Atualidades do Mercado Financeiro



Documentos relacionados
Atualidades do Mercado Financeiro

Unidade III. Mercado Financeiro. Prof. Maurício Felippe Manzalli

Unidade III. Operadores. Demais instituições financeiras. Outros intermediários financeiros e administradores de recursos de terceiros

SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL INSTITUIÇÕES. Lei 4.595/64 FINANCEIRAS COLETA INTERMEDIAÇÃO APLICAÇÃO CUSTÓDIA

O Sistema Financeiro Nacional

Evolução do SFN. 1. Primeiro Período: MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS. 3. Terceiro Período: Segundo Período:

Curso de CPA 10 CERTIFICAÇÃO PROFISSIONAL ANBIMA SÉRIE


Como funciona o Sistema Financeiro Nacional. José Reynaldo de Almeida Furlani Junho de 2013

Administração Financeira e Orçamentária I

CONHECIMENTOS BANCÁRIOS. Prof. Rodrigo O. Barbati

SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL BRUNI BRUNI BRUNI BRUNI. Sistema Financeiro Nacional

AULA 3. Disciplina: Mercado de Capitais Assunto: Introdução ao SFN. Contatos: Blog: keillalopes.wordpress.

SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL ADMINISTRAÇÃO E FINANÇAS PARA ENGENHARIA 16/04/2013. Professor: Luis Guilherme Magalhães (62)

AULA 02. Estrutura do Sistema Financeiro Nacional. Subsistema Operativo I

valores Sociedades de capitalização Entidades fechadas de previdência complementar (fundos de pensão)

Concurso Prof. Cid Roberto. Bancos Comerciais. Bancos Comerciais.

Introdução: Mercado Financeiro

Exercício para fixação

O que é o Mercado de Capitais. A importância do Mercado de Capitais para a Economia. A Estrutura do Mercado de Capitais Brasileiro

Administração Financeira: princípios, fundamentos e práticas brasileiras

Sistema Financeiro Nacional-Aula /10/2014. Ciências Contábeis. Sistema Financeiro Nacional. Sistema Financeiro Nacional. Prof.

IPC Concursos CEF Questões I SFN, CMN, BCB e CVM Material com as questões incorretas justificadas.

Administração Financeira II

AULA 03. Estrutura do Sistema Financeiro Nacional. Subsistema Operativo II

LISTA DE TABELAS. Tabela I Bradesco Relação de Receitas de Prestação de Serviços...

CONHECIMENTOS BANCÁRIOS: POLÍTICA ECONÔMICA & MERCADO FINANCEIRO

SUPER CURSO DE CONHECIMENTOS BANCÁRIOS E SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL SIMULADO 01 - BACEN e CMN Professor: Tiago Zanolla

1 - Estrutura do Sistema Financeiro Nacional: 2 - Sistema de Seguros Privados e Previdência Complementar:

O QUE É A CVM? II - a negociação e intermediação no mercado de valores mobiliários;

Relações Internacionais. Finanças Internacionais

Estrutura do Mercado Financeiro e de Capitais

atividade a prática de operações de arrendamento As sociedades de arrendamento mercantil são

Sistema Financeiro Nacional. Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

Securitização De Créditos Imobiliários

Banco Central Bacen Conhecimentos Bancários

Unidade II. Mercado Financeiro e de. Prof. Maurício Felippe Manzalli

BB BNDES. Instituições Financeiras Bancárias. Instituições Financeiras. não Bancárias. Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo

Conhecimentos bancários Profº Rodrigo Ocampo Barbati

Aula 2 Contextualização

Administração Financeira

Anexo ao Ato Declaratório Executivo Cofis n o 20/2015 Manual de Orientação do Leiaute da ECF Atualização: Março de 2015

Sistema Financeiro Nacional I

BANCO DO BRASIL ESCRITURÁRIO

Administração Financeira

Mercado de Câmbio. Mercado de câmbio é a denominação para o mercado de troca de moedas.

Cédula de Crédito Imobiliário - CCI

Mirae Asset Securities (Brasil) C.T.V.M. Ltda

Seminário de formação para cooperação e gestão de projetos. João Guilherme da Silva Passos.

