CENTRO UNIVERSITÁRIO UNISEB COC TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO BACHARELADO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO



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Transcrição:

CENTRO UNIVERSITÁRIO UNISEB COC TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO BACHARELADO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO ANÁLISE DO EFEITO DA INFLAÇÃO NA RENTABILIDADE DOS INVESTIMENTOS DO MERCADO FINANCEIRO BRASILEIRO Vitor Moldenhauer de Lima Orientador Prof. Ms. Matheus Silveira Franco RIBEIRÃO PRETO 2011

ii Ficha Catalográfica 32a L7 Lima, Vitor Moldenhauer de. Análise do Efeito da Inflação na Rentabilidade do Mercado Financeiro Brasileiro. Vitor Moldenhauer de Lima. - Ribeirão Preto, 2011. 76 f.. il. Orientador: Prof. Me. Matheus Silveira Franco. Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro Universitário UNISEB de Ribeirão Preto, como parte dos requisitos para obtenção do Grau de Bacharel em Engenharia de Produção sob a orientação do Prof. Me. Matheus Silveira Franco. 1. Inflação. 2. Investimento. 3. Risco. I. Título. II. Franco, Matheus Silveira. CDD 332

iii VITOR MOLDENHAUER DE LIMA ANÁLISE DO EFEITO DA INFLAÇÃO NA RENTABILIDADE DOS INVESTIMENTOS DO MERCADO FINANCEIRO BRASILEIRO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário UNISEB COC como parte dos requisitos para obtenção do título de Engenheiro de Produção ORIENTADOR PROF. MS. MATHEUS SILVEIRA FRANCO RIBEIRÃO PRETO

iv 2011 TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Aluno: Vitor Moldenhauer de Lima Código: 7179 Curso: Engenharia de Produção Semestre / Ano: 10 o / 5 o Tema: Análise do efeito da inflação na rentabilidade dos investimentos do mercado financeiro brasileiro Objetivo Pretendido: Analisar o efeito da inflação no risco e retorno real dos investimentos de CDI, Bolsa de Valores e Poupança no mercado financeiro do Brasil. / / Vitor Moldenhauer de Lima Aluno / / Matheus Silveira Franco Professor Orientador / / Alexandre de Castro Moura Duarte Coordenador do Curso

v Aos meus pais pelo apoio incondicional ao longo de todos esses anos. À minha namorada por nunca ter me deixado desistir.

vi AGRADECIMENTOS Ao meu Orientador Prof. Ms. Matheus Silveira Franco, pela orientação, ajuda e dedicação nesses últimos meses de trabalho. Ao Prof. Ms. Alexandre de Castro Moura Duarte, coordenador, professor e amigo para todas as horas. Aos meus professores do curso de engenharia de produção pelas aulas e trocas de experiências que possibilitaram essa graduação. Ao Sr. Mario Romano Neto, que possibilitou minha entrada no mercado financeiro. Aos meus amigos e ex-colegas de República Aruêra, que além de me apoiar, sempre me incentivaram escutando e aconselhando sempre que necessário. Aos colegas de sala, por respeitarem nossas diferenças e contribuírem para uma formação sólida.

vii Seu tempo é limitado. Por isso, não perca tempo em viver a vida de outra pessoa. Não se prenda pelo dogma, que nada mais é do que viver pelos resultados das ideias de outras pessoas

viii (Steve Jobs) RESUMO Uma das principais razões para o investimento é o de aumentar o estoque de capital com o passar do tempo; a inflação, ao contrário, destrói esse valor. Nos últimos anos, a inflação voltou a ser relevante no Brasil, o que mostrou a necessidade deste projeto de pesquisa ter por objetivo analisar o efeito da inflação no retorno de alguns dos principais investimentos do mercado financeiro brasileiro. Para a realização de tal análise, foram apresentados os conceitos de inflação no Brasil atual. Ao falar sobre o risco e retorno, este trabalho buscou apresentar o tema aos leitores para posteriormente tentar propor modelo estatístico de análise e previsão do comportamento do retorno real dos investimentos frente às variações da inflação. Conforme apresentado ao longo do texto, foi possível relacionar a inflação com o retorno dos investimentos, porém, esta relação não apresentou o comportamento teórico previsto, deixando claro que apenas um parâmetro não é o suficiente para realizar previsões de comportamento, mas que pode ser usado como ferramenta de análise dos retornos passados.

