APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO Nº 15708 CE (0007321-11.2010.4.05.8100) APELANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL APELADO : UFC - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ REPTE : PROCURADORIA REGIONAL FEDERAL - 5ª REGIÃO REMTE : JUÍZO DA 8ª VARA FEDERAL DO CEARÁ (FORTALEZA) ORIGEM : 8ª VARA FEDERAL DO CEARá - CE RELATOR : JUIZ FRANCISCO CAVALCANTI - Primeira Turma RELATÓRIO O JUIZ FRANCISCO CAVALCANTI: O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL ajuizou ação civil pública contra a UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ UFC, objetivando seja emitido preceito mandamental à ré, determinando que nos exames vestibulares que vier a promover, ao julgar recursos apresentados em face da correção de questões ou gabaritos, informe não apenas o resultado do julgamento, mas também sua fundamentação. Argumentou o autor que a UFC não estaria fundamentando suas manifestações de revisão de prova de concursos vestibulares. Afirmou que, nos casos concretos informados nos autos (atinentes aos vestibulandos Nathália Denise Nogueira Peixe Sales, Igor da Silveira Pinheiro e Raimundo Edmar Barroso Neto), estaria demonstrado que, ao entregar aos recorrentes os resultados dos seus recursos, omite-se na fundamentação da decisão, limitando-se, em casos de improcedência, a afirmar que a Banca Examinadora ratificou a nota anteriormente atribuída. Invocou a Lei nº 9.784/99, que garantiria o direito dos administrados à motivação dos atos administrativos. Formulou pedido de tutela antecipada. A UFC se manifestou sobre o pedido de provimento antecipatório. 128/130. O pedido de tutela antecipada foi indeferido, segundo decisão de fls. A UFC contestou, afirmando que todas as suas decisões administrativas seriam motivadas, o que se poderia exemplificar pela juntada, nas ações judiciais, dos espelhos de correção, juntamente com a revisão das provas, documentos que poderiam ser obtidos pelos interessados, em acessando a via administrativa. Lembrou, outrossim, que, como instituição de ensino, deteria como prerrogativa constitucional a autonomia didático-científica e administrativa, sempre exercitadas segundo os preceitos constitucionais. Sustentou não ter praticado qualquer ato ilegal. A MM. Juíza Federal a quo julgou improcedente o pedido, a teor da sentença de fls. 138/140, determinando a remessa obrigatória. 1
O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL interpôs, então, apelação, reiterando a argumentação no sentido da não motivação das decisões dos recursos pela UFC. Destacou que a questão debatida não seria afeta ao mérito administrativo, de modo que não caberia falar em invasão de tal seara. Sustentou que a grade de correção não seria suficiente à motivação necessária dos atos administrativos. Contrarrazões às fls. 160/169, reiterativas das razões de contestação. Ouvido nesta Instância, o Ministério Público Federal opinou pelo provimento da apelação. É o relatório. Dispensada a revisão. Peço dia para julgamento. JUIZ FRANCISCO CAVALCANTI Relator 2
APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO Nº 15708 CE (0007321-11.2010.4.05.8100) APELANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL APELADO : UFC - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ REPTE : PROCURADORIA REGIONAL FEDERAL - 5ª REGIÃO REMTE : JUÍZO DA 8ª VARA FEDERAL DO CEARÁ (FORTALEZA) ORIGEM : 8ª VARA FEDERAL DO CEARá - CE RELATOR : JUIZ FRANCISCO CAVALCANTI - Primeira Turma EMENTA: ADMINISTRATIVO. REMESSA OFICIAL E APELAÇÃO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. EXAMES VESTIBULARES. DEVER DE MOTIVAÇÃO DOS RESULTADOS DAS REVISÕES DAS NOTAS ATRIBUÍDAS ÀS PROVAS. LEI Nº 9.784/99. DIVULGAÇÃO DOS ESPELHOS OU GRADES DAS RESPOSTAS REPUTADAS CORRETAS PARA AS PROVAS, JUNTAMENTE COM O GABARITO OFICIAL, QUANDO DA PUBLICAÇÃO DOS PRIMEIROS RESULTADOS. SUFICIÊNCIA À CARACTERIZAÇÃO COMO FUNDAMENTAÇÃO. POSSIBILIDADE, NA DECISÃO DAS REVISÕES, DE SIMPLES ALUSÃO À NOTA PRIMEIRAMENTE DADA. INVASÃO JUDICIAL NO MÉRITO ADMINISTRATIVO. INADMISSIBILIDADE, EXCETO POR QUESTÕES DE LEGALIDADE E LEGITIMIDADE (RAZOABILIDADE). DESPROVIMENTO. 