BAN CO DO BRASIL. Atualizada 19/01/2011 Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores 1

CURSO INDICADORES ECONÔMICOS. Sistema financeiro e Finanças públicas

Poupança, Investimento e o Sistema Financeiro

Conhecimentos Bancários. Item Fundos de Investimentos 2ª parte:

A empresa e o Ambiente de. Negócios

Unidade IV. Mercado Financeiro e de Capitais. Prof. Maurício Felippe Manzalli

Renda Fixa Privada Certificado de Recebíveis Imobiliários CRI. Certificado de Recebíveis Imobiliários - CRI

BANCOS INTERMEDIÁRIOS CORRETORES DE CÂMBIO

Evolução do Mercado de Renda Fixa Local

Sustentabilidade nas instituições financeiras Os novos horizontes da responsabilidade socioambiental

CONTROLE DE CÂMBIO. Laercio Pellegrino, Jr. Veirano & Advogados Associados Março 2002

Sistema Financeiro Habitacional e Imobiliário. Escola Estadual de Educação Profissional - EEEP. Curso Técnico em Transações Imobiliárias

RESOLUÇÃO Nº º Para efeito do disposto nesta Resolução: I - Unidades da Federação são os Estados e o Distrito Federal;

Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic) Aspectos Jurídicos Relevantes

Conhecimentos Bancários Professor Carlos Arthur

4/2/2011 DIRETRIZES DA POLÍTICA MONETÁRIA TAXA BÁSICA DE JUROS 08 MEMBROS 08 REUNIÕES RELATÓRIO DA INFLAÇÃO ATAS DO COPOM TAXA SELIC

QUADRO COMPARATIVO 1 UNIFICAÇÃO DOS MERCADOS DE CÂMBIO

Renda Fixa Privada Certificado de Recebíveis do Agronegócio CRA. Certificado de Recebíveis do Agronegócio CRA

Professora Elaine Barros Exercícios de Provas Anteriores Conhecimentos Bancários Item 5 SFN. 16. Junto ao CMN funcionam comissões consultivas de

Letras Financeiras - LF

MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS MÓDULO 7 POLÍTICA CAMBIAL

CURSO DE CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

AULA 05. Sistema Nacional de Seguros Privados

Princípios de Finanças

BANCO DO BRASIL. Profº Agenor paulino Trindade

SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL - SFN. César de Oliveira Frade

PROJETO DE LEI N.º, DE 2002

O PAPEL E A IMPORTÂNCIA DOS BANCOS DE DESENVOLVIMENTO. Rodrigo Teixeira Neves Outubro, 2014

BC e Universidade. Como Funciona o Sistema Financeiro Nacional (SFN) Sistema Financeiro Nacional. Frederico Pechir Gomes e Beatriz Simas Silva

RESOLUÇÃO Nº 1980 R E S O L V E U:

Capítulo 1 Estrutura do Sistema Financeiro Nacional-SFN

Sistema de Informações de Crédito do Banco Central Solidez para o Sistema Financeiro Nacional Facilidades para os tomadores de empréstimos

AULA 04. Estrutura do Sistema Financeiro Nacional. Subsistema Operativo III

O Sistema Financeiro Nacional

Aula 06: Moedas e Bancos

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS» ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA «

Sistema Financeiro Nacional - SFN

COMO SE FORMAM AS TAXAS DE JUROS PRATICADAS PELOS BANCOS - PARTE I

Legislação e regulamentação cambial (principais alterações)

Cédula de Crédito Imobiliário - CCI

CERTIFICADO DE RECEBÍVEIS IMOBILIÁRIOS CRI

OPERAÇÕES DE CÂMBIO. Profª. MSc. Maria Bernadete Miranda

RESOLUÇÃO NORMATIVA - RN n.º xx, de xx de xxxx de 2003.

Definição. A sua criação baseia-se em dois princípios distintos

CCS - Cadastro de Clientes do SFN Orientação sobre Produtos - Fase I. Versão 1.0.3

Empresas de Capital Fechado, ou companhias fechadas, são aquelas que não podem negociar valores mobiliários no mercado.

Módulo 11 Corretora de Seguros

COMISSÃO DE FINANÇAS E TRIBUTAÇÃO

CAIXA. Caixa Econômica Federal TÉCNICO BANCÁRIO. Errata 001 de 30 de março de 2012

AULA 4 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE AÇOES

POLÍTICA DE TRANSAÇÕES COM PARTES RELACIONADAS BB SEGURIDADE PARTICIPAÇÕES S.A.

