A IMPORTÂNCIA DA CAPACITAÇÃO DO PROFESSOR NA APRESENTAÇÃO DAS TELEAULAS E UTILIZAÇÃO DA PRODUÇÃO AUDIOVISUAL EM EAD

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Transcrição:

1 A IMPORTÂNCIA DA CAPACITAÇÃO DO PROFESSOR NA APRESENTAÇÃO DAS TELEAULAS E UTILIZAÇÃO DA PRODUÇÃO AUDIOVISUAL EM EAD Campo Grande - Mato Grosso do Sul abril 2011 Patricia Rodrigues da Silva Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - Programa de Pós-Graduação em Educação a Distância - patriciarodriguesead@hotmail.com Setor Educacional (5) Classificação das Áreas de Pesquisa em EaD: Nível Mesogerenciamento, Organização e Tecnologia (J) Natureza do Trabalho (A) Classe (1) RESUMO - O presente relato tem como foco a capacitação de professores em apresentação de teleaulas e produção audiovisual, cujo cenário foram os estúdios de teleaulas da UNIDERP Interativa, atual Centro de Educação a Distância Anhanguera-Uniderp, com sede em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Os atores principais do processo foram professores especialistas, mestres e doutores. O projeto foi desenvolvido e aplicado durante cinco anos e meio e ministrado para aproximadamente trezentos educadores. O trabalho é pioneiro, inovador e exclusivo, cujo conteúdo é específico para docentes e integra a proposta didática de cada aula à forma e linguagem audiovisual por meio da coparticipação na produção de vídeos e técnicas em apresentações em estúdios de TV, pedagogicamente adaptados para teleaulas. O objetivo é capacitar professores para ministrar videoaulas, e o conteúdo aborda a sua importância, bem como a forma correta de utilizar os gestos, postura (desenvoltura), voz, a composição adequada de seu visual (figurino) e os aspectos estéticos (cabelo, maquiagem). Concomitantemente, a capacitação apresenta aspectos da produção televisiva e a utilização de obras e seus produtos audiovisuais aliados ao contexto e à proposta pedagógica dos cursos. Essa proposta é, atualmente, oferecida a todas as instituições de ensino superior que trabalham com videoaulas. Palavras-chave: EaD; teleaula; videoaula.

2 1 Introdução O papel dos meios de comunicação vem crescendo no âmbito educacional. Desta forma impõe-se a educadores o desafio de dialogar de forma mais metódica com as linguagens audiovisuais no sentido de entender seus processos e dinâmicas de construção de sentidos e transmissão da informação. Como o convívio e a interação com a televisão, com os jogos eletrônicos, computador e a outras formas de interação com imagens e sons é cada vez mais crescente, é necessário reconsiderar a mudança na educação formal, abandonando o predomínio da linguagem verbal, abrindo espaço para a utilização de todas as linguagens. Em se tratando de teleaula, o veículo utilizado é a TV. Ela contribui com a comunicação pela sua capacidade de envio de imagens, sons, falas, músicas com uma narrativa fluida. Ao relacionar as semelhanças com o vídeo pode-se dizer que eles são intuitivos e afetivos, constroem a linguagem comunicacional a partir do que existe, tocando os sentidos. São linguagens que interagem superpostas, interligadas, somadas. Ressalta-se que o direcionamento deste trabalho é para a dinâmica da apresentação do professor ministrando uma teleaula e a importância dessa capacitação e não no aprofundamento de discussões e ideias em torno da TV ou vídeo em sala de aula. Pela análise geral, pode-se concluir que há um longo caminho a ser percorrido e alguns desafios a serem vencidos: percebe-se que um número significativo de docentes ainda não dispõe das competências desenvolvidas nessa área. É correto afirmar que o processo comunicacional está tão alicerçado na aula presencial e seus métodos que muitos professores avaliam com certa descrença a utilização de tecnologia da informação e comunicação (TIC). Em outros casos, não há o mínimo de planejamento das aulas, o que resulta na forma inadequada da utilização de vídeos, como: tapa-buracos, enrolação, deslumbramento, entre outros [1]. No que se diz respeito à apresentação em estúdios de teleaulas, percebe-se grande dificuldade de alguns docentes em se adaptar ao novo

