f TRIBUNAL DE JUSTIÇA DA PARAÍBA DO DESEMBARGADOR JOÃO ALVES DA SILVA DECISÃO MONOCRÁTICA REMESSA OFICIAL NQ 200.2009.013692-6/001 RELATOR : Desembargador João Alves da Silva AUTOR : Maria Irene Ribeiro e outros (Adv. José Augusto Meirelles Neto) RÉU : Estado da Paraíba, representado por seu Procurador, Paulo Barbosa de Almeida Filho REMESSA DE OFÍCIO. AÇÃO ORDINÁRIA DE COBRANÇA. DEFENSOR PÚBLICO. GRATIFICAÇÃO DE ATIVIDADES ESPECIAIS. VALORES PRETÉRITOS. ILEGITIMIDADE PASSIVA DO ESTADO DA PARAÍBA. MANUTENÇÃO. EXTENSÃO DA GRATIFICAÇÃO AOS INATIVOS E PENSIONISTAS. MATÉRIA PACÍFICA NA CORTE. APLICAÇÃO DO ART. 557, CAPUT, DO CPC. SEGUIMENTO NEGADO AO RECURSO. - Não há o que se corrigir quanto a questão da i1egitimid tè passiva do Estado da Paraíba, uma vez que a lide trata apen de valores pagos a servidores aposentados ou pensionistas, de, forma que o responsável pelo pagamento de tais verbas é apenas a autarquia previdenciária, nos termos do art. 39, da Lei estadual n 7.517/2003. - Considerando que o mandado de segurança não produz efeitos patrimoniais pretérito a propositura da ação de cobrança se faz necessária para que se possa oportunizar o direito ao recebimento de valores anteriores ao writ, o qual concedeu o direito a percepção de vantagem pecuniária, desde a data da sua concessão. Relatório Trata-se de remessa oficial originária da sentença que julgou procedente o pedido formulado nos autos da ação declaratória cumulada com cobrança proposta por Maria Irene Ribeiro e outros em desfavor do Estado da Paraíba e da PBPREV. Os autores, Defensores Públicos aposentados, ajuizaram a demanda objetivando o pagamento dos valores correspondentes à gratificação de
atividade especial - GAE, outrora concedida aos Defensores Públicos da ativa, que foi estendida a todos os membros da Categoria, conforme decisão tomada no Mandado de Segurança Coletivo ng 999.2007.000267-3/001 (fls. 15/39). O Estado da Paraíba, na contestação (fis. 60/79), suscitou a prejudicial de mérito de prescrição bienal, a preliminar de impossibilidade jurídica do pedido e a sua ilegitimidade passiva ad causam, requerendo sua exclusão do polo passivo da lide, uma vez que a matéria é de competência da PBPREV, entidade autárquica responsável pelo pagamento dos benefícios previdenciários dos servidores estaduais. No mérito, sustenta que a extensão da gratificação percebida pelos servidores da ativa aos inativos e pensionistas somente é possível no caso daquelas co caráter geral, não contemplando a gratificação em discussão posto ser ela específica e ligada ao desempenho das funções. Afirma, ainda, que descabe ao Poder Judiciário conferir vantagens ou vencimentos aos servidores não contemplados pela lei, sob pena de afronta ao princípio da separação dos poderes. Contestando, a PBPREV ventilou a mesma prejudicial de "' prescrição (bienal), para, mais adiante, apontar que os valores pleiteados são indevidos. O pedido foi julgado procedente pelo Juízo a quo, conforme sentença de fls. 105/108, que acolheu a preliminar de ilegitimidade passiva, para excluir o Estado da Paraíba da demanda, e condenou a PBPREV a proceder à extensão e consequente implantação da Gratificação intitulada "Grat. Art. 57, VII LC 58/2003" nos proventos de aposentadoria dos autores, de forma retroativa, não se aplicando a prescrição bienal, respeitando-se o quinquênio anterior à data da implantação da integralidade dos proventos. O montante deve ser corrigido pelo INPC, e os juros de mora, no percentual de 0,5% (meio por cento) ao mês, devem incidir a partir da citação, tudo a ser apurado em liquidação de sentença. Por fim, houve condenação ao pagamento das custas processuais e verbas honorárias, estas fixadas em 10% (dez por cento) do valor a ser apurado. Não houve recurso voluntário, subindo os autos a esta Corte via remessa oficial. O Ministério opinou pelo desprovimento do recurso. É o relatório. Decido A controvérsia devolvida a esta Corte não demanda maiores digressões. A demanda foi proposta por Defensores Públicos aposentados,
