Maria Fernanda C. de Oliveira Engenheira Civil pela FESP, Faculdade de Engenharia São Paulo Tecnóloga em Obras Hidráulicas pela FATEC SP



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Transcrição:

A ESTRUTURAÇÃO DAS EQUIPES DE CAMPO E ALTERNATIVAS DE EXECUÇÃO DE REDES DE ÁGUA E ESGOTO MÃO DE OBRA DIRETA X TERCEIRIZAÇÃO EXPERIÊNCIA DO SERVIÇO AUTONOMO DE ÁGUA E ESGOTO DE GUARULHOS SP Maria Helena Ribeiro Diretora de Obras do Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Guarulhos SP Engenheira Civil pela UFMG. Ex-Secretária de Planejamento de Betim (MG 1993 1998) Ex-Secretaria de Obras de Betim (MG 1998 2000) Maria Fernanda C. de Oliveira Engenheira Civil pela FESP, Faculdade de Engenharia São Paulo Tecnóloga em Obras Hidráulicas pela FATEC SP Celso Teixeira Gentil Engenheiro Civil pela UNG - Universidade de Guarulhos Gilberto Mégda Engenheiro Civil pela UNG - Universidade de Guarulhos Marco Aurélio Cardoso Carvalho Engenheiro Civil pela UNG Universidade de Guarulhos Aristides Rocha Neto Engenheiro Civil pela USF Universidade São Francisco Tecnólogo em Edifícios pela FATEC-SP

A ESTRUTURAÇÃO DAS EQUIPES DE CAMPO E ALTERNATIVAS DE EXECUÇÃO DE REDES DE ÁGUA E ESGOTO MÃO DE OBRA DIRETA X TERCEIRIZAÇÃO EXPERIÊNCIA DO SERVIÇO AUTONOMO DE ÁGUA E ESGOTO DE GUARULHOS SP 1 - Objetivo do trabalho Este trabalho tem como objetivo a apresentação da experiência do Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Guarulhos, onde destacamos a estruturação das equipes de campo e a comparação de duas alternativas de execução de redes de água e esgoto por mão de obra direta e serviço terceirizado. 2 - Metodologia Utilizada O presente trabalho é fruto de três anos de gestão do SAAE Guarulhos, período em que a autarquia passou por novas diretrizes. Este trabalho está em andamento, porém já apresenta resultados concretos. A situação encontrada pela nova direção do SAAE, no início de 2001 tinha como característica externa um elevado nível de insatisfação da população do município com relação aos serviços prestados pelo SAAE, Esta situação tinha como causa, principalmente, fatores como a deficiência da estrutura operacional para o atendimento aos serviços, inadequação do sistema de distribuição de água e a insuficiência do volume de água disponível frente à demanda do município. Internamente a Autarquia contava com funcionários desmotivados, veículos sucateados, falta de ferramentas e equipamentos para as equipes de campo e nenhuma organização das rotinas de trabalho. Portanto, a produção na execução de redes e ligações de água e esgoto era baixa. O tempo de atendimento, conseqüentemente, era longo. Começamos então a investir na estruturação das equipes, com treinamento dos funcionários, compra de novos equipamentos e ferramentas básicas, revisão dos procedimentos de vários serviços, alteração dos fluxos e informatização de todo trabalho. Por outro lado identificou-se a necessidade de readequação da estrutura operacional da autarquia, para agilizar os serviços de ligação de água e esgoto. Então foram executadas as reformas da Regional Cidade- Martins e Regional Angélica, descentralizando a estrutura operacional para agilizar a execução dos serviços de ligação de água e esgoto. Para facilitar o atendimento ao público, foram criadas as Centrais de Atendimento em seis regiões da cidade. Organograma Atual do Departamento de Obras Departamento de Obras Administrativos Técnicos Divisão de Água Divisão de Esgoto Divisão de Obras Contratadas Administrativos Administrativos Seção de Obras Fiscalização Seção de Ligação De Água Seção de Extensão de Água Seção de Ligação De Esgoto Seção de Extensão De Esgoto Equipe 3 Equipe 3 Equipe 3 Equipe 4 Equipe 4

