 P.P, ANTE 6,3 P.P DA MÉDIA MUNDIAL O SPREAD REPRESENTA CERCA DE 71% DAS TAXAS COBRADAS NOS EMPRÉSTIMOS 2

Spread Bancário Comparação Mundial 25 20 15 10 5 0 BRASIL TEM UM DOS MAIORES SPREAD BANCÁRIO DO MUNDO Islândia Canadá Países Baixos Finlândia Coreia do Sul Luxemburgo Noruega Bélgica China (continente) Polônia Argentina Turquia EUA Hungria Fonte: IMD World Competitiveness Yearbook 2015. Itália Estônia Dinamarca Tailândia Rússia Bulgária Colômbia Brasil 3

Spread Bancário Por tipo de tomador Spread médio das operações de crédito 35 30 25 20 15 10 5 0 O SPREAD É AINDA MAIS ELEVADO PARA RECURSOS DESTINADOS ÀS PESSOAS FÍSICAS jun/16 mar/16 dez/15 set/15 jun/15 mar/15 dez/14 set/14 jun/14 mar/14 dez/13 set/13 jun/13 mar/13 dez/12 set/12 jun/12 mar/12 dez/11 set/11 jun/11 mar/11 Fonte: Banco Central do Brasil Total Pessoas jurídicas Pessoas físicas 4

Spread Bancário Por tipo de recurso Spread médio das operações de crédito 45 40 35 30 25 20 15 10 5 SPREAD DE OPERAÇÕES COM RECURSOS LIVRES ATINGE 40 P.P 0 jun/16 mar/16 dez/15 set/15 jun/15 mar/15 dez/14 set/14 jun/14 mar/14 dez/13 set/13 jun/13 mar/13 dez/12 set/12 jun/12 mar/12 dez/11 set/11 jun/11 mar/11 Total Com recursos direcionados Com recursos livres Fonte: Banco Central do Brasil 5

Determinantes do spread bancário pelo Banco Central Custo administrativo dos bancos Inadimplência Compulsório, subsídio cruzado, encargos fiscais e FGC Impostos diretos Margem líquida, erros e omissões 6

Decomposição do spread bancário Em proporção do spread (%) Fonte: Banco Central do Brasil Relatório de Economia Bancária e Crédito 2014. 7

Decomposição do spread bancário Em pontos percentuais (p.p.) Fonte: Banco Central do Brasil Relatório de Economia Bancária e Crédito 2014. 8

Custo administrativo dos bancos Pagamento de salários e benefícios Manutenção de agências e escritórios Publicidade e propaganda Custo judicial Custo de avaliação de risco de crédito 9

Custo administrativo dos bancos Impacto no spread: O custo administrativo é repassado para os tomadores de empréstimos bancários Participação no spread: 9,2 % 2,5 p.p. 10

Inadimplência Estimativas de perda em função do não pagamento das obrigações financeiras dos tomadores Participação no spread: 24,7 % 6,6 p.p. 11

Inadimplência Impacto no spread: Quanto maior a expectativa de inadimplência, maior será o provisionamento de perdas pelo não cumprimento das obrigações O resultado é aumento do spread para todas as operações de crédito 12

Compulsório, subsídio cruzado, encargos fiscais e FGC Obrigatoriedade de destinação de parte dos recursos captados pelas instituições financeiras à financiamento de setores como o habitacional e o rural à taxas reduzidas Compulsório Depósito obrigatório de recursos das instituições financeiras no Banco Central do Brasil 13

Compulsório, subsídio cruzado, encargos fiscais e FGC Contribuição mensal ordinária ao Fundo Garantidor de Crédito (FGC) Impostos indiretos PIS, COFINS e IOF Participação no spread: 2,9 % 0,8 p.p. 14

Compulsório, subsídio cruzado, encargos fiscais e FGC Impacto no spread: Os direcionamentos obrigatórios impossibilitam a aplicação desses recursos em operações mais rentáveis O resultado é o aumento das taxas cobradas nas operações livres, de forma a compensar os baixos retornos dos recursos compulsórios e dos direcionados 15