pleiteando o recebimento de verbas retroativas, reconhecidas em sede de Mandado de Segurança Coletivo, que estendeu o pagamento da Gratificação de Atividades Especiais a todos os inativos da categoria. No referido writ, o plenário desta Corte decidiu conceder a segurança para garantir a percepção da gratificação intitulada "GRAT. ART. 57 VII 1C 1)8/2003 aos defensores públicos inativos e pensionistas, associados da impetrante, na forma do regramento para os proventos de aposentadoria dos servidores públicos instituído nos termos das Emendas Constitucionais 41/03 e 47/05. A ementa do julgado restou vazada nos seguintes termos: MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO. ASSOCIAÇÃO. CATEGORIA DOS DEFENSORES PÚBLICOS. AUTORIDADES COATORAS. INFORMAÇÕES. PRELIMINARES. IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO. ORDENAMENTO JURÍDICO. AUSÊNCIA DE VEDAÇÃO. REJEIÇÃO. ILEGITIMIDADE PASSIVA D CAUSAM DO SECRETÁRIO DE ADMINISTRAÇA DEFESA DO MÉRITO DO ATO IMPUGNADO. TEORIA D ENCAMPAÇÃO. REJEIÇÃO. FALTA DE PROVA PRE- CONSTITUIDA. FATOS INCONTROVERSOS NOS AUTOS. REJEIÇÃO. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. IMPETRAÇÃO APTA A DIRIMIR A CONTROVÉRSIA. REJEIÇÃO. MÉRITO. GRATIFICAÇÃO DE ATIVIDADES ESPECIAIS. CARÁTER GERAL. EXTENSÃO AOS INATIVOS E PENSIONISTAS, OBSERVADAS AS EMENDAS CONSTITUCIONAIS 41/03 E 47105. SEGURANÇA. CONCESSÃO. TJPB - Acórdão do processo nq 99920070002673001 - Órgão (Tribunal Pleno) - Relator DES. JOSE DI LORENZO SERPA - j. em 31/10/2007 Outrossim, vários outros precedentes foram julgados por esta Corte, conforme se pode conferir adiante: PRELIMINAR. ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM DO ESTADO DA PARAÍBA. ACOLHIMENTO. -0 Estado da Paraíba não pode figurar no polo passivo da presente lide, uma vez que a pretensão autoral é de competência exclusiva da PBPREV, entidade autárquica responsável pelo pagamento dos benefícios previdenciários dos servidores estaduais. PREJUDICIAL DE MÉRITO. PRESCRIÇÃO BIENAL. INTELIGÊNCIA DO ART. 206, 2 DO CÓDIGO CIVIL. INAPLICABILIDADE. REJEIÇÃO. Súmula 85 do STJ Nas
relações jurídicas de trato sucessivo em que a Fazenda Pública figure como devedora, quando não tiver sido negado o próprio direito reclamado, a prescrição atinge apenas as prestações vencidas antes do quinquênio anterior à propositura da ação. REMESSA OFICIAL. AÇÃO DECLARATÓRIA. CUMULADA COM COBRANÇA. PRELIMINAR. IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO. FUNDAMENTO QUE SE CONFUNDE COM O PRÓPRIO MÉRITO. DEFENSOR PÚBLICO ESTADUAL. GRATIFICAÇÃO DE ATIVIDADE ESPECIAL GAE. CONCESSÃO A TODOS DA ATIVA. CARÁTER GERAL E LINEAR. INEXISTÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO DE ATIVIDADE ESPECÍFICA. NATUREZA DE AUMENTO SALARIAL EXTENSÃO AOS PROVENTOS DOS APOSENTADOS. POSSIBILIDADE. PRINCÍPIO DA ISONOMIA. PARIDADE. REVISÃO DETERMINADA PELA REDAÇÃO ORIGINAL DO ART. 40, 4 CONSTITUIÇÃO FEDERAL. DESPROVIMENTO. Gratificação de Atividade Especial GAE deferida a todos & defensores públicos estaduais da ativa, de forma indiscriminada, não