JOGO E TEORIA HISTÓRICO-CULTURAL: ALGUMAS APROXIMAÇÕES Ilana Maria Lima da Silva ESMAC/PA rsilana@rcketmail.com Lays Rodrigues Paes ESMAC/PA paeslays@gmail.com Carlos Victor Souza gabrieledfisica@hotmail.com Introdução Partimos do entendimento que o jogo faz parte das manifestações humanas e de que favorecem o progresso de aprendizado, o desenvolvimento da inteligência, das relações sociais e afetivas e da cultura corporal, apontando para o valor do jogo como mediador da socialização de conhecimento e como conteúdo. Esta pesquisa parte do entendimento que o jogo faz parte das manifestações humanas e que acompanham o homem desde os seus primórdios ou ainda, foi acompanhando o processo de construção do gênero humano. Em meio a isso, entende-se que os jogos favorecem o progresso de aprendizado, o desenvolvimento da inteligência, das relações sociais e afetivas e da cultura corporal, apontando para o valor do jogo como mediador da socialização de conhecimento ou como conteúdo. Nosso objetivo geral: analisar o jogo a partir de aproximações com teoria históricocultural. Portanto, nosso problema de pesquisa foi: quais as possibilidades do jogo a partir de aproximações com teoria histórico-cultural? Metodologia 1
Realizamos uma pesquisa bibliográfica, na qual se optou pelo materialismo histórico dialético como a lente que ajudou a olhar o objeto desta pesquisa, para o processo analítico necessário para a análise do real, do concreto pensado do objeto.de acordo com Gamboa (2010), menciona-se que a dialética, na sua fase operacional é um método de compreensão da realidade que não se esgota na interpretação dessa realidade. Para Gil (2002) a revisão bibliográfica se trata da recorrente leitura, abstração, análises sistemáticas, fichamentos. Tal revisão foi fundamental para a escolha e identificação do objeto, elaboração do plano de trabalho, identificação das fontes, assim como para a análise dos dados. Portanto, a pesquisa bibliográfica desenvolveu-se ao longo de uma série de etapas, desde a aproximação com o objeto, problematização, até a análise dos dados. O jogo na perspectiva histórico cultural De acordo com Piccolo (2010), é necessário estudar as atividades lúdicas a partir de um referencial teórico metodológico pautado na psicologia histórico-cultural, considerando os caminhos da história construídos pelo gênero humano, compreendendo que o jogo como um fenômeno que nem sempre existiu, um tipo de atividade lúdica particular entre os homens. Analisando o jogo por um viés ontológico, de acordo com Taffarel (2012), o ser humano transformou em jogos as atividades de trabalho, que foram criadas como objetos de necessidade e de ação. Os jogos tiveram, portanto, sua gênese em um processo histórico que decorreu do trabalho. Para caracterizar melhor as diferenças entre gênero humano e espécie humana, Duarte (2004) analisa os estudos de Leontiev e explica a diferença entre a ontogênese animal e a ontogênese humana através do processo histórico de construção da cultura. De acordo com Duarte (2004, p.47), os animais, quando se relacionam com o meio ambiente a sua volta, realizam atividades que resultam na satisfação de suas necessidades. Por outro lado, os seres humanos, a partir de certo ponto da evolução natural, tornaramse biologicamente aptos à realização de uma atividade chamada trabalho (DUARTE, 2004, p.48), passando a agir para produzir os meios de satisfação das necessidades humanas e não necessariamente imediatamente para os fins. No decorrer do processo histórico de existência humana, as atividades de produção dos meios de satisfação das necessidades ocasionou o surgimento de novas necessidades, ligadas à produção de relações sociais, as quais foram adquirindo uma existência objetiva. 2
Para o Coletivo de Autores (1992), quando a criança joga, ela opera com o significado de suas ações, o que faz desenvolver sua vontade e, ao mesmo tempo, tornar-se consciente das suas escolhas e decisões. Seguindo a ideia de que o aprendizado se dá por interações, a potencialidade do jogo protagonizado reside no fato de este ter grande afinidade com a natureza da criança, perpassa pela necessidade que ela sente em comunicar-se com o outro. De acordo com Piccolo (2010), foi necessário o aparecimento e desenvolvimento do trabalho e de seus mecanismos artificiais, depois as atividades lúdicas tiveram seu surgimento, portanto, a gênese histórica dos jogos humanos está mediatamente atrelada às atividades laboriosas (p.189). Seria importante que o educador insira o jogo em um projeto educativo, com objetivos e metodologia, o que supõe ter consciência da importância de sua ação em relação ao desenvolvimento e à aprendizagem das crianças. Piccolo (2010) reforça a importância da educação física, mas ao mesmo tempo coloca sua produtividade em estreita relação com o trabalho docente, assim, a mesma precisa ser pensada em termos de