ix SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO... 1 1.1. CONTEXTO E JUSTIFICATIVA... 1 1.2. PROBLEMA DE PESQUISA... 2 1.3. OBJETIVOS... 2 1.4. HIPÓTESES ADOTADAS... 3 1.5. TIPO DE PESQUISA... 3 1.6. ESTRUTURA... 4 2. INFLAÇÃO... 5 2.1. DEFINIÇÃO... 5 2.2. SURGIMENTO DA INFLAÇÃO... 6 2.3. TIPOS E CAUSAS DA INFLAÇÃO... 7 2.4. HISTÓRICO DA INFLAÇÃO NO BRASIL... 8 2.5. MEDIDAS DE INFLAÇÃO... 10 2.6. FERRAMENTAS DE COMBATE... 12 2.7. ESTABILIDADE ECONÔMICA... 12 2.8. NOVO AUMENTO DA PRESSÃO INFLACIONÁRIA... 13 3. RETORNO E RISCO... 14 3.1. RETORNO... 14 3.1.1. Retorno histórico... 15 3.2. RISCO... 16 3.3. MENSURAÇÃO DE RISCO... 18 3.3.1. Amplitude... 19 3.3.2. Distribuição de probabilidades... 20 3.3.3. Desvio padrão... 21 3.4. RETORNO E RISCO DE UMA CARTEIRA OU PORTFOLIO DE INVESTIMENTOS... 21 3.4.1. Correlação... 21 3.4.2. Retorno e desvio padrão de uma carteira... 22 3.4.3. Diversificação... 23 3.4.4. Correlação, diversificação, risco e retorno... 23 3.5. O MODELO DE PRECIFICAÇÃO DE ATIVOS FINANCEIROS (CAPM)... 23 4. EFEITOS DA INFLAÇÃO NO RETORNO E NO RISCO DE INVESTIMENTOS.. 26 4.1. MERCADO FINANCEIRO... 26 4.1.1. Tipos de investimento... 28

4.2. INVESTIMENTOS LIVRES DE RISCO... 29 4.2.1. Alternativas de investimento... 29 4.2.1.1. Caderneta de Poupança... 29 4.2.1.2. CDB / RDB... 30 4.2.1.3. CDI... 31 4.2.2. O retorno e o risco dos investimentos livres de risco... 31 4.3. INVESTIMENTOS COM RISCO... 31 4.3.1. Ações e Bolsa de Valores... 32 4.3.2. O retorno e o risco dos investimentos em ações... 33 5. METODOLOGIA OPERACIONAL... 36 5.1. REGRESSÃO LINEAR... 36 5.2. DADOS E AMOSTRA... 39 5.3. MODELO PROPOSTO... 41 6. RESULTADOS... 43 6.1. RESULTADOS DOS TESTES... 43 6.2. ANÁLISE DOS RESÍDUOS... 44 7. CONCLUSÃO... 50 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 51 x