Então foram executadas as reformas da Regional Cidade-Martins (foto 1) e Regional Angélica (foto 2), descentralizando a estrutura operacional para agilizar a execução dos serviços de ligação de água e esgoto. Foram criadas Centrais de Atendimento em seis regiões da cidade para facilitar o atendimento ao público: Fácil Jardim São João, Taboão, Presidente Dutra, Cumbica, Centro e Jardim Jurema (Foto 3).3 - Resultados Obtidos e Esperados Com a melhora das condições de trabalho os resultados começaram a aparecer. Comparando os anos de 2001, 2002 e 2003 verificamos que: Com relação à ligação de água obtivemos um aumento na produção de 22%, ou seja, 9.796 ligações em 2001, 11.964 ligações em 2002, e 2003 fizemos 11.425 ligações Com relação à ligação de esgoto obtivemos um aumento na produção de 72%, ou seja, 3.656 ligações em 2001, 5.076 ligações em 2002, e 2003 fizemos 5.286 ligações. Com relação a extensões de água obtivemos um aumento na produção de 124%, ou seja, 17.615 metros de rede em 2001, 39.555 metros de rede em 2002 e 2003 mantivemos a média de 2002 com 38.499 metros. Com relação a extensões de esgoto obtivemos um aumento na produção de 52%, ou seja, 13.528 metros de rede em 2001, 26.221 metros de rede em 2002, e em 2003 atingimos 42.000 metros considerando 15.000 metros de obras contratadas. O prazo médio de uma ligação de água reduziu de 150 dias para 15 dias. O prazo médio de uma ligação de esgoto reduziu de 180 dias para 19 dias. 4 - Conclusões. Mesmo com o aumento significativo da produção, foi insuficiente para atender a demanda reprimida existente no sistema de abastecimento de água e esgoto, na tentativa de diminuir o déficit, algumas obras foram terceirizadas. Na comparação das duas formas de trabalho, verificamos que os serviços de água e esgoto executados por mão de obra direta são mais vantajosos, apesar de ter os custos praticamente iguais. Os serviços executados por mão de obra direta nos mostraram neste período: Maior facilidade na execução dos serviços devido ao maior conhecimento da região e das redes existentes no sistema; Mais flexibilidade com relação à disponibilidade das equipes no campo; Um controle melhor de qualidade, com relação à execução dos serviços; Um outro aspecto relevante desta experiência é o resgate da auto-estima dos funcionários, que teve neste processo uma valorização profissional importante para recuperação da Autarquia. Ainda que os resultados apresentados nos mostrem vantagens na execução das obras por mão de obra direta, necessitamos terceirizar, parte, da execução das obras do Plano Diretor de Água, devido o seu volume e suas especificidades. Somente com as equipes existentes não conseguiria atender a demanda colocada.

Enfim, o trabalho tem nos mostrado que vale a pena investir nas equipes existentes nas Autarquias de Água e Esgoto. Para isso é necessário: treinar as equipes, estruturar as rotinas de trabalho, equipar com ferramentas adequadas, modernizar os equipamentos, informatizar e, sobretudo acreditar nas pessoas. DEMONSTRATIVO DE CUSTO MÃO DE OBRA DIRETA X MÃO DE OBRA TERCEIRIZADA ESGOTO (ml) ÁGUA (ml) MÃO DE OBRA DIRETA R$ 26,21 R$ 22,73 MÃO DE OBRA TERCEIRIZADA R$ 31,17 R$ 26,27 18,9 % 15,6 %

FOTO 1 - REGIONAL ANGÉLICA FOTO 2 - REGIONAL CIDADE MARTINS

FOTO 3 FACIL CENTRO