DOCENCIA E TECNOLOGIA: FORMAÇÃO EM SERVIÇO DE PROFESSORES E TRAJETÓRIAS CONVERGENTES
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- Angélica Pinto
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1 DOCENCIA E TECNOLOGIA: FORMAÇÃO EM SERVIÇO DE PROFESSORES E TRAJETÓRIAS CONVERGENTES RESUMO Prof. Dr. Flavio Rodrigues Campos SENAC- SP Este trabalho discute aspectos importantes de um projeto de formação em serviço de docentes da educação básica de uma instituição de ensino particular da cidade de Santo André SP - Brasil. Neste projeto, o tema de formação foi o uso de tecnologias no ensino, com docentes do Ensino Fundamental e Médio. Assim, este artigo tem como objetivo contribuir para a reflexão docente sobre a importância da formação continuada em serviço, como forma de capacitação que poderá contribuir para o enfrentamento, com maior segurança e competência, dos desafios encarados pela educação contemporânea dentro da real necessidade da escola, onde os problemas são comuns a todos que dela fazem parte. O projeto iniciou-se em 2014 com três eixos principais: Aprendizagem no uso de tecnologias presenciais (Softwares educativos, robótica pedagógica, multimídia); Utilização de recursos da web 2.0 no processo de ensinoaprendizagem; Desenvolvimento de projetos interdisciplinares com o uso dessas tecnologias. Com o objetivo de proporcionar aos seus profissionais a formação continuada em serviço, os professores formaram grupos de estudos práticos e teóricos sobre os eixos propostos, além de participar de um programa de formação técnica. Assim, os docentes foram desenvolvendo projetos concomitantemente com sua formação, buscando praticar a teoria em que estavam engajados. Com efeito, as práticas pedagógicas com o uso das tecnologias se tornaram mais atuantes no processo de ensino-aprendizagem, indicando possíveis caminhos sobre a incorporação de tecnologias ao currículo. Palavras-Chave: Formação em Serviço; Tecnologias na Educação; Prática Docente INTRODUÇÃO Nos últimos anos, muitos grupos de pesquisa têm dedicado suas atividades aos impactos das tecnologias digitais de informação e comunicação sobre a formação docente. Em relação às competências, muitos teóricos defendem que é uma categoria relacionada à identidade política e técnica do profissional, conquistada em sua formação inicial, garantindo-lhe um domínio sobre sua profissão. Essas competências dizem respeito não somente aos saberes docentes específicos constituídos em cada formação, mas também aos saberes construídos na prática. Sobre isso afirma Tardiff (2002, p. 119): O trabalho dos professores de profissão seja considerado como um espaço prático específico de produção, de conhecimentos e de saber-fazer específicos ao ofício de professor. Nesse sentido que este trabalho visa discutir um projeto de formação em serviço de docentes para o uso de tecnologias na prática pedagógica na educação básica. 9514
2 2 Entendemos as dificuldades atuais em relação ao processo de formação inicial e continuada para o uso de tecnologias, haja vista a diversidade na formação inicial do educador no Brasil, as múltiplas perspectivas da presença das tecnologias nas instituições, etc. Para isso, descrevemos aqui um projeto de trabalho de formação continuada em serviço em uma escola particular, na perspectiva de permitir aos professores da educação infantil ao ensino médio desenvolver habilidades e competências para utilização de tecnologias em suas práticas pedagógicas diárias e no desenvolvimento de projetos. Assim, a proposta consistia das seguintes ações: formação técnica de uso de tecnologias disponíveis na instituição (softwares educativos, internet, robótica, programas de computador em geral); participação em grupos de estudos e projetos e reuniões com a coordenação pedagógica e com a coordenação de tecnologia educacional. DESENVOLVIMENTO A atividade pedagógica do professor é um conjunto de ações intencionais, conscientes, dirigidas para um fim específico. Desse modo, compreender a natureza da escola e da atividade docente, nesta perspectiva, implica articular a aprendizagem