TERMO DE CONCLUSÃO SENTENÇA
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1 fls. 112 TERMO DE CONCLUSÃO Eu, Eden dos Santos Costa, Escrevente Técnico Judiciário, matr. nº M819734, em 11 de julho de 2014, faço estes autos conclusos ao(à) MM. Juiz(a) de Direito Dr(a). Emílio Migliano Neto. SENTENÇA Processo nº: Requerente: Requerido: Procedimento Ordinário Sindiproesp - Sindicato dos Procuradores do Estado, das Autarquias, das Fundações e das Universidades Públicas de SP Fazenda do Estado de São Paulo Juiz(a) de Direito: Dr(a). Emílio Migliano Neto. Vistos etc. Trata-se de ação de procedimento ordinário ajuizada por SINDIPROESP - SINDICATO DOS PROCURADORES DO ESTADO, DAS AUTARQUIAS, DAS FUNDAÇÕES E DAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS DE SP em face da FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO, objetivando, em suma, que se exclua a incidência do subteto remuneratório previsto no artigo 37, inciso XI da Constituição Federal (90,25% do subsídio mensal dos Ministros do Supremo Tribunal Federal), em relação aos seus associados, sejam eles Procuradores do Estado, Procuradores das Autarquias, ou Procuradores das Universidades e das Fundações Públicas. Alega que deve ser aplicado o mesmo teto remuneratório incidente sobre os subsídios pagos aos membros do Tribunal de Justiça, ou seja, 100% do subsídio mensal de Ministro do STF. Requereu a concessão de tutela antecipada para que a ré aplique, aos associados do sindicato autor, o teto remuneratório de 100% do subsídio mensal de Ministro do STF, tendo em vista o tratamento isonômico previsto na Constituição. Atribuiu à causa o valor de R$ 1.000,00. A petição inicial de fls. 01/10 veio instruída com instrumento procuratório e documentos de fls. 11/35. Por meio da decisão de fls. 37/38 foi lauda 1
2 fls. 113 desacolhida a tutela antecipada. O autor interpôs Embargos de Declaração (fls. 40/42), os quais foram rejeitados (fl. 43). Foi apresentada contestação de fls. 48/72, arguindo preliminares de ilegitimidade ativa; incompetência da justiça comum; ausência de comprovação da autorização de assembleia para a propositura da ação pela entidade; prescrição e conexão; e no mérito pugnou pela improcedência da ação. Réplica de fls. 75/82. Instadas a especificarem se pretendem produzir outras provas (fl. 85), a Fazenda se manifestou juntando documentos (fls. 87/106) e requerendo o julgamento antecipado da lide, assim como o autor (fl. 111) também se manifestou pelo julgamento antecipado. É o relatório do essencial. Passo à fundamentação e à decisão. Conheço diretamente do pedido, nos termos do artigo 330, I, do CPC, uma vez que o deslinde da controvérsia está a depender exclusivamente da aplicação do direito aos f atos já positivados nos autos. Inicialmente, a preliminar de ilegitimidade ativa não merece prosperar, uma vez que foi demonstrado que o autor está devidamente registrado no Ministério do Trabalho e Emprego (fls. 83/84). Ademais, artigo 8º, inciso III, da Constituição Federal, consagra a legitimidade ad causam aos sindicatos para a defesa dos direitos coletivos ou individuais da categoria, sem fazer qualquer menção ao instrumento jurídico que deve ser utilizado para tanto. O entendimento pacífico do STJ é o de que os Sindicatos não dependem de expressa autorização de seus afiliados para agir judicialmente em favor deles. Neste sentido, é a ementa do REsp /RS, Relator Ministro José Delgado, Primeira Turma, j. em 09/09/2003, publicado no DJ em 20/10/2003, p. 229: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. ABSTENÇÃO DA COBRANÇA DE CONTRIBUIÇÃO lauda 2
