Programa de Residência Médica em Pediatria - HMIB. CHOQUES Andersen O. R. Fernandes

Documentos relacionados
Seminário ME3: Choque. Orientador: Gabriel MN Guimarães

Sepse e Choque Séptico. Jose Roberto Fioretto

CONCEITO FALHA CIRCULATÓRIA HIPOPERFUSÃO HIPÓXIA

ATENÇÃO! Não é obrigatório haver hipotensão para que haja má-perfusão. Logo, o paciente pode estar em choque sem estar hipotenso.

Guideline Tratamento Choque Séptico

Choque hipovolêmico: Classificação

Abordagem da sepse na emergência Rodrigo Antonio Brandão Neto

RESIDÊNCIA MÉDICA 2016

Urgência e Emergência

OBJETIVOS Ao final da aula os participantes terão de. Definir:

PROTOCOLO MÉDICO INSUFICIÊNCIA CARDÍACA NA UNIDADE DE EMERGÊNCIA. Área: Médica Versão: 1ª

Disciplina: Clínica Médica de Pequenos Animais

Processo de colapso circulatório ocorrendo uma perfusão tecidual inadequada. Complicação de uma doença que desencadeou, sempre grave, se não

Diagnóstico e Manejo da Criança com Sepse

PROTOCOLO MÉDICO SEPSE E CHOQUE SÉPTICO

ESTADO DE CHOQUE HEMORRAGIA & CHOQUE 002

Drogas Vasoativas. Drogas Vasoativas. ticos. Agentes Simpatomiméticos. ticos. ricos, São substâncias que apresentam efeitos vasculares periféricos,

Choque CHOQUE. Enf. Luana Carla Soares Barros COREN

Choque em Crianças. Autora: Ana Paula de Carvalho Panzeri Carlotti

Choque circulatório. Maria Auxiliadora-Martins

CHOQUE SÉPTICO NO. Martha Vieira 2005

Pressão Arterial. Pré-carga. Pós-carga. Volume Sistólico. Resistência Vascular Sistêmica

Comumente empregadas nos pacientes graves, as drogas vasoativas são de uso corriqueiro nas unidades de terapia intensiva e o conhecimento exato da

Palavras-chave: Choque. Criança. Diagnóstico. Ressuscitação Hídrica. Suporte Hemodinâmico. (CaO 2

DROGAS VASOATIVAS. ENFERMAGEM EM TERAPIA INTENSIVA ADULTO I FACULDADE PITÁGORAS BETIM PROFa DANIELE REZENDE

INSTITUTO LATINO AMERICANO DE SEPSE CAMPANHA DE SOBREVIVÊNCIA A SEPSE PROTOCOLO CLÍNICO. Atendimento ao paciente com sepse grave/choque séptico

Definição Sepsis 3.0 Sepse: Choque séptico:

Pacote. 6 horas. Pacote. 24 horas RESSUSCITAÇÃO INICIAL ANTIBIÓTICOS CONTROLE DO FOCO REPOSIÇÃO VOLÊMICA

CAMPANHA DE SOBREVIVÊNCIA A SEPSE PROTOCOLO CLÍNICO PEDIÁTRICO

INSTITUTO LATINO AMERICANO DE SEPSE

1. INTRODUÇÃO 2. OBJETIVO

Shock (arma de fogo)

PRINCIPAIS FÁRMACOS VASOATIVOS UTILIZADOS EM UTI E EMERGÊNCIA

Componente Curricular: Enfermagem Médica Profª Mônica I. Wingert Módulo III Turma 301E CHOQUE Significado de Choque: Francês choc: parada

DROGAS VASODILATADORAS E VASOATIVAS. Profª EnfªLuzia Bonfim.