Transcrição:

Atualidades do Mercado Financeiro Índice Pg. Sistema Financeiro Nacional... 02 Dinâmica do Mercado... 05 Mercado Bancário... 09 1

Sistema Financeiro Nacional A estrutura funcional do Sistema Financeiro Nacional (SFN) é composta de dois subsistemas, o normativo e o operativo. O subsistema normativo é constituído por órgãos normativos, responsáveis pelo estabelecimento de políticas e normas aplicáveis ao SFN, e por entidades supervisoras, que são responsáveis pela execução das políticas e normas estabelecidas pelos órgãos normativos, bem como pela fiscalização das instituições participantes do SFN (site do Banco Central do Brasil). Os órgãos normativos do SFN são: o Conselho Monetário Nacional (CMN), responsável pelo estabelecimento das diretrizes da política monetária, creditícia e cambial; o Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP), responsável por fixar as diretrizes e normas da política de seguros privados; e o Conselho de Gestão da Previdência Complementar (CGPC), responsável pela regulação, normatização e coordenação das atividades das entidades fechadas de previdência complementar (fundos de pensão). A cada órgão normativo estão vinculadas entidades supervisoras, que são responsáveis por executar e fiscalizar o cumprimento das normas e políticas determinadas por cada órgão normativo. As entidades supervisoras vinculadas ao Conselho Monetário Nacional são o Banco Central do Brasil e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que é a autarquia responsável por regulamentar, desenvolver, controlar e fiscalizar o mercado de valores mobiliários do país. O Banco Central do Brasil, por sua vez, é responsável por garantir o poder de compra da moeda nacional, tendo por objetivos zelar pela adequada liquidez da economia, manter as reservas internacionais em nível adequado, estimular a formação de poupança, zelar pela estabilidade e promover o permanente aperfeiçoamento do sistema financeiro. Dentre suas atribuições estão: emitir papel-moeda e moeda metálica; executar os serviços do meio circulante; receber recolhimentos compulsórios e voluntários das instituições financeiras e bancárias; realizar operações de redesconto e empréstimo às instituições financeiras; regular a execução dos serviços de compensação de cheques e outros papéis; efetuar operações de compra e venda de títulos públicos federais; exercer o controle de crédito; exercer a fiscalização das instituições financeiras; autorizar o funcionamento das instituições financeiras; estabelecer as condições para o exercício de quaisquer cargos de direção nas instituições financeiras; vigiar a interferência de outras empresas nos mercados financeiros e de capitais; e controlar o fluxo de capitais estrangeiros no país. Para operacionalização de algumas de suas atribuições, o Banco Central do Brasil disponibiliza às instituições bancárias e aos bancos de investimento contas denominadas reservas bancárias, cuja titularidade é obrigatória para as instituições que recebem depósitos à vista e opcional para os bancos de investimento e para os bancos múltiplos sem carteira comercial. Por meio dessas contas, as instituições financeiras cumprem os recolhimentos compulsórios/encaixes obrigatórios sobre recursos à vista, sendo que elas funcionam também como contas de liquidação. As entidades supervisoras do Conselho Nacional de Seguros Privados são a Susep é a autarquia responsável pelo controle e fiscalização do mercado de seguro, previdência privada aberta e capitalização. O IRB, por sua vez, tem a atribuição de regular o cosseguro, o resseguro e a retrocessão, além de promover o desenvolvimento das operações de seguros no país. A entidade supervisora vinculada ao Conselho de Gestão da Previdência Complementar é a Secretaria de Previdência Complementar (SPC), que é o órgão responsável por fiscalizar as atividades das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (fundos de pensão). A SPC se relaciona com os órgãos normativos do sistema financeiro na observação das exigências legais de aplicação das reservas técnicas, fundos especiais e provisões, que as entidades sob sua jurisdição são obrigadas a constituir e que têm diretrizes estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional. 2