3 fls. 114 SOCIAL PREVIDENCIÁRIA. LEGITIMIDADE ATIVA DE SINDICATO. DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS. DESNECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO EXPRESSA DOS SINDICALIZADOS. PRECEDENTES DO COLENDO STF E DESTA CORTE SUPERIOR. 1. Nos termos da vasta e pacífica jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. Portanto, tem legitimidade ativa o sindicato para propor ação civil pública na qual se almeja a abstenção de contribuição social previdenciária, relativo a todos os servidores a ele associados, independentemente de autorização dos sindicalizados, por se tratar de direitos individuais homogêneos. Nos moldes de farto entendimento jurisprudencial desta Corte, os sindicatos não dependem de expressa autorização de seus afiliados para agir judicialmente em favor deles, no interesse da categoria por ele representada. (REsp nº /RS, 5ª Turma, DJ de 25/08/2003, Rel. Min. JOSÉ ARNALDO DA FONSECA) A Lei nº 8.073/90 (art. 3º), em consonância com as normas constitucionais (art.5º, incisos XXI e LXX, CF/88), autorizam os sindicatos a representarem seus filiados em juízo, quer nas ações ordinárias, quer nas seguranças coletivas, desta forma, autorização expressa (cf. STF, Ag. Reg. RE /DF, Rel.Min. CARLOS VELLOSO, DJU de 05/03/99). (REsp's nºs /MG, DJ de 23/06/2003, /MG, DJ de 11/11/2002 e /RR, DJ de 11/11/2002, 5ª Turma, Rel. Min. JORGE SCARTEZZINI) Os precedentes jurisprudenciais desta eg. Corte vêm decidindo pela legitimidade ad causam dos sindicatos para impetrar mandado de segurança coletivo, em nome de seus filiados, sendo desnecessária autorização expressa ou a relação nominal dos substituídos (REsp nº /AL, 2ª Turma, DJ de 09/09/2002, Rel. Min. FRANCISCO PEÇANHA MARTINS) Tem o sindicato legitimidade para defender os direitos e interesses de seus filiados, prescindindo de autorização destes (REsp nº /AL, 1ª Turma, DJ de 18/03/2002, rel. Min. GARCIA VIEIRA). O direito que se pretende seja reconhecido nesta ação, a todos os integrantes das carreiras do autor, é individual e homogêneo, pelo que pode ser pleiteado em Juízo pelo sindicato da categoria. O sindicato possui funções fixadas em lei e é o único representante de uma categoria profissional em dado território. É uma organização com personalidade jurídica sindical, obtida mediante registro no Ministério do Trabalho e Emprego, o que lhe garante legitimidade para propor ação em defesa de interesse da categoria independentemente de autorização da lauda 3
4 fls. 115 Assembleia Geral e enumer ação nominal de seus mem bros. Deste modo, não prospera o argumento de que seja necessária autorização da Assembleia Geral do Sindicato e relação nominal de seus filiados, mesmo por que a legitimação para a propositura da ação abarca todos os membros da categoria, independe de sua filiação ao sindicato. Com efeito, o artigo 3º da Lei nº 8.073/90 conferiu aos Sindicatos a possibilidade de atuarem como substitutos processuais não apenas de seus sindicalizados, mas também de toda a categoria. Em outros termos, os Sindicatos detêm legitimidade extraordinária para a defesa judicial dos interesses coletivos, difusos ou individuais homogêneos de toda a categoria ou de parte considerável dela, como é o caso. No caso vertente, em se tratando de ação coletiva para defesa de interesses individuais homogêneos, o autor está na condição de substituto processual e não de representante da categoria, sendo, portanto, desnecessária a autorização expressa para que compareça em juízo, bem como a individualização de seus substituídos (Hugo Nigro Mazzilli, in A Defesa dos Interesses Difusos em Juízo, 26ª Ed., Ed. Saraiva, pag. 353/354). A preliminar de incompetência da justiça comum também não merece respaldo, uma vez que a discussão travada na presente demanda diz respeito ao teto remuneratório estabelecido por norma constitucional (art. 37, XI da CF) e não por norma trabalhista da CLT. Aliás, é esse o entendimento da jurisprudência quanto à competência da justiça comum mesmo em casos nos quais o servidor é admitido sob o regime jurídico da CLT, in verbis: AGRAVO DE INSTRUMENTO AÇÃO DE RITO ORDINÁRIO INCIDÊNCIA DA SEXTA-PARTE SOBRE OS VENCIMENTOS INTEGRAIS SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL ADMITIDO SOB O REGIME JURÍDICO DA CLT COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. O benefício da sextaparte não é disciplinado pela legislação trabalhista. O artigo 129 da CE não faz distinção entre os servidores públicos quanto ao regime jurídico em que foram admitidos. Competência da lauda 4