do aluno à formação continuada do professor e, ainda, compreender que a formação contínua deve estar a serviço da reflexão e da produção de um conhecimento sistematizado, que possa oferecer a fundamentação teórica necessária para articulação com a prática criativa do professor em relação ao aluno, à escola e à sociedade. Sobre a valorização do saber docente, Candau (1997) considera fundamental ressaltar a importância do reconhecimento e valorização do saber docente no âmbito das práticas de formação continuada, de modo especial dos saberes da experiência, núcleo vital do saber docente, e a partir do qual o professor dialoga com as disciplinas e os saberes curriculares. Mas, não devem pensar que eles, por si só, darão conta de sua formação, nem tampouco dos enfrentamentos do dia a dia de sala de aula, pois A formação continuada deve alicerçar-se numa [...] reflexão na prática e sobre a prática, através de dinâmicas de investigação-ação e de investigação-formação, valorizando os saberes de que os professores são portadores (NÓVOA, 1991, p. 30). 9515
3 3 A propriedade de mediação da tecnologia implica sua situação em um conjunto de relações, de ações recíprocas, do interior das práticas didático-pedagógicas. No entanto, não é raro entender-se, sob a expressão mediação, relações lineares, determinismos e modelos conectivos entre os fenômenos aos quais se referem. Talvez essas questões pareçam superadas; entretanto, não é essa superação que encontramos presente no discurso e na prática educacional, em diferentes tempos e espaços no país. ATIVIDADES PRÁTICAS DE FORMAÇÃO EM SERVIÇO: O PROJETO Partindo dos pressupostos acima citados, o projeto iniciou-se em 2014 sendo apresentado aos docentes de fundamental e médio antes do início do ano letivo. Uma característica importante foi que os docentes não eram obrigados a participar do projeto, ou seja, não lhes foi imposto tal tarefa. Aqueles que desejassem poderiam participar desta formação que lhes renderiam não somente um certificado de formação continuada mas também uma oportunidade de crescimento profissional e pessoal. Com isso, os docentes formaram um grupo que consistia de mais de 50% do total de educadores da instituição (35). Ao longo do ano cada grupo participou de uma formação inicial técnica, ou seja, aprendizagem de uso de softwares educativos, programas para edição de textos, planilhas apresentações, etc. Além disso, os docentes se dividiram em grupos que durante o ano letivo puderam aprender em grupo, trocar ideias, desenvolver projetos em conjunto e avaliar o desempenho. E ainda, através de reuniões com a coordenação, puderam discutir e ampliar as questões de currículo e prática pedagógica que estavam fazendo no dia-a-dia do projeto. A formação técnica estava em primeiro lugar na perspectiva de permitir ao docente um equilíbrio entre aqueles que possuíam habilidades e competências mais apuradas em relação as tecnologias e aqueles que ainda estavam engatinhando. Assim, durante 36h os docentes participaram de uma formação continuada específica em relação ao uso do computador e suas ferramentas mais usadas, internet e seus aplicativos como downloads de vídeos, imagens e navegação em geral. Embora antes do período letivo os docentes pudessem participar desta formação, não foi possível uma formação pedagógica sobre o uso das tecnologias, ou seja, além da formação técnica discutir-se a utilização desses recursos e suas possibilidades na prática pedagógica pois não havia tempo hábil. 9516