Choque Cardiogêncio. Manoel Canesin ICC HC/HURNP/UEL

PROTOCOLO GERENCIADO DE SEPSE PACIENTE COM CONDUTA PARA SEPSE (OPÇÃO 2 E 3 - COLETA DE EXAMES/ANTIBIÓTICO)

PROTOCOLO MÉDICO PADRONIZAÇÃO DO USO DE DROGAS VASOATIVAS

PROTOCOLO GERENCIADO DE SEPSE PACIENTE COM CONDUTA PARA SEPSE (OPÇÃO 2 E 3 - COLETA DE EXAMES/ANTIMICROBIANO)

Definições importantes

FARMACOCINÉTICA FARMACODINÂMICA FARMACOCINÉTICA CONCEITOS PRELIMINARES EVENTOS ADVERSOS DE MEDICAMENTOS EAM. Ação do medicamento na molécula alvo;

PROTOCOLO ASSISTENCIAL GERENCIADO DE SEPSE. Atendimento ao paciente com sepse/choque séptico DETECÇÃO PRECOCE + TRATAMENTO CORRETO

Hospital São Paulo SPDM Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP. Sistema de Gestão da Qualidade

Quando Tratar a Hipotensão no Recém Nascido de Muito Baixo Peso

DROGAS CARDIOVASCULARES

Philipe Barbosa Assunção

SEPSE. Camila Martins Brock Thomas Dal Bem Prates Sérgio Baldisserotto UNITERMOS KEYWORDS SUMÁRIO

PROTOCOLO GERENCIADO DE SEPSE PACIENTE COM CONDUTA PARA SEPSE (OPÇÃO 2 E 3 - COLETA DE EXAMES/ANTIMICROBIANO)

CHOQUE PROFª LETICIA PEDROSO

Objetivos da Respiração. Prover oxigênio aos tecidos Remover o dióxido de carbono

Medicações de Emergências. Prof.º Enfº Diógenes Trevizan Especialista em Docência

Começando... HPMA: Paciente feminina, 17 anos, procura PS com queixa de febre alta, dor em BV e corrimento vaginal amarelado há 3 dias. Refere amenorr

PALPITAÇÃO HIPOTENSÃO CHOQUE. A. Ferreira Disciplina Medicina Intensiva UNESP/FMB

Abordagem ao paciente em estado de choque. Ivan da Costa Barros Pedro Gemal Lanzieri

CHOQUE E DISTÚRBIOS HEMODINÂMICOS. Dr. Vinício Elia Soares

Diretrizes Clínicas Sepse grave e choque séptico

Exames Complementares:

Síndrome Cardiorrenal. Leonardo A. M. Zornoff Departamento de Clínica Médica

COORDENAÇÃO DE ESTUDOS CLÍNICOS

SEPSE Dr D a. a.vi V v i i v a i n a e Co C rdeir i o Ve V ig i a

PACIENTE GRAVE IDENTIFICAÇÃO E TRATAMENTO TREINAMENTO

SRPA- Sala de Recuperação Pós-Anestésica

Hospital São Paulo SPDM Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Sistema de Gestão da Qualidade

Curso de Urgências e Emergências Ginecológicas. Choque Hipovolêmico

CHOQUE PRINCÍPIOS GERAIS DE DIAGNÓSTICO PRECOCE E MANEJO INICIAL

Sepse Professor Neto Paixão

Avaliação Clínica do Paciente Crítico monitorização hemodinâmica. Profª Dra Luciana Soares Costa Santos

ARTIGO DE REVISÃO. Drogas vasoativas - Uso racional. JULIO CESAR L. DA FONSECA Hospital Cardiobarra INTRODUÇÃO

Coração Normal. Fisiologia Cardíaca. Insuficiência Cardíaca Congestiva. Eficiência Cardíaca. Fisiopatogenia da Insuficiência Cardíaca Congestiva

Hospital São Paulo SPDM Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP. Sistema de Gestão da Qualidade

PROTOCOLO DE MANUTENÇÃO DO POTENCIAL DOADOR DE ORGÃOS

CAMPANHA DE SOBREVIVÊNCIA À SEPSE

ARRITMIAS CARDÍACAS. Dr. Vinício Elia Soares

Suporte Hemodinâmico*

Histórico de Revisão / Versões

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TERAPIA INTENSIVA MÓDULO DE INSUFICIÊNCIA CIRCULATÓRIA AGUDA CHOQUE Prof.: ALESSANDRO MÁRCIO TEIXEIRA CAVALCANTE