1 1. INTRODUÇÃO O povo brasileiro até um passado não muito distante vivia com a inflação sempre a incomodar sua vida. Devido a uma série de conceitos que serão discutidos neste trabalho, o governo nacional fez uso de inúmeros planos econômicos de combate à inflação. Apenas no ano de 1994, com o início do Plano Real, o país findou a elaboração de planos econômicos baseados em alterações do padrão monetário. O plano era uma tentativa muito válida de combate à inflação, porém, somente depois da reforma monetária de 1999, o cambio deixou de ser administrado pelo governo e passou a ser flutuante, como ocorre ainda nos dias de hoje. Nesta época que as contas públicas e deixaram de pesar diretamente no cálculo da inflação. Com a estabilidade financeira e econômica nacional que foi iniciada com o plano Real e concluída apenas no governo do ex presidente Luís Ignácio Lula da Silva (2003-2009), aliadas a uma inflação mais controlada, ficando sempre dentro da meta de 4,5% aa (+/- 2%), o brasileiro passou a intensificar a quantidade de poupança que ele tinha em moeda. Com isso, o mercado financeiro do Brasil passou a ser atrativo para os investidores, não apenas o brasileiro, mas também o investidor estrangeiro. Dessa forma, observou-se um fortalecimento dos investimentos realizados no Brasil. Investimentos esses que possuem entidades oficiais reguladoras, riscos, rentabilidade, tributação, normas e exposição distintas. 1.1. Contexto e justificativa No final do ano de 2008 o mundo vivenciou mais uma grave crise econômica, a chamada crise do subprime. O Brasil mostrou sua força como economia emergente e se recuperou rapidamente dos impactos sofridos. Devido à essa força, o que foi observado no final do ano de 2010, foi um aumento significativo na inflação. Aumento esse causado principalmente pela alta de preços dos alimentos e do combustível no mercado interno. A geração de brasileiros nascidos em décadas anteriores à década de 1980, vivenciou uma transição tanto no desenvolvimento da economia brasileira quanto na política monetária, quando foi implantado o plano Real, no governo do então presidente Itamar Franco. Esse plano de acordo com Cavalcante, Misume e Rudge (2009) foi o ultimo de uma série de planos

2 econômicos que nas décadas de 1980-1990 foram criadas como medidas exclusivas de combate à inflação. Mesmo com o aumento da expectativa de vida do brasileiro, e consequente amadurecimento da população economicamente ativa ainda existe ainda uma certa aversão ao risco dos investimentos no mercado financeiro brasileiro. Isso pode ser facilmente explicado pelo histórico econômico conturbado num passado não muito distante. Atualmente pessoas de maior poder aquisitivo e capacidade de poupança e algumas das pessoas nascidas após a década de 1980, por não terem vivenciado ativamente o cenário econômico de inflação descontrolada, buscam alternativas mais rentáveis aos seus investimentos visando retornos mais elevados e consequentemente uma exposição maior aos riscos de mercado. Investimentos estes que serão abordados neste trabalho. 1.2. Problema de pesquisa Malhotra (2004) define problema de pesquisa como a elaboração de um enunciado que tenha como objetivo a identificação de algum problema cotidiano para que posteriormente o mesmo possa ser estudado e resolvido de maneira objetiva. Trata-se da mais importante etapa de projetos de pesquisa em diversas áreas, pois uma vez que ele seja bem definido, a abordagem da pesquisa torna-se mais clara e mais objetiva (MALHOTRA, 2004). Diante do exposto, em que existe efeito da inflação na procura e na rentabilidade das diferentes formas de investimento, este trabalho busca resposta para a seguinte questão de pesquisa: No cenário econômico atual, qual o efeito do aumento da pressão inflacionária nos investimentos no mercado financeiro do Brasil? Com base nesta questão de pesquisa os objetivos deste trabalho estão relacionados a seguir. 1.3. Objetivos De acordo com Gil (2010), objetivo é definido de maneira simples e clara como uma forma de apresentação do problema que serve como um guia para a operacionalização da pesquisa científica para esclarecer acerca dos resultados esperados. Este projeto de pesquisa tem como objetivo o estabelecimento de uma relação e posterior comparação da rentabilidade de alguns dos principais investimentos do mercado financeiro brasileiro com o desempenho da inflação do país. Num segundo instante, este

