AGTR 67.937-PB (2006.05.00.016506-6). AGRTE : CEF - CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. ADV/PROC : JUSTINIANO DIAS DA SILVA JÚNIOR E OUTROS. AGRDO : JOSELITA MARIA GOMES TORRES. AGRDO : ANTONIO SANTIAGO FREITAS TORRES. ADV/PROC : OLINDINA IONÁ DA COSTA LIMA. ORIGEM : JUÍZO DA 4a. VARA FEDERAL DA PARAÍBA. JUIZ FED. : FRANCISCO EDUARDO GUIMARÃES FARIAS. RELATOR : DESEMBARGADOR FEDERAL NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO. RELATÓRIO 1. Trata-se de AGTR interposto pela CEF, contra a decisão de fls 98/100, da lavra do douto Juiz da 4a. Vara Federal da SJ/PB, DR. FRANCISCO EDUARDO GUIMARÃES FARIAS, que, ao apreciar a Ação Ordinária 2006.82.01.000538-9, deferiu, em parte, o pedido de antecipação de tutela pleiteado pelos ora agravados, determinando à CEF que iniciasse, em 15 dias, os serviços de recuperação do imóvel objeto do recurso e que custeasse as despesas de mudança dos ora agravados para o outro imóvel deles, como também, durante as obras de recuperação, garantisse a segurança do imóvel contra depreciação, mantendo o serviço de vigilância, sob pena de ser fixada uma multa no caso de não cumprimento desta decisão. 2. Os agravados da presente lide adquiriram em 22.09.03 um imóvel residencial e nele passaram a residir em novembro de 2004; em março de 2005 os agravados encontraram fissuras e rachaduras generalizadas nas paredes e piso da casa, tendo procurado a CEF, a qual não tomou nenhuma providência, pois considerou-se desobrigada para tanto. 3. O douto Juízo a quo, através da decisão de fls. 98/100, determinou que a CEF iniciasse, em 15 dias, os serviços de recuperação do imóvel objeto deste recurso e que custeasse as despesas de mudança dos ora agravados para o outro imóvel deles, como também, durante as obras de recuperação, garantisse a segurança do Augusta Valença 1
imóvel contra depreciação, mantendo o serviço de vigilância, sob pena de ser fixada uma multa no caso de não cumprimento desta decisão. 4. A CEF interpôs o presente recurso alegando, em suma, que: (a) a matéria discutida nos autos é da competência da Caixa Seguros S/A, sendo necessária sua imediata exclusão da lide; (b) só pode responder nos limites do contrato de mútuo e de hipoteca firmado, jamais pelos contratos de seguro e compra e venda, já que não é seguradora; (c) é a seguradora que recebe e responde pela cobertura dos sinistros; (d) a Caixa Seguros deve ser citada para que passe a integrar a lide na qualidade de litisconsorte passivo necessário; (e) se tiver que indenizar os ora agravados pelo dano, terá que cobrar da Seguradora os prejuízos que sofrer por conta desse procedimento; (f) os vícios decorrente da má observância às normas do projeto ou da construção não são da responsabilidade da CEF, a qual apenas financiou os serviços realizados por uma Construtora (única responsável pela estrutura física da obra); (g) a Lei 4.380/64 estabelece que o seguro nos financiamentos do SFH é obrigatório, nas condições fixadas pelo BHN; (h) a CEF na qualidade de intermediaria entre o segurado e a seguradora não tomou conhecimento do ocorrido para que tomasse as providencias cabíveis junto à Seguradora; (i) não pode ser a única responsabilizada pelo ocorrido. 5. Os agravados foram devidamente intimados para apresentar contra-razões, porém não se manifestaram. 6. É o que de relevante havia para relatar. Augusta Valença 2
AGTR 67.937-PB (2006.05.00.016506-6). AGRTE : CEF - CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. ADV/PROC : JUSTINIANO DIAS DA SILVA JÚNIOR E OUTROS. AGRDO : JOSELITA MARIA GOMES TORRES. AGRDO : ANTONIO SANTIAGO FREITAS TORRES. ADV/PROC : OLINDINA IONÁ DA COSTA LIMA. ORIGEM : JUÍZO DA 4a. VARA FEDERAL DA PARAÍBA. JUIZ FED. : FRANCISCO EDUARDO GUIMARÃES FARIAS. RELATOR : DESEMBARGADOR FEDERAL NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO. VOTO 1. Aprecia-se AGTR interposto pela CEF, a qual pretende que a decisão recorrida seja reformada in totum, para que a CEF seja excluída da lide, já que a mesma não pode responder pelo contrato de seguro do imóvel objeto deste recurso. 2. Examinando os autos, percebe-se que os ora agravados adquiriram o imóvel residencial em 22.09.03 e nele passaram a residir em novembro de 2004, sendo que em março de 2005 encontraram fissuras e rachaduras generalizadas nas paredes e piso da casa, tendo procurado a CEF para dar-lhe ciência do ocorrido, não tendo obtido qualquer resposta da referida Instituição Financeira, a qual considerou-se desobrigada para tomar qualquer providencia. 3. Ademais, encontra-se acostado aos autos um laudo técnico de engenharia, no qual indica que o principal vício da construção que ocasionou as fissuras das paredes e abatimento dos pisos foi o emprego de fundações inapropriadas para o tipo de residência do solo em que foi construído, e que a única forma de corrigi-lo será de adequação e reforço das referidas fundações, utilizando-se de tecnologias apropriadas. 4. A CEF ao financiar uma obra tem o dever de fiscalizar e acompanhar o andamento desta construção contratada verificando se os procedimentos empregados na construção estão condizentes com as normas estabelecidas pelo CREA; no caso dos Augusta Valença 3
