Processo N /001

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1 Processo N /001 ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA Gabinete do Desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque Acórdão Agravo de Instrumento - no /001 Relator: Desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque Agravante: Hervsson Marques da Silva - Adv.: Ana Patrícia V de Almeida 1 Agravado: Instituto Plurimus - Associação Instituto Superior de Cultura, Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Humano Sinval Gonçalves Ribeiro - Adv.: Demetrio Demerval T. do Vale Neto e outros 2 Agravado: Estado da Paraíba, representado por seu Procurador Geral EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONCURSO PÚBLICO PARA INGRESSO NA POLÍCIA MILITAR. PARTICIPAÇÃO NO CURSO DE SOLDADOS SOB EFEITO DE LIMINAR. ATO No CONVOCAÇÃO PARA RECEBIMENTO DE LAUDO CONCLUSIVO. CANDIDATO QUE DEIXOU TRANSCORRER O PRAZO PARA RECURSO. REVOGAÇÃO DE LIMINAR. TEORIA DO FATO CONSUMADO. IMPOSSIBILIDADE. DESPROVIMENTO DO RECURSO. "...Quando da propositura da ação, o agravante tinha ciência da precariedade da antecipação de tutela, inclusive da possibilidade de ser revogada a qualquer tempo. Não pode agora querer perpetuar-se no curso de formação de Soldado, sob a ótica de pretensa segurança jurídica, que não se encontra calcada em base segura, mas momentânea, pois se assim não fosse, a antecipação de tutela concedida inicialmente poria fim ao processo e faria coisa julgada...". Desembargador Marco Àle-Xibu--querque

2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos acima identificados. Acorda a Segunda Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, por unanimidade, em NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO. RELATÓRIO Trata-se de Agravo de Instrumento interposto por Hervsson Marques da Silva contra a interlocutória (fls. 189), proferida, pelo Juízo da 3a Vara da Fazenda Pública da Comarca da Capital, nos autos da Ação Ordinária com Pedido de Tutela Antecipada, movida contra o Instituto Plurimus - Associação Instituto Superior de Cultura, Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Humano Sinval Gonçalves Ribeiro e contra o Estado da Paraíba. O agravante prestou Concurso Público para o cargo de Soldado da Polícia Militar do Estado da Paraíba, tendo ultrapassado algumas etapas (Exame Intelectual, Exame de Saúde, Exame Físico) porém, na etapa referente ao Exame Psicológico (ato no 270) seu nome não constou na lista dos aprovados. De posse da informação, ingressou com requerimento visando ter conhecimento do motivo de sua contra indicação neste último exame. A Comissão organizadora do concurso por sua vez através do ato no CCCFSD PM/BM agendou para os dias 25 e 26 de agosto de 2011, a entrega do parecer e, apesar de haver comparecido ao local, inclusive acompanhado de uma Psicóloga de sua confiança, a referida comissão não disponibilizou o acesso aos testes aplicados, limitando-se a emissão de um Parecer padrão, em que não consta o real motivo da contra indicação do agravante no exame psicológico. E assim, ante a impossibilidade de acesso aos testes aplicados, o agravante buscou o Judiciário, em 09 de setembro de 2011, visando ter garantida a sua participação no Curso de Formação de Soldado da Paraíba. Desepibargador Marrōréaya 2

3 A magistrada singular no dia 14 de setembro de 2011, deferiu o pedido de tutela antecipada, suspendendo os efeitos do exame psicológico e determinando a participação do autor/agravante na etapa seguinte do concurso, qual seja, o Curso de Formação de Soldados. Passados 09 (nove) meses, mais precisamente em 18 de maio de 2012, a MM Juíza de Direito prolatou decisão, revogando a liminar concedida, afirmando que o autor/agravante omitiu a informação de revogação do Ato 273 pelo Ato 284, o qual convocou todos os candidatos contraindicados no exame psicológico e ainda, que o agravante deixou de comparecer na data e local indicados para recebimento do laudo conclusivo a respeito da sua situação no concurso e se considerasse necessário, recorrer. Nas suas razões, o agravante inicialmente afirma não haver sido omisso em relação ao ato no 284, justificando que não apresentou tal documento quando da interposição da ação, tendo em vista que o mesmo datava de 19 de setembro de 2012, e a data de entrada da ação ocorreu em 09 de setembro de Argumentou ainda, que a magistrada singular não poderia ter revogado a liminar anteriormente concedida, em face da teoria do fato consumado. Por fim, sustentou a necessidade de reforma da decisão agravada tendo em vista que, a sua manutenção, acarretará os prejuízos já presentes na vida profissional do agravante, uma vez que já frequenta o curso de formação há 06 (seis meses). Dessa forma, pugnou pela suspensão da decisão de primeiro grau que revogou os efeitos da tutela antecipada, e ao final, que seja ratificada a decisão liminar requerida na ação ordinária que lhe concedeu a possibilidade de participar do curso de formação de oficiais. Indeferimento de liminar (fls. 193/200). Desembargador Marcos Cavalcanti de Albu 3