projeto tem como objetivo estabelecer um modelo que permita a previsão do comportamento do retorno dos investimentos em ambientes onde a inflação não é constante. 3 1.4. Hipóteses adotadas Este projeto de pesquisa adota duas hipóteses. A primeira hipótese é a de que existe uma relação entre o retorno dos investimentos e a inflação em determinado período de tempo. A segunda hipótese, que deriva da primeira, é de que a relação expressa na hipótese anterior ocorre na mesma proporção, isto é, que um aumento ou decréscimo da inflação gera o mesmo aumento ou decréscimo do retorno do investimento. 1.5. Tipo de pesquisa Abrantes (2007) classifica os tipos de pesquisa científica aplicadas a qualquer trabalho acadêmico de três formas distintas: i. Segundo os objetivos ii. Segundo as fontes de dados iii. Segundo a coleta de dados. Todos os tipos supracitados podem ser divididos e classificados em subitens. O primeiro tipo de pesquisa, segundo os objetivos, pode ser dividido em objetivos exploratórios, objetivos descritivos (explicativos) e objetivos analíticos. Já a pesquisa segundo as fontes de dados podem ser classificadas em pesquisas de campo, pesquisas de laboratórios e pesquisas bibliográficas, enquanto as pesquisas segundo a coleta de dados são comumente dividas em pesquisas de levantamento de dados qualitativos, levantamento de dados quantitativos, coleta de dados bibliográfica, coleta de dados documental e coleta de dados experimental. Esta última por sua vez pode ser classificada em estudo de caso, pesquisa ação e após o fato. Abrantes (2007) afirma que de uma maneira mais ampla, as pesquisas são divididas entre pesquisas qualitativas e pesquisas quantitativas. Em ambos os casos, os dados devem ser cuidadosamente analisados e tratados matematicamente para que sejam feitas considerações e conclusões do estudo realizado. Este projeto de pesquisa seguindo esta linha de raciocínio proposta por Abrantes (2007) pode ser classificada de acordo com os objetivos em analítica, uma vez que tem o objetivo de analisar e tentar explicar a relação existente entre a inflação com o retorno real

4 dos investimentos. Segundo as fontes de dados, classificamos este projeto de pesquisa como um projeto de fontes, majoritariamente, bibliográficas e segundo a coleta de dados, pelo levantamento de dados quantitativos, e, experimental após o fato, pois, caso os objetivos traçados sejam alcançados, eles serão explicados apenas a posteriori. 1.6. Estrutura Este projeto de pesquisa está estruturado em capítulos de revisão bibliográfica e capítulos de proposição do modelo estatístico para análise do efeito da inflação no retorno dos investimentos e de conclusão e comparação dos resultados com os objetivos da pesquisa. Este projeto divide-se então em um capítulo de introdução com o objetivo de contextualização do tema abordado, um capítulo onde será apresentado uma visão mínima sobre o fenômeno da inflação e quais seus principais impactos na economia. Os capítulos seguintes abordarão tópicos de risco e retorno para o esclarecimento de conceitos antes da proposição de um modelo de análise, uma descrição dos investimentos, sendo estes divididos em dois grupos: livres de risco e investimentos com risco. Será apresentada a metodologia estatística a ser utilizada no projeto para a apresentação do modelo proposto para análise. A parte final deste projeto deve apresentar e explicar os resultados obtidos pela aplicação da metodologia proposta, uma conclusão, onde os objetivos e os resultados obtidos serão comparados e as referências bibliográficas utilizadas ao longo da pesquisa.