1. Remessa oficial e apelação interposta contra sentença de improcedência do pedido de ação civil pública, através da qual o Parquet Federal objetiva seja emitido preceito mandamental à ré, determinando que nos exames vestibulares que vier a promover, ao julgar recursos apresentados em face da correção de questões ou gabaritos, informe não apenas o resultado do julgamento, mas também sua fundamentação. 2. A Administração Pública tem o dever de motivar os atos que expede. Inteligência da CF/88 e da Lei nº 9.784/99. 3. A divulgação dos espelhos ou grades das respostas reputadas corretas para as provas, juntamente com o gabarito oficial, quando da publicação dos primeiros resultados dos exames vestibulares, como ocorre no presente caso, caracteriza suficiente fundamentação dos atos administrativos, tornando juridicamente possível, nas decisões sobre revisão de notas, a simples alusão à pontuação primeiramente atribuída, sem que isso implique violação ao dever de motivar. 4. Não se verifica a ausência de fundamentação por parte de Comissão do Concurso Vestibular - CCV se a mesma, ao analisar o pedido de revisão de prova, se reportou aos critérios constantes dos espelhos de correção utilizados para a correção da prova de todos os candidatos (TRF5, 3T, AC 456281, Rel. Des. Federal Convocado José Maximiliano Cavalcanti, j. em 09.07.2009). 3
5. É vedado ao Poder Judiciário interferir no mérito administrativo, salvo quando caracterizada ilegalidade ou ilegitimidade, mormente na forma de posições desvestidas de razoabilidade, o que não está presente in casu. 6. Desprovimento da remessa ex officio e da apelação. VOTO O JUIZ FRANCISCO CAVALCANTI: Trata-se de remessa oficial e apelação interposta contra sentença de improcedência do pedido de ação civil pública, através da qual o Parquet Federal objetiva seja emitido preceito mandamental à ré, determinando que nos exames vestibulares que vier a promover, ao julgar recursos apresentados em face da correção de questões ou gabaritos, informe não apenas o resultado do julgamento, mas também sua fundamentação. Sem preliminares, direto ao mérito. A questão é simples. É certo que a Administração Pública tem o dever de motivar os atos que expede, a teor mesmo do que determina a CF/88 e a Lei nº 9.784/99. Nesse contexto, correta a sentença, ao não identificar, no caso concreto, violação ao dever de motivação pela UFC. De fato, a divulgação dos espelhos ou grades das respostas reputadas corretas para as provas, juntamente com o gabarito oficial, quando da publicação dos primeiros resultados dos exames vestibulares, como ocorre no presente caso, caracteriza suficiente fundamentação dos atos administrativos, tornando juridicamente possível, nas decisões sobre revisão de notas, a simples alusão à pontuação primeiramente atribuída, sem que isso implique violação ao dever de motivar. Nesse sentido, veja-se trecho de precedente desta Corte Regional: Não se verifica a ausência de fundamentação por parte de Comissão do Concurso Vestibular - CCV se a mesma, ao analisar o pedido de revisão de prova, se reportou aos critérios constantes dos espelhos de correção utilizados para a correção da prova de todos os candidatos (TRF5, 3T, AC 456281, Rel. Des. Federal Convocado José Maximiliano Cavalcanti, j. em 09.07.2009). A par disso, note-se que é vedado ao Poder Judiciário interferir no mérito administrativo, salvo quando caracterizada ilegalidade ou ilegitimidade, mormente na forma de posições desvestidas de razoabilidade, o que não está presente in casu. 4