Impostos diretos Imposto de renda Contribuição social sobre o lucro líquido Participação no spread: 25,4 % 6,7 p.p. 16

Impostos diretos Impacto no spread: Oneram a intermediação financeira e reduzem a margem de lucro dos bancos Desta forma, as despesas com impostos diretos tendem a ser repassadas para os tomadores de crédito 17

Outros determinantes do spread bancário Condições macroeconômicas Taxa básica de juros Concentração bancária Assimetria de informação Insegurança jurídica e ineficiência do judiciário 18

Condições macroeconômicas Taxa de inflação Crescimento econômico Resultados fiscais Volatilidade da taxa de câmbio Juros Nominal Impacto no spread: Aumento da inadimplência causado pela deterioração das condições macroeconômicas Taxa de juros 19

Taxa básica de juros Corresponde ao custo de captação de recursos pelas instituições financeiras Representa o custo de oportunidade dos bancos entre conceder empréstimos e investir na dívida pública Quanto maior, mais elevado será o spread e as taxas finais de financiamento 20

Taxa básica de juros Impacto no spread: Juros elevados reduzem a capacidade de pagamento do tomador e elevam o risco de inadimplência A existência de títulos públicos de alto retorno, baixo risco e elevada liquidez torna elevado o prêmio de risco de empréstimos ao setor privado O resultado é o aumento do spread a fim de compensar o risco associado às operações do mercado privado 21

Concentração bancária O grau de concentração do setor bancário impacta na concorrência Impacto no spread: A maior concentração do setor bancário reduz a competitividade entre as instituições financeiras, o que possibilita a cobrança de maiores spreads 22

Assimetria de informação Quando uma parte da transação possui mais informação que a outra Impacto no spread: Falta de informação sobre o mutuário dificulta a distinção entre adimplentes e inadimplentes, resultando em um aumento do spread em todas as operações de crédito bancário

Insegurança jurídica e ineficiência do judiciário Morosidade das decisões Custo judicial Risco na falta de previsibilidade Judiciário em grande parte favorável aos devedores 24

Insegurança jurídica e ineficiência do judiciário Impacto no spread: A insegurança jurídica causada pela imprevisibilidade das decisões judiciais pode aumentar o provisionamento de perdas pelas instituições financeiras A morosidade da justiça brasileira incentiva o não cumprimento das obrigações pelo mutuário e reduz o valor das garantias dadas como colateral, limitando sua função de minimizar o risco de inadimplência 25

PROPOSTAS 26

Propostas Custo administrativo dos bancos Diminuir as exigências burocráticas Inadimplência Criar fundo público de aval, com garantia parcial do crédito concedido, condicionado ao estabelecimento de teto para a taxa de juros e a comprovação por parte do banco de que houve análise criteriosa do risco do tomador. 27

Propostas Compulsório, subsídio cruzado, encargos fiscais e FGC Implementar medidas de redução da cunha fiscal dos spreads bancários Reduzir o IOF nas operações de crédito Flexibilizar o direcionamento obrigatório do crédito Reduzir os compulsórios Impostos diretos Não incidir IR e CSLL sobre provisionamento de créditos 28

Propostas Condições macroeconômicas Proporcionar condições macroeconômicas para redução permanente da taxa básica de juros Taxa de juros Reduzir a emissão de títulos públicos atrelados a Selic Concentração bancária Facilitar e estimular a portabilidade cadastral Publicar as taxas de operações por instituição 29

Propostas Melhorar educação financeira de modo a conscientizar a população das opções de crédito disponíveis Fomentar práticas de desintermediação bancária na economia e de estímulos ao mercado de capitais Fomentar o cooperativismo de crédito Aperfeiçoar o sistema de divulgação de informação sobre custo do crédito para pessoas físicas e jurídicas do Bacen Promover a ampliação de produtos bancários substitutos 30

Propostas Assimetria de informação Desenvolver e disseminar o cadastro positivo Facilitar e estimular a portabilidade do crédito Insegurança jurídica e ineficiência do judiciário Melhorar ambiente institucional, com o objetivo de agilizar a recuperação do crédito Possibilitar a segmentação entre juros e principal no processo de cobrança 31

www.cni.org.br 32