O subsistema operativo, por sua vez, é constituído por operadores vinculados a cada entidade supervisora. Os operadores vinculados ao Banco Central são as instituições financeiras captadoras de depósitos à vista, as demais instituições financeiras e outros intermediários financeiros e administradores de recursos de terceiros. São consideradas instituições financeiras captadoras de depósitos à vista os bancos múltiplos, bancos comerciais, Caixa Econômica Federal e Cooperativas de Crédito. Todas estas instituições, com exceção das últimas, são os objetos de estudo deste trabalho. Os bancos múltiplos são instituições financeiras privadas ou públicas que realizam operações ativas, passivas e acessórias das diversas instituições financeiras, por intermédio das carteiras comercial, de investimento e/ou de desenvolvimento (somente pode ser operada por banco público), de crédito imobiliário, de arrendamento mercantil e de crédito, financiamento e investimento. O banco múltiplo deve ser constituído com, no mínimo, duas carteiras, sendo uma delas, obrigatoriamente, comercial ou de investimento. Deve ser constituído sob a forma de sociedade anônima e em sua denominação social deve constar a expressão Banco. Os bancos comerciais são instituições financeiras privadas ou públicas, que têm como objetivo principal ofertar recursos para financiar, a curto e médio, prazos, o comércio, a indústria, as empresas prestadoras de serviços, as pessoas físicas e terceiros em geral. A captação de depósitos à vista, livremente movimentáveis, é atividade típica do banco comercial, o qual pode também captar depósitos a prazo. Deve ser constituído sob a forma de sociedade anônima e na sua denominação social deve igualmente constar a expressão Banco. A Caixa Econômica Federal, empresa pública vinculada ao Ministério da Fazenda, assemelha-se aos bancos comerciais, podendo captar depósitos à vista, realizar operações ativas, efetuar prestação de serviços, operar com crédito direto ao consumidor, financiar bens de consumo duráveis e emprestar sob garantia de penhor industrial e caução de títulos. Diferente das demais instituições, entretanto, a Caixa prioriza a concessão de empréstimos e financiamentos a programas e projetos nas áreas de assistência social, saúde, educação, trabalho, transportes urbanos, habitação, saneamento e esporte, além de possuir os monopólios do empréstimo sob penhor de bens pessoais e sob consignação, e da venda de bilhetes de loteria federal. A instituição é responsável, ainda, por centralizar o recolhimento e posterior aplicação de todos os recursos oriundos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), integrando o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) e o Sistema Financeiro da Habitação (SFH). As cooperativas de crédito são originadas da associação de pessoas de uma área determinada de atuação, sob certas condições, como, por exemplo, funcionários de uma mesma empresa ou grupo de empresas, profissionais de determinado segmento ou empresários. Os eventuais lucros auferidos com as operações de prestação de serviços e oferecimento de crédito aos cooperados são repartidos entre os associados. Para constituição, devem possuir o número mínimo de vinte cooperados e adequar sua área de ação às possibilidades de reunião, controle, operações e prestações de serviços. Estão autorizadas a aplicar recursos no mercado financeiro e a realizar operações de captação por meio de depósitos à vista e a prazo, de associados, de empréstimos, repasses e refinanciamentos de outras entidades financeiras, e de doações. Podem conceder crédito somente a associados, por meio de desconto de títulos, empréstimos e financiamentos. As cooperativas de crédito devem adotar, obrigatoriamente, em sua denominação social, a expressão Cooperativa, sendo vedada a utilização da palavra Banco. As demais instituições financeiras são: agências de fomento; associações de poupança e empréstimo; bancos de desenvolvimento; bancos de investimento; Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES); Companhias Hipotecárias; Cooperativas Centrais de Crédito; Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento; Sociedades de Crédito Imobiliário; e Sociedades de Crédito ao Microempreendedor. São classificados como outros intermediários financeiros e administradores de recursos de terceiros as Administradoras de Consórcio, as Sociedades de Arrendamento Mercantil, as Sociedades Corretoras de Câmbio, as Sociedades Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários, as Sociedades de Crédito Imobiliários e as Sociedades Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários. 3