desenvolvimento das crianças e de enriquecimento cultural. Assim como explica Pimentel (2007, p. 235): é fundamental organizar o cenário ludoeducativo e estabelecer modalidades interativas que extraiam os melhores proveitos da brincadeira para o desenvolvimento cognitivo. Nessa linha, o conceito de atividade na teoria histórico-cultural pode ser entendido como um tipo de mediação concretizado em relação à realidade externa, assim, por intermédio de sua atividade o homem relaciona-se com o mundo, satisfazendo suas principais necessidades. De acordo com Pimentel (2008), Vygotsky designa um papel fundamental à aprendizagem no processo de desenvolvimento. A autora reforça que desde o nascimento o indivíduo internaliza o conteúdo cultural e no processo interativo surgem novas necessidades e possibilidades que impulsionam o desenvolvimento humano. Assim, a educação tem um papel transformador do homem e da humanidade, um processo interativo, com e no meio social, no qual surgem novas necessidades e possibilidades que impulsionam o desenvolvimento humano e das suas funções superiores. A partir desta linha de análise e de acordo com Pimentel (2008), a atividade lúdica tem o potencial para os processos de desenvolvimento e aprendizagem. Para que isso ocorra são necessárias boas mediações do processo educativo, sendo que, entendemos que os jogos podem ser uma mediação para possibilitar e potencializar o trabalho pedagógico e o desenvolvimento e a aprendizagem dos alunos. 3
Nessa linha, de acordo com Piccolo (2010) e Pimentel (2007) podemos dizer que a ação do jogo faz com que a criança cresça e aprenda, pois, o autor nos mostra que é necessário para criança jogar uma capacidade de planejamento, imaginação nas relações entre indivíduos e o seu ambiente, como forma de internalização da cultura. Desta forma o processo pedagógico permitirá que o aluno, no ponto de chegada, possa estabelecer também uma relação sintética. Na síntese eu tenho a visão do todo com a clareza e a consciência das partes que o constituem. Ao almejar o desenvolvimento de uma concepção histórica e dialética aos alunos, Gramsci (2010) defende que a educação pressupõe o mergulho na história, a geração de uma segunda natureza, a formação de um homem novo, preparado para o trabalho, para o estudo, para a ação no partido, para transformar a realidade. Considerações finais Esta pesquisa continuará e será com base nos autores clássicos da teoria históricocultural, sobretudo Vygotsky, Elkonin e Leontiev. Partimos do entendimento que os jogos favorecem o progresso do aprendizado, enquanto um fenômeno humano, histórico e cultural. O jogo tem um papel fundamental na aprendizagem. As crianças manifestam e como se satisfazem nos jogos, visa com que a criança aprenda com a outra criança, ou vendo um adulto. Para Vygotsky a criança cria a partir do que conhece das oportunidades do meio e em função das suas necessidades e preferências. Desta forma, analisa-se necessário ampliar a relação da educação física e do jogo, atrelados à educação, à cultura corporal e, por consequência, à emancipação humana. É necessário que o jogo seja socializado na escola, tratado dentro de um projeto maior de política cultural em prol da formação do novo homem e da nova mulher. Portanto, é necessário ampliar o conhecimento, desenvolver habilidades humanas, aprofundando a conscientização de classe, assim como a formação política e a organização revolucionária. Referências COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino da educação física. Coleção magistério. 2 grau. Série formação do professor. São Paulo: Editora Cortez, 2009. DUARTE, Newton. Formação do indivíduo, consciência e alienação: o ser humano na psicologia de A. N. Leontiev. Cad. Cedes, Campinas, v. 24, n. 62, p. 44-63, abril 2004. GAMBOA, Sílvio Ancízar Sanchez. Epistemologia da Educação Física: as inter-relações necessárias. 2. ed. rev. e ampl. Maceió: EDUFAL, 2010. 4
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa/antônio Carlos Gil. - 4. ed. - São Paulo: Atlas, 2002. GRAMSCI, Antônio. Cadernos do cárcere. v. 2. Trad. Carlos Nelson Coutinho. 5. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010. PICCOLO, Gustavo M. et al. O jogo por uma perspectiva histórico-cultural. Revista Brasileira de Ciências e Esportes, Campinas, v. 31, n. 2, p. 187-202, jan. 2010. PIMENTEL, Alessandra. A ludicidade na educação infantil: uma abordagem históricocultural. Psicologia da Educação, São Paulo, 26, 1º sem., p. 109-133 de 2008. TAFFAREL, Celi Nelza Zulke; ESCOBAR, Micheli O. Educação Física: conhecimento e saber escolar. In: HERMIDA, Jorge (Org.). Educação Física: conhecimento e saber escolar. João Pessoa: Editora Universitária da UFPB, 2009. TAFFAREL, Celi Zulke. Cultura corporal e Esporte/Crônicas esportivas. Bahia, 2012. Disponível em: http://www.rascunhodigital.faced.ufba.br/ver.php?idtexto=926. Acesso em: 8 out. 2012. 5