PALS Gabriela Peres Melo

Abordagem contemporânea do choque cardiogênico

REPOSIÇÃO VOLÊMICA. Dr. Adriano Carvalho Médico do CTI HC UFMG Especialista em Medicina de Cuidados Intensivos

FISIOPATOLOGIA DIAGNÓSTICO TRATAMENTO. Prof. Diogo Mayer Fernandes Patologia e Clínica Cirúrgica I Medicina Veterinária Faculdade Anhanguera Dourados

PROTOCOLO MULTIDISCIPLINAR INSTITUCIONAL

Quando a decisão é um inotrópico... Qual a melhor escolha? Luis Sargento, Serviço de Cardiologia II, Hdia Insuf Cardiaca, CHLN

CAMPANHA DE SOBREVIVÊNCIA À SEPSE. Atendimento ao paciente com sepse grave/choque séptico DETECÇÃO PRECOCE + TRATAMENTO CORRETO

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE COLÓIDES E CRISTALÓIDES NA RESSUSCITAÇÃO HEMODINÂMICA DURANTE SEPSE - REVISÃO DE LITERATURA

ATENDIMENTO A PCR. Prof. Fernando Ramos -Msc 1

Resultados da Validação do Mapeamento. Administrar medicamentos vasoativos, se adequado.

CAUSAS DE PERICARDITE AGUDA

Emergência Intra-Hospitalar II. Prof Enfermeiro Diogo Jacintho

IMPLEMENTAÇÃO DE PROTOCOLO GERENCIADO DE SEPSE PROTOCOLO CLÍNICO Atendimento ao paciente adulto com sepse / choque séptico

6/1/2014. Farmacologia- definições FARMACOLOGIA DAS DROGAS VASOATIVAS E VASODILATADORAS DROGAS VASOATIVAS DROGAS VASOATIVAS. DC = Vol.

Fluidoterapia. Vias de Administração. Fluidoterapia. Fluidoterapia. Fluidoterapia. Fluidoterapia. Enteral Via oral Via intra retal

ARTIGO DE PESQUISA REPOSIÇÃO DE VOLUME INTRAVASCULAR E USO DE INOTRÓPICOS NO ATENDIMENTO DE CRIANÇAS EM CHOQUE SÉPTICO

Avaliação Clínica do Paciente Crítico monitorização hemodinamica. Profª Dra Luciana Soares Costa Santos 2º semestre 2017

Fisiologia e princípios pios do uso de vasopressores e inotrópicos. Pedro Grade

Insuficiência Cardíaca Aguda (ICA) Leonardo A. M. Zornoff Departamento de Clínica Médica

Assistência ao Paciente Crítico

Choque Distributivo Séptico

IMPLEMENTAÇÃO DE PROTOCOLO GERENCIADO DE SEPSE PROTOCOLO CLÍNICO Atendimento ao paciente adulto com sepse / choque séptico

CAMPANHA DE SOBREVIVÊNCIA A SEPSE PROTOCOLO CLÍNICO PEDIÁTRICO

Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM

Transcrição:

Programa de Residência Médica em Pediatria - HMIB CHOQUES Andersen O. R. Fernandes

O que é choque?

INSUFICIÊNCIA CIRCULATÓRIA Febre Infecção Dispneia Dor Trauma Demanda Oferta

Suporte inotrópico/vasoativo O 2 O 2 Suporte ventilatório Débito cardíaco Transfusão Volume sistólico Frequência cardíaca Pré-carga Contratilidade Pós-carga Expansão volêmica

Quais são os sinais de choque? Perfusão ruim

Mas o que é Perfusão?

PERFUSÃO CENTRAL PERIFÉRICA Nível de consciência Cor da pele Temperatura Diurese Enchimento capilar Pulsos Pressão arterial

Sempre há hipotensão no choque?