Os operadores vinculados à CVM são as Bolsas de Mercadorias e Futuros e a Bolsa de Valores. Os operadores da Susep são o Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), as Sociedades Seguradoras, as Sociedades de Capitalização e as Entidades Abertas de Previdência Complementar. Os operadores vinculados à SPC, por sua vez, são as Entidades Fechadas de Previdência Complementar (fundos de pensão). Dentre as instituições relacionadas, ocupam posição de destaque, no âmbito do sistema de pagamentos, os bancos comerciais, os bancos múltiplos com carteira comercial, as caixas econômicas e, em plano inferior, os bancos cooperativos e as cooperativas de crédito. Essas instituições captam depósitos à vista e, em contrapartida, oferecem aos seus clientes contas movimentáveis por cheque, muito utilizadas pelo público em geral, pessoas físicas e jurídicas, para fins de pagamentos e transferências de fundos. O Sistema Financeiro Nacional está divido, ainda, em dois grandes segmentos: o mercado de crédito e o mercado de capitais. O mercado de capitais restringe-se a apenas algumas grandes empresas que conseguem realizar captações por meio da emissão de debêntures e notas promissórias, tanto no mercado interno quanto no externo. O mercado de crédito, por sua vez, é composto por Recursos Direcionados e Recursos Livres. Os Recursos Direcionados são aqueles utilizados em operações com taxas já estabelecidas, por meio de programas ou repasses governamentais, geralmente destinados aos setores rural, habitacional e de infraestrutura. Os recursos livres, por sua vez, estão associados às operações contempladas na circular nº. 2.957/1999 do Banco Central, com taxas de juros livremente acordadas entre o credor e o tomador. Esses recursos podem ser destinados a diversas linhas de financiamentos, criadas pelo sistema financeiro para atender à demanda por crédito dos vários setores da economia, principalmente com relação à necessidade de capital de giro. Com relação à propriedade, as instituições podem ser classificadas em bancos públicos (federais ou estaduais), privados nacionais, privados com controle estrangeiro e privados com participação estrangeira. Os bancos públicos operam em segmentos de interesse estratégico para o desenvolvimento econômico, atuando, especialmente, no provimento de crédito direcionado de longo prazo. Uma das principais diferenças dessas instituições em relação às demais são as condições de captação de recursos, uma vez que grande parte dos seus passivos é formada por depósitos compulsórios com taxas administradas. As instituições com maior participação no total de ativos do sistema financeiro, e que serão analisadas neste trabalho, são o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal. Os bancos privados atuam, principalmente, como provedores de capital de giro ou de recursos de curto prazo. Embora tenham operações com recursos direcionados, por meio de repasses e da carteira do sistema financeiro da habitação, suas estratégias estão voltadas, principalmente, para prover recursos livres. São considerados bancos privados nacionais aqueles em que a participação estrangeira no capital votante é inferior a 10%. Os bancos com participação estrangeira são aqueles em que de 10% a 49,9% do capital votante pertence a estrangeiros. Os bancos com controle estrangeiro, por sua vez, são aqueles em que a participação estrangeira no capital votante é superior a 50%. Recentemente, tem sido observada uma forte transformação no perfil do credor brasileiro, com o setor privado assumindo crescente parcela de mercado anteriormente ocupada pelo setor público. Esta inflexão das participações dos dois setores ocorre com maior intensidade após 1994, depois da estabilidade monetária, e no ano 2000, com a privatização do Banespa. Este processo deve-se à forte crise de liquidez enfrentada pelos bancos estaduais e ao consequente processo de privatização estimulado pelo Proes. Atualmente, a participação do crédito do setor público é sustentada pelo Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Nossa Caixa e alguns bancos estaduais, como o Banrisul. 4

Definição e dinâmica do mercado financeiro Dinâmica do Mercado BRIGHAM et al (2001:131) observaram que o mercado financeiro é o local onde as pessoas e as organizações que estão buscando empréstimos são reunidas com aqueles que possuem fundos excedentes, objetivando realizar o repasse de fundos entre eles, mediante um acordo especifico entre as partes. Existe um grande número de mercados financeiros destacando-se o mercado de capitais, o de crédito e o monetário. Conforme GITMAN (1997:33) os mercados financeiros fornecem um foro no qual fornecedores de fundos, tomadores de empréstimos e investidores podem negociar diretamente. Segundo esse autor enquanto os empréstimos e os investimentos das instituições são feitos sem o conhecimento direto dos fornecedores de fundos (poupadores), no mercado financeiro os fornecedores sabem onde seus fundos estão sendo emprestados ou investidos. Os mercados financeiros para MISHKIN (2000:14) desempenham a função econômica essencial de canalizar fundos de pessoas que pouparam fundos em excesso por gastarem menos que sua receita, para pessoas que têm escassez de fundos porque desejam gastar mais do que sua receita. Esta função é mostrada esquematicamente na figura abaixo. Fluxo de fundos através do sistema financeiro. Aqueles que pouparam e estão emprestando fundos, os emprestadores-poupadores, estão à esquerda, e aqueles que devem pedir fundos emprestado para financiar seus gastos, os tomadores de empréstimo (gastadores) estão à direita. Os maiores emprestadores-poupadores são as famílias, mas empresas comerciais e o governo (particularmente governos local e estadual), bem como estrangeiros e seus governos, algumas vezes também se encontram com excesso de fundos, e então o emprestam. Os tomadores-gastadores mais importantes são empresas e governo (particularmente o governo federal), mas famílias e estrangeiros também pedem empréstimos para financiar seus gastos. Os fundos fluem de emprestadores-poupadores para tomadores-gastadores através de um financiamento direto ou um financiamento indireto. 5

