Parcerias Digitais e a formação de professores de Língua Portuguesa: um estudo à luz da Teoria da Atividade. Simone da Costa Lima CPII/UFRJ



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Transcrição:

Parcerias Digitais e a formação de professores de Língua Portuguesa: um estudo à luz da Teoria da Atividade Simone da Costa Lima CPII/UFRJ

1. Introdução Pesquisa de cunho etnográfico e natureza colaborativa letramento digital para fins pedagógicos de uma professora de Língua Portuguesa.

Transformações tecnológicas

novas demandas educacionais

formação docente para o uso de tecnologias

Alfabetização tecnológica letramento digital novos paradigmas de ensinar e aprender

Uso da Teoria da Atividade níveis individual e social interligados, a atividade em contexto, historicidade dos elementos envolvidos e a multivocalidade dos sujeitos.

Uso da TA Atividade 01 - Elaborar, implementar e avaliar de forma colaborativa projetos de natureza interdisciplinar com o uso de recursos tecnológicos. objeto-motivo - os próprios projetos

Uso da TA Atividade 02 - Aprender a usar recursos tecnológicos no ensino presencial. objeto-motivo - o uso crítico dos recursos tecnológicos no ensino presencial

Perguntas de pesquisa 1) Como se constituiu, sob a perspectiva da professoracolaboradora, a atividade de aprender a usar recursos tecnológicos no ensino presencial ao longo da atividade de planejar, implementar e avaliar projetos de natureza interdisciplinar com o uso de recursos tecnológicos?

Perguntas de pesquisa 2) O que e como a professoracolaboradora aprendeu sobre o uso da tecnologia no ensino presencial?

Perguntas de pesquisa 3) Quais os principais conflitos, mudanças e limitações envolvidos na atividade de aprender a usar recursos tecnológicos no ensino presencial?

2. Formação de professores 2.1 Aspectos gerais 2.1.1 Pressupostos legais 2.1.2 Novos parâmetros - formação reflexiva e formação por competência 2.1.3 Novos modelos para a formação continuada

2. Formação de professores 2.2 Aspectos específicos 2.2.1 O que o professor precisa aprender 2.2.2 Como o professor aprende ou pode aprender

3. Teoria da Atividade 3.1 Histórico da TA 1ª geração - conceito de mediação de Vygotsky 2ª geração - conceito de atividade coletiva de Leontiev 3ª geração - conceito de redes de sistemas de atividade de Engeström

3. Teoria da Atividade 3.2. Princípios básicos da TA Segundo Engeström (1987): o sistema coletivo como unidade primária de análise; a multivocalidade; a historicidade; a contradição como força propulsora de mudança e desenvolvimento; a possibilidade de transformações expansivas nos sistemas de atividade. 3.2.1. Conflitos e contradições um princípio em destaque

4. Metodologia 4.1 O começo de tudo 4.2 Caracterização da pesquisa - base etnográfica (buscando valorizar os significados da comunidade e de seus sujeitos) e natureza colaborativa (visando ao aprendizado dos envolvidos e à reflexão crítica) 4.3 Contexto e sujeitos de pesquisa

4. Metodologia 4.4 Procedimentos para a geração e coleta de dados Mensagens eletrônicas - 2011 a 2014 Entrevista semi-estruturada com a professora Notas de campo da pesquisadora Publicações sobre os projetos no site do laboratório Postagens no Facebook 4.5 Procedimentos para a análise de dados

5. Projetos desenvolvidos 5.1 A escolha pelo trabalho com projetos Visão interdisciplinar do conhecimento e a necessidade de aproximarmos a sala de aula da vida dos alunos. Nova postura pedagógica - conteúdos, organização do currículo, papel do professor, potencial pedagógico das TDICs.