5 2. INFLAÇÃO Este capítulo visa a definição dos conceitos de inflação, bem como, apresentar um pouco sobre o seu surgimento. Uma vez que o conceito e o seu surgimento forem definidos, o capítulo apresentará os tipos de inflação existentes, suas causas e formas de combate. Por fim, será realizada uma contextualização do cenário inflacionário brasileiro, desde o governo getulista em meados da década de 30 até os tempos atuais no governo Lula. Passando pelas principais etapas inflacionárias da economia brasileira até a estabilidade econômica e novo aumento da pressão inflacionária. 2.1. Definição De acordo com Gremaud, Vasconcellos e Toneto Jr. (2005) inflação significa pura e simplesmente o aumento generalizado e contínuo do nível geral de preços dos produtos. Stiglitz e Walsh (2003) ressaltam que o aumento do preço de um determinado produto não a caracteriza, devendo este aumento acontecer na maioria dos bens ou produtos. Os autores supracitados ainda a definem como um indicador econômico que mede a variação do nível geral de preços. Inúmeros fatores podem-se relacionar com a inflação. Podemos destacar níveis de emprego, injeção de moeda na economia, aumento de demanda por um determinado bem, dentre outros. Gremaud, Vasconcellos e Toneto Jr. (2005) afirma que ao analisarmos os fatores responsáveis pela inflação, passamos a separá la em dois tipos: inflação de demanda e inflação de custos. A inflação de demanda ocorre quando o aumento da demanda agregada por um determinado bem supera o aumento da oferta agregada do mesmo bem. Em outras palavras, quando a demanda por um bem aumenta mais que a capacidade do mercado em suprir essa demanda os preços dos produtos tendem a aumentar. Muito comum o surgimento desse tipo de inflação em países de economia em estado mais maduro, e que estejam próximos do atingimento do pleno emprego da população economicamente ativa. A inflação de custos pode ser também chamada de inflação oferta. É decorrente do aumento dos custos na economia. Custos estes que podem ser de aumento de matérias primas, aumento nas taxas de juros, quebra de safra de produtos agrícolas, aumento de salário dos trabalhadores, sem aumento da produtividade do mesmo, entre outros.

6 Mishkin (2000) classifica a inflação de acordo com duas visões econômicas distintas a visão monetarista, que afirma que uma análise monetarista indica que um aumento rápido na taxa de inflação deve ser orientada pelo crescimento abrupto da oferta, enquanto a visão keynesiana prega que os fenômenos oriundos da oferta não podem ser responsabilizados pelo inflação alta. Tanto Gremaud, Vasconcellos e Toneto Jr. (2005) quanto Stiglitz (2003) apontam consequências graves para taxas elevadas de inflação. A primeira delas é a distorção da alocação dos recursos da economia como um todo. Isto ocorre pois perde-se a referência no ato da compra de um bem ou serviço porque perde-se a noção dos preços relativos entre os diferentes produtos, dificultando assim a identificação de qual produto está caro e qual está barato, o que compromete a eficiência dos mecanismos de alocação de recursos na economia. Gremaud, Vasconcellos e Toneto Jr. (2005) vai além e afirma que esse efeito é negativo e desestimula novos investimentos, uma vez que se torna muito complicado o cálculo do retorno real sobre eles. 2.2. Surgimento da inflação Como a inflação está diretamente relacionada com o aumento ou diminuição do nível geral de preços dos produtos, acredita-se que ela existe desde que existem transações comerciais de qualquer tipo, mesmo antes do surgimento de moedas ou da política monetária. Na história da economia contemporânea alguns casos específicos de grandes saltos das taxas de inflação merecem o destaque deste projeto de pesquisa. Na Alemanha pós guerra no período de 1921 a 1923, com a necessidade de reconstrução do país, o governo gastou mais dinheiro que arrecadou. Dentre as diversas opções existentes para o aumento da receita do governo, o mesmo seguiu a linha de pensamento da injeção de moeda diretamente na economia para a realização dos pagamentos. Com esse aumento de circulação de moeda, houve um acompanhamento rápido do aumento geral do nível de preços (MISHKIN, 2000). Mishkin (2000), observa ainda de maneira complementar à situação que ocorreu na Alemanha, a reedição de altos níveis de inflação na maior parte dos países da América Latina nas décadas de 1980 1990, principalmente. Um dos motivos para esse aumento da inflação foi a relutância dos governos em aumentar as cargas tributárias e/ou enxugar os gastos públicos, dessa forma, a solução mais óbvia era a impressão de moeda e sua injeção no sistema econômico de cada país.