estando atrelada ao desenvolvimento de atividade específica, reveste-se do caráter de generalidade e de linearidade. - A denominação de algumas parcelas remuneratórias, sugerindo a ideia de que constituem benefícios propter laborem, não afasta o seu real caráter, quando deferidos indistintamente aos servidores públicos da ativa. - As vantagens de caráter genérico concedidas aos servidores da ativa são extensíveis aos inativos, por força do 40 do art. 40 da Carta Magna. - A paridade entre a remuneração dos ativos e os proventos dos inativos permaneceu assegurada pela EC n 41/03 àqueles que já usufruíssem de benefícios antes do início da sua vigência. - Os benefícios e vantagens de natureza geral, como é o caso dos autos, devem ser aplicados aos servidores ativos e inativos. Precedentes do STF. TJPB - Acórdão do processo nq 20020090176633001 - Órgão (2 CAMARA CIVEL) - Relator DR. RICARDO VITAL DE ALMEIDA - j. em 13/09/2011 CONSTITUCIONAL, AÇÃO DECLARATÓRIA C/C COBRANÇA. SENTENÇA. PROCEDÊNCIA DO PEDIDO. REMESSA OFICIAL E APELAÇÃO CÍVEL. PREJUDICIAL DE PRESCRIÇÃO BIENAL. AFASTADA. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA OBJURGADA. RECURSO EM CONFRONTO COM JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE NO
STF E NESTA CORTE. INCIDÊNCIA DO ART. 557 DO CPC EM SEDE DE REMESSA OFICIAL. POSSIBILIDADE, SÚMULA N. 253 DO STJ. SEGUIMENTO NEGADO AOS RECURSOS. A relação jurídica de cobrança de diferença de proventos, ostenta nítido caráter sucessivo, incidindo, portanto, a prescrição quinquenal sobre as prestações vencidas, antes do quinquênio anterior à propositura da ação, nos termos cia Súmula n. 85 do STJ. À luz da Lei Estadual n 7.517/03, a PBPREV tem personalidade jurídica própria e é a gestora de todos os benefícios previdenciários dos servidores do Estado da Paraíba, não restando dúvidas de que a referida autarquia é a única legitimada para compor o polo passivo da demanda. A jurisprudência deste Egrégio Tribunal já se firmou no sentido da possibilidade de extensão da Gratificação de atividade especial gae a toda a categoria dos Defensores Públicos Estaduais, incluindo também os aposentados e pensionistas. O art. 557 do CPC, que autoriz relator a decidir o recurso, alcança o reexame necessário. TJPB - Acórdão do processo nq 20020090176575001 - Órgão (2 CAMARA CIVEL) Relator DRA.. MARIA DAS GRACAS MORAIS GUEDES - j. Em 24101/2012). Neste cenário, anoto, de logo, não ser mais possível discutir o mérito do mandado de segurança, ou seja, se há o direito ou não a extensão da gratificação de atividades especiais, uma vez que a questão já fora decidida anteriormente. Fixada esta premissa, passo ao exame das questões veiculadas nos autos que diferem daquela acima apontada. De início, ressalto que não há o que se corrigir quanto a questão da ilegitimidade passiva do Estado da Paraíba, uma vez que a lide trata apenas de valores pagos a servidores aposentados ou pensionistas, de forma que o responsável pelo pagamento de tais verbas é apenas a autarquia previdenciária, que possui autonomia administrativa, financeira e orçamentária, bem como competência para pagar os benefícios previdenciários. Sobre o tema, confira-se precedente do STJ: Nesta Corte, prevalece a compreensão de que, em se tratando de benefício mantido por Autarquia Previdenciária, o Estado não detém legitimidade para figurar na relação processual. Precedentes. 4. O Estado do Rio de Janeiro não administra os proventos da inatividade ou o pagamento de pensões aos