No financiamento direto, os tomadores pedem fundos emprestados diretamente aos poupadores em mercados financeiros vendendo títulos (também denominados instrumentos financeiros), que são direitos sobre a receita futura ou ativos futuros do tomador. O financiamento indireto envolve um intermediário financeiro que fica entre os emprestadores-poupadores e os tomadores-gastadores, que ajuda a alocar fundos de um para o outro. Um intermediário financeiro faz isso tomando emprestado fundos dos emprestadores-poupadores e usando então esses fundos para fazer empréstimos a tomadores-gastadores. O financiamento indireto é o caminho principal para movimentar fundos de emprestadores para tomadores. Segundo SELDON & PENNANCE (1969:352) mercado no seu sentido geral econômico, é um grupo de compradores e vendedores que mantêm contato suficiente íntimo para que transações entre dois deles afetem os termos nos quais os demais compram ou vendem. Para SANDRONI (1996:311) pode-se entender o mercado como o local, teórico ou não, do encontro regular entre vendedores e compradores de uma economia determinada. De acordo com CAVALCANTE FILHO & MISUMI (2002:39) os mercados financeiros funcionam como sistemas meios, cabendo-lhes em essência, aproximar a oferta final da demanda final, transferindo recursos e organizando fluxos. Conforme LEMES JUNIOR et al (2002:19) o mercado financeiro é a reunião das instituições financeiras capazes de intermediar recursos. Sua principal atividade é captar recursos dos agentes superavitários, a quem remuneram; e aplicar os recursos, por meio de empréstimos, aos agentes deficitários dos quais recebem juros. Ainda segundo os autores as empresas operam em um ambiente econômico no qual existem agentes com recursos financeiros em excesso e outros com falta de recursos. Os agentes superavitários são aqueles com recursos financeiros excedentes: pessoas físicas com rendimentos superiores aos seus gastos, organizações com ganhos superiores às suas oportunidades de investimentos, governos com arrecadação maior do que suas demandas econômicas, políticas e sociais. Os agentes deficitários são aqueles com falta de recursos; pessoas físicas cujos rendimentos não cobrem suas despesas correntes, organizações com despesas e oportunidades de investimento acima de suas receitas, governos cuja arrecadação fica aquém de suas necessidades de recursos. Quando o hiato de recebimentos e pagamentos ocorre em um determinado espaço de tempo, especialmente na situação de falta de dinheiro, os intermediários financeiros procuram canalizar os recursos dos agentes superavitários para os agentes deficitários. A atividade de intermediação reverte-se de situações de risco. Existe certa probabilidade de os tomadores de recursos não pagarem em dia os recursos emprestados. Quanto maior o risco do não recebimento maior será a taxa de juros cobrada na operação. Por fim os autores destacam que os produtos negociados nos mercados de ativos financeiros podem ser separados em produtos de investimento e de financiamento. Produtos de investimento constituem instrumento de captação de recursos das instituições financeiras e de aplicação dos agentes superavitários. O quadro abaixo listra alguns dos principais produtos de investimento e de financiamento. 6

Para SANDRONI (1996:315) o mercado financeiro é o conjunto formado pelo mercado monetário e pelo mercado de capitais. O autor afirma que o mercado monetário designa o setor do mercado financeiro que opera no curto prazo, enquanto que designa como mercado de capitais toda a rede de bolsas de valores e instituições financeiras que operam com a compra de papéis (ações, títulos de dívidas em geral) a longo prazo. 7