4 204/261). Interposição de agravo interno pelo agravante (fls. 263/267). Decisão que não conheceu do agravo interno (fls. Informações prestadas pelo magistrado singular (fls. 273), noticiando a manutenção da decisão agravada. A 'Procuradoria de Justiça emitiu parecer de fls /280, opinando pelo desprovimento do recurso. Contrarrazões do recurso (fls. 287/292) apresentadas pelo Estado da Paraíba, postulando pela manutenção da decisão agravada. Retornando os autos à Procuradoria de Justiça, em face das informações prestadas pelo Agravado, foi emitido novo parecer ratificando os termos do parecer anterior. É o relatório. VOTO Tenciona o agravante modificar a decisão singular que revogou a liminar inicialmente concedida, sob a fundamentação da teoria do fato consumado. Não merece prosperar tal insurgência. Compulsando-se os autos, verifica-se que o recorrente começou a participar do Curso de Formação de Soldados, por força de liminar concedida pelo juízo singular condecida no dia 14 de setembro de Nesta decisão, argumentou a magistrada singular haver ilegalidade na declaração (fls. 5 edida pela Diretora do Plurimus, em Desenbg uquerque 4

5 1 que o agravante foi considerado contraindicado no exame psicológico do CFSD PM/BM-2008 por não apresentar o perfil esperado, justificando que tal declaração não possibilitou ao candidato o conhecimento objetivo justificador da sua contraindicação. No dia 19 de setembro de 2011, foi publicado o ato no 284, convocando o agravante para comparecer no dia, mês e local designados a fim de receber o Laudo Psicológico, e se necessário, recorrer do seu conteúdo. Ocorre que, confiando-se na liminar anteriormente concedida, o agravante deixou transcorrer o prazo para recurso. Assim, tomando conhecimento do ocorrido, a magistrada singular prolatou decisão revogando a liminar (fls. 189) nos seguintes termos: "...A antecipação de tutela foi deferida fundamentandose na compreensão de que a declaração entregue aos candidatos, na forma prevista no Ato n fere o princípio da ampla defesa; ocorre que o autor omitiu a informação de que o Ato n foi revogado pelo Ato 284, tendo este convocado todos os candidatos contraindicados no exame psicológico para receberem cópia do laudo psicológico, no dia 27 de setembro de Assim, se o autor não compareceu no dia e local para o qual foi convocado, deixando decorrer o prazo de dois dias, a partir do recebimento do laudo, para apresentar recurso, não pode, agora, buscar através de ação judicial, suprir sua omissão às normas do certame, sob pena de quebra à isonomia, pois está pleiteando substituir os prazos e normas editalícias legais, por decisões judiciais. Diante da circunstância determinante do conhecimento da revogação do Ato no 273 e da omissão do autor sobre as normas instituídas pelo Ato 284, REVOGO A ANTECIPAÇÃO DE TUTELA DEFERIDA ÀS FLS. 78/79...". Não conformado com a revogação liminar, o agravante interpôs o presente recurso, sob o fundamento da teoria do fato consumado. Desembargado al<-.cos C querque 5

6 Processo N /001 Não há que se falar em teoria do fato consumado, tendo em vista que o agravante passou a frequentar o curso de formação de soldados, de forma precária, ou seja, sob efeito de liminar que a qualquer momento poderia ser revogada, e foi o que ocorreu. A decisão singular que revogou a liminar inicialmente concedida apresentou fundamentação jurídica lógico conclusiva. Ademais, foi oportunizado ao promovente/agravante, tomar conhecimento do laudo conclusivo a respeito da sua situação no concurso. Porém, confiando-se na liminar concedida, deixou transcorrer o prazo para recurso. Quando da propositura da ação, o agravante tinha ciência da precariedade da antecipação de tutela, inclusive da possibilidade de ser revogada a qualquer tempo. Não pode agora querer perpetuar-se no curso de formação de Soldado, sob a ótica de pretensa segurança jurídica, que não se encontra calcada em base segura, mas momentânea, pois se assim não fosse, a antecipação de tutela concedida inicialmente poria fim ao processo e faria coisa julgada. Assim, considerando a impossibilidade de aplicação da teoria do fato consumado para o presente caso, face da precariedade da antecipação de tutela, temos decisões STJ: PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. MEDIDA CAUTELAR. DESTRANCAMENTO E EFEITO SUSPENSIVO. RECURSO INADMITIDO NA ORIGEM. CONCURSO PÚBLICO. POLICIAL MILITAR. REPROVAÇÃO EM EXAME MÉDICO. LIMINAR REVERTIDA. AUSÊNCIA DE PLAUSIBILIDADE DO DIREITO. PRECEDENTES. 1. Cuida-se de medida cautelar ajuizada com o objetivo de conferir efeito suspensivo ao acórdão recorrido, bem como de destrancar recurso especial inadmitido na origem; o caso versa sobre candidato que foi aprovado no exame de acuidade visual por força de provimento precário, não confirmado no Desemb fgadzmarcos Cav 6