7 2.3. Tipos e causas da inflação Pode-se afirmar que existem diversas formas de inflação, sendo que cada um tem uma causa peculiar. Os principais tipos de inflação existentes na história econômica são: inflação de demanda, inflação de custos (ou de oferta) ou inflação inercial. De acordo com Gremaud, Vasconcellos e Toneto Jr. (2005) a inflação de demanda é causada devido ao excesso de demanda disponível de um produto ou serviço, quando esse aumento da demanda não é acompanhado pelo aumento da oferta. Mishkin (2000) afirma que as chances de ocorrência são maiores quando o uso da capacidade produtiva da economia e quanto o país se aproxima mais do pleno emprego. A inflação de custos (ou oferta) é decorrente do aumento dos custos das empresas que obviamente é repassado ao preço dos produtos. Gremaud, Vasconcellos e Toneto Jr. (2005) afirmam que os principais causadores da inflação de custos são o aumento do preço dos insumos básicos, aumento do nível salarial (sem o aumento da produtividade dos colaboradores), elevações em taxas de juros, variações cambiais, aumento de impostos, entre outros. Já a inflação inercial é definida pela manutenção dos preços sempre em um mesmo patamar e quando essa estagnação nos preços é causada por mecanismos de indexação. Estes mecanismos podem ser formais ou informais. Os mecanismos formais, normalmente estão protegidos por contratos que dispõem de clausulas de indexação (STIGLITZ, 2003). Já os informais ocorrem quando o preço se altera para o simples acompanhamento do aumento realizado pela concorrência (GREMAUD, VASCONCELOS e TONETO JR., 2005). Os diferentes tipos de inflação existem geram consequências distintas às economias. De acordo com Gremaud, Vasconcellos e Toneto Jr. (2005) as principais consequências da incidência de inflação são a inflação rastejante, inflação galopante, hiperinflação e a deflação. Stiglitz e Walsh (2003) e Krungman e Obstfeld (2005) definem a deflação como uma situação da economia que ocorre quando os preços dos produtos estão caindo, seja por condições de ofertas muito superiores à demanda, seja por condições político econômicas externas. A inflação rastejante é definida por Gremaud, Vasconcellos e Toneto Jr. (2005) como um processo de aceleração inflacionária moderada, isto é, quando e média dos preços sobem ainda que sob certa forma de controle. Quando a média de preços sobe de forma muito acelerada, como observado na economia alemã pós primeira guerra mundial (STIGLITZ e WALSH, 2003) e como vivido

8 pelos brasileiros nas décadas de 80 e 90, afirma-se que é caracterizada a hiperinflação, que é um aumento descontrolado dos preços dos produtos. Em geral, a diferença entre inflação rastejante e hiperinflação é a taxa com que os aumentos dos preços ocorrem. Foi muito comum nos casos de hiperinflação o abandono da moeda, fazendo as pessoas utilizarem como base de conta outra moeda, como por exemplo, o dólar americano (GREMAUD, VASCONCELLOS E TONETO JR., 2005). 2.4. Histórico da inflação no Brasil A inflação no Brasil começou a se manifestar de forma mais evidente já no regime político da Republica. Traços de aceleração foram identificados durante o primeiro governo do ex presidente Getúlio Vargas (1930 1945). Ainda assim, naquela época sua aceleração não preocupou tanto as autoridades. A partir da década de 1970, durante o Regime Militar. De acordo com Faria (1994) o Brasil passou a experimentar uma crise inflacionária única, grave, mas menos grave que as crises de hiperinflação europeias procedentes das guerras no continente, ou então da bancarrota do regime socialista do leste europeu. Ele afirma que toda a América Latina a superinflação esteve ligada à recesso prolongada e ao altíssimo nível de endividamento externo. Durante o ápice da crise inflacionária brasileira, passaram pelo Palácio do Planalto 4 presidentes e mais de 10 ministros da fazenda. Cada um com um plano distinto, e falho, de combate ao alto excessivo das taxas de inflação. Souza (2008) explica cada um dos planos de combate a inflação. Durante o regime militar, para inicio imediato do combate à inflação foram criadas 3 medidas de controle, que tinham como objetivo a restrição da demanda por bens e serviços, que era tida como a responsável pelas altas recentes do IPCA. Essas medidas foram o aumento dos impostos, como sequencia ao que o presidente Juscelino Kubitschek tinha começado, aumentando a arrecadação do governo, foram criadas políticas de restrição ao crédito, principalmente dos órgãos estatais como o banco do Brasil, e por fim, houve uma contenção salarial, que buscaria uma desarticulação dos mecanismos de defesa das condições de vida da classe assalariada (SOUZA 2008). Como se pôde observar na história econômica do país, essas medidas não foram suficientes para conter o aumento da pressão inflacionária, e nos anos seguintes, na década de 1970 foi observado um aumento das taxas de inflação como jamais vistos por aqui.