5. Projetos desenvolvidos 5.2 Descrição dos projetos realizados 5.2.1 Projeto Heróis Negros 5.2.2 Todos contra o bullying 5.2.3 Projeto Booktrailer

Projeto Propaganda 2011 7º ano

Projeto Heróis Negros 2011 7º ano

Projeto Skoob 2012 6º ano

Projeto Contos de Fadas 2012 6º ano

Projeto Contos africanos 2012 6º ano

Contos de espanto e alumbramento 2013 6º ano

Projeto Todos contra o bullying 2013 6º ano

Projeto Todos contra o bullying 2013 6º ano

Projeto Todos contra o bullying 2013 6º ano

Projeto Booktrailer 2014 7º ano

6. Análise dos dados 6.1 Descrição geral das atividades em foco 6.1.1 Atividade de planejar, implementar e avaliar projetos de natureza interdisciplinar com o uso de tecnologia 6.1.2 Atividade de aprender a usar recursos tecnológicos no ensino presencial 6.2 Conflitos, limitações e mudanças relacionados à atividade central 6.2.1 Foco no objeto da atividade 6.2.2 Foco nos instrumentos mediadores 6.2.3 Foco nas regras e divisão de trabalho

Componentes da TA Instrumentos mediadores Sujeitos Objeto / Motivo Regras Comunidade Divisão de trabalho

Planejar, implementar e avaliar projetos de natureza interdisciplinar com o uso de tecnologia Mensagens de e-mail Roteiros e demais materiais didáticos Mediação pedagógica Ferramentas tecnológicas PLP PIED Projetos Letramento digital dos alunos Calendário escolar Regras de uso do Lab Netiqueta Trabalho de IED Troca entre os docentes: material didático e relatos Professores, alunos e demais membros da comunidade escolar Professores / Alunos PLP / PIED Linda e Simone / demais docentes

Aprender a usar recursos tecnológicos no ensino presencial Computador, internet, serviço de e-mail ferramentas tecnológicas, linguagem escrita, etc. Mensagens de e-mail Elaboração e reflexão sobre os projetos Roteiros e orientações sobre as ferramentas PC Frequência das interações Troca de material didático Troca de relatos sobre as aulas Publicação de material na Web Netiqueta nos e-mails Divulgação dos projetos Professores, alunos e demais membros da comunidade escolar Uso crítico dos recursos tecnológicos Esta pesquisadora PC Atuação bem sucedida da profª na integração de recursos tecnológicos em sua prática pedagógica

Análise detalhada da atividade central Foco nos instrumentos a) Aprendizagem por imitação b) Aprendizagem por instrução c) Aprendizagem por descoberta d) Aprendizagem por colaboração Foco no objeto a) Uso da tecnologia para a sua formação b) Uso da tecnologia para a busca de material didático c) Uso da tecnologia em sala de aula d) Uso da tecnologia pelos alunos Foco nas regras e divisão de trabalho Aprender a usar recursos tecnológicos no ensino presencial

Com relação à atividade 2 - Conclusões O objeto não foi suficientemente explicitado no início e nem durante a atividade. Os instrumentos mediadores propiciaram o aprendizado da professora para o uso crítico dos recursos tecnológicos, mas os dados não evidenciam se esses instrumentos favoreceram a reflexão dela. Divisão de trabalho - inicialmente a principal divisão era entre mim e Linda. Regras - definidas tacitamente com o uso (o fluxo das mensagens de e-mail e o conteúdo das mesmas).

Sugestões Maior negociação do objeto. ZDP baseada na mutualidade. Uso de diários dialogados, entrevistas semiestruturadas periódicas, retomada e discussão sobre algumas mensagens de e- mail, sugestões de leituras complementares, elaboração de artigos em co-autoria, etc.

Sugestões negociar e deixar claras as regras e a divisão de trabalho com mais antecedência na atividade, discutir os interesses e necessidades dos sujeitos e negociar as regras de participação com o grupo, evitar a sobrecarga de trabalho.

As interações entre pares com diferentes expertises dentro do cotidiano escolar podem contribuir para o desenvolvimento docente em termos da apropriação das tecnologias digitais de informação e comunicação. (LIMA, 2015) Via Dreamstime

Obrigada ;-) cp2.g12.br/ blog/labre2 sclmorgado@ gmail.com