apelação. Com essas considerações, nego provimento à remessa ex officio e à É como voto. JUIZ FRANCISCO CAVALCANTI Relator 5
APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO Nº 15708 CE (0007321-11.2010.4.05.8100) APELANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL APELADO : UFC - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ REPTE : PROCURADORIA REGIONAL FEDERAL - 5ª REGIÃO REMTE : JUÍZO DA 8ª VARA FEDERAL DO CEARÁ (FORTALEZA) ORIGEM : 8ª VARA FEDERAL DO CEARá - CE RELATOR : JUIZ FRANCISCO CAVALCANTI - Primeira Turma EMENTA: ADMINISTRATIVO. REMESSA OFICIAL E APELAÇÃO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. EXAMES VESTIBULARES. DEVER DE MOTIVAÇÃO DOS RESULTADOS DAS REVISÕES DAS NOTAS ATRIBUÍDAS ÀS PROVAS. LEI Nº 9.784/99. DIVULGAÇÃO DOS ESPELHOS OU GRADES DAS RESPOSTAS REPUTADAS CORRETAS PARA AS PROVAS, JUNTAMENTE COM O GABARITO OFICIAL, QUANDO DA PUBLICAÇÃO DOS PRIMEIROS RESULTADOS. SUFICIÊNCIA À CARACTERIZAÇÃO COMO FUNDAMENTAÇÃO. POSSIBILIDADE, NA DECISÃO DAS REVISÕES, DE SIMPLES ALUSÃO À NOTA PRIMEIRAMENTE DADA. INVASÃO JUDICIAL NO MÉRITO ADMINISTRATIVO. INADMISSIBILIDADE, EXCETO POR QUESTÕES DE LEGALIDADE E LEGITIMIDADE (RAZOABILIDADE). DESPROVIMENTO. 1. Remessa oficial e apelação interposta contra sentença de improcedência do pedido de ação civil pública, através da qual o Parquet Federal objetiva seja emitido preceito mandamental à ré, determinando que nos exames vestibulares que vier a promover, ao julgar recursos apresentados em face da correção de questões ou gabaritos, informe não apenas o resultado do julgamento, mas também sua fundamentação. 2. A Administração Pública tem o dever de motivar os atos que expede. Inteligência da CF/88 e da Lei nº 9.784/99. 3. A divulgação dos espelhos ou grades das respostas reputadas corretas para as provas, juntamente com o gabarito oficial, quando da publicação dos primeiros resultados dos exames vestibulares, como ocorre no presente caso, caracteriza suficiente fundamentação dos atos administrativos, tornando juridicamente possível, nas decisões sobre revisão de notas, a simples alusão à pontuação primeiramente atribuída, sem que isso implique violação ao dever de motivar. 4. Não se verifica a ausência de fundamentação por parte de Comissão do Concurso Vestibular - CCV se a mesma, ao analisar o pedido de revisão de prova, se reportou aos critérios constantes dos espelhos de correção utilizados para a correção da prova de todos os candidatos (TRF5, 3T, AC 456281, Rel. Des. Federal Convocado José Maximiliano Cavalcanti, j. em 09.07.2009). 5. É vedado ao Poder Judiciário interferir no mérito administrativo, salvo quando caracterizada ilegalidade ou ilegitimidade, mormente na forma de posições desvestidas de razoabilidade, o que não está presente in casu. 6
6. Desprovimento da remessa ex officio e da apelação. ACÓRDÃO Vistos e relatados os presentes autos, DECIDE a Primeira Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, por unanimidade, negar provimento à remessa oficial e à apelação, nos termos do relatório e voto anexos, que passam a integrar o presente julgamento. Recife, 12 de abril de 2012. (Data do julgamento) JUIZ FRANCISCO CAVALCANTI Relator 7