7 mérito. 2. É pacífico nesta Corte Superior o entendimento segundo o qual a aplicação da teoria do fato consumado em matéria de concurso público requer que o candidato tenha cumprido os requisitos legalmente estabelecidos. 3. Tampouco se aplica a teoria do fato consumado em casos de situações amparadas por medidas de natureza precária, como liminar e antecipação do efeito da tutela, não havendo que se falar em situação consolidada pelo decurso do tempo. Precedentes: AgRg no REsp /RS, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, ale ; AgRg no REsp /SE, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Quinta Turma, D3e ; e AgRg na MC /PA, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, Quinta Turma, D3e Em razão do princípio da isonomia, não há como reconhecer a um candidato uma "segunda chance" sem que idêntico tratamento tenha sido reconhecido aos demais candidatos. (Nesse sentido: RMS /RO, Rel. Min. Felix Fischer, Quinta Turma, julgado em , D , p. 279.) 5. Não havendo o preenchimento dos requisitos legais para a autorização da excepcional medida cautelar, deve esta ser indeferida. Medida cautelar improcedente. (MC /PR, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 15/05/2012, D3e 21/05/2012). AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. DELEGADO DA POLÍCIA CIVIL DO DISTRITO Desembargac rc-er s Cavai 7

8 Processo No /001 FEDERAL. BANCA EXAMINADORA DESMEMBRADA. CANDIDATO ELIMINADO NA PROVA ORAL DE DIREITO CONSTITUCIONAL. POSSE NO CARGO POR FORÇA DE LIMINAR. TEORIA DO FATO CONSUMADO. INADMISSIBILIDADE. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA O PROVIMENT0.1. No presente caso, o recorrente, candidato eliminado do concurso público para o cargo de policial civil do Distrito Federal, sustenta a aplicação da teoria do fato consumado.2. O recurso especial, ao qual foi negado o seguimento, é oriundo de ação cautelar, cujo pedido foi julgado improcedente, sob o fundamento de que o vício alegado pelo candidato, relativo ao ato de desmembramento das bancas examinadoras do exame oral, não restou caracterizado.3. A Terceira Seção do ST], recentemente, reformulou seu pensamento anterior, para rechaçar a aplicação da Teoria do Fato Consumado nas hipóteses em que os candidatos tomaram posse, sabendo que o seus processos judiciais ainda não haviam findado, submetendo-se aos riscos da reversibilidade do julgamento. Precedentes.4. Agravo regimental a que se nega o provimento. ( DF 2003/ , Relator: Ministra JANE SILVA (DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/MG), Data de Julgamento: 24/06/2008, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe 04/08/2008). REMESSA OFICIAL E APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ORDINÁRIA. CONCURSO PÚBLICO. MATRÍCULA EM CURSO PARA FORMAÇÃO DE 8

9 AGENTE PENITENCIÁRIO. CONCESSÃO DE LIMINAR. ATO PRECÁRIO. REVERSIBILIDADE. NOMEAÇÃO TORNADA SEM EFEITO. INAPLICABILIDADE DA TEORIA DO FATO CONSUMADO. PRECEDENTES DO ST1 PROVIMENTO DE AMBOS OS RECURSOS. Se a continuidade do recorrido no certame, com sua nomeação, posse e exercício, aconteceu por força de decisão liminar, que tem caráter precário, tal situação pode ser revista, não sendo aplicável à hipótese a teoria do fato consumado. A ciência do candidato empossado precariamente em cargo público, diante da possibilidade de reversão do julgamento em seu desfavor, afasta a incidência da teoria do fato consumado. REsp /PE, Relator Ministro Jorge Mussi, QUINTA TURMA, julgado em 18/08/2009, DJe 13/10/2009. TJPB - Acórdão do processo no Órgão (2 CAMARA CIVEL) - Relator DR. RICARDO VITAL DE ALMEIDA - j. Em 04/10/2011. Desta forma, fica claro que o agravante não demonstrou motivos plausíveis para ensejar a modificação da decisão agravada. Mas restringiu-se a buscar a perpetuação da liminar inicialmente concedida. Assim, considero inaplicável a teoria do fato consumado para o presente caso e em consequência, não vejo razão para modificação da interlocutória recorrida. Diante do exposto, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO, mantendo-se a decisão de primeiro grau em todos os seus termos. É o meu voto. 9

10 Presidiu a sessão o Excelentíssimo Senhor Desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque. Participaram do julgamento os Excelentíssimos Senhores Desembargadores Marcos Cavalcanti de Albuquerque, Aluizio Bezerra Filho (Juiz convocado para substituir a Desembargadora Maria das Neves do Egito A D Ferreira) e Maria de Fátima Moraes Bezerra Cavalcanti. Sala de Sessões da Segunda Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, em João Pesso 2 elárie-t--- câe ,-- Desembargador Marcos Ca Icarat e Albuquerque Relator 24 Desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque 10

11 TRISUNAL 616.,itj6:çiiir,4 Diretoriii Judiciária Registrado em' L1efO?