dependentes de seus servidores, porquanto outorgou tal tarefa à Autarquia especialmente criada para este fim, no caso o IPERJ, com a edição da Lei Estadual n. 285, de 1979. Esta responsabilidade, atualmente, foi transferida a outra Autarquia, o Fundo Único de Previdência Social do Estado do Rio de Janeiro RIOPREVIDÊNCIA. 5. Nesse contexto, tendo em conta que a autoridade tida por coatora pertence a diversa pessoa jurídica de direito público, cuja alteração importará em mudança do foro competente, não há como adotar a Teoria da Encampação. Forçoso, na espécie, reconhecer a carência de uma das condições de ação, qual seja, a legitimidade passiva ad causam (art. 267, VI, CPC). Precedentes. 6. Recurso ordinário improvido. (RMS 25.355/RJ,. Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 04/12/2008, Dje 02/02/2009) Isto posto, não enxergo razão para modificar a decisão primeiro grau quanto a ilegitimidade passiva do Estado da Paraíba. Os promovidos sustentam, ainda, que, in casu, deve incidir a prescrição bienal, prevista no art. 206, 2 2, do Código Civil. Como é cediço, a gratificação é uma prestação de trato sucessivo e, nos termos da súmula 85, do Superior Tribunal de Justiça, são atingidas pela prescrição apenas as parcelas anteriores aos cinco anos da data da propositura da ação. Ora, se a ação de cobrança foi ajuizada em 07 de março de 2009, é perfeitamente possível o pagamento dos valores cobrados, pois o período pleiteado pelos recorridos teve início em maio de 2005. Rejeito, portanto, a prejudicial de prescrição bienal. Por fim, quanto ao mérito, melhor sorte não socorre o recurso. Note-se, como bem percebeu o magistrado, que a pretensão dos autores, ainda que exposta de maneira confusa, se limita a cobrar os valores pagos anteriormente à impetração do mandado de segurança. Como se sabe, os efeitos patrimoniais decorrentes da concessão da segurança fluem a partir da impetração do writ. Desta forma, os valores 'anteriores ao referido termo somente podem ser buscados pelos beneficiários via ação ordinária de cobrança, a teor do que dispõe a Súmula n. 271/STF ("Concessão de mandado de segurança não produz efeitos patrimoniais em relação a período pretérito, os quais devem ser reclamados administrativamente ou pela via judicial própria").
No mesmo sentido: REMESSA NECESSÁRIA E APELAÇÃO. AÇÃO ORDINÁRIA DE COBRANÇA. DEFENSOR PÚBLICO. GRATIFICAÇÃO DE ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA. VALORES PRETÉRITOS. PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM. REJEIÇÃO. EXTENSÃO DA GRATIFICAÇÃO AOS INATIVOS E PENSIONISTAS. MANUTENÇÃO DA DECISÃO. DESPROVIMENTO DOS RECURSOS. - Descabe falar em ilegitimidade passiva ad causam, uma vez que é da. responsabilidade da PBPREV-Paraíba Previdência, nos termos do art. 39, da Lei estadual n 7.517/2003, o pagamento de benefícios aos seus segurados. - Considerando que o mandado de segurança não produz efeitos patrimoniais pretérito a propositura da ação de cobrança se faz necessária para que se possa oportunizar o direito ao recebimento de valores anteriores ao writ, o qual concedeu o direito a percepção de vantagem pecuniária, desde a data da sua concessão. TJPB - Acórdão do processo riq 20020090275492001 - Órgão (4A CAMARA CIVEL) - Relator DES. FREDERICO MARTINHO DA NOBREGA COUTINHO - j. em 05/04/2011 Expostas essas considerações, bem assim considerando a farta jurisprudência desta Corte sobre o tema e o que dispõe o art. 557, caput, do Código de Processo Civil, nego seguimento ao recurso. Publique-se. Intime e. João Pessoa, 06À. e arço de 2013. João fab a Silva " 1. Or