9 Com o fim do regime militar tivemos no Brasil um governo transitório entre o militarismo e a chamada democracia, vinda com o movimento das Diretas Já, que elegeu posteriormente para o governo o ex presidente Fernando Collor de Mello. Durante esse governo, vimos as taxas de inflação atingirem níveis nunca antes imaginados. O final da década de 1980 e princípio da década de 1990 foi marcado pela indexação dos preços dos produtos em dólares americanos. Com isso, os reajustes de preços nas moedas nacionais se davam diariamente. Os gráficos a seguir apresentam a evolução do IPCA, índice de preços ao consumidor amplo, principal medida de inflação do país de 1980 a 1994 e de 1995 a 2010. 2500,00% 2000,00% 1500,00% 1000,00% 500,00% 0,00% 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 Gráfico 1 IPCA de 1980 a 1994 25,00% 20,00% 15,00% 10,00% 5,00% 0,00% Gráfico 2 IPCA de 1995 a 2010

10 O governo Collor foi marcado pela abertura do país aos produtos importados, e também pela implantação dos planos econômicos Plano Collor I e Plano Collor II. De acordo com Souza (2009), o Plano Collor I levou o país a uma profunda recessão, uma vez que ele bloqueou boa parte dos ativos financeiros do país, deixando o país sem dinheiro para a irrigação da economia. Essa medida levou à diminuição da renda da classe trabalhadora em quase 30%, levando o país a ter um crescimento negativo do PIB. Após o fracasso do plano Collor I, veio o também desastrado plano Color II. Este plano de acordo com Souza (2009) era resumido em cortes de gastos públicos e aumento de impostos. Gremaud, Vasconcellos e Toneto Jr. (2005) afirmam que esse plano foi uma tentativa de pagar a memória inflacionária do país na busca da eliminação do overnight substituindo o pelo Fundo de Aplicação Financeira (FAF), cuja composição era regulada pelo governo federal. O impacto desse plano foi a recessão sem que a inflação fosse eliminada, ou ao menos controlada, deixando assim o país com um cenário econômico terrível, menor arrecadação, altas taxas de juros, que aliados aos escândalos divulgados pela mídia, levaram o então presidente ao processo de impeachment. Com a queda de Fernando Collor da presidência, quem assumiu o posto foi o então vice presidente Itamar Franco que tratou de adotar uma série de medidas com o objetivo de reaquecer a economia. Essas medidas de fato estimularam a economia interna, diminuindo a recessão, mas ainda via-se uma pressão inflacionária considerável no país. Em 1993, o então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, desenvolveu um dos mais engenhosos planos de combate à inflação já vistos na história do país. Tratava-se da criação do Plano Real (GREMAUD, VASCONCELLOS E TONETO JR., 2005). Com a implantação do plano a inflação foi reduzida de forma duradoura no país. 2.5. Medidas de inflação No Brasil a inflação é medida de diversas formas, sendo a principal diferença entre elas a cesta de produtos que é considerada e também a periodicidade que as coletas são feitas. Os principais indicadores de inflação no Brasil são o IPCA, IPC-S, IPC Fipe, IGP-M e IGP- DI, apresentados no quadro 1, a seguir:

11 Índice / Entidade Período de Coleta dos Preços Quadro 1 - Principais índices de preço do Brasil Local de Pesquisa Orçamento familiar em Salários Mínimos Utilização IPCA / IBGE Mês Completo 11 Regiões 1 a 40 Genérico INPC / IBGE Mês Completo 11 Regiões 1 a 8 Genérico IGP / FGV Mês Completo 1 a 33 (inclui preços RJ / SP e 10 de atacado e Regiões construção civil) Contratos IGP-M/FGV Dias 21 a 20 IGP-10/FGV Dias 11 a 10 IPC-FIPE Mês Completo ICV/DIEESE Mês Completo RJ / SP e 10 Regiões RJ / SP e 10 Regiões Município de São Paulo Região Metropolitana de São Paulo 1 a 33 (inclui preços de atacado e construção civil) 1 a 33 (inclui preços de atacado e construção civil) 1 a 20 1 a 30 Contratos Tendência do IGP Impostos Estaduais e municipais Referência para Acordos Salariais FONTE: Gremaud, Vasconcellos e Toneto Jr. (2005). O indicador oficial adotado pelo governo Brasileiro é o IPCA, medido pelo IBGE desde 1999, como parte das ferramentas de controle de inflação imposta pelo FMI. É coletado com pesquisas de famílias com rendas de 1 até 40 salários mínimos e em sua cesta de produtos os principais pesos estão os alimentos, transporte (incluindo combustível), comunicação e produtos de despesas pessoais. Uma prévia do IPCA é divulgada quinzenalmente através do IPCA-15, que conta com a mesma cesta de produtos e mesma forma de cálculo. Outras instituições financeiras e de ensino criaram ao longo do tempo outros indicadores, que servem como forma de balizamento para o IPCA. A Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulga mensalmente o IGP-M, índice geral de preços do mercado, o IGP-DI, índice geral de preços de disponibilidade interna e o IPC-S, índice de preços semanal. O mais importante e mais utilizados destes é o IGP-M, quando desenvolvido foi criado para ser um indicador para balizar as correções de alguns títulos emitidos pelo Tesouro Nacional e Depósitos Bancários com renda pós fixadas acima de um

ano. Posteriormente passou a ser o índice utilizado para a correção de contratos de aluguel e como indexador de algumas tarifas como energia elétrica (PERFEITO, 2010). 12 2.6. Ferramentas de Combate Modenesi (2005) afirma que a tradição keynesiana propõe ferramentas de combata à inflação para os diferentes tipos de inflação. A mais comumente utilizada pelo governo brasileiro é o aumento da taxa básica de juros da economia (SELIC), uma vez que as economias crescem quando o crédito se expande e mais pessoas têm acesso. Isso quer dizer que o custo básico anual para a contratação de empréstimos e financiamentos pessoais ou empresariais fica mais caro. Além disso, podemos ressaltar que os investimentos de renda fixa passam a remunerar melhor que tem seu capital aplicado dessa forma. O desaquecimento da economia gera uma queda no consumo, logo, para a inflação de demanda, uma restrição no crédito gera uma queda no consumo, afetando assim a lei da oferta e da procura. Alguns governos podem tomar medidas macroprudenciais para o controle da inflação, ou até mesmo, manter uma taxa de desemprego controlada, permitindo que menos pessoas passem a consumir todos os produtos disponíveis no mercado. 2.7. Estabilidade Econômica Logo após a criação do Plano Real, no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, o nosso país começou a vislumbrar o que mais tarde se tornaria uma estabilidade econômica. Durante seu governo, foram adquiridos junto ao FMI, Fundo monetário Internacional, planos de ajuda econômica, isto é, financiamentos para o governo federal. O FMI exige planos de controle a inflação e planos de austeridade fiscal rígidos para a cessão dos empréstimos (GREMAUD, VASCONCELLOS e TONETO JR., 2005). Desta forma a inflação passou a ser controlada via Meta de Inflação, medida pelo IPCA. Com o controle da inflação a economia do país começou a se aquecer lentamente. Durante o governo do presidente Luis Ignácio da Silva, o Lula, tivemos uma continuação das políticas desenvolvidas pelo governa anterior. Souza (2011) explica que a gestão do presidente Lula se baseou com sucesso em três importantes tripés: a continuidade da política econômica, mantendo o presidente do Banco Central no cargo, a redução da desigualdade social e econômica e a retomada do crescimento da economia. Desta forma, o país passou a