CHOQUE COMPENSADO X HIPOTENSIVO COMPENSADO Pressão arterial sistólica normal para a idade HIPOTENSIVO Pressão arterial sistólica abaixo do P5 para a idade FC elevada Aumento da Resistência vascular sistêmica Aumento da Resistência Vascular Renal e Esplâncnica Mecanismos compensatórios Taquicardia Pele fria, pálida, moteada, sudorese Enchimento capilar lentificado Pulsos periféricos fracos e PA convergente Oligúria Vômito, íleo paralítico

PAS MÍNIMA PARA A IDADE (P5) Idade PAS (Percentil 5) RN a termo 60 mmhg 1º ano de vida 70 mmhg 1 a 10 anos 70 mmhg + 2x idade > 10 anos 90 mmhg

Quantos tipos de choque existem?

Choque Hipovolêmico Distributivo Hemorrágico Não-hemorrágico Séptico Anafilático Neurogênico Cardiogênico Bradiarritmia/ Taquiarritmia Outros (Miocardite, Miocardiopatia, Intoxicação) Dependente de ducto Obstrutivo Pneumotórax hipertensivo Tamponamento cardíaco Embolia pulmonar

Como diferenciar os tipos de choque? História e Exame físico

PRÉ-CARGA CONTRATILIDADE PÓS-CARGA Reduzida CHOQUE HIPOVOLÊMICO Normal ou aumentada CHOQUE DISTRIBUTIVO SÉPTICO Aumentada Reduzida Normal ou reduzida Variável Reduzida CHOQUE DISTRIBUTIVO ANAFILÁTICO Variável CHOQUE DISTRIBUTIVO NEUROGÊNICO VE: reduzida VD: aumentada Reduzida Normal Reduzida CHOQUE CARDIOGÊNICO Variável Reduzida Aumentada CHOQUE OBSTRUTIVO Variável Normal Aumentada

TRATAMENTO Varia com o tipo de choque Medidas gerais Suporte de oxigênio Monitorização: oximetria, ECG, PA Acesso venoso/intraósseo Suporte básico de vida, quando indicado Glicemia capilar

TRATAMENTO

Departamento de Emergência 0 minutos 5 minutos 5 minutos 15 minutos 15 minutos Alteração de consciência e da perfusão: O 2 + Acesso intravenoso ou intraósseo Ressuscitação inicial: 20 ml/kg de cristaloides ou coloides ( 60 ml/kg), até melhora da perfusão ou sinais de sobrecarga hídrica Corrigir hipoglicemia e hipocalcemia Iniciar antibióticos Choque não revertido? Choque refratário a fluidos Sedativos para obter acesso e via aérea caso necessário Iniciar inotrópicos: Choque frio: dopamina ou epinefrina Choque quente: norepinefrina Choque não revertido? 60 minutos UTI Brierley J, Carcillo JA, Choong K, Cornell T, Decaen A, Deymann A, et al. Crit Care Med. 2009 Feb;37(2):666-88

60 minutos Choque resistente a catecolaminas Iniciar hidrocortisona se houver risco de insuficiência adrenal Monitorizar PVC, alcançar Pressão de perfusão normal e SvcO 2 > 70% UTI Pediátrica PA normal Ajustar epinefrina Associar: vasodilatador, expansão volêmica Choque frio PA baixa Ajustar epinefrina Associar : norepinefrina ou dobutamina Choque não revertido? Choque quente com PA baixa Ajustar norepinefrina Associar : vasopressina; inotrópico se SvcO2 <70%. Choque resistente a catecolaminas persistente Derrame pericárdico, pneumotórax e pressão intra-abdominal? Monitorar o débito cardíaco para guiar a terapia Choque não revertido? Choque refratário OMEC ou TRRC Brierley J, Carcillo JA, Choong K, Cornell T, Decaen A, Deymann A, et al. Crit Care Med. 2009 Feb;37(2):666-88

Como escolher o inotrópico/vasoativo adequado? VASOPRESSSORES usar quando há hipotensão INOTRÓPICOS usar quando pulso e perfusão periférica ruins, PA adequada DOBUTAMINA VASODILATADORES usar quando há vasoconstrição periférica, perfusão periférica ruim, PA adequada NORADRENALINA DOPAMINA ADRENALINA MILRINONA

TRATAMENTO