autos, a CEF faltou com seu dever de fiscalizar e acompanhar a obra, violando, com esta conduta, diversos dispositivos do Código de Defesa do Consumidor, do Código Civil e da Lei 4.380/64. 5. Ademais, a escritura pública referente ao contrato de compra e venda, no qual a CEF figura como credora (fls 36/37), é o objeto da ação redibitória, e a solução dessa causa poderá implicar a extinção do contrato, a diminuição do valor do bem vendido, com reflexos imediatos sobre o interesse da credora, sendo totalmente inadmissível que a agravante requeira sua exclusão da presente relação processual. 6. A jurisprudência atual tem se manifestado consoante tal entendimento: SFH - CEF VÍCIO REDIBITÓRIO LEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM I - Os vícios redibitórios são defeitos ocultos existentes na coisa alienada, objeto de contrato comutativo, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada ou lhe diminuam o valor. II - Salvo cláusula expressa no contrato, a ignorância de tais vícios pelo alienante não o exime de responsabilidade, podendo o adquirente ingressar com ação para redibir o contrato ou obter abatimento no preço. III - A CEF, como autora do financiamento para aquisição de casa própria no SFH e credora hipotecária, é parte passiva legitimada à ação redibitória promovida pelo adquirente e devedor do mútuo. IV - Recurso de apelação provido para determinar a remessa dos autos à Vara de origem para prosseguimento do feito. (TRF2, AC 330.853-RJ, Rel. Des. CHALU BARBOSA, DJU 07.11.03, p. 400). Augusta Valença 4
CIVIL. SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO. MÚTUO HIPOTECÁRIO. VÍCIO REDIBITÓRIO. LEGITIMIDADE PASSIVA. I. A CEF, credora hipotecária, é legitimada passivamente para integrar ação onde se discute vício redibitório em imóvel objeto do contrato. Precedentes do STJ. II. Agravo desprovido. (STJ, AGRESP 666.585- RJ, Rel. Min. ALDIR PASSARINHO JUNIOR, DJU 25.04.05, p. 357). SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO. CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. Credora hipotecária. Legitimidade passiva. A CEF, como autora do financiamento para aquisição de casa própria no SFH e credora hipotecária, é parte passiva legitimada à ação redibitória promovida pelo adquirente e devedor do mútuo. Recurso conhecido em parte e provido. (REsp 289.155- RJ, Rel. Min. RUY ROSADO DE AGUIAR, DJU 04.06.01). 7. Diante do exposto, nego provimento ao presente recurso, mantendo na íntegra a decisão recorrida, determinando que a CEF continue os serviços de recuperação do imóvel descrito na Escritura Pública de Compra e Venda de fls. 36/37 e custeie as despesas de mudança dos agravados de volta ao imóvel quando recuperado, além de garantir a segurança do imóvel em recuperação contra depreciação, mantendo a vigilância cotidiana. 8. É como voto, eminentes Pares. Augusta Valença 5
AGTR 67.937-PB (2006.05.00.016506-6). AGRTE : CEF - CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. ADV/PROC : JUSTINIANO DIAS DA SILVA JÚNIOR E OUTROS AGRDO : JOSELITA MARIA GOMES TORRES. AGRDO : ANTONIO SANTIAGO FREITAS TORRES. ADV/PROC : OLINDINA IONÁ DA COSTA LIMA. ORIGEM : JUÍZO DA 4a. VARA FEDERAL DA PARAÍBA. RELATOR : DESEMBARGADOR FEDERAL NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO. ACÓRDÃO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AGTR. SFH. CEF. VÍCIO REDIBITÓRIO. LEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM. 1. A CEF, credora hipotecária, é legitimada passivamente para integrar ação onde se discute vício redibitório em imóvel objeto do contrato. Precedentes do STJ. 2. A CEF faltou com o dever de fiscalização e acompanhamento da construção do imóvel objeto do presente feito, conforme se extrai do laudo técnico de engenharia (fls. 57), o qual indica que o principal vício da construção que ocasionou as fissuras das paredes e abatimento dos pisos foi o emprego de fundações inapropriadas para o tipo de resistência do solo em que foi construído, e que, a única forma de corrigi-lo, será de adequação e reforço das referidas fundações, utilizando-se de tecnologias apropriadas. 3. Cabe à CEF recuperar o imóvel descrito na Escritura Pública de Compra e Venda de fls. 36/37. 4. AGTR improvido. Vistos, relatados e discutidos estes autos de AGTR 67.937-PB, em que são partes as acima mencionadas, ACORDAM os Desembargadores Federais da Segunda Turma do TRF da 5a. Região, por unanimidade, em negar provimento ao presente recurso, nos termos Augusta Valença 6
do relatório, voto e notas taquigráficas constantes dos autos, que ficam fazendo parte do presente julgado. Custas na forma da lei. Recife, PE., 18 de julho de 2006. Napoleão Nunes Maia Filho RELATOR Augusta Valença 7