4 4 Por isso que o projeto teve uma segunda etapa que, ao iniciar-se o período letivo os docentes formariam grupos de estudos com encontros semanais, com horários e dias estipulados por eles próprios. Assim, durante a semana os grupos poderiam discutir e aprender novas formas de usar as tecnologias disponíveis para sua prática pedagógica. As reuniões (1h30min) foram estruturadas em um plano conjunto da coordenação pedagógica e da coordenação de tecnologia educacional para que os docentes pudessem desenvolver habilidades e competências técnicas e pedagógicas. Essas reuniões tinham o intuito de promover a aprendizagem em grupo dos docentes, ou seja, que eles próprio pudessem ditar o ritmo de aprendizado. Os educadores discutiam possíveis projetos, aprendiam a manusear softwares e programas de seus interesses e desenvolviam projetos interdisciplinares. Com isso, ao mesmo tempo em que participavam dos encontros os docentes aplicavam seus conhecimentos com os alunos. Partindo das discussões e do curso de formação inicial, os docentes começaram a desenvolver projetos simples como o uso de blogs, uso de softwares educativos, documentos colaborativos na web, etc. Assim, ao longo de sua formação o docente já aplicava os projetos em sala de aula, permitindo uma reflexão sobre sua ação e ao mesmo tempo transformando sua prática conforme os encontros aconteciam. Portanto, ao permitir que os docentes desenvolvessem projetos de trabalho com o uso de tecnologias ao mesmo tempo em que desenvolviam habilidades e competências para tais usos, a instituição possibilitou ao docente uma formação continuada em serviço em que reflexão e ação estivessem juntas e que contemplasse a aprendizagem colaborativa entre docentes. Como método de análise do projeto utilizamos a pesquisa-ação participante, com instrumentos de coleta de dados como entrevistas semi-estruturadas e observação direta dos projetos desenvolvidos. CONSIDERAÇÕES FINAIS Em relação ao projeto alguns pontos se destacam. Após o primeiro ano percebemos um aumento de 60% na utilização de tecnologias na prática docente, e em grande parte os educadores se disponibilizaram em usar recursos que aprenderam a manusear recentemente. 9517
5 5 A resistência em se dispor a conhecer novos recursos diminuiu na medida em que os docentes colaboravam no processo de aprendizagem de novos recursos. Nas entrevistas, percebemos que a colaboração foi fator importante na aproximação dos educadores com as tecnologias. Além disso, os docentes destacaram a possibilidade de uma formação que não se limitava a cursos de curta duração sem relação direta com sua prática pedagógica, ou seja, a formação inicial técnica não terminou com o curso, mas se estendeu nos encontros durante o ano letivo. Outro ponto importante foi que os docentes tiveram a experiência de colaboração efetiva no desenvolvimento de projetos, o que possibilitou a interdisciplinaridade efetiva na sala de aula. Enquanto os docentes refletiam sobre o uso de determinados recursos tecnológicos, puderam desenvolver projetos entre as diferentes disciplinas, como por exemplo o blog com 6 anos do ensino fundamental nas disciplinas de ciências, geografia e história. Durante o projeto, foi possível percebermos contribuições oferecidas pela formação em serviço, entre elas podemos relacionar para reflexão: nas estratégias de formação em serviço, os professores constituiemse em sujeitos do próprio processo de conhecimento onde ora são professores ensinantes ora professores aprendentes ; esta modalidade de formação, por estar mais centrada no espaço escolar acaba oferecendo ao professor plena autonomia, decorrência natural da condição de sujeito do próprio conhecimento; Acreditamos que a formação em serviço possa contribuir para a formação continuada dos docentes de uma instituição de ensino, embora tenhamos que refletir e melhorar o processo de formação em todas as suas etapas, no sentido de garantir ao docente um espaço integrador em sua formação e pratica. REFERÊNCIAS ALMEIDA, Maria Elisabeth Bianconcini; Valente, Jose Armando. Tecnologias e Currículo: trajetórias convergentes ou divergentes? São Paulo: Paulus, CANDAU, Vera Maria. (org). Magistério: construção cotidiana. Petrópolis, RJ: Vozes, NÓVOA, Antonio. Concepções e práticas de formação contínua de professores, in Formação Contínua de Professores: realidades e perspectivas. Portugal: Universidade de Aveiro,
6 6 TARDIFF, Maurice. Os professores enquanto sujeitos do conhecimento: subjetividade, prática, e saberes no magistério. In: Candau, Vera Maria (org). Didática, currículo e saberes escolares. Rio de Janeiro: DP&A Editora,
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