5 fls. 116 Justiça Estadual Comum para apreciação do pedido, com relação a todos os autores. Decisão reformada. Agravo de instrumento provido. (AGRAVO DE INSTRUMENTO nº , 10ª Câmara de Direito Público, relator Des. Marcelo Semer) Também não é o caso de conexão com o processo nº , pois ausentes os requisitos do artigo 103, do CPC, diante de objeto e causa de pedir distintos. Com relação ao pedido de prescrição, também não merece respaldo no que diz respeito às prestações mensais posteriores ao quinquênio anterior à distribuição da ação. No mérito a ação deve ser julgada improcedente. Os vencimentos dos Procuradores Estaduais estão limitados ao subteto de 90,25%, independentemente do que ocorrer com a carreira dos magistrados, porque não há nenhuma regra que permita a equiparação ou a vinculação de vencim entos entre car reiras distintas. Além disso, a regra do inciso XIII, do artigo 37 da Constituição Federal proíbe qualquer tipo de equipar ação: XIII é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do serviço público. O autor menciona a Unidade do Poder Judiciário, mas o mesmo não é aplicável à situação dos Procuradores do Estado, ou mesmo a outras carreiras, pois isso caracterizaria a tentativa de equiparação ou vinculação de vencim entos. O Poder Judiciário não pode conceder aumento de vencimentos aos servidores sem previsão legal, inclusive porque a Lei de Responsabilidade Fiscal exige prévia dotação orçamentár ia. Ademais, recentemente, foi aprovada a Súmula vinculante 37 do STF, que é perf eitamente aplicável ao caso, in verbis: lauda 5
6 fls. 117 Não cabe ao poder judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob o fundamento de isonomia. Em resumo, sob o fundamento da equiparação, segundo a jurisprudência consolidada do STF, não pode o Poder Judiciário promover o reajuste de vencimentos de servidores. O fundamento da pretensão do autor é a isonomia, pois, se caso não o fosse, seria preciso encontrar, no direito material, regra, norma ou principio que estabeleça que os Procuradores do Estado não estão submetidos ao subteto de 90,25%. Aliás, vale mencionar, conforme observado pela requerida em sua contestação, que, especialmente em sede de gastos públicos, impera a estrita legalidade em assuntos dessa natureza, impedindo que reajustes de vencimentos sejam feitos sem previsão legal, conforme dispõe a regra do inciso X do art.37: X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices. Os fundamentos acima abordados também se aplicam aos Procuradores Autárquicos, das Fundações e das Universidades Públicas de São Paulo, pois não há que se falar em isonomia, equiparação ou vinculação de vencimentos entre as diversas carreiras, o que seria totalm ente inconstitucional. Portanto, em razão da Súmula vinculante do STF nº 37, a improcedência é medida de rigor, principalmente, diante da impossibilidade de o Poder Judiciário, que não tem função legislativa, reajustar o teto de vencimentos de servidores públicos, sob o fundamento de isonomia. Posto isso, com fundamento no artigo 269, I, do Código de lauda 6
7 fls. 118 Processo Civil, julgo improcedente a presente ação ajuizada por SINDIPROESP - SINDICATO DOS PROCURADORES DO ESTADO, DAS AUTARQUIAS, DAS FUNDAÇÕES E DAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS DE SP em face da FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Arcará o vencido com as custas e as despesas processuais, e com o pagamento dos honorários advocatícios, que a teor do artigo 20, 4º, do Código de Processo Civil arbitro em R$ 3.000,00, valor esse que será atualizado a partir da publicação desta sentença. / G F P. R. I. C. São Paulo, 30 de outubro de EMÍLIO MIGLIANO NETO Juiz de Direito (assinado digitalmente) lauda 7
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