3 ambiente e à atual realidade tecnológica que impulsiona a educação tecnicista. Tais dificuldades, aliadas à falta de capacitação, orientação, treinamento, avaliação, feedback e motivação dos educadores e professores ao conhecimento e correta utilização das TICs na educação, impactam na qualidade da teleaula e principalmente no rendimento da aprendizagem do aluno: baixa e superficial compreensão da mensagem ou em entendimento errôneo, falta de entusiasmo e de motivação, evasão escolar. Para as instituições que utilizam teleaulas é imprescindível que aquelas se conscientizem da necessidade de ter em seu quadro docente, professores capacitados em apresentação de teleaulas, atuando diretamente na preparação e qualificação para o uso adequado do audiovisual nos processos de ensino-aprendizagem. Sem dúvida alguma, um dos diferenciais competitivos é a teleaula bem produzida que resulta no favorecimento da relação ensinoaprendizagem, que envolve alunos, que é criativa, estimulante. É um grande desafio, uma importante etapa de preparação para sua inserção no universo da produção audiovisual, uma área antes pouco explorada pelos educadores em geral, porém fascinante. É um momento de grandes descobertas, de novas habilidades e competências. 2 - O Vídeo na Educação a Distância A utilização do vídeo surgiu como contraponto à televisão, que não apresentava muitas opções de programas educativos. Porém, com o tempo, o vídeo na educação teve um novo rumo e conceito. Na EaD, o vídeo é apresentado como ferramenta facilitadora da compreensão, leitura crítica da informação, na qual a problematização esteja presente. Provoca debates, sensibiliza, ilustra, complementa informações, levanta sugestões dos alunos e dinamiza as aulas. O vídeo pode ser usado para exemplificar diversas situações porque consegue mostrar uma seqüência de ações, closes, movimentos acelerados, perspectivas múltiplas (MOORE; KEARSLEY, 2007). Porém, para que sua utilização seja eficaz e efetiva, é necessária a mediação pedagógica, capacitada e propensa a compartilhar

4 conhecimentos e que estabeleça contextos interativos, de acordo com o público-alvo. Autores como Moore e Kearsley (2007), Moran (2008), Franco (2006) e Sartori (2005) defendem a ideia do seu uso, bem como descrevem algumas formas de utilização do vídeo em sala de aula. Enfatiza-se que seu uso é combinado com utilização de outras mídias e veículos, como TV, material impresso ou internet, no formato de videoaulas ou teleaulas, entrevistas, reportagens, dramatização, debates em mesas-redondas, enquetes, entre outros. São os produtos audiovisuais. Sartori (2005) chama a atenção da dificuldade que os educadores têm em lidar com a complexidade da didatização da linguagem audiovisual e justifica a necessidade do uso correlacionando às múltiplas inteligências de Gardner, cujo autor defende a ideia de que cada um de nós possui uma combinação diferente das muitas inteligências, a saber: emocional, corporalcinestésica, linguística, lógico-matemática, intrapessoal, interpessoal e naturalista. Assim, a autora afirma que educar levando em conta essas inteligências implica mudanças na educação formal que deve se encaminhar para o abandono da fragmentação e da supremacia da linguagem verbal e acentuar a abordagem interdisciplinar, a resolução de problemas e a utilização de todas as linguagens (SARTORI, 2005). Daí, a necessidade da capacitação e formação contínua de professores e educadores da era tecnicista. 3 - Os desafios de ser professor EaD Ressalta-se que, quanto a sua participação no vídeo, as dificuldades mais frequentes que os professores enfrentam centram-se na falta de hábito que, de modo geral, todos têm ao se posicionarem diante das câmeras. O medo da câmera e sua consequentemente inibição é a barreira mais difícil a ser vencida. Poucos ficam à vontade diante daquela lente, que é na verdade o olho do aluno que ninguém vê, que não dá alento, muito menos o feedback tão necessário para saber se a aula está ou não atraindo a atenção, se está sendo ou não motivadora, ou se há compreensão ou dúvidas referentes ao

5 conteúdo. Anos de experiências e prática de sala de aula, desenvolvendo o que se costuma chamar de habilidades de postura em classe e de domínio de turma, servem de pano de fundo para as dificuldades enfrentadas pelo professor de se colocar de forma natural durante uma gravação. [2] Leva-se muito tempo aprendendo a se posicionar em uma sala de aula, a falar olhando para os alunos, a modular a voz para que todos escutem, a se mover suficientemente para ter atenção. Posturas corporais, de voz, gestos, desenvolvidos durante anos, de repente, se mostram inúteis ou representam, mesmo, obstáculos que o professor deve superar para participar da gravação de uma aula sem alunos. São detalhes que fazem toda a diferença. [2] Outro desafio é em entender as razões da escolha de um figurino que seja discreto, elegante, cujas cores não entrem em desarmonia com o cenário. Ainda é preciso citar a maquiagem, cujo uso é fundamental tanto para mulheres como para homens. Isso sem falar nos vícios de pronúncia e expressão que obrigam nova gravação. O fato ou expressão negativa parecem e se destacam mais que a positiva no vídeo. As exigências são muitas e se apresentam de uma só vez. Por isso, há necessidade de uma orientação mais precisa e acompanhamento feito por profissionais da área de produção de vídeos e direção artística, capacitados e orientados, com experiência prática, teórica e técnica do audiovisual e pleno domínio da apresentação em teleaulas na EaD. Além disso, é fundamental que o profissional tenha prática no trabalho conjunto ao docente, principalmente no desenvolvimento de roteiros, orientação e feedback referentes às aulas treinamentos que compõem a preparação para sua estreia no vídeo. 4 - Metodologia Além da experiência adquirida pelo trabalho de dez anos na área de TV e produção de vídeos [3], a dedicação a estudos mais aprofundados na área [4], outra metodologia empregada que deu base e sustentação para o trabalho, e

6 para aprimoramento da capacitação e formação continuada, foi a pesquisa [5] que resultou na participação de 79 polos (foram mais de 80 tutores presenciais participantes e a contribuição de aproximadamente 3.500 estudantes). Os dados obtidos se referem à avaliação do desempenho do professor nas teleaulas, sua aparência, como postura, voz e dicção, forma de se vestir, maquiagem e uso da produção audiovisual. Os resultados foram utilizados para subsidiar o planejamento da formação continuada dos professores atuantes no processo, gerando ações corretivas e agregaram informações, melhorias e modificações para capacitação de novos professores. Os dados revelaram também a qualidade de ensino da instituição de ensino superior (IES) em questão. As participações foram intensas, os alunos e tutores se mostraram motivados e dispostos a contribuírem com suas opiniões, reclamações, sugestões e elogios. Os resultados foram surpreendentes e superaram as expectativas relativas à obtenção de dados. Percebeu-se que as opiniões e críticas dos alunos são expressas em discussões em sala de aula, e-mails enviados a coordenadores do curso em questão e aos próprios professores. Os elogios são inúmeros e sobrepõem às queixas: gostam quando o professor interage com a turma, respondendo dúvidas ao vivo, quando trazem um convidado para participar de um debate ou discussão. Um professor se destaca também quando está com postura correta, quando tem uma boa dicção, se movimenta adequadamente diante das câmeras, está devidamente maquiado. Sem falar no uso correto do audiovisual que resulta em uma aula mais atraente, dinâmica, que desperta o interesse do aluno. Além de muitas outras sugestões, opiniões e críticas cujo conteúdo daria outro trabalho! Outras formas de atualização, de troca de conteúdo e de ideias, com sugestões de melhoria no ambiente de trabalho e/ou críticas são as reuniões regulares com docentes, equipe técnica e de produção, e a aplicação de pesquisas de satisfação com os envolvidos no processo de produção da teleaula. Esse conjunto de ações, além de integrar as partes, faz com que

7 todos participem do crescimento e da evolução da teleaula, garantindo a qualidade e o contentamento de todos. 5 - A formação continuada como evolução constante nos processos audiovisuais O principal objetivo da formação continuada é apresentar novas formas de produção audiovisual e troca de experiências em apresentação da teleaula, dando continuidade à capacitação, apresentando videoaulas que se destacaram por meio de sua criatividade e originalidade durante o semestre posterior ao curso de capacitação; também pelo estudo de casos com discussões em torno de aulas de outras instituições, programas de ensino e por canais e programas de TV de cunho educativo. A formação tem caráter cooperativo, no qual, por meio da troca de experiências, os professores se ajudam mutuamente, mediados pela orientadora. É interessante ressaltar que, também nesse momento, os docentes socializam suas dificuldades, seus sentimentos em relação às apresentações ao vivo, seus medos, trocam dicas, macetes, sugestões e opiniões. Ressalta-se que, por meio das pesquisas de opinião com os docentes, há unanimidade no que se refere à qualidade do trabalho, evolução e melhor desempenho na utilização e coprodução de vídeos pedagógicos póscapacitação e formação continuada. É gratificante ver a alegria da descoberta de novas possibilidades de ensino, da superação e satisfação em vencer mais um desafio, o crescimento, o sucesso e o fascínio que o universo audiovisual exerce em cada um. 6 Conclusão Não se pode ignorar a importância, criatividade e versatilidade da teleaula bem produzida. É necessário chamar a atenção das IES, que oferecem tal mídia, da importância do investimento na capacitação docente

8 nessa área, que envolve a sua habilidade de lidar com câmeras, suas dinâmicas em estúdio e sua participação no processo de construção do audiovisual, cujo desafio é integrar essa prática diretamente ao desempenho didático de sua área de conhecimento. Há notória diferença antes e depois da capacitação e o contínuo desenvolvimento pós-formação. Os benefícios são muitos, entre eles, aulas mais atraentes, alunos motivados e interessados, professores inovadores, capacitados para a adequada utilização da comunicação audiovisual, e, acima de tudo, motivados a produzir. Para se ter educação a distância de qualidade é preciso ter um bom professor. Um educador não só munido de bagagem teórica, mas também atualizado com o avanço das TICs, suscetível e aberto às mudanças no ensino e aos novos desafios. É fundamental que o professor reinvente sua maneira de ensinar. Por meio do desafio do professor é que é gerado outro desafio para a instituição de ensino que oferta a EaD fazer possível a atualização permanente. [1] J.M. Moran, O vídeo na sala de aula, 1995, atualizado em 2008, Disponível em: <http://www.eca.usp.br/prof/moran/vidsal.htm>. Acesso em: 10 dez. 2009. [2] A.S. Sartori, Educação superior a distância: gestão da aprendizagem e da produção de materiais didáticos impressos e on-line, Tubarão, Ed. Unisul, 2005. [3] Patrícia Rodrigues da Silva, foi proprietária da Produtora VIP em Maringá-PR e durante dez anos (de 1995 a 2005) dirigiu, produziu, roteirizou e apresentou programas como Shopping TV, Programa VIP e Programa Destaque para TV Maringá (rede Band), TV Cidade (rede NET) e TV Tibagi (rede SBT). Atualmente atua na consultoria de Marketing, Audiovisuais e EaD. È radialista com DRT em direção artística, formação acadêmica em gerência de marketing. [4] Especialista em EaD (SENAC/EAD), pós-graduada no MBA em Gestão Estratégica de Negócios (UNIDERP), participou do processo de organização e desenvolvimento da metodologia da produção de TV da UNIDERP Interativa, IES onde atuou por cinco anos e meio como diretora artística. [5] Pesquisa qualitativa realizada em abril de 2009.

9 Referencias FRANCO, Sérgio; COSTA, Luciano Andreatta Carvalho; FAVERO, Rute Vera Maria; GELATTI, Lilian Schwab; LOCATELLI, Ederson Luiz. Aprendizagem na educação a distância: caminhos do Brasil. In:. Novas tecnologias na educação, v. 4, n. 2, dez. 2006. Disponível em: <http://www6.ufrgs.br/nucleoead/documentos/francoaprendizagem.pdf>. Acesso em: 11 fev. 2011. MOORE, Michael G.; KEARSLEY, Greg. Educação a distância: uma visão integrada. São Paulo: Thomson Learning, 2007. MORAN, José M. O vídeo na sala de aula. Atualizado em 2008. Disponível em: <http://www.eca.usp.br/prof/moran/vidsal.htm>. Acesso em: 10 dez. 2009. SARTORI, Ademilde Silveira. Educação superior a distância: gestão da aprendizagem e da produção de materiais didáticos impressos e on-line. Tubarão